CENTRIFUGAÇÃO CENTRIFUGAÇÃO Livro de consulta: Christie John Geankoplis. Transport Process and Separation Processes. Prentice-Hall, 2003. Centrifugação Na sedimentação as partículas são separadas de um fluído por ação da força gravitacional. A separação gravitacional pode ser muito lenta devido a vários fatores: (a) tamanho pequeno das partículas, (b) densidades próximas da partícula e do fluido (c) forças associativas que mantém componentes ligados (como nas emulsões). O uso da força centrífuga aumenta muitas vezes a força que atua sobre o centro de gravidade das partículas, facilitando a separação e diminuindo o tempo de residência no equipamento. A centrifuga é um recipiente cilíndrico que gira a alta velocidade criando um campo de força centrífuga que causa a sedimentação das partículas. Os fluidos e sólidos podem exercer uma força muito alta contra à parede do recipiente, esse fato limita o diâmetro das centrífugas. Equações de força centrífuga. A aceleração pela força centrífuga é dada por ae r 2 ae é a aceleração devido à força centrífuga (m/s2) r é a distância radial do centro da rotação (m) ω é a velocidade angular (radianos / s). A força centrífuga Fc Fc m ae Fc m r 2 ω = velocidade angular ω = v/r g v é a velocidade tangencial (m/s) As velocidades rotacionais ( N ) costumam ser dadas em RPM ou seja por rotações/min, As unidades de ω no SI são radianos por segundo 2 N 60 revoluçoes 2π radianos 1 minuto ωN minuto 1 revolução 60 segundos Substituindo Fc m r 2 2N 2 Fc m r 0 , 01097 m r N 60 2 Fg mg A força gravitacional em uma partícula é Fc mr A força centrifuga é 2 Se comparamos ambas equações: Fc mr r r 2 N Fg mg g g 60 2 2 2 Assim, a força desenvolvida em uma centrífuga é rω2/g vezes maior que a força gravitacional. Fc 2 2 r N Fg 60 g Fc 2 0.001118 r N Fg Ex. 1: Aumento da força pela centrifugação Uma centrífuga tem raio de cilindro de 0.1016 m e uma velocidade de giro de 1000 RPM Quantas vezes maior é a força centrifuga em relação a gravitacional? Qual seria o efeito na força centrífuga ao dobrar o raio do equipamento? Qual seria o efeito de duplicar a velocidade de rotação? Fórmula: Fc 2 0,001118 r N Fg Ex. 1: Resolução Fc ? Fg R = 0.1016 m N = 1000 RPM Fórmulas: R = 2 x 0.1016 m N = 1000 RPM Fg mg R = 0.1016 m N = 2000 RPM 2 N ( rpm) r( m ) 60 Fc mr 2 2 Fc r 2 Fg g Fc 2 0,001118 r N Fg R = 0.1016 m N = 1000 RPM Fc 1,118 103 (0,1016)(1000) 2 Fg Fc 113 Fg R = 2 x 0.1016 m N = 1000 RPM Fc 1,118 103 (0,2032)(1000) 2 Fg Ex. 1: Respostas R = 0.1016 m N = 2000 RPM Fc 0,001118 r N 2 Fg Fc 227 Fg Fc 3 2 1,118 10 (0,1016)( 2000) Fg Fc 454 Fg Taxas de Separação em Centrífugas Assume-se que : Todo o líquido se move para cima à velocidade uniforme, transportando partículas sólidas com ele. As partículas movem-se radialmente na vt de sedimentação. Se o tempo de residência for suficiente para que a partícula chegue até parede do tambor ela é separada vs =velocidade de sedimentação vt =velocidade de transporte Na região A: vt > vs ocorre transporte sem separação Na região B: vs > vt separação problemática Na região C: vs >> vt boa separação A velocidade terminal de sedimentação, em um raio r, se o regime for laminar, de acordo com a lei de Stokes é: 2 2 rD p p vt 18 2 2 rD dr p p dt 18 Onde vt = velocidade de sedimentação na direção radial Dp = diâmetro da partícula µ = viscosidade do líquido rp = densidade de partícula r = densidade do líquido Como vt = dr/dt É possível converter a equação da velocidade terminal em uma equação diferencial e depois integrá-la. Equação do tempo de residência dr rD p dt 18 2 t t r t 0 2 p 18 dt 2 p Dp2 r2 r1 dr r Integrando entre os limites para t = 0 r = r1 para t = tr r = r2 18 r2 tr 2 ln 2 p Dp r1 O tempo de residência é igual ao volume de líquido do tambor da centrífuga 3 V m tr 3 q m s dividido pela vazão volumétrica da alimentação. Volume do líquido no tambor: V (r r ) b 2 2 2 1 Tempo de residência: 18 r2 tr 2 ln 2 p Dp r1 Pode se obter a equação da vazão volumétrica, q : V q tr Equação da vazão volumétrica V (r r ) b 2 2 2 1 18 r2 tr 2 ln 2 p Dp r1 Substituindo br V q tr Reagrupando termos q 2 D p p 18 r q 18 ln r2 / r1 2 p D p2 2 2 2 1 2 br22 r12 ln r2 / r1 As partículas com diâmetro menor que Dp não alcançam a parede do tambor e saem com o efluente. As partículas maiores atingem a parede e são separadas. As partículas menores do Diâmetro Crítico Dpc não serão retidas Dpc define-se como o diâmetro de uma partícula que consegue atingir a periferia do tambor partindo de uma distância entre r1 e r2. A integração é feita considerando que para t = 0 r = (r1 + r2)/2 em t = tT. r = r2 p D qc 18 2 2 pc br r ln 2r2 / r1 r2 2 2 2 1 qc vt Na vazão qc as partículas com um diâmetro maior do que Dpc serão separadas e as menores permanecerão no líquido Ex.2: Sedimentação em centrífuga Uma suspensão será clarificada por centrifugação. Ela contém partículas com densidade ρp= 1461 kg/m3. A densidade da suspensão é ρ = 801 kg/m3 e sua viscosidade é 100 cP. As dimensões da centrífuga são: r2 = 0.02225 m r1 = 0.00716 m altura b = 0.1970 m. Calcule o diâmetro crítico das partículas se N = 23000 revoluções/minuto e qc = 0.002832 m3/h. Ex.2: Resolução Questão: Dpc =? Fórmula: 2 2 p Dpc V qc 18 ln 2r2 / r1 r2 Dados: ρp= 1461 kg/m3 ρ = 801 kg/m3 μ = 100 cP r2 = 0.02225 m, r1 = 0.00716 m b = 0.1970 m N = 23000 rpm qc = 0.002832 m3/h D 2 pc qc 18 ln 2r2 / r1 r2 2 p V 2N 2 ( 23000) 2410rad / s 60 260 (23000) 2410rad / s 60 V b r r 0,1970 0,02225 2 2 2 1 V 0,1970 0,02225 0,00716 2,747 x10 4 m3 3 0,002832 m qc 7,87 x107 3600 s 2 2 Dpc 0,746 x106 m 0,746 m 2 Separação de líquidos em uma centrífuga. A separação de suspensões líquido-líquido compostas de líquidos imiscíveis que estão finamente dispersos como uma emulsão são um problema comum na indústria alimentícia. Um exemplo é a emulsão de leite que é separada em dois produtos: leite desnatado e creme ou nata, usando centrífugas. Nessas separações, a posição da barreira de transbordamento na saída da centrífuga é muito importante na realização da separação desejada. Fora isso os discos de saída de raio diferente permitem o ajuste do funcionamento da centrífuga, Separação de duas fases líquidas: r4 – r2 líquido pesado com H líquido leve com L Onde : r1 = raio até a superfície da camada do líquido leve. r2 – r1 r2 = raio até a interface líquido-líquido. r4 = raio até a superfície do fluxo de escoamento do líquido pesado. Para localizar a interface entre os líquidos, deve ser feito um balanço das pressões nas duas camadas. A força no fluido na distância r é: Fc mr Como dFc dmr 2 2 dm[(2 rb) dr] dFc 2rb dr r 2 Então A 2rb dFc 2 rb 2 rdr A 2 rb dP rdr 2 dP 2 rdr r r 2 P P r r 2 P2 P1 Integrando, obtemos: p2 p1 dP 2 r2 r1 L 2 2 2 2 1 2 2 2 H rdr 4 2 2 4 Na interface líquida em r2, a pressão exercida pela fase leve de espessura (r2 - r1) é igual à pressão da fase pesada de espessura (r2 - r4): H P2 P1 P4 P2 2 2 (r r ) 2 2 2 4 L 2 2 (r22 r12 ) Resolvendo para r22, na posição da interface, obtemos: r r r H L 2 2 2 H 4 2 L 1 Ex.3: Altura da interface Em um processo de refinação de óleo se separa a fase aquosa da face oleosa em uma centrífuga. A densidade do óleo é 919,5 kg/m3 A densidade da face aquosa é 980,4 kg/m3 O raio (r1) do escoamento do liquido mais leve é 10,160 mm O raio (r4) da saída da face pesada é 10,414 mm Calcule o raio (r2) da interface líquido-líquido Questão Ex.3: Solução Dados r4 = 10,414 mm ρL = 919,5 kg/m3 ρH = 980,4 kg/m3 r1 = 10,160 mm r4 = 10,414 mm r2 = ? Formulas r r r H L 2 2 2 H 4 r r r2 H L H r1 = 10,160 mm 2 L 1 2 4 r2 13,75 mm 2 L 1 Equipamentos Centrifuga de Tambor Utilizada apenas na clarificação de líquidos. O tambor é dotado de 2 a 8 elementos cilíndricos internos, uma série de câmaras anelares unidas consecutivamente. O produto a ser clarificado entra no tambor pelo centro, escoando consecutivamente por cada câmara anelar a partir da câmara mais interna. Em cada câmara o diâmetro é maior e aumenta a força centrífuga, fazendo o produto escoar por zonas centrífugas cada vez maiores, até o final do processo. 2. Centrífugas de disco Usada em separações líquido-líquido, algumas podem separa partículas finas de sólidos. A mistura é alimentada pelo fundo da centrífuga e escoa para cima passando através de buracos espaçados nos discos. Os buracos dividem a seção vertical em uma seção interna, onde fica o líquido leve, e uma seção externa, onde fica o líquido pesado. Escolha do separador correto