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UFABC
Licenciatura em Filosofia
Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Objetivo
Problematizar as justificativas para o ensino (por
quê?) e o papel formativo da filosofia (para
quê?), que trazem implícita a questão: O que é
filosofia?.
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Percurso
- As definições de filosofia enquanto problema filosófico – “FILOSOFIA DO ENSINO DE
FILOSOFIA”. (CERLETTI, 2009)
- Questões gerais sobre o papel formativo da filosofia no nível médio – licenciatura da
UFABC. (VELASCO e PEREIRA, 2015)
- Lugares comuns do ensino de filosofia (como, para quê e o quê); (GALLO e KOHAN,
2000)
- Seminários
a) Repertorio de ‘topoi’ de Lebrum
b) A “falta de assunto” de ARANTES
c) “Função social” de Fraklin Leopoldo e Silva
d) As notas de Favaretto
e) Os textos Filosóficos para Fabrinni
f) LDB 9394/96 e PCNEM e o ensino de filosofia (Rodrigues)
g) Oficina do conceito, Silvio Gallo
- Deleuze e Guattari, a filosofia como criação conceitual como crítica ao marketing.
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Cerletti (2009):
p.8 – “o ensino de filosofia é uma construção subjetiva”;
p. 10 – “toda formação docente deverá ser uma constante autoformação, uma
transformação de si”;
p. 11-12 – “dependendo da concepção de filosofia que se tem, será a
concepção do que ensinar”
p. 17 – “Haveria consequências didáticas diferentes se supuséssemos, por
exemplo, que a filosofia é essencialmente o desdobramento de sua história,
ou se entendêssemos como uma cuidadosa exegese de fontes filosóficas,
ou como exercício problematizador do pensamento sobre todas as
questões; se avaliamos que ela pode significar um auxilio para o bem viver
ou a supomos uma complicação inexorável da existência ; ou se
assumimos que ela serve para fundamentar uma vida cidadã ou por
encarar uma crítica radical da ordem estabelecida”;
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Cerletti (2009)
p.21-21 – “O perguntar filosófico é então o elemento
constitutivo fundamental do filosofar e, portanto, do
ensinar filosofia”
p.21 – “um curso deve ser um ambiente em que
possam ser criadas condições para a formulação
de perguntas filosóficas”
p.20 – “mas é muito diferente ‘explicar’ as respostas que,
em um contexto histórico e cultural determinado, um
filósofo se deu, do que os estudantes e o professor
tentarem se apropriar dos questionamentos desse
filósofo, para que essas respostas passem a ser,
também, respostas a problemas próprios”
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Cerletti (2009):
p. 33 – “seria factível identificar, então, dois
aspectos ou dimensões que se entrelaçam no
ensinar/aprender filosofia: uma dimensão que,
com alguma cautela, chamaríamos ‘objetiva’ (a
informação histórica, as fontes filosóficas, os
textos de comentaristas, etc.) e outra ‘subjetiva’
(a novidade do que filosofa: sua apropriação
das fontes, sua re-criação dos problemas, sua
leitura do passado, etc.)”
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
PEREIRA e VELASCO (2015):
p. 39 - “O Curso de Licenciatura em Filosofia da UFABC
[...] propõe uma formação do futuro docente que concilia
as reflexões sobre o ensino de Filosofia com as
problematizações que caracterizam o filosofar”.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC, 2010, p. 9).
p. 42 – “articulando internamente a prática docente com os
conteúdos filosóficos.”
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Pereira e Velasco (2015)
Justificativas:
p. 43 – “conhecimento filosófico que é onde desenvolvemos nossa visão mais abrangente do sentido das coisas e da
vida, que nos permite buscar, com a devida distância crítica, a significação de nossa existência, e o lugar de cada
coisa nela”. A partir de Severino (2005, p. 187-189)
p. 43 – “Impede-se que as ações humanas se tornem meramente instintivas ou mecânicas por meio do
desenvolvimento da subjetividade em relação à inteligência e às consciências epistêmicas, estéticas, sociais e
éticas: ao atribuir sentido às coisas, por meio da subjetividade, o homem atinge sua condição verdadeiramente
humana”.
p. 43 – “as funções filosóficas de fundamentação metodológica, de articulação intradisciplinar e de problematização
das próprias relações de conhecimento”
p. 44 – “a Filosofia procura cumprir o papel de compreensão crítica das relações entre o indivíduo e o mundo, bem
como de conscientização deste indivíduo como personagem social”
p. 44 – “desenvolvimento das capacidades de leitura, análise e abstração;
o aperfeiçoamento das ferramentas conceituais de argumentação;
a abertura para a interrogação e clarificação conceitual;
a reflexão racional;
a crítica sobre as condições de possibilidade do pensamento;
a indagação sobre as questões de fundo: o que é o conhecimento? O ser? A realidade? O belo? O mundo? O
justo? A verdade? O que é ser gente?
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
-
Visão abrangente
Desenvolvimento humano
Fundamentação metodológica
Compreensão crítica
Capacidade de leitura, análise e interpretação
Abertura para a interrogação e clarificação
conceitual
- Reflexão racional
- Questões de fundo
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Gallo e Kohan (2000)
p. 176 – “A problematização desses lugares comuns permitirá, em
nosso entender, a reflexão da filosofia sobre si mesma, ao mesmo
tempo em que enfatizará que qualquer preocupação em como levar
a filosofia as salas de aula deve estar orientada por uma reflexão
prévia sobre os ‘quê’ e os ‘para quê’ da prática educacional da
filosofia”.
1 - “como”
p. 177 – “um ensino baseado na história da filosofia”
“ensinar filosofia significaria ensinar o que a história da
filosofia produziu até hoje – mesmo que dificilmente se chegue até
os filósofos do presente. Geralmente essa história é compreendida
como os mais de 25 séculos de existência da filosofia ocidental e os
seus desdobramentos”.
“nomes próprios”
“pode ser chamada de enciclopédica”
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
2 - p. 178 – “um ensino baseado em problemas filosóficos”
“Problemáticas consideradas tipicamente filosóficas e que aparecem com
frequencia nos programas de filosofia no ensino médio são, por exemplo, a
relação corpo-mente, a existência de Deus ou o conhecimento”
“na maioria dos casos os alunos escolhem problemas do seu interesse
imediato, como Aids, drogas ou vida após a morte”
“ativo”
3 - p. 179 – “um ensino de habilidades do pensamento e/ou atitudes filosóficas”
“Enquanto os conteúdos filosóficos são produtos da filosofia, suas habilidades
são aquilo que devemos pôr em prática na hora de filosofar”
4 - p. 180 – “por sua vez, no contexto de cada um destes paradigmas, os
professores podem adotar uma postura doutrinária, eclética ou aberta,
sendo essas opções limites que de alguma forma poderão aprecer
misturados na prática”
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
‘para quê’ e ‘o quê’
5 - p. 181 – “a distinção entre professor de filosofia e filósofo”
“em nossas universidades, geralmente se estimula a formação do ‘aluno-pesquisador’, considerandose que as mentes mais ‘lúcidas’ devem estar a serviço da pesquisa e produção filosóficas. No
entanto, aqueles que não mostram, na visão dos professores-pesquisadores consolidados,
qualidades apropriadas para a pesquisa, são aconselhados a dedicar-se ao ensino da filosofia.
aos que não podem ser ‘pesquisadores filosóficos’ se aconselha que sejam ‘professores de
filosofia’”
6 - p. 182 – “a filosofia não é produzida numa parte e ensinada noutra, ela é sempre produzida e
ensinada ao mesmo tempo”
7 - p. 183 – “a distinção entre filosofia e filosofar”
“Em sentido kantiano, a filosofia não pode ser ensinada porque ela, enquanto ideia de uma
ciência possível, sempre inacabada e, portanto, não pode ser aprendida nem apreendida. No
entanto, é possível exercer ‘o talento da razão na observância dos seus princípios universais em
certas tentativas existentes. Para Kant só isso é possível, aprender a filosofar, reservando-se
sempre à razão ‘o direito de investigar esses princípios nas suas próprias fontes e confirmá-los
ou rejeitá-los’. Kant afirma, assim a autonomia da razão pura, que é ao mesmo tempo a
autonomia da razão filosofante”.
8 - p. 184 – “a filosofia é um saber sistêmico – oferece uma síntese, totalização , do que aparece
disseminado nas outras disciplinas”
p. 185 – “Nesta perspectiva, a filosofia adquire o papel de principal vetor de interdisciplinaridade e
parece-nos que aí está a origem dos argumentos que hoje procuram justificar o espaço curricular
da filosofia na escola média. Estes argumentos consideram que ela poderia promover essa
interdisciplinaridade, cada vez mais vista como necessária. Note-se que a função interdisciplinar
da filosofia, nesta concepção tem um caráter unificador, totalizador, sistematizador”
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
9 - p. 186 – “a filosofia tem sua origem no espanto”
“Praticamente não deve existir nenhum manual de filosofia para o Ensino
Médio que não afirme essa origem da filosofia. A tradição é antiga e se
remete, pelo menos, ao Teeteto de Platão e à Metafísica de Aristóteles.
Com efeito, os próprios gregos conceberam a origem do filosofar no
espanto”
10 - p. 187 – “A filosofia não serve para nada”
p. 188 - “A filosofia – ou sabedoria primeira – não serve para nada, segundo
Aristóteles, porque é a única sabedoria que existe para si mesma e não
para outra coisa, o único saber que procuramos por si e não como meio
para alcançar outro saber; daí seu caráter livre e independente. A resposta
de Aristóteles tem sido repetida uma e mil vezes”.
11 - p. 189 – “É importante defender espaços para a filosofia (na escola, no
vestibular, nos programas alternativos de ingresso, na universidade, etc.)
“esse preconceito expressa uma forma de pensar corporativa, que visa
diretamente a garantia de emprego aos professores de filosofia e aos
egressos dos cursos de graduação em filosofia”
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Como
1 – história da filosofia
2 – problemas filosóficas
3 – habilidade cognitivas e
atitudes filosóficas
“Para quê” e “o quê”
1)
Professor de filosofia e filósofo
2)
Filosofia e filosofas
3)
Saber sistemático/síntese totalizante
4)
Origem no espanto
5)
Não serve para nada
6)
Defesa dos espaços
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
AVALIAÇÃO I - SEMINÁRIOS
Expectativas com relação aos seminários:
• a) Lebrun - P148: “a filosofia não possui outra unidade além daquela de um
arquipélago”
p151: “ é de outra coisa que o jovem tem necessidade: falar uma língua de
segurança, instalar-se num vocabulário que se ajusta ao máximo as dificuldades (no
sentido cartesiano), munir-se de um repertório de 'topoi' – em suma, possuir uma
retórica que lhe permitirá a todo instante denunciar a ingenuidade do cientista ou a
ideologia de quem não pensa como ele.”
p152: “então porque filosofo? - poque até mesmo as crianças, dizia hegel,
gostam de encontram um encadeamento e uma conclusão nos contos”.
•
b) “No Brasil, a falta de assunto em filosofia é quase uma fatalidade” a cultura
filosofica contemporanea é essencialmente universitaria
p 24 - “comparada a literatura a filosofia ocupa um lugar subalterno no panorama
da cultura nacional”
p 25 – uma falta de formação, de resto inexistente, cuja cifra só poderia ser a mais
completa falta de assunto”
•
c) da história qual tem sido a função social do filósofo e de que maneira a reflexão se
insere no presente histórico vivido por aquele que escolheu a modalifdade do saber
filosofico para realizar a apreensão da realidade/ A finalidade da filosofia
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
•
d) p 77: “assim, o professor de filosofia (no segundo grau notadamente),
para enfrentar as injunções de sua atividade, antes de definir-se por
conteúdos, procedimentos e estratégias (o que deve ser ensinado, o que
pode ser ensinado como ensinar) precisa definir para si mesmo o lugar de
onde pensa e fala. Neste sentido, pode-se dizer que o ensino de filosofia
vale o que vale o pensamento daquele que ensina”.
•
e) p88: “o professor deve introduzir o aluno no pluralismo e polimorfismo
dos textos, deve muni-lo com os meios de orientar-se no pensamento,
desenvolver-lhe uma 'língua de segurança', mostrando-lhe que a
complexidade da práxis impede a imobilização do sentido”.
•
f)
•
g)
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Prof. André Luis La Salvia
AVALIAÇÃO II - MEMORIAL
Solicitar o trabalho com memorial, inspirado em Cerletti (2009)
p. 59 – “Como gosta de dizer Jorge Larrosa, cada um dos nossos
professores nos transmitiu sua biblioteca. Mas também nos
transmitiu uma forma de ler seus livros e uma forma de fazer
pública essa leitura e, portanto, essa interpelação. Isso é o que nos
formou em grande medida como filósofos e filósofas e como
professores e professoras. O que nos interessa marcar é que
grande parte dessa aprendizagem que nos constitui como filósofos
docentes nunca é tematizada, e suas influências, que são enormes,
formam parte de uma espécie de naturalização de nosso passado
acadêmico”
p. 61 – “que chega aos cursos específicos de ensino ou didática da
filosofia conta em seu repertório com certa bagagem filosófica e
com outra, em geral, acriticamente didática. A constatação desse
estado de coisas é talvez o ponto de partida que teria que ser
assumido na formação de professores”.
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Por fim, crítica à situação atual:
Cerletti (2009)
p. 49 – “a lógica do espetáculo, no marco do entretenimento, promove
um aspecto regressivo, já que acentua a passividade e a
acomodação intelectual perante a incômoda atividade do constante
interrogar. Na aula de filosofia, essa diferença de atitudes não é
gratuita, porque marca as pautas de como encarar o ensino: em um
caso, privilegiando a transmissão de saberes estandartizados, no
outro, sustentando a tensão problematizadora do pensamento”.
p. 51 – “A globalização, a comercialização à escala mundial e a
onipresença do discurso empresarial mercantilizaram a forma de
compreender o mundo e as relações sociais. Esse estado de coisas
que aparece como natural e óbvio, pode (e deve) ser abordado com
agudeza”.
Licenciatura de Filosofia – Prática de Ensino de Filosofia I
Prof. André Luis La Salvia
Deleuze e Guattari (1992)
p 20 - “Enfim, o fundo do poço da vergonha foi atingido quando a informática, o marketing, o design, a
publicidade, todas as disciplinas da comunicação apoderaram-se da própria palavra conceito e
disseram: é nosso negócio, somos nós os criativos, nós somos os conceituadores! Somos nós os
amigos do conceito, nós os colocamos nos computadores. Informação e criatividade, conceito e
empresa: uma abundante bibliografia já... O marketing reteve a ideia de uma certa relação entre o
conceito e o acontecimento; mas eis que o conceito se tornou o conjunto das apresentações de
um produto (histórico, científico, artístico, sexual, pragmático...), e o acontecimento, a exposição
que põe em cena apresentações diversas e a troca de ideias à qual supostamente dá lugar. Os
únicos acontecimentos são as exposições, e os únicos conceitos, produtos que se pode vender.
O movimento geral que substituiu a crítica pela promoção comercial não deixou de afetar a
filosofia. O simulacro, a simulação de um pacote de macarrão tornou-se o verdadeiro conceito , e
o apresentador-expositor do produto mercadoria ou obra de arte, tornou-se o filósofo, o
personagem conceitual ou o artista. Como a filosofia, essa velha senhora, poderia alinhar-se com
os jovens executivos numa corrida aos universais da comunicação para determinar uma forma
mercantil do conceito, MERZ? Certamente, é doloroso descobrir que ‘conceito’ designa uma
sociedade de serviços e de engenharia informática. Porém, quanto mais a filosofia tropeça em
rivais imprudentes e simplórios, mais ela os encontra em seu próprio seio, pois ela se sente
preparada para realizar a tarefa, criar conceitos, que são antes meteoritos que mercadorias. Ela
tem ataques de risos que a levam as lágrimas. Assim, pois, a questão da filosofia é o ponto
singular onde o conceito e a criação se remetem um ao outro”
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