O efeito da milrinona sobre a função ventricular direita e esquerda quando usada como terapia de resgate para crianças nascidas a termo com hipertensão pulmonar The effect of milrinone on right and left ventricular function when used as a rescue therapy for term infants with pulmonary hypertension Cardiology in the Young 2016;26:90-99 James AT et al UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA- UCB INTERNATO DE PEDIATRIA, 6ª Série,1º/2016 Apresentação: Fabrício Nunes, Letícia Dantas, Rafaela Viegas, Stephanie Hajjar, Thádila Fogaça e Túlio Fagner Coordenação: Paulo R. Margotto www.paulomargotto.com.br Brasília, 2 de maio de 2016 Introdução A Hipertensão Pulmonar persistente do recém nascido (RN)(1,2) - É considerada uma condição relativamente comum, ocorrendo em 7 por 1000 nascidos vivos. - Mortalidade de até 30%. - Caracterizada por insuficiência respiratória hipoxêmica secundária à incapacidade de uma transição normal da rede vascular do pulmão ( alta resistência durante a vida fetal para uma baixa resistência após o nascimento).(3) Introdução Comprometimento da função ventricular direita e esquerda, ocorre pelo(4) - Aumento da pós-carga do ventrículo direito resultante de uma pressão arterial pulmonar aumentada. - Redução da pré-carga do ventrículo esquerdo secundária à um retorno venoso pulmonar reduzido. O risco aumento da morbidade e mortalidade nesses pacientes se deve à disfunção miocárdica e baixo débito cardíaco acompanhados de pressões pulmonares elevadas.(5-7) Introdução Tratamento padrão: uso de Óxido Nítrico inalado. - > de 40% dos pacientes apresentam uma resposta terapêutica transitória ou simplesmente não apresentam melhora da oxigenação.(8,9) - A contribuição do óxido nítrico em relação ao desempenho do miocárdio ainda não é bem compreendida. Introdução Milrinona: é um inibidor seletivo da fosfodiesterase3 que promove: (10,11) -Relaxamento da musculatura lisa dos vasos; - Maior contratilidade miocárdica (inotropia); - Melhora relaxamento do miocárdio (lusitropia) Foi observado em uma pequena série de casos que o uso de Milrinona em RN com hipertensão pulmonar proporcionou melhora dos parâmetros clínicos e redução no uso de Óxido nítrico.(12,13) A sua farmacologia na hipertensão pulmonar do RN tem sido bem delineada.(14) Estudos anteriores não descreveram mudança nos parâmetros de função miocárdica associada ao uso de Milrinona. Introdução Graças a novos exames de imagem, como: Doppler tecidual e o Doppler capaz de medir a tensão e a deformidade do tecido é possível avaliar minuciosamente a função ventricular direita (mudanças no desempenho do miocárdio). - Tais instrumentos são mais sensíveis que as avaliações convencionais (encurtamento e fração de ejeção).(15,17) - Os novos métodos permitem então avaliar com mais precisão o desempenho miocárdico, embora mais estudos sejam necessários. Introdução Onde o estudo foi realizado, os recém-nascidos com diagnóstico de hipertensão pulmonar persistente que não responderam ao óxido nítrico dentro de quatro horas eram: - Submetidas a um Ecocardiograma para descartar doenças cardíacas congênitas, avaliar função miocárdica e observar grau de hipertensão pulmonar. - Em seguida iniciado terapia com Milrinona com intúito de aumentar a ação do óxido nítrico e melhorar desempenho miocárdico Introdução Objetivo do trabalho: - Relatar o efeito da Milrinona sob a função ventricular direita e esquerda utilizando marcadores ecocardiográficos convencionais, Doppler tecidual e Doppler capaz de medir a tensão e a deformidade do tecido - E examinar a mudança de parâmetros clínicos cardiorrespiratórios após 72 horas do uso de milrinona. Materiais e Métodos Estudo retrospectivo conduzido entre Jan 2013 a Jun 2014 em UTI Neonatal – Rotunda Hospital, Dublin, Irlanda. Neonatos nascidos depois de 34 semanas de gestação com diagnóstico de Hipertensão Pulmonar Persistente do RecémNascido, que não conseguiram reduzir sua demanda de oxigênio abaixo de 40%, apesar de terapia com óxido nítrico (20 partes por milhão) por pelo menos 4 horas. Foram excluídos do estudo: Neonatos com doenças cardíacas congênitas e síndromes cromossômicas conhecidas/suspeitas. Materiais e Métodos Hipertensão Pulmonar Persistente do Recém-Nascido Neonatos nascidos com 34 ou mais semanas de gestação com hipoxemia persistente e necessitando de uma fração de O2 inspirado > 60% para manter a saturação de oxigênio > 90%. Condutas no Serviço: Ventilação Invasiva | Óxido Nítrico 20 partes por milhão |Surfactante em alguns casos. Pressão Arterial Invasiva de todos os neonatos que recebem óxido nítrico. Seguiram para consulta com neonatologista com experiência em cardiologia: Neonatos que não conseguiram tolerar uma demanda de O2 inspirado abaixo de 40%. Avaliação Clínica e Ecocardiograma estrutural e funcional: Descartar cardiopatias congênitas | Acessar a Pressão Arterial Pulmonar | Função e Débito cardíaco. Hipertensão Pulmonar Persistente do Recém-Nascido pelo Ecocardiograma: -Shunt bidirecional ou de direita para esquerda pelo canal arterial patente. -Regurgitação de valva tricúspide com pressão ventricular direita estimada em >= 2/3 da pressão sistêmica. -Septo plano ou septo com curvatura para a cavidade ventricular esquerda durante a sístole Materiais e Métodos Introduzida milrinona na dose inicial de 0,5-0,75 μg/kg/minuto e continuada dependendo da resposta clínica. Intuito de aumentar a ação do óxido nítrico na vasculatura pulmonar e de melhoramento do débito cardíaco. Todos os pacientes foram submetidos a novo ecocardiograma nas 24-72h subsequentes. Desmame de oxigênio e óxido nítrico foi realizado em responsíveis de acordo com protocolos da Unidade. Materiais e Métodos Parâmetros Ecocardiográficos: Diâmetro do Canal Arterial Patente aferido na porção pulmonar. Direção do fluxo e do gradiente de fluxo do Canal Arterial Patente. Pressão ventricular sistólica direita. Débito cardíaco direito e esquerdo. Fração de encurtamento do ventrículo esquerdo. Forma da parede do septo interventricular. Doppler Tecidual e suas derivadas – Straine Strain rate Materiais e Métodos Coleta de Dados Clínicos: Período de 72h após início do tratamento: Milrinona: tempo de início, dose inicial, dose máxima e duração do tratamento. Óxido nítrico: dose e duração do tratamento, modo de ventilação e pressão média de via aérea. Detalhes da necessidade de oxigênio e de outros inotrópicos. Variáveis cardiorrespiratórias foram coletadas de hora em hora em neonatos com ventilação invasiva. Variáveis hemodinâmicas em 3 contextos: -Base. -Antes do início da milrinona. -Horários pré-definidos após o início da milrinona (1, 6, 12, 24, 48 e 72h). Ritmo cardíaco; pressão diastólica, sistólica e média; gasometria. - Índice de Oxigenação e score inotrópico calculados post hoc. Outros Dados: -Dias de ventilação. -Dias de permanência hospitalar. -E mortes antes da alta. Materiais e Métodos Desfechos de Interesse: Resultados primários foram Doppler tecidual e suas derivadas. Resultados secundários incluíram índice de oxigenação, pressão arterial, ritmo cardíaco, demanda de O2, dose de óxido nítrico, débito urinário, pH e o uso de outros inotrópicos durante as 72 horas subsequentes. Análise Estatística: Os dados pareados foram analisados utilizando o test-t pareado para dados distribuídos normalmente, ou WilcoxonSignedRank Test para dados com distribuição assimétrica. Dados em série foram testados usando medidas repetidas de análise de variância oneway. Um total de duas comparações entre grupos foram realizadas utilizando o Teste U de Mann-Whitney. Quiquadrado ou o teste exato de Fisher quando necessário, foi utilizado para comparar os dados categóricos. Nível de significância: P <0,05. RESULTADOS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 17 crianças diagnosticadas com Hipertensão Pulmonar Persistente Neonatal (HP) não responsíveis ao óxido nítrico iniciaram o uso de milrinona após ecocardiograma RESULTADOS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Média idade gestacional (IG): 39,8 semanas; Média peso: 3,45kg; Mediana do Apgar 1° minuto: 5 (3-9); e no 5° minuto: 7(5-9). RESULTADOS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Duração média ventilação invasiva: 5 dias; Tempo médio internação UTI: 12 dias; NENHUMA criança necessitou de Oxigenação por Membrana Extracorpórea! RESULTADOS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 17 CRIANÇAS: 8 meninos; 10 nascidos de cesariana; 6 com Encefalopatia hipóxico-isquêmica moderada ou grave, submetidos à hipotermia terapêutica; RESULTADOS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 17 CRIANÇAS: 5 com Síndrome da Aspiração Meconial; 3 crianças com HP – 1 teve Sepse associado; outra, Doença Renal Policística (Hipoplasia Pulmonar) e outra, Pneumotórax; 3 com diagnóstico de Hipertensão Pulmonar Idiopática. RESULTADOS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 17 CRIANÇAS: 4 submetidos à Reanimação Neonatal (3 com adrenalina); 10 receberam terapia com Surfactante antes do Óxido Nítrico. * 1 criança faleceu – Doença Renal Policística + Hipoplasia Pulmonar. RESULTADOS CARACTERÍSTICAS GERAIS: 1° eco: 15 horas após início tratamento com Óxido Nítrico; 1 hora após primeiro eco, início de tratamento com Milrinona; Dose média inicial: 0,5mcg/kg/min; Duração tratamento: 88 horas. RESULTADOS CARACTERÍSTICAS GERAIS: 1° eco: baixo gradiente de pressão sistólica em Persistência do Canal Arterial e em morfologia anormal do septo com alta pressão arterial pulmonar(Tabela 1). Milrinona: pressão sistólica ventricular direita diminuiu clinicamente, mas estatisticamente não foi significante e aumentou o gradiente de pressão através do ducto (P=0,01);Tabela 1 Houve mudança na morfologia da parede septal, sugestivo de pressões arteriais pulmonares inferiores. RESULTADOS EFEITOS DA MILRINONA Redução da necessidade de oxigênio após 24h do uso da droga;(P=0,003) Redução na dose de Óxido Nítrico por 48h;(P=0,02) Aumento produção de urina;(Figura 1) Aumento pH arterial;(Figura 1) RESULTADOS EFEITOS DA MILRINONA Redução do índice de oxigenação com um pico de efeito após 24 horas (P=0,008) e concomitante redução da PaO2 (P=0,02) e PaCO2 (P=0,001) com um pico de efeito com 6 horas (Tabela 2). Redução pressão arterial sistólica, diastólica e média (P=0,04) com um pico com 6 horas após a administração. -Houve associação com significante aumento do uso de inotrópicos vasopressores com 6 e 24 horas (Figura 2) -No entanto a pressão arterial começou a aumentar significativamente 12 horas após a administração da milrinona com um pico com 72 horas, apesar da redução do uso de vasopressores inotrópicos durante todo o período O lactato não caiu significativamente após 12 horas Não houve alteração da frequência cardíaca ao longo do estudo (Figura 2) RESULTADOS EFEITOS DA MILRINONA Aumento desempenho miocárdico;(P=0,03). Aumento do débito ventricular esquerdo (P=0,04). Aumento do débito ventricular direito (P=0,004). (Tabela 3) RESULTADOS Não houve diferença dos parâmetros funcionais entre neonatos com diagnóstico de Encefalopatia Hipóxicoisquêmica e os demais diagnósticos, ao uso de Milrinona! Discussão Nesta revisão retrospectiva, os autores demonstraram que o uso da milrinona nos RN com refratária hipertensão pulmonar associou-se a: -Redução da pressão arterial pulmonar. -Melhora da função ventricular direita e esquerda e consequente melhora do débito cardíaco. -Melhora do índice de oxigenação com redução da necessidade de aumento do oxigênio e óxido nítrico inspirados. -Queda transitória da pressão sanguínea, com queda máxima 6h após a administração de milrinona, requerendo um aumento do uso de inotrópicos vasoativos. Discussão Disfunção miocárdica associada à persistência da hipertensão pulmonar: -A função ventricular direita e esquerda podem estar comprometidas na hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido, devido à resistência vascular pulmonar aumentada, aumento da pós-carga ventricular direita e redução da pré-carga ventricular esquerda (devido ao retorno venoso diminuído).(4) -Os efeitos de uma pressão aumentada e um átrio direito dilatado incluem uma mudança de posição do septo interventricular e compressão do átrio e ventrículo esquerdos, resultando em um defeito de enchimento e, consequentemente, débito cardíaco diminuído. -O débito cardíaco diminuído, resultado de uma pré-carga ventricular diminuída, pode levar a uma queda na pressão arterial nos recémnascidos, necessitando do uso de vasopressores inotrópicos, como dopamina e adrenalina. -Estudos em animais demonstraram que o uso desses inotrópicos positivos levam a um aumento na resistência vascular sistêmica e pulmonar e podem, futuramente, contribuir para um comprometimento da função do ventrículo direito.(22,23) Discussão -Vários estudos demonstraram a associação do débito cardíaco diminuído na hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido, com um aumento da morbidade e mortalidade.(5-7) -Estudo anterior dos mesmos autores avaliou 50 recém nascidos saudáveis nos dias 1 e 2 de vida e suas respectivas funções ventriculares direitas. Incluiu: medida da strain (estiramento), vista pelo speckle tracking, velocidade do Doppler tecidual, triscuspid annular plane systolic excursion (TAPSE-excursão sistólica no plano anular da tricúspide) e fractional area change (fração de encurtamento ventricular).(24) -A coorte nesse estudo mostrou diminuição da fractional area change (21 versus 33%) e TAPSE (7,3 versus 9,2mm), onda s´(5,2 versus 6,6cm/s), e´(5,1 versus 8,0 cm/s), a´(7,3 versus 8,3cm/s), quando comparados com o coorte saudável. - Os valores de strain dos dois estudos não foram comparáveis (diferentes métodos de avaliação) Discussão - Após o tratamento com milrinona houve uma recuperação da fractional area change e TAPSE no segundo dia para níveis comparáveis com a população saudável, sem melhora, no entanto, das ondas de velocidade do Doppler tecidual Discussão Razão do uso de milrinona e seus efeitos na função miocárdica: - Fosfodiesterases nucleotídicas cíclicas são uma família de enzimas que hidrolisam a ligação do fosfodiéster no monofosfato de guanina cíclica e monofosfato de adenosina cíclica inibindo, portanto, suas propriedades vasodilatadoras pulmonares. -A milrinona é um inibidor seletivo da fosfodiesterase 3 com propriedades farmacológicas que incluem: Relaxamento da musculatura vascular, aumento da contratilidade miocárdica (inotropia) e aumento do relaxamento miocárdico (lusitropia). (10,11) -O uso de milrinona é estabelecida em recém-nascidos e crianças após cirurgia cardíaca e para a prevenção de síndrome cardíaca pós-ligação e tratamento da hipertensão pulmonar.25,26 -Em modelos animais e estudos clínicos pediátricos,a milrinona demonstra um efeito sinérgico quando utilizado com o óxido nítrico na redução da resistência vascular pulmonar.27,28 -O uso de milrinona na hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido foi previamente examinado em uma pequena série de casos demonstrando um efeito sinérgico benéfico quando utilizado com o óxido nítrico.12,13 Discussão Razão do uso de milrinona e seus efeitos na função miocárdica: No presente estudo foi demonstrado que a administração de milrinona aumentou o débito cardíaco direito e esquerdo. Isso foi temporariamente associado a um aumento da strain ventricular direita e da sistolic strain rate, assim como a velocidade s´(movimento sistólico do anel mitral)e a´ (movimento diastólico referente a contração atrial) no Doppler tecidual do ventrículo esquerdo em adição a um aumento do índice de performance miocárdica do ventrículo esquerdo. Razão do uso de milrinona e seus efeitos na função miocárdica: - O efeito diferencial da milrinona no strain, sistolics train rate e parâmetros de Doppler tecidual no ventrículo direito e esquerdo podem refletir as mudanças fisiológicas resultadas da administração de milrinona. - Velocidades do Doppler tecidual são influenciadas pelas mudanças na pré-carga.(29-31) Dados recentes de pesquisas em animais sugerem que strain sistólica é altamente influenciada pela pós-carga. - A strain rate por outro lado é mais confiável como medida de contratilidade por ser pouco influenciada por mudanças das condições de enchimento cardíaco. - A melhora dos parâmetros dependentes da pós-carga do ventrículo direito e dos parâmetros dependentes da pré-carga do ventrículo esquerdo podem ser explicados pela diminuição da pós-carga do ventrículo direito, melhora de ventilação-perfusão, melhora do retorno venoso pulmonar e da pré-carga do coração esquerdo. Discussão O efeito da milrinona em parâmetros clínicos: -A administração de milrinona está associada a uma diminuição do índice de oxigenação, necessidade de oxigenação e diminuição da dose de óxido nítrico requerida. -Houve uma queda modesta, mas significante, da pressão arterial após 6 horas de administração. Isso foi acompanhado de um aumento no uso de inotrópicos vasopressores por um período de, aproximadamente, 24 horas após essa queda. -Essa queda na pressão foi acompanhada de um aumento no pH, do débito urinário e diminuição dos níveis de lactato. -Após 72h, houve uma significante e sustentada melhora dos parâmetros de pressão arterial. Nenhum outro agente vasodilatador foi usado com a milrinona, para evitar queda excessiva da pressão. Discussão Limitações do estudo: -O estudo é limitado pela sua natureza retrospectiva, pelo pequeno tamanho da amostra e a falta de grupo controle que não recebeu milrinona. -Além disso, as mudanças ecocardiográficas e clínicas que ocorreram durante o período do estudo não podem ser atribuídas aos efeitos isolados da milrinona. -Foi tentada a coleta da resposta à milrinona em recém-nascidos com encefalopatia hipóxica-isquêmica, pois estes representam um grupo com um processo fisiopatológico diferente e respostas variáveis à milrinona. No entanto, não foi detectada diferença entre esse grupo e os outros recém-nascidos, talvez pelo número reduzido de pacientes. -Os diferentes diagnósticos no coorte podem ser, também, uma limitação potencial do estudo. Conclusão O uso de milrinona em recém-nascidos com hipertensão pulmonar refratária ao uso de óxido nítrico é associado à melhora na eficácia da oxigenação e performance miocárdica. As propriedades inodilatadores (vasodilatadoras) da milrinona torna-o um agente ideal para recém-nascidos refratários ao óxido nítrico ou apresentem deficiente performance sistólica ventricular direita. Uma revisão recente da Cochrane (32) ilustrou a falta de estudos randomizados controlados que investigaram o papel, os benefícios e malefícios do uso de milrinona, comparada ao óxido nítrico, assim como, os limites do uso do medicamento na hipertensão pulmonar persistente em neonatos. É importante investigar sistematicamente a eficácia da milrinona nesses casos, antes da disseminação do uso desse tratamento. Uma caracterização mais detalhada da performance miocárdica nessas condições poderia contribuir para melhores investigações terapêuticas. ABSTRACT Nota do Editor do site, Dr. Paulo R. Margotto.Consultem também! Aqui e Agora! Uso da milrinona na hipertensão pulmonar persistente do recémnascido McNamara PJ et al; Bassler D. et al. Resumido por Paulo R. Margotto O agente ideal para o tratamento da HPP deveria primariamente reduzir a resistência vascular pulmonar e a pós-carga ventricular direita, minimizando o shunt extra pulmonar e intrapulmonar e melhorar o débito cardíaco e a perfusão aos órgãos vitais sem aumentar a demanda de oxigênio ao miocárdio. O NOi é o agente de escolha devido aos seus efeitos seletivos na vasculatura pulmonar. No entanto, mais do que 30% dos RN não respondem ao NOi, necessitando de tratamento alternativo. Os presentes autores evidenciaram em 9 RN que não responderam ao NOi, responderam à administração endovenosa de milrinona, sem, contudo, haver comprometimento da pressão arterial sistêmica. Tradicionalmente os médicos são relutantes para tratar HPP com agentes redutores da pós-carga devido à preocupação com a hipotensão sistêmica e o desejo de mantê-la acima da pressão arterial normal na tentativa de reverter o shunt ductal. Esta abordagem não focaliza o distúrbio fisiológico primário do leito vascular pulmonar levando ao aumento da pós-carga ventricular direita que pode resultar em prejuízo por várias razões. Primeiro a hipertensão pulmonar pode ser assim tão severa que a tentativa de super excedê-la pode exigir altas doses de vasopressores. Agentes usados para este fim, como dopamina e epinefrina causam tanto vasoconstricção periférica como pulmonar, podendo assim exacerbar a hipertensão pulmonar. Segundo, estes agentes induzem taquicardia e alteram o equilíbrio do metabolismo celular, em particular do miocárdio, aumentando a demanda de O2 ao mesmo, aumentando potencialmente a probabilidade de apoptose e necrose das células do miocárdio. Finalmente, em alguns pacientes, o ductus pode não estar patente. Portanto o estudo de McNamara et al mostra que a milrinona, um inibidor seletivo da fosfodiesterase III nos miócitos cardíacos e nos músculos lisos dos vasos, produz melhora da oxigenação nos recémnascidos com HP não responsíveis ao iNO (dose inicial de 0.33 µg/kg/minuto, com aumento de 0,33 a um máximo de 0,99 µg/kg/minuto) sem o desenvolvimento de hipotensão arterial (Milrinone improves oxygenation in neonates with severe persistent pulmonary hypertension of the newborn. McNamara PJ, Laique F, Muang-In S, Whyte HE. J Crit Care. 2006 Jun;21(2):217-22). Teoricamente, pela redução da pós-carga pulmonar, melhorando a complacência do ventrículo direito e aumentando a contratilidade do miocárdio, a milrinona melhora o enchimento passivo ventricular esquerdo e por conseqüência, aumenta o débito cardíaco e a estabilidade da pressão arterial sistêmica OBRIGADO! Ddos Fabrício, (Dr. Paulo R. Margotto), Letícia, Rafaela e atrás, Tádila, Sthefanie e Túlio Turma XX