Arte Grega – Primeira Parte A Grécia ocupa uma posição privilegiada na bacia do Mediterrâneo. Desde o século VIII a.C. o “mundo grego” estende-se desde o sul da França até a Ásia Menor. As pôlei gregas, ao mesmo tempo que mantinham um intenso intercâmbio com todo o litoral mediterrâneo, alcançaram uma autonomia única, o que lhes permitiu desenvolver uma cultura muito característica. O desenvolvimento da Filosofia, já no século VII a.C fez com que os gregos voltassem seu pensamento para o homem e suas atividades. Tal perspectiva refletiu diretamente na Arte. Inicialmente, os gregos buscaram inspiração na rígida Arte egípcia, criando um tipo de escultura denominada Kouros (plural =Kouroi). Ainda podemos observar a rigidez quase estática, presente nas obras egípcias, além da valorização da perspectiva frontal (lei da fontalidade) Também na cerâmica, a frontalidade e a geometrização das figuras é o padrão nesta primeira fase. Porém, com a consolidação da Democracia como forma de governo (em Atenas e cidades coligadas) e o avanço da filosofia socrática, os gregos promoveram uma verdadeira revolução nos padrões artísticos. Historiadores da Arte chamam este momento de “O Grande Despertar” A prioridade é retratar com o maior realismo possível o corpo humano. O conceito de beleza, porém, ainda é algo idealizado. Isso justifica a constante do corpo nu. A impressão de movimento é dada pela angulação das pernas e pela leve curvatura da cabeça em relação ao corpo; A tenção/relaxamento dos músculos confere vivacidade ao mármore e ao bronze. Porém, o mármore é pesado, e a angulação das pernas pode prejudicar a estabilidade da estátua. Na imagem, podemos ver duas soluções oferecidas pelos artistas gregos: O apoio no mármore ou a escultura em Torêutica (bronze). Na cerâmica, as cores negra e vermelha foram invertidas, e as figuras aparecem vistas de lado e com a frente perfeita (escorço): Arquitetura Basicamente, restaram templos e algumas ruínas de prédios públicos. O templo guardava as estátuas dos deuses. O traçado arquitetônico de um templo seguia mais ou menos o mesmo padrão: Pronau: entrada Nau: centro Epistódomo: parte traseira Peristilo: Conjunto de colunas que cerca o interior e sustenta o telhado A fachada dividia-se em partes com funções específicas. Ao lado, a fachada do Parthenon nos dias atuais e uma recriação deste como deve ter sido no século V a.C. O friso dórico do Parthenon era decorado com relevos que retratavam cenas das epopeias e das Procissões Panathenaikas. No século XIX o material foi “comprado” pelo duque de Elgin e levado para a Inglaterra. O governo grego exige a devolução dos “Mármores de Elgin” até hoje. Por sua vez, o Erecteion apresenta a evolução para a ordem jônica, ousando, inclusive, substituir as colunas por formas humanas (Pórtico das Cariátides) Os telhados eram frágeis e as colunas podiam ser de três estilos diferentes, quanto ao capitel: Dório: O mais sóbrio, consistia apenas num conjunto de anéis que sustentavam a almofada ou ábaco. Predominou até o início do século V a.C. Capitel jônico: substituiu o modelo dórico. No lugar dos anéis, aparece um conjunto de volutas que sustentam a almofada, agora entalhada. Típico dos século V e IV a.C., período de decadência de Atenas como centro do Mundo Grego. Capitel Coríntio: Acrescenta às volutas um conjunto de folhagens. Visto de cima, sua forma lembra uma estrela de quatro pontas. Típico do Império de Alexandre, quando a Grécia incorporou elementos das civilizações orientais e vice-versa. Na imagem, capitel do templo de Artemis, em Jarash, na Jordânia (século III a.C) Já no Período Helenístico, as obras ainda mantém a visão idealista da beleza, mas os artistas optam por uma tendência mais emocional, e as figuras ganham expressões faciais mais nítidas. Uma possível explicação talvez seja o contato que a arte grega teve com os padrões orientais, a partir da consolidação da Cultura Helenística. O Império de Alexandre: da Grécia à Índia Altar de Pérgamo Construído, originalmente, na cidade de Pérgamo, no Reino do Ponto, atual Turquia, o altar foi dedicado a Zeus. No século XIX foi levado pelos alemães, e hoje está completamente remontado e restaurado no Pergamon Museum de Berlim. Em 2006 o altar foi desmontado e trazido para o Brasil. Seu Friso retrata a luta mitológica entre os Deuses de os Titãs pelo controle do Universo, história contada na Teogonia, de Hesíodo. “Laocoonte e seus filhos” Talvez a escultura mais famosa deste período, retrata o episódio da morte de Laocoonte, durante a Guerra de Troia. Por ter prevenido os troianos do perigo representado pelo Cavalo de Madeira, o sacerdote Laocoonte provocou a ira dos deuses, especialmente de Poseidon, que desejava a destruição de Troia. O senhor dos mares enviou, então, duas serpentes marinhas que estrangularam o sacerdote e seus dois filhos. O autor captou o momento em que os três personagens lutavam para, em vão, livrar-se das serpentes.