INVESTIGATION AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA IMAGEM NA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO NA PRESENÇA DE ARTEFATO METÁLICO . Autores:Santos RRLQ*, Silva LL, Alves RBF, Silva MBF, Manhães Junior LRC. IADMFR Campinas, Chile, 2015 Agosto/2014 OBJETIVO Este trabalho teve como objetivo comparar a qualidade das imagens tomográficas geradas em dois equipamentos de TCFC na presença de artefato metálico. Além disso, o estudo avaliou se a miliamperagem interfere na qualidade das imagens adquiridas Tomografia computadorizada de feixe cônico. Primeiro sistema de TCFC desenvolvido para gerar imagens do complexo dento-maxilofacial. O novo equipamento(NewTom-9000®, Quantitative Radiology, Verona, Itália) usava a técnica de feixe cônico ao invés da técnica utilizada nos tomógrafos médicos. Mozzo et al. (1998) Vantagens da TCFC • realizar somente exames da região de cabeça e pescoço; • aquisição da imagem com uma volta do feixe de raios X em torno do paciente; • tempo de aquisição de 10 a 70 segundos de exame, com 3 a 6 segundos de exposição à radiação; • dose de radiação aproximadamente quinze vezes menor em relação à TC helicoidal; • custo do exame reduzido; • imagem com boa nitidez e baixo contraste entre tecido duro e mole; • produção de pouco artefato na presença de GARIB et al. (2007) materiais metálicos. Material e Método • Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia e Centro de Pesquisa Odontológica São Leopoldo Mandic, sob o parecer no 886.670 (Anexo A). • Todos os procedimentos da pesquisa foram realizados nas dependências da faculdade São Leopoldo Mandic. Material e Método -Amostra .O estudo foi experimental, por análise de imagens tomográficas de um implante dentário e dois dentes fornecidos pelo banco de dentes da Faculdade São Leopoldo Mandic. .Os dentes escolhidos foram, um molar com restauração em amálgama MOD e um pré-molar com tratamento endodôntico, coroa metalocerâmica, núcleo e pino radicular metálico. .Além disso, foi utilizado um implante de titânio da marca Sin®com 4 mm de diâmetro e 8,5 mm de comprimento. Material e Método -TCFC .Foram realizadas duas aquisições tomográficas variando-se a miliamperagem para cada amostra em dois equipamentos de tomografia computadorizada de feixe cônico diferentes. .Os equipamentos tomográficos utilizados foram: Orthophos XG 3D®(Sirona dental, Salzburg, Alemanha) e Orthopantomograph OP300®(Instrumentarium dental, Tuusula, Finlândia). .Os exames foram realizados da seguinte forma: cada amostra foi fixada em uma base de acrílico com cera rosa 7 da marca Wilson®. .A base foi posicionada no apoio de mento do equipamento e fixada com elástico para evitar a movimentação da amostra durante o funcionamento do equipamento. Em cada equipamento foi selecionado o menor FOV disponível. .Posicionamento do dente .Posicionamento do com restauração MOD em dente com pino, núcleo amálgama no Orthophos e coroa no OP300® XG 3D® -Orthophos XG 3D .FOV de 5 cm de altura por 5 cm de diâmetro, a opção HD ON selecionada; .Primeira aquisição de cada amostra foi realizada com a maior amperagem disponível, 7 mA, que pré-determina uma quilovoltagem de 85 kVp e tempo de exposição de 14,3 segundos; .Segunda aquisição foi realizada com a menor amperagem disponível, 4 mA, que pré-determina uma quilovoltagem de 85 kVp e tempo de exposição de 14,3 segundos. -Orthopantomograph OP300® .FOV de 6 cm de altura por 4 cm de diâmetro e a ferramenta de redução de artefato metálico foi selecionada no painel de controle; .Primeira aquisição de cada amostra foi realizada com a maior amperagem disponível, 13 mA, que pré-determina uma quilovoltagem de 90 kVp e tempo de exposição de 6,1 segundos; .Segunda aquisição foi realizada com a menor amperagem disponível, 4 mA, que pré-determina uma quilovoltagem de 90 kVp e tempo de exposição de 6,1 segundos. -Análise dos exames .Avaliada por três radiologistas: .Os avaliadores classificaram a imagem entre boa, regular ou ruim (essa classificação foi transformada em escores 2, 1 e 0 respectivamente para a análise estatística), considerando a interferência do artefato metálico da seguinte forma: -Análise dos exames Dente com restauração MOD de amalgama Avalie a imagem considerando a interferência do artefato metálico. Orthophos XG 3D® (imagem 1*) Orthophos XG 3D® (imagem 2*) OP300® (imagem 1*) OP300® (imagem 2*) Boa (escore 2) Regular (escore 1) Ruim (escore 0) *As imagens 1 e 2 referem-se aos exames realizados com mínima e máxima miliamperagem, mas não necessariamente nesta ordem. Tela de navegação do exame do dente com restauração de amalgama MOD no software do equipamento OP300® Legenda: A = Reconstrução coronal; B = Reconstrução sagital; C = Reconstrução axial; D = Reconstrução em 3D. Tela de navegação do exame do dente com restauração de amalgama MOD no software do equipamento Orthophos XG 3D® Legenda: A = Reconstrução panorâmica; B = Reconstrução em 3D; C = Reconstrução tangencial; D = Reconstrução interseccional; E = Reconstrução axial (a partir de cima). -Análise estatística • Para investigar a reprodutibilidade interexaminadores empregouse a estatística Kappa; • Para cada um dos diferentes tipos de amostras (dente com restauração MOD de amálgama; dente com o pino, núcleo e coroa metalocerâmica; implante), aplicaram-se testes de Mann-Whitney para averiguar se a qualidade das imagens considerando a interferência do artefato metálico foi afetada pelo tipo de equipamento. • Os mesmos testes foram aplicados para comparar se as miliamperagens máxima e mínima influenciaram a qualidade das imagens. As abordagens estatísticas foram efetuadas nos programas SPSS 20® (SPSS Inc., Chicago, IL, EUA) e BioEstat 5.0® (Fundação Mamirauá, Belém, PA, Brasil), ao nível de significância de 5%. RESULTADOS Os achados da estatística Kappa, aplicada a todas as respostas atribuídas pelos avaliadores na análise da qualidade das imagens considerando a interferência do artefato metálico, encontra-se na tabela 1 e aponta, em geral, nível ótimo de concordância entre os examinadores. • Concordância interexaminadores. Avaliador Indice Kappa Concordância 1x2 0,824 Ótima 1x3 1,000 Perfeita 2x3 0,824 Ótima • Medianas dos escores atribuídos à qualidade das imagens, segundo o equipamento e a miliamperagem, e resultados dos testes de Mann-Whitney na comparação entre as miliamperagens. COMPARAÇÃO ENTRE MILIAMPERAGEM AMOSTRA EQUIPAMENTO Ma Míni ma Dente com restauração MOD de amálgama Orthophos XG 3D® Ma máxi ma P VALOR 0 0 P=0,095 2 1 P=1,000 Escore 0 = qualidade ruim; escore 1 = qualidade regular; escore 2 = qualidade boa. • Medianas dos escores atribuídos à qualidade das imagens, segundo o equipamento e a miliamperagem, e resultados dos testes de Mann-Whitney na comparação entre os equipamentos. COMPARAÇÃO ENTRE EQUIPAMENTOS AMOSTRA MILIAMPERAGEM Ortho OP300 P VALOR phos ® XG 3D® Dente com restauração MOD de amálgama Máxima 0 2 P=0,025 Mínima 1 2 P=0,025 Escore 0 = qualidade ruim; escore 1 = qualidade regular; escore 2 = qualidade boa. .Medianas dos escores atribuídos à qualidade das imagens, segundo o equipamento e a miliamperagem e resultados dos testes de MannWhitney na comparação entre as miliamperagens. COMPARAÇÃO ENTRE MILIAMPERAGEM AMOSTRA EQUIPAMENTO Ma Míni ma Dente com Orthophos XG pino, núcleo e 3D® coroa metalocerâmi OP300® ca Ma máxi ma 0 1 0 1 P VALOR P=0,025 P=0,025 Escore 0 = qualidade ruim; escore 1 = qualidade regular; escore 2 = qualidade boa. Medianas dos escores atribuídos à qualidade das imagens, segundo o equipamento e a miliamperagem, e resultados dos testes de Mann-Whitney na comparação entre os equipamentos. COMPARAÇÃO ENTRE EQUIPAMENTOS AMOSTRA MILIAMPERAGEM Dente com Máxima pino, núcleo e coroa Mínima metalocerâmica Ortho OP300 P VALOR phos ® XG 3D® 0 0 P=1,000 1 1 P=1,000 Escore 0 = qualidade ruim; escore 1 = qualidade regular; escore 2 = qualidade boa. • Medianas dos escores atribuídos à qualidade das imagens, segundo o equipamento e a miliamperagem, e resultados dos testes de MannWhitney na comparação entre as miliamperagens. COMPARAÇÃO ENTRE MILIAMPERAGEM AMOSTRA EQUIPAMENTO Ma Míni ma Ma máxi ma P VALOR Implante Orthophos XG 3D® 1 1 P=1,000 1 1 P=1,000 OP300® Escore 0 = qualidade ruim; escore 1 = qualidade regular; escore 2 = qualidade boa. Medianas dos escores atribuídos à qualidade das imagens, segundo o equipamento e a miliamperagem, e resultados dos testes de Mann-Whitney na comparação entre os equipamentos. COMPARAÇÃO ENTRE EQUIPAMENTOS AMOSTRA MILIAMPERAGEM Ortho OP300 P VALOR phos ® XG 3D® Implante Máxima 1 1 P=1,000 Mínima 1 1 P=1,000 Escore 0 = qualidade ruim; escore 1 = qualidade regular; escore 2 = qualidade boa. DISCUSSÃO • No estudo, os resultados obtidos em cada amostra não foram homogêneos, portanto, estudos adicionais devem ser conduzidos para se esclarecer esse aspecto. • A utilização de um número amostral maior em estudos futuros deve ser considerada. Além disso, na pesquisa, os estudos não foram realizados em pacientes que possuem tecidos de diversas densidades ao redor dos objetos metálicos. Isso poderia interferir, por exemplo, nas características dos fótons captados pelos sensores e, consequentemente, na qualidade da imagem. • Finalmente, é possível afirmar que a pesquisa realizada expõe ao cirurgião dentista algumas limitações do exame de TCFC e ressalta que, na presença de materiais metálicos próximos à região de interesse, o diagnóstico deve ser realizado de forma mais criteriosa. Conclusão • Comparando a qualidade das imagens tomográficas geradas nos dois equipamentos de TCFC na presença de artefato metálico, o equipamento OP300® teve desempenho superior, independente da variação da miliamperagem, considerando o dente com restauração MOD de amálgama. • Avaliando a interferência da miliamperagem na qualidade das imagens adquiridas, concluiu-se que no caso da amostra do dente com pino, núcleo e coroa metalocerâmica, a utilização de miliamperagens mais baixas influenciou positivamente na qualidade das imagens adquiridas. • Portanto, o equipamento, assim como a variação da miliamperagem podem interferir na qualidade da imagem da TCFC na presença do artefato metálico. Bibliografia • • • • • • • • • • • • • Azevedo B, Lee R, Shintaku W, Noujein M, Nummikoski P. Influence of the beam hardness on artifacts in cone-beam CT. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008 Apr;105(4):e48. Abdoli M, Ay MR, Ahmadian A, Zaidi H. 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