AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DA PLANTAS MEDICINAIS EM POTENCIALIZAR O EFEITO ANTINOCICEPTIVO DE FÁRMACOS ANALGÉSICOS COMERCIAIS Programa PIBIC-UNISUL Bolsista: Joana Sacheti Freitas Colaboradora: Anajara Tatiana Fortes Orientadora: Profa. Dra. Anna Paula Piovezan Introdução Novas linhas de estudo na farmacologia – “velhas drogas para novos usos” (Kurita e Pimenta, 2003); – novas utilidades para drogas a partir dos efeitos colaterais já relatados (Campillos et al., 2008); – sinergismo entre substâncias com mesmas propriedades (Rodrigues et al., 2007) menos efeitos colaterais ? Introdução Sinergismo com plantas medicinais – constituintes químicos que dão origem à estrutura química de fármacos (Cechinel Filho e Yunes, 1998); – estudos para conhecimento da ação de plantas apoiada por diferentes órgãos do cenário nacional (Ministério Saúde, 2006) e mundial (WHO, 2002). Introdução Plantas usadas em desordens dolorosas – anteriormente demonstramos efeito antinociceptivo: Casearia sylvestris, conhecida como guaçatonga (De Mattos et al., 2007) Elephantopus scaber, conhecida como língua-de-vaca; confundida com Rumex crispus Introdução Substituição de espécies vegetais ativas por outras farmacologicamente inertes ou com atividades tóxicas podem ocasionar agravos à condição de saúde dos indivíduos. Considerando: – problema de falsa identificação botânica, – escassez de informações na literatura sobre as propriedades analgésicas da R. Crispus que é utilizada popularmente para condições relacionadas à dor, Objetivos investigar a atividade antinociceptiva da Rumex crispus; avaliar a capacidade da Casearia sylvestris e da Rumex crispus em influenciar o efeito antinociceptivo de fármacos analgésicos comerciais. Metodologia Animais: Utilizou-se camundongos (ca. 30 g), mantidos sob condições estáveis (luz e temperatura), Aprovação CEP-UNISUL: 09.423.2.10 IV, O extrato bruto hidroalcoólico (EBHA) das plantas foi obtido juntamente com bolsistas do PMUC-FAPESC. Metodologia 1º. Avaliação da atividade antinociceptiva da Rumex crispus: diferentes grupos (n=6 a 12) de animais foram tratados (v.o., 1h antes) com EBHA da planta (1, 3, 10, 30 ou 100 mg kg-1), previamente à observação dos mesmos em diferentes testes de dor. Teste da formalina Teste do ácido acético Teste da placa quente dor neurogênica Vias Nociceptivas – dor inflamatória após produção mediadores inflamatórios na periferia ativação direta Diferença entre testes Formalina: comportamento de dor bifásico + edema - 1ª fase: dor aguda ou neurogênica - 2ª fase: dor crônica ou inflamatória - tempo de lambida da pata traseira: formalina 2,5% Ácido Acético: dor inflamatória - número de contorções abdominais - ácido acético 1,0% (0,1 ml/10 g, i.p.) Placa Quente: dor neurogênica - tempo de latência comportamento nociceptivo - temperatura 54 0,2 oC Metodologia 2º. Avaliação da influência da C. sylvestris e da R. crispus sobre o efeito antinociceptivo de fármacos opióides ou antiinflamatórios não-esteroidais: Fármacos Opióides veículo (tween 2%, oral) 45 min veículo (tween 2%, oral) 45 min morfina (5 mg kg-1, s.c.) veículo (tween 2%, oral) 45 min morfina (0,5mg kg-1,s.c.) 15 min veículo (salina, s.c.) 15 min 15 min EBHA de R. crispus (10 mg kg-1, oral) 45 min veículo (salina, s.c.) 15 min EBHA de C. sylvestris (100 mg kg-1, oral) 45 min veículo (salina, s.c.) 15 min EBHA de R. crispus (10 mg kg-1, oral) 45 min morfina (0,5mg kg-1,s.c.) 15 min 45 min morfina (0,5mg kg-1,s.c.) 15 min EBHA de C. sylvestris (100 mg kg-1, oral) Placa quente Fármacos Antiinflamatórios Não-Esteroidais veículo (tween 2%, oral) 15 min veículo (tween 2%, oral) 15 min piroxicam (2 mg kg-1, oral) veículo (tween 2%, oral) 15 min piroxicam (0,5mg kg-1, oral) tween 2%, oral 45 min 45 min 45 min EBHA de R. crispus (10 mg kg-1, oral) 15 min veículo (salina, oral) 45 min EBHA de C. sylvestris (100 mg kg-1, oral) 15 min veículo (salina, oral) 45 min EBHA de R. crispus (10 mg kg-1, oral) 15 min EBHA de C. sylvestris (100 mg kg-1, oral) 15 min piroxicam (0,5mg kg-1, oral) 45 min piroxicam (0,5mg kg-1, oral) 45 min Ácido acético Resultados 50 te m p o te m p o 10 Avaliação da atividade antinociceptiva do EBHA de Rumex crispus no modelo da formalina 0 0 ve íc u lo 1 3 10 30 100 ve íc u lo 1 2 a f as e * * 20 10 3 10 30 * 100 50 0 1 100 2 1 1 3 10 30 ve íc u lo 1 3 10 30 -1 ) R u m e x c ri s p u s (m g K g te m p o d e la m b id a (s ) e d e m a d e p a ta (m m ) 1ª fase: atividade antinociceptiva não obedeceu perfil dependente de dose; 5 * 50 0 4 3 2ª fase: aumento da resposta nociceptiva dos animais tratados previamente apenas com 2dose de 10 mg kg-1; 1 0 ve íc u lo 3 10 30 100 edema: ausência de efeito, sem1 efeito antiinflamatório. ve íc u lo 1 3 10 30 100 R u m e x c ris p u s (m g K g -1 ) 100 100 edema 100 ) 3 2 a f as e 150 -1 4 0 ve íc u lo R u m e x c ris p u s (m g K g R u m e x c ris p u s (m g K g - 1 ) 100 5 e d e m a d e p a ta (m m ) * te m p o d e la m b id a (s ) te m p o d e la m b id a (s ) 150 40 ve íc u lo 30 edema 1 a f as e 0 10 R u m e x c ris p u s (m g K g R u m e x c ris p u s (m g K g - 1 ) 30 3 R u m e x c ri s p u s (m g K g -1 ) -1 ) tem po de latência (s) Avaliação da atividade antinociceptiva do EBHA de Rumex crispus no modelo da placa quente 15 10 5 0 ve íc u lo 3 10 30 100 R u m e x c ri s p u s (m g kg - 1 ) ausência de efeito: não permitem a confirmação da ação antinociceptiva da planta na dor aguda, encontrada na primeira fase da formalina, Avaliação da atividade antinociceptiva do EBHA de Rumex crispus no modelo do ácido acético co n to rçõ e s a b d o m in a is 40 30 20 10 0 ve íc u lo 3 10 30 100 R u m e x c ri s p u s (m g K g - 1 ) ausência de atividade: dor antiinflamatória (semelhante teste formalina) resultados diferentes aos de outros autores para gênero Rumex: atividade antiinflamatória em outra espécie animal (Süleyman et al., 1999), capacidade de inibir síntese de prostaglandina E, um mediador inflamatório envolvido na percepção dolorosa (Getie et al., 2003), planta empregada para o tratamento de problemas relacionados a pele e feridas com secreção (Viegi et al., 2003), entre outros. Avaliação da influência do EBHA de Rumex crispus e de Casearia sylvestris sobre o efeito antinociceptivo de fármacos antiinfalamtórios não-esteroidais A B número de contorções 30 20 * * 10 0 veículo piroxicam pirox casea casea controle case 100 case 300 2 mg\kg 100 300 n ú m e ro d e c o n to rç õ e s 50 40 40 30 20 * * 10 0 twe e n tween p ir 22 pirox p ir 00,5 ,5 crum s 1 030 pirox r c 100 3 ccas100+pir s 1 0 0 rum3+pir1 r1c 3 cas p ir 0 ,5 p ir 0 ,5 Painel A: o EBHA obtido de outra planta: reproduziu resultados anteriores obtidos em nosso laboratório; Painel B: menor dose de piroxicam testada já apresentou efeito semelhante ao da maior dose testada; associação desta dose menor com EBHA de R. crispus não promoveu diferença na resposta antinociceptiva observada para o fármaco isoladamente; tem po de latência (s) Avaliação da influência do EBHA de Rumex crispus sobre o efeito antinociceptivo de fármacos opióides 15 a ve íc u lo 10 m o r fin a 5 ,0 m g kg b m o r fin a 0 ,5 m g kg -1 -1 R u m e x c r is p u s 1 0 ,0 m g kg 5 R u m e x c r is p u s 1 0 ,0 m g kg -1 + m o r fin a 0 ,5 m g kg -1 -1 0 a : d ife re n ç a e s t a t ís t ic a e m re la ç ã o a o g ru p o c o n t ro le b : d ife re n ç a e s t a t ís t ic a e m re la ç ã o a o g ru p o m o rfin a 5 , 0 m g / k g tem po de latência (s) 20 15 a ve íc u lo m o r fin a 5 ,0 m g kg 10 b m o r fin a 0 ,5 m g kg -1 -1 C . s y lve s tr is 1 0 0 m g kg 5 C . s y lve s tr is 1 0 0 m g kg -1 + m o r fin a 0 ,5 m g kg -1 -1 0 a : d ife re n ç a e s t a t ís t ic a e m re la ç ã o a o g ru p o c o n t ro le b : d ife re n ç a e s t a t ís t ic a e m re la ç ã o a o g ru p o m o rfin a 5 , 0 m g / k g associação do EBHA de R. crispus ou de C. sylvestris com dose subefetiva de morfina não promoveu diferença na resposta antinociceptiva observada para os fármacos isoladamente; Conclusões Nossos resultados demonstraram falta de atividade antinociceptiva e antiinflamatória para a planta R. crispus nos modelos avaliados nestes trabalho. A associação do EBHA das plantas R. crispus e C. sylvestris, nas doses e modelos testados, com doses subefetivas de fármacos opióides ou antiinflamatórios não-esteroidais não alterou a resposta induzida pelos fármacos isoladamente. Perspectivas Novos estudos podem ser conduzidos utilizando outros modelos animais para avaliar a influência das plantas sobre outros fármacos comercialmente empregados, reforçando a linha de pesquisa de sinergismo entre os componentes fitoquímicos e demais sustâncias presentes em medicamentos. Além disso, cabe ainda lembrar que o uso popular de uma planta com finalidades medicinais envolve além do aspecto farmacológico, outros aspectos importantes que envolvem, por exemplo, questões de ordem cultural ou antropológica, que também devem ser exploradas. : Referências Kurita, GP e Pimenta, CAM. Adesão ao tratamento da dor crônica: Estudo de variáveis demográficas, terapêuticas e psicossociais. Arq Neuropsiquiatr., 61: 416-425, 2003. Monica Campillos, et al. Drug Target Identification Using Side-Effect Similarity. Science 321, 263-266, 2008. Rodrigues, L.A., Fracasso, J.F., Siqueira, C.E. Potencialização do efeito antiinflamatório e antinociceptivo do diclofenaco e da nimesulida por vitaminas do complexo B. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 28, n.1, p.45-49, 2007. Cechinel Filho, V; Yunes, RA. Estratégias para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. conceitos sobre modificação estrutural para otimização da atividade. Química Nova, 21: 99-105, 1998. MS, Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, 1.ª edição, 2006. Acesso: 31 mai 09. Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/dab/docs/publicacoes/geral/pnpic.pdf. WHO. World health Organisation, 2002. WHO Tradicional Medicine Strategy 20022005. Acesso em 31 mai 09. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/hq/2002/WHO_EDM_TRM_2002.1.pdf. Referências DE MATTOS, Eduardo Santos; FREDERICO, Marisa Jádna Silva; COLLE, Tiago D.; DE PIERI, Denise Vitorazzi; PETERS, Rodrigo Rebelo; PIOVRZAN, Anna Paula. Evaluation of antinociceptive activity of Casearia sylvestris and possible mechanism of action. Journal of Ethnopharmacology, v. 112, n. 1, p. 1–6, may. 2007. SÜLEYMAN, H.; DEMIREZER, L.; KURUÜZÜM, A.; BANOGLU, Z.N.; GÖÇER, F.; ÖZBAKIR, G.; et al. Antiinflammatory effect of the aqueous extract from Rumex patientia L. roots. Journal of Ethnopharmacology, v. 65, n. 2, p. 141–148, may. 1999. GETIE, M.; GEBRE-MARIAMA, T.; RIETZ, R.; HÖHNE, C.; HUSCHKA, C.; SCHMIDTKE, M. et al. Evaluation of the anti-microbial and anti-inflammatory activities of the medicinal plants Dodonaea viscosa, Rumex nervosus and Rumex abyssinicus. Fitoterapia, v. 74, n. 1-2, p. 139–143, feb. 2003. VIEGI, Lucia; PIERONI, Andrea; GUARRERA, Paolo Maria; VANGELISTI, Roberta. A review of plants used in folk veterinary medicine in Italy as basis for a databank. Journal of Ethnopharmacology, v. 89, n. 2-3, p. 221–244, dec. 2003. Obrigada!