As raízes genéticas do pensamento e da linguagem Vigotski Prof.ª Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira As raízes genéticas do pensamento e da linguagem À partir do estudo genético do pensamento e da linguagem observa-se que esses passam por muitas alterações; Os progressos no pensamento e na linguagem não seguem trajetórias paralelas. Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 2 O estudo genético do pensamento e da fala (p.41): O progresso da fala não é paralelo ao progresso do pensamento; O que é filogênese, ontogênese? Filogênese corresponde ao desenvolvimento da espécie humana isto é, coisas que somos capazes de fazer como pegar em pinça, andar, mas não conseguimos voar. Ontogênese (história do ser) O sujeito nasce, cresce, reproduz, morre, assim no plano ontogenético do ser, a criança quando pequena fica deitada, depois sentada, depois em pé... Se refere a sequência de seu desenvolvimento. Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 3 Nos animais, as raízes do pensamento e a linguagem (fala) se desenvolvem segundo diferentes trajetórias. Este fato é confirmado pelos estudos de Koehler, Yerkes e outros sobre os macacos antropoides: Intelecto embrionário nos animais; pensamento não relacionado com a fala; pensamento rudimentar (fase pré-linguística da evolução do pensamento). Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 4 Koehler (p. 42) explica que: O chipanzé apresenta rudimentos de um comportamento intelectual semelhante ao do homem, mas existe diferenças: a ausência de fala pobreza de imagens Provou que o surgimento de um intelecto embrionário nos animais, mas isso significa que o aparecimento de pensamento no sentido próprio do termo – não se encontra de maneira nenhuma relacionado com a linguagem nos animais. Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 5 As ações do chimpanzé são independentes da sua linguagem. Thorndyke e Borovskij veem nas ações do chimpanzé : Mecânicas do instinto; Aprendizagem por tentativa e erro... Wundt explica que os gestos de apontar que constituem o primeiro estágio do desenvolvimento da linguagem humana não aparecem ainda nos animais, mas alguns gestos dos macacos são uma forma de transição entre o movimento de preensão e o de apontar. Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 6 Koehler na sua investigação da natureza dos processos intelectuais dos chimpanzés mostrou por meio de uma análise experimental rigorosa, que o êxito das ações dos animais dependia do fato de eles poderem ver todos os elementos de uma mesma situação ao mesmo tempo – este fator era decisivo para o seu comportamento. (p.45). Ex: vara Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 7 Ausência de pensamento? Há presença visual real de uma situação suficientemente simples é uma condição indispensável em qualquer investigação do intelecto dos chipanzés (p. 45) Mas há limitação ao processo de criação de imagens - "ideação" Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 8 Yerkes: O aparelho fonador do chipanzé é tão desenvolvido e funciona tão bem quanto o do homem. Falta-lhe a tendência para imitar sons. São incapazes de fazer o que o papagaio faz: imitar sons (p. 46) Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 9 Diferença entre Yerkes e Vigotski: Para Yerkes (p. 47) os chipanzés são incapazes de falar pela incapacidade ou dificuldade de imitar sons. Para Vigotski (p. 47) é uma questão de intelecto, já que a habilidade linguística não é expressa unicamente com a fala e os chipanzés não possuem "ideação" (p. 48) Os chipanzé tem um comportamento intuitivo (método puro e simples de tentativa e erro) Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 10 Experimento de Learned: 32 "vocábulos" dos chipanzés (parecido com a dos humanos): "derivam de determinadas situações ou objetos relacionados com o prazer ou o desprazer, ou que inspirem desejo, ressentimento, medo etc. (...) registrados enquanto os macacos estavam esperando que os alimentassem, ou durante as refeições..." (p. 49) Vigotski --- são "reflexo condicionado", "linguagem estritamente emocional" (p. 49) Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 11 A função da fala nos chipanzés não está relacionada a reações intelectuais, isto é, com o pensamento; Se origina da emoção (é claramente parte da síndrome emocional total), longe de ser uma tentativa intencional e consciente de influenciar ou informar os outros (p. 50); Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 12 Se originam do instinto, exemplo: abelhas (von Frisch, p. 50). Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 13 Conclusão de Vigotski – relação do pensamento e a fala no desenvolvimento filogenético dessas funções: 1. O pensamento e a fala têm raízes genéticas diferentes; 2. As duas funções se desenvolvem ao longo de trajetórias diferentes e independentes; 3. Não há qualquer relação clara e constante entre fala e pensamento; 4. Os antropóides apresentam um intelecto um tanto parecido com o do homem, em certos aspectos (o uso embrionário de instrumentos), e uma linguagem bastante semelhante à do homem, em aspectos totalmente diferentes (o aspecto fonético da sua fala, sua função de descarga emocional, o início de uma função social); 5. A estreita correspondência entre o pensamento e a fala, característica do homem, não existe nos antropóides; 6. Na filogenia do pensamento e da fala, pode-se distinguir claramente uma fase pré-linguistica no desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no desenvolvimento da fala. Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 14 Exemplo: Os macacos tinham aprendido a pegar utensílios, inserindo um pau no orifício de outro pau e assim conseguiam tocar a banana. Se por acaso os dois paus se cruzassem nas suas mãos formando um X, tornavam-se incapazes de realizar a operação familiar muito praticada de encaixe do pau para alcançar o utensílio. Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 15 Reflexões: Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 16 Reflexões Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 17 Reflexões Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 18 Referência Bibliográfica: Vigotski, L., S. (2001). As raízes genéticas do pensamento e da linguagem. Em Vigotski, L., S. A construção do pensamento e da linguagem. (pp.42 – 61). Martins Fontes: São Paulo. Dra Teresa Cristina Barbo Siqueira 19