O português que falamos

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Comunicação em português.
Retrato falado e escrito
Marilene Garcia
• http://www.youtube.com/watch?v=hNla2sn
ZEJQ
• A língua é o reflexo perfeito do que
somos.
• Ao falar, estamos nos expondo o tempo
todo;
• Ao escrever, deixamos nossas marcas e
nossa identidade pessoal.
• Há um texto de Luiz Fernando Veríssimo
intitulado: “O gigolô de palavras”.
• O autor, entre outras referências e
recomendações sobre o uso da gramática
na escrita, afirma o seguinte.....
Gigolô das palavras –
Luiz Fernando Veríssimo
• “...qualquer linguagem é um meio de comunicação e que
deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas
algumas regras básicas da Gramática, para evitar os
vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A
sintaxe é uma questão de uso, não de princípios.
Escrever bem é escrever claro, não necessariamente
certo. Por exemplo: dizer “escrever claro”, mas é claro,
certo? O importante é comunicar. (E quando possível
surpreender, iluminar, divertir, comover…Mas aí
entramos na área de talento, que também não tem nada
a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da
língua”.
Será que somos todos gigolôs das
palavras?
• Em parte somos, mas não temos toda esta liberdade para
desprezar a gramática.
• Vamos além das palavras soltas, escrevemos textos, elaboramos
mensagens com idéias articuladas, não somos cronistas famosos e
temos de dar objetividade às comunicações escritas e faladas.
Neste caso, a gramática ajuda muito.
•
•
A linguagem falada é mais informal, mais versátil, mais relaxada, adaptamos o
tom e o vocabulário ao interlocutor.
A linguagem escrita, embora também deva ser adequada ao receptor, pressupõe
maior formalidade, aproximação da norma culta. Os erros ficam mais evidentes.
Afinal, é enchergar ou enxergar? É exceção ou excessão?
• A linguagem escrita nos coloca em uma vitrine.
Ficamos expostos!
Língua falada X língua escrita
• Língua falada: criativa,
espontânea; emprega
gírias e onomatopéias;
mais liberdade na
colocação pronominal,
supressão de alguns
pronomes relativos,
sobretudo “cujo”; frases
feitas, clichês, chavões,
provérbios; frases
entrecortadas e
inacabadas; vocabulário
mais reduzido.
• Língua escrita: presa a
regras gramaticais, ao
padrão culto; mais
elaborada; vocabulário
amplo e variado; emprego
de termos técnicos; rigor
na colocação pronominal,
emprego regular de
pronomes relativos;
sintaxe elaborada, frases
com rigor gramatical,
clareza, sem omissões e
sem ambigüidades.
Os referentes que são ouvidos
Os referentes que são lidos
Formam o repertório em língua
Ortografia
tigela
excesso
tijolo
exceção
viajar
viagem
Formação de plural
1 irmão – 2 irmãos
1 coração – 2 corações
1 pão – 2 pães
Pão molhado
Ironia
deboche
Nível vulgar
de
linguagem
Escreve como ouve?
Nível popular da linguagem
Ser
moça
é fácil
Difícil é
ser
virgem
Referências – fontes escritas: nível culto e nível coloquial
Muitas incidências escritas: nível popular (vulgar)
Conceito de gramática
• A arte de ler e de escrever bem em uma
língua.
• Estudo que expõe as regras da língua
padrão.
Gramática
•
•
•
•
•
Acentuação
Crase
Pontuação
Concordância
Regência
Vamos analisar alguns exemplos:
• No uso normal da linguagem falada ou escrita, você usa
estas expressões?
- subir para cima
- descer para baixo
- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exata
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
Mais exemplos
• - outra alternativa
- detalhes minuciosos
- razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- fato real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
Mais outros.....
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito
Mas o que há de errado?
• Deve-se evitar o uso das repetições desnecessárias.
Nos exemplos citados, todas seriam dispensáveis.
• O texto deve evoluir na mensagem que transmite.
• A linguagem escrita deve ser clara, objetiva e também
econômica.
• Tudo que eu falo acrescenta algo, senão, é supérfluo.
• Atenção às expressões que utiliza no seu dia-a-dia.
Verifique se não está caindo nesta armadilha!
• E o que mais?
Exemplos de textos confusos, por
falta de pontuação:
• Maria toma banho e sua mãe diz ela
traga-me uma toalha.
• Um lavrador tinha um bezerro e a mãe do
lavrador era também o pai do bezerro.
Com a pontuação correta...
• Maria toma banho e sua.
Mãe, diz ela, traga-me uma toalha!
• Um lavrador tinha um bezerro e a mãe. Do
lavrador era, também, o pai do bezerro.
É mais fácil falar de forma simples...
• - Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor
intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil
e sorrateiro de profanares o recôndido da minha
habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.
Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para
zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão
digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica
bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto
que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo
denomina nada.
E o ladrão, confuso, diz:
- Doutor, eu levo ou deixo os patos?
Confundindo o coloquial com o culto
• O cara deve procurar sacar se a lei está
com ele ou não.
• Fiquei gamado naquela mina porque ela é
bacana pra chuchu.
• O deputado pisou na bola e deu a maior
bandeira no seu depoimento.
Evite escrever utilizando gírias
• O cara deve procurar sacar se a lei está com ele ou não.
• O cidadão deve procurar certificar-se de que
está agindo dentro da lei.
• Fiquei gamado naquela mina porque ela é bacana pra
chuchu.
• Fiquei apaixonado por aquela garota, porque ela
é muito simpática e atraente.
• O deputado pisou na bola e deu a maior bandeira no
seu depoimento.
• O deputado cometeu um erro e acabou se
comprometendo no seu depoimento.
Releia o que escreveu para não
cair nesta armadilha...
• “… a boca dela“, “… meu coração
por ti gela“, “…uma mão”, “…voume já…”, “…por cada“, etc.
Cacofonia
• É o som desagradável resultante da
combinação de duas ou mais sílabas de
diferentes palavras.
• Mais uma vez, é melhor evitar em texto
acadêmicos.
Ecooooo...
• É a repetição desnecessária de um som,
resultando num texto desagradável, com um
ritmo batido e monótono. A melhor forma de
corrigir esse defeito é ler o texto já acabado com
muita atenção;
• na língua portuguesa é preciso tomar muito
cuidado, por exemplo, com as terminações -ão,
-ade e -mente. Uma frase do tipo: “Contra sua
vontade, apenas por bondade, ele foi à cidade;
na verdade…” Isso fere os ouvidos.
Textos confusos e difíceis de ser
decifrados
•
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•
•
•
Falta de cuidado na pontuação
Ambigüidade
Falta de coerência
Prolixidade – falta de clareza
Cacofonia
Língua Portuguesa: Olavo Bilac
• Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
• Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
• Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma...
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