Origem anômala coronária esquerda da artéria

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Caso clínico
Cardiopatia congênita:
origem anômala da
coronária esquerda,
miocardiopatia dilatada
Yvve Priscilla Gatto
Tatyane Machado
6º Ano ESCS
Coordenação: Dra. Sueli R.
Falcão
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 5/3/2012
História clínica
 Identificação:
feminino, DN: 19/10/11, nascida no
Hospital Regional do Paranoá, reside em ItapoãDF.

QP: “Cansaço desde o nascimento.”
História clínica

HDA: A mãe informa que a paciente apresenta dispnéia
moderada desde o nascimento, principalmente às
mamadas. Compareceu à consulta pediátrica aos 15
dias de vida, porém o médico não constatou nenhuma
alteração relacionada à queixa supracitada. Evoluiu
com piora da dispnéia, presença de tosse seca ao deitar,
cianose em boca e nariz, engasgos e sudorese excessiva
ao mamar. Nega perda de peso, edema, febre.
História clínica

02/12/11 1 mês e 2 semanas  Procurou ajuda
médica no HRP onde foi indicado tratamento para
Bronquiolite e solicitado RX de tórax, que apresentou
cardiomegalia. Tratada com prednisolona e salbutamol
spray. Evolui com piora. A mãe foi orientada retornar
ao hospital caso a paciente apresentasse cianose.

04/12/11  Criança apresentou quadro de cianose em
boca e nariz, compareceu ao HRP e permaneceu 4 dias
internada.
Radiografia de tórax
02/12/11
História clínica

Antecedentes pessoais pré-natais/perinatais: Mãe
G5P5AO, iniciou pré-natal no 3º mês, apresentou
DHEG no 5º mês de gestação e fez uso de Metildopa
por 2 meses. Imunização completa. Sorologias do 3º
trimestre negativas. Fez suplementação de ferro. Nega
ITU, DM.

Nasceu de parto normal, IG: 40semanas, APGAR:
9/10, Est: 48,5cm, PC: 36cm, Peso: 3560g. TS RN: A+
e TS Mãe: O+. Apresentou icterícia entre 48-72h de
vida zona II, não realizou fototerapia. Recebeu alta
após 5 dias.
História clínica
 Antecedentes
pessoais patológicos:
- Nega doenças infecciosas.
- Vacinas desatualizadas.
- Traumas, outras operações ou internações.
História clínica
 08/12/11:
Consulta no INCOR + Ecocardiograma
(VEJA LAUDO NO FINAL)
Após consulta no Incor encaminhada ao HBDF para
aguardar a cirurgia. Durante esse período evoluiu
com necessidade O2, dispnéia aos esforços, sinais
de má perfusão tecidual, hepatomegalia,
alterações enzimáticas (18/12  CKmb:47, CK:
112, Troponina: 1,47) e ECG (17/12) com áreas de
sofrimento cardíaco.
Exame físico atual
BEG, corada, hidratada, acianótica, anictérica,
taquipneica.
 AR: MVF sem RA, FR: 60 irpm.
 ACV: Ausência de frêmito. Ictus palpável, desviado
para esquerda 2 polpas digitais. RCR em 2T, BNF,
sopro sistólico em foco mitral +++/6+ irradiando
para linha axilar e em foco pulmonar +++/6+. Sopro
em fúrcula. Pulsos periféricos palpáveis, cheios e
simétricos. FC: 152 bpm.
 ABD: globoso, normotenso, RHA+, timpânico,
fígado á 2cm do RCD. Baço não palpável.
 EXT: bem perfundidas e sem edema.

Conduta
 28/12/11
Tunelização aorta-seio coronariano
esquerdo com pericárdio autólogo + ampliação
do anel valvar com monocúspide.
 Retornou do Centro Cirúrgico com tórax aberto
e ECOCÁRDIO de pós-operatório imediato
revelando sinais de disfunção ventricular
esquerda de grau moderado e insuficiência
pulmonar de grau importante.
Pós-operatório

Nas primeiras 48h, evoluiu com choque cardiogênico,
comprometimento da função renal e anasarca,
necessitando de dragas vasoativas, suporte ventilatório e
diálise peritoneal.

03/01/12  Fechamento do tórax.

26/01/12  ECOCÁRDIO  melhora da função
ventricular, sem disfunção, mas ainda com
regurgitação de grau acentuado em valva pulmonar .
(origem anômala da coronária esquerda + miocardiopatia dilatada +
insuficiência mitral discreta)
Insuficiência cardíaca
Causas:
 Defeitos cardíacos congênitos que levam a
sobrecarga pressórica ou volumétrica na
presença ou ausência de cianose;
 Cardiomiopatias congênitas ou adquiridas por
erros inatos do metabolismo, distrofias
musculares, infecções, drogas, toxinas e doença
de Kawasaki, e
 Disfunção miocárdica após correção de defeitos
cardíacos.
Insuficiência cardíaca
Sintomas:
Lactentes: taquipnéia, taquicardia,
hepatomegalia, cardiomegalia, ritmo de galope
no ex. físico.
 Crianças maiores: fadiga e intolerância ao
exercício, dificuldade de crescimento
 Adolescentes: semelhante a sintomatologia no
adulto
Fisiopatologia
Baixo DC (múltiplo fatores)

Hipoperfusão renal e estímulo a baroceptores arteriais e venoso


Retenção de sódio + água
ativação adrenérgica


Hipervolemia
efeito cronotrópico e inotrópico
Fisiopatologia
Esvaziamento incompleto do ventrículo → aumento
do volume diastólico final

Alterações nas fibras do miocárdio (degeneração e
fibrose celular), tornando a sua parede fina e
alongada (remodelamento cardíaco).

Vasoconstrição elevada + Retenção hídrica +
Remodelamento cardíaco → aumento da pós-carga
→ aumento do estresse na parede ventricular (IC
descompensada).
Fisiopatologia
Mecanismos compensatórios da Insuficiência
Cardíaca:
 Lei de Frank-Starling
 Contratilidade dos miócitos remanescentes
 Hipertrofia ventricular esquerda (aumento da
massa do ventrículo)
 Aumento da frequência cardíaca
Origem anômala das artérias
coronárias
 Benigna
ou potencialmente grave
(isquemiaIAMmorte súbita)
 Incidência 0,3% - 1,5%
 Origem e o trajeto proximal das artérias são os
principais fatores preditivos de gravidade
 Causa de ICC, morte súbita, síncope, FV e
IAM
Fisiopatologia
 Origem
anômala coronária esquerda da artéria
pulmonar:
- vida intra-uterina normal
- após o nascimento: diminui a resistência
arteriolar e decresce a pressão da artéria pulmonar,
diminui a saturação da oxi-hemoglobina do sangue
venoso, fecham-se o canal arterial e o forame oval,
diminuindo progressivamente a perfusão do
miocárdio.
Fisiopatologia
Quadro clínico
 Origem
anômala coronária esquerda da artéria
pulmonar: choro constante, palidez intensa,
parada súbita de sucção, perda de peso, sinais de
ICC (taquipnéia, taquicardia, cansaço às mamadas,
sudorese, hepatomegalia, cianose periférica) Ritmo
de galope, abafamento de bulhas (1ª), sopro
sistólico em mitral ( insuficiência de mitral por
aumento de área cardíaca). Morte no 1º ano de
vida.
Exames complementares
 ECG:
presença de onda Q com profundidade >
3mm, duração maior que 30 ms e um padrão QR
em pelo menos uma das derivações DI, aVL, V5V7, ou ausência de onda Q em parede inferior.
Desvio do eixo para esquerda.
 Radiografia de tórax: qdo associado a ICC,
aumento da área cardíaca e congestão venosa
pulmonar
 Ecocardiograma: avaliação morfofuncional
Exames complementares
 TC
das artérias coronarianas: avaliação da
origem e trajeto da artéria
 RNM das artérias coronárias: contraste não
nefrotóxico e radiação não ionizante
 Cineangiocoronariografia: invasivo, contraste
nefrotóxico e radiação ionizante. Padrão ouro para
avaliar trajeto.
Tratamento
 Origem
anômala coronária esquerda da artéria
pulmonar: translocação da artéria pulmonar
esquerda do tronco pulmonar para aorta ou
“tunelização ou técnica de Takeuchi” (túnel dentro
da artéria pulmonar para conectar a coronária
esquerda com a aorta)
Estenose Aórtica


Definição: redução da área valvar aórtica, pela
restrição da abertura dos folhetos valvares,
levando à formação de um gradiente de pressão
sistólico entre o VE e a Aorta.
Classificação:
-
Leve: VAo 1,5 cm² ou gradiente médio VE-Ao < 25mmHg.
-
Moderada: VAo 1-1,5 cm² ou gradiente médio VE-Ao 25-40mmHg.
-
Grave: VAo < 1 cm² ou gradiente médio VE-Ao > 40mmHg.
(área normal Ao: 2,3-3,5 1,5 cm²)
Etiologia
 Valva
bicúspide
congênita (crianças
e < 65anos).
 Degeneração
calcífica (> 65anos).
 Cardiopatia
reumática crônica.
Fisiopatologia

1 – Fase compensada: EA → ↑ pós-carga do VE →
hipertrofia concêntrica do VE → ↑ contratilidade
miocárdica + ↓ relação Raio/Espessura (↓estresse).

2 – Gradiente de Pressão VE-Ao: mantém o débito
cardíaco.

3 – Fase descompensada: efeito lesivo no miocárdio
pela sobrecarga pressórica (↓ reserva vascular
coronariana + desorganização das fibras cardíacas):
Isquemia miocárdica + DC Fixo + ICC.
Quadro Clínico
Sintomas: Angina + Síncope + Dispnéia.
Exame físico:
 Pulso arterial: pulso carotídeo tardus e parvus + Pulso
carotídeo anacrótico e com sobressaltos.

Precórdio: ictus VE propulsivo e sustentado + Frêmito
sistólico no FAo (+ carótidas e fúrcula).

Ausculta: B4 + Desdobramento paradoxal de B2 +
Ruído de ejeção + Sopro mesossistólico em FAo .
Exames Complementares

RX: calcificação da vávula, cardiomegalia.

ECG:
Sobrecarga AE: P > 120ms e com entalhe + Índice de
Morris: ↑ fase negativa de P em V1.
-
-
Hipertrofia de VE: Índice de Sokolow-Lyon: S de V1 ou V2 +
R de V5 ou V6 > ou = 35mm.
-
Padrão de Strain: infraST com T negativa e assimétrica em
D1, D2, avL, V3-V6.

ECO: aspecto da válvula + gradiente pressórico VE-Ao.
Tratamento
Clínico:
 Não há medicamento
específico.

Cuidado com
betabloqueador,
vasodilatadores e
diuréticos.
Intervencionista:
 Valvoplastia por cateter.
Estenose Pulmonar

-
Etiologia:
Congênita (mais comum).
Calcificações (idosos).
Reumática é incomum.

Congênita: graus variados de fusão e
espessamento das comissuras, com ↓ da
mobilidade das cúpulas e abertura em cúpula
da válvula.

Fisiopatologia: EP → ↑ pressão no VD →
gradiente de pressão VD-AP → ICC direita.
Quadro Clínico
Sintomas:
- Discreta/mod: assintomáticos.
- Severa: dispnéia, cianose, congestão sistêmica (edema MMII
+ ascite + hepatomegalia + turgência jugular).
- Extrema: ICC precoce.
Exame físico:
- Pulsos: normais ou diminuídos (EP grave).
-
Precórdio: impulsões sistólicas na BEE e epigástrio (SVD).
-
Ausculta: B1 hiperfonética em FT (hipertensão VD). B2 normal
ou hipofonética em FP. Sopro sistólico em FP (crescendodecrescendo).
Exames Complementares


-
-
RX:
Leve/moderada: abaulamento do arco médio (dilatação
pós-estenótica AP) + circulação pulmonar normal.
Grave: ↑ AD e VD + ↓circulação pulmonar.
ECG: (EP mod/grave)
Sobrecarga AD = P amplitude > 2,5mm e apiculada
(Onda P congenitale: P em D1 > P em D3).
Sobrecarga VD = R > S em V1-V2 (ou R > 7mm), S > R em
V5-V6 (ou S > 7mm).
ECO: aspecto de válvula + gradiente de pressão
(discreta = < 30 mmHg, moderada = 30-50, grave = > 50).

Coarctação da aorta

Estreitamento em qualquer ponto da aorta.
Maioria: abaixo da emergência da artéria subclávia
esquerda e na inserção do canal arterial.

Isolada ou associada (+ comum: VAo biscúspide).

Fisiopatologia: CoAo → HA (↓perfusão renal e estímulo de
barorreceptores pré-estenóticos) → hipertrofia VE →
sobrecarga VE → ICC.
A implantação de células do canal arterial na aorta pode
levar à CoAo, pois elas se proliferam após o fechamento
do canal.
Débito sanguíneo MMII: mantido pela persistência do
canal arterial. Pode ser mantido por uma intensa rede de
circulação colateral (intercostais, mamárias, vertebrais,
interescapulares).
Quadro Clínico
Sintomas:
Leve: assintomático. Grave: ICC breve.
Síndrome congestiva pulmonar (dispnéia + tosse seca noturna +
estertores pulmonares + derrame pleural).
Exame físico:
 PA: PAS MMII < MMSS.

Pulsos arteriais: MMII menos intensos que MMSS ou não palpáveis.

Inspeção: hiperpulsatilidade aórtica na fúrcula esternal.

Precórdio: ictus amplo (SVE), frêmito nos EI (circulação colateral).

Ausculta: hiperfonese B1 (Hipertrofia VE) . Hiperfonese de B2 (HAS).
EA: sopro sistólico FAo.
Diagnóstico:
 RX: cardiomegalia,
imagem sugestiva
(algarismo 3).

ECG: hipertrofia
ventricular
(biventricular nos
neonatos).

ECO: estreitamento
aórtico + anomalias
associadas.
Tratamento:
Cirurgia.
Angioplastia por balão.
Tratamento da ICC.

Miocardite

Doença inflamatória do miocárdio associada
disfunção cardíaca.
Fator predisponente para cardiomiopatia dilatada.
com

Causas:
Crônica
(chagásica,
HIV),
Aguda
(viral
principalmente: Cocksckie B, Adenovírus e Influenza).
Lembrar: TORCH.

QC: maioria assintomática.
Sinais: alterações inespecíficas do ST-T no ECG, taquicardia
sinusal acentuada, arritmias, distúrbios de condução
agudos, ↑ área cardíaca no RX, desconforto precordial.
Casos graves: ICC grave, choque cardiogênico,
taquicardias malignas, bradiarritmias graves.

Diagnóstico: Clínica + RX + ECG + ECO + Biópsia
miocárdica.
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