CUIDADOS COM A PELE E AS MUCOSAS A pele é o órgão mais externo dos seres humanos. Recobre o corpo e tem a particularidade de se auto-renovar. Suas principais funções são: Receptor sensorial. Regulador da temperatura corporal e do equilíbrio eletrolítico. Barreira defensiva contra agressões externas. Compõe-se de três camadas diferenciadas que, de fora para dentro, são a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. Higiene Corporal Na higiene incluem-se todas as atividades que tendem a conservar a saúde. Para o cuidado da pele sã, as principais atividades são a limpeza e a hidratação. A higiene tem de ser feita diariamente; em idosos doentes é freqüente ser realizada na cama. 1. 2. 3. Cuidados com a boca – deve-se lavar a boca após cada refeição e sempre que necessário. Quando o paciente é independente, usará a sua própria escova e pasta dentifrícia. Se está muito incapacitado, o profissional realiza a limpeza, do seguinte modo: Misturar em um copo o anti-séptico oral e água, em partes iguais. Montar uma espátula com uma gaze, que será embebida na solução. Limpar a língua movendo a espátula de um lado para o outro para não provocar náuseas. Depois, limpar o palato, a parte inferior e as laterais da boca e, finalmente, as gengivas. Se o paciente tem prótese dentária, esta será lavada com água, anti-séptico e escova. Hidratar os lábios com vaselina. Cuidados com os olhos – limpam-se com gazes esterilizadas embebidas em soro fisiológico, começando desde o ângulo lacrimal até o ângulo externo do olho, retirando-se todas as secreções. Utiliza-se uma gaze para cada olho. Os pacientes comatosos ou semi-inconscientes devem permanecer com os olhos fechados. Convém colocar, sobre as pálpebras, uma gaze embebida em soro fisiológico, para manter a umidade e evitar o aparecimento de úlceras córneas. Cuidados com os pés – os pés dos idosos apresentam problemas freqüentes, devido a alterações circulatórias, deformidades ósseas, diabetes etc., sendo necessário prestar-lhes especial atenção: Lavá-los com água e sabão Secar cuidadosamente, sobretudo entre os dedos Hidratar com cremes ou óleos. Aplicar vaselina nos calcanhares e em locais de calosidade Tratar as unhas Vigiar a sua coloração e o aparecimento de lesões cutâneas. Higiene do cabelo – o cabelo deve ser lavado, pelo menos, uma vez por semana, do seguinte modo: Colocar o paciente em decúbito dorsal, de modo que a cabeça fique livre. Para tal, retirar o travesseiro, enrolar alguns lençóis e colocá-los debaixo dos ombros. Cobrir a cama para que não se molhe e colocar uma bacia debaixo da cabeça Introduzir tampões de algodão nos ouvidos Molhar o cabelo. Ensaboar o cabelo, enxaguando-o com água abundante. Enxugar com uma toalha e, se possível, utilizar um secador de cabelo Pentear ou escovar o cabelo. 5. Higiene Genitoanal – realiza-se diariamente e sempre que seja necessária: depois de evacuar, depois de fazer um enema, antes de colocar uma sonda vesical, a cada vez que se muda uma fralda em pacientes incontinentes etc. 5.1. Região genital Na mulher – colocar a paciente em decúbito dorsal, com as pernas flexionadas; lavar com água e sabão, e uma gaze, os grandes e os pequenos lábios, e o meato urinário, da frente para trás com técnica de arrasto; enxaguar com água e irrigar com um anti-séptico de mucosas (quando for indicado); secar cuidadosamente, insistindo nas pregas, de modo que não fiquem úmidas. 4. 1 No homem – colocar o paciente em decúbito dorsal; lavar com água e sabão o pênis e os testículos; retrair o prepúcio e lavar a glande com uma compressa; enxaguar com água, irrigar com anti-séptico (quando for indicado) e secar suavemente; baixar o prepúcio, para evitar que se produza edema da glande. 5.2. Região anal Colocar o paciente em decúbito lateral. Lavar a região com esponja e água com sabão da frente para trás. Enxaguar com água e secar. Se a pele está irritada, pode ser necessário aplicar um creme protetor. Úlceras de Decúbito São lesões produzidas na pele e em partes moles, quando se mantêm comprimidas durante tempo prolongado, entre uma proeminência óssea e uma superfície dura. Importância – as úlceras podem ser causa de dor, infecções e aumento da imobilidade. Podem prolongar as estadias hospitalares e, em muitos casos, contribuem para apressar a morte. Fatores de risco Imobilidade: é o principal fator de risco, e qualquer patologia que a provoque pode predispor ao aparecimento de úlceras de decúbito (tromboses, fraturas, demências muito avançadas). Alteração da sensibilidade. Deficiências do estado nutricional (emagrecimento, desidratação, anemia, hipoproteinemia, obesidade). Alterações circulatórias. Diminuição do nível de consciência. Incontinência de esfíncteres. O aparecimento de úlceras de decúbito é favorecido pela idade, embora esta não seja um fator de risco propriamente dito. Produz-se um envelhecimento cutâneo, que torna a pele mais fina, frágil e menos elástica. Causas Pressão – é a causa mais importante. Atua diretamente sobre as proeminências ósseas, produzindo oclusão dos vasos sangüíneos e linfáticos. Isto provoca diminuição da irrigação sangüínea (isquemia) e, finalmente, morte dos tecidos (necrose). Pressões ligeiras aplicadas durante longos períodos são mais lesivas que pressões fortes aplicadas em períodos curtos. Fricção – é uma força tangencial sofrida pela pele ao deslizar por uma superfície. A fricção repetida sobre proeminências ósseas vulneráveis pode produzir erosões, isquemias e lacerações. Pinçamento - produz-se quando se resvalam duas superfícies adjacentes, com o conseqüente estiramento e angulação dos vasos sangüíneos, favorecendo-se a isquemia. É freqüente em pacientes que deslizam sobre a poltrona (lesão da região sacra), ou em pessoas acamadas que escorregam até ao pé da cama, por terem a cabeceira muito elevada (lesão dos calcanhares). Umidade – a umidade aumenta o grau de fricção entre as superfícies e produz maceração da pele, predispondo-a a úlceras. A causa mais importante de umidade pode ser a incontinência de esfíncteres. Classificação Grau I – afeta apenas, a derme. Existe eritema, intusmescimento e dor. A integridade cutânea se amantém. É o primeiro sinal de alarme e indica-nos que, se a pressão não se alterar, irá desenvolver-se a úlcera. 2 Grau II – perda parcial da epiderme ou da derme. Aparecem erosões ou flictenas. Grau III - perda de todas as camadas da pele, afetando o tecido subcutâneo. Apresenta-se como uma escara. Grau IV - a lesão pode afetar o músculo, o osso e as articulações. Avaliação A identificação dos pacientes em risco de desenvolver úlceras de decúbito facilita as tarefas de prevenção. Existem escalas diferentes para avaliar os fatores de risco. Uma das mais utilizadas é a de Norton, que avalia cinco variáveis: condição física, estado mental, atividade, mobilidade e incontinência. Segunfo o estado do paciente, obtém-se uma pontuação. Quando esta é inferior a doze, o paciente apresenta um elevado risco de desenvolver úlceras de decúbito. Prevenção Após identificados os fatores de risco, inicia-se um plano de cuidados específico, orientado para a prevenção. Reduzir a pressão nos pontos de risco Mudanças posturais – é a principal medida preventiva quando o paciente não consegue movimentar-se por si. A posição do paciente é modificada a cada 2 ou 3 horas, seguindo uma rotatividade programada, para evitar a lesão das áreas de risco. - Paciente acamado – decúbito dorsal, decúbito lateral e decúbito ventral. - Paciente sentado – levantar-se da poltrona durante uns segundos, de hora em hora. Quando o paciente pode movimentar-se autonomamente, convidá-lo a fazê-lo a cada 15 minutos. Se isto for impossível devido ao estado do paciente, podem alternar-se inclinações laterais à direita e à esquerda, com a ajuda de almofadas para evitar deslizamento. Proteção de proeminências ósseas – existe uma grande variedade de produtos no mercado, que ajudam a diminuir a pressão nos pontos de apoio. Utilizam-se como complemento das mudanças posturais: - Almofadas e coxins de diferentes tamanhos e materiais (espuma, algodão, silicone). - Pele artificial de ovelha: diminui a pressão, a fricção e a umidade. É fácil de lavar. - Colchões de água: redistribuem o peso por toda a supefície do corpo. Inconvenientes – são pesados, difícies de manejar, caros e deterioram-e com facilidade. - Colchões de ar com pressão alternada: são compostos de uma série de câmaras pneumáticas, que se enchem e esvaziam alternadamente, por meio de um motor, modificando assim os pontos de pressão contra a cama. Inconvenientes: o motor produz ruído e pequenos choques elétricos são freqüentes. 3 Colchões de espuma: aliviam a pressão e proporcionam uma superfície de repouso cômoda. São mais baratos, mas menos eficazes que os anteriores. Rodas de espuma ou flutuadores: empregados para evitar a pressão no sacro e no ísquio. Em desuso pelo risco de isquemia na área que apóiam. Protetores locais: feitos com espuma de borracha, ataduras de algodão etc., e úteis na proteção de calcanhares, cotovelos e joelhos. Movimentação precoce – deve-se levar em conta o estado do paciente. Inicia-se com movimentos passivos, passando –se depois a colocá-lo sentado, a mantê-lo em pé e, finalmente, a fazê-lo deambular. Cuidados com a pele A pele dos idosos é extremamente frágil. Deve-se mantê-la limpa, seca e hidratada. A observação cuidadosa da pele é muito importante, devendo converter-se em rotina diária. A hora do banho ou das mudanças posturais constitui um bom momento para observar a sua integridade, cor, textura, vascularização e hidratação. A massagem produz vasodilatação, que aumenta a afluência de sangue na área e, graças a isso, melhora o aporte de nutrientes e oxigênio. Deve ser suave e realizada ao redor dos locais de apoio, evitando as proeminências ósseas. Nos pacientes incontinentes, utilizam-se os métodos de controle que estejam indicados em cada caso (absorventes, coletores externos de urina, sonda vesical), não esquecendo a reeducação de esfíncteres, quando possível. A cama e a poltrona devem estar limpas, secas e livres de objetos ou rugas que possam lesar a pele do paciente. 4 Nutrição Adequada Uma nutrição e hidratação corretas são tão importantes para a prevenção de úlceras como para o seu tratamento. É obrigatório vigiar, de forma especial, a dieta dos idosos com depressão, problemas gastrintestinais, disfagia, perda de apetite ou qualquer outro que possa diminuir a quantidade ou qualidade da ingestão. A dieta deve ser equilibrada, rica em proteínas, vitaminas e minerais. Em alguns casos, aconselha-se a utilização de suplementos protéicos, já que a hipoproteinemia atrasa o tratamento das feridas. Através das lesões, perde-se uma grande quantidade de líquidos. A hidratação evita que a pele seque, formando pregas excessivas. Devem-se administrar, freqüentemente, líquidos em forma de água, sucos, leite, infusões etc. Quando o paciente apresenta disfagia, pode-se oferecer-lhe gelatina ou sucos espessos. Tratamento As úlceras têm tendência para a cicatrização espontânea. Assim, o objetivo será proporcionar as melhores condições possíveis ao favorecimento do processo fisiológico de cura. Estas lesões regeneram-se por Segunda intenção, ou seja, vão-se preenchendo com tecido de granulação,a té que finalmente se produz a epitelização. Limpeza As úlceras não-infectadas são irrigadas com soro fisiológico ou lavadas com água e sabão, enxaguando-se depois com água abundante. Quando as lesões estão infectadas, podem ser limpas com um anti-séptico apropriado. Debridamento Os tecidos mortos ou purulentos são retirados mecanicamente com um bisturi. Podem-se utilizar também agentes debridantes químicos, hidrocolóides e de hidrogel, que amolecem e liquidificam os restos necróticos, sem lesar o tecido de granulação. Processo de granulação e epitelização Tenta-se proteger a úlcera da infecção mmantendo-a quente e úmida, para favorecer o processo de cicatrização. O mercado oferece grande variedade de produtos. É preciso escolher o mais apropriado de acordo com o estágio da lesão, o tamanho, exsudato, localização, presença de infecção. Modo de efetuar um tratamento Lavar a ferida com a solução adequada e uma gaze esterilizada, primeiro por dentro e, depois, pelas bordas, mediante técnica de arraste. Secar suavemente com gazes esterilizadas. Aplicar o produto adequado (pomadas, curativos, gel etc). Cobrir com gazes esterilizadas (quando se utilizam emplastros, não é necessário). Fixar com adesivo hipoalérgico. Acolchoar a região, ou protegê-la com atadura de algodão. COMPLICAÇÕES Infecção local mudança de aspecto do exsudato (cor, cheiro, quantidade). Ruborização das bordas. Febre. Atraso na granulação. Quando isso ocorre, deve-se proceder a uma cultura, administrando o antibiótico indicado pelo antibiograma. Infecção generalizada, osteomielite Perda de proteínas, água e sangue através das úlceras. 5