depressão - Associação Brasileira de Psiquiatria

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DEPRESSÃO
Diagnóstico e tratamento psiquiátrico
Marco Antonio Alves Brasil
Prof. Adjunto da UFRJ
Chefe do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do HUCFF
Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria 2001-2004
Diagnóstico Psiquiátrico
Em psiquiatria, mais do que em qualquer outro
ramo da medicina, é difícil delimitar o que é
mórbido e o que é saudável. Há muita diversidade
entre os critérios usados em psiquiatria referentes
às fronteiras da normalidade. Há uma diversidade
semelhante na determinação do que é necessário
para enquadrar uma doença a um dos tipos ideais
de reação, síndrome, padrão, entidade ou o que
mais venha a ser denominado.
Sir A. Lewis
A medicalização
“As tensões, as dificuldades e a
violência da vida social tornam-se
“estresses”, “traumatismos”, levando a
“ansiedades” e “depressões”. O
profissional de saúde mental passa a
ser considerado nesse sistema como o
único capaz de trazer o alívio
esperado” (Jeammet, 1998)
Diagnóstico psiquiátrico

Seu propósito é identificar grupos de
pacientes que compartilham
características clínicas similares, de
maneira que um tratamento apropriado
possa ser planejado e um provável
prognóstico seja previsto.
ClassificaçãoDiagnóstica

Não há nenhum sinal ou sintoma em
psiquiatria que seja patognomônico de
uma doença em particular, ou seja,
não há nenhum dado ou característica
que seja necessário ou suficiente para
definir um transtorno psiquiátrico.
Editorial
E. Osuch and P. Williamson Invited Guest Editors
Acta Psychiatrica Scandinavica 114: 73-74 (2006)
“It is worth remembering that we do
not obtain brain imaging (or other
tests) on a patient to detect psychiatic
illness as no technology is capable of
doing this, to date.”
Transtornos Mentais
Orgânicos
Funcionais
Transtornos Mentais
orgânicos
Causa direta:
Tumor, traumatismo,
Meningite,
Sífilis terciária,
AIDS etc.
Causa indireta:
Intoxicação endógena:
Insuficiência renal, hepática etc.
Intoxicação exógena: álcool, drogas
ilícitas e lícitas, cafeína etc.
Transtornos Mentais
Funcionais
Esquizofrenia
Psicoses
Transtornos
do humor
Transtornos
de ansiedade
Neuroses
Transtornos Mentais
Funcionais
Esquizofrenia
Psicoses
Transtornos
de ansiedade
Transtornos
do humor
Neuroses
Transtornos de personalidade
Transtornos de personalidade
Transtorno de personalidade
Adolescência /início de vida adulta
Transtorno mental
Personalidade normal
Transtorno de personalidade

O termo “personalidade” refere-se às
características permanentes de um indivíduo
demonstradas nas formas como ele se
comporta em variadas circunstâncias. A
personalidade pode ser definica como sendo
feita de peculiaridades mais circunscritas,
conhecidas como características , tais como
sociabilidade, agressividade, e
impulsividade.
Transtorno de personalidade

Quando decrevemos uma
personalidade anormal, é melhor listar
as principais características, ao invés
de tentar dar um rótulo diagnóstico.
Transtornos
do humor
Transtorno
depressivo
recorrente
Transtorno bipolar
Depressão bipolar
Mania
Distimia
DEPRESSÃO
Sim
Primária
Episódio depressivo
do Transtorno
Depressivo
Recorrente
Episódio depressivo
de Transtorno
Bipolar
Exclui
Distimia
Secundária
“devido a”
SUBSTÂNCIAS
“devido a”
Condições médicas
Transtorno de Ajustamento
Normal
Reação normal às mudanças
estressantes:por ex.
aparecimento de uma doença
grave
Patológico
Situação de stress:
 resposta maior do que a
esperada para determinado
evento;
• breve período de ansiedade
e depressão;
 comprometimento funcional e/ou
social;
• pode haver pequeno período
de negação, logo seguido da
resolução do problema.
 duração da reação por um
período limitado, não sendo
grave o suficiente para ser
diagnosticado como outro
transtorno psiquiátrico.
DSM IV - Episódio Depressivo Maior
Sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas, representando um
comprometimento da capacidade funcional anterior
1.
humor deprimido
2.
diminuição do prazer e do interesse
3.
alterações do apetite
4.
alterações do sono
5.
agitação ou retardo motor
6.
fadiga
7.
sentimento de inutilidade e culpa
8.
dificuldade de concentração
9.
ideação suicida
DSM IV - Episódio Depressivo Maior
Sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas, representando um
comprometimento da capacidade funcional anterior
1.
humor deprimido*
2.
diminuição do prazer e do interesse
3.
alterações do apetite *
4.
alterações do sono *
5.
agitação ou retardo motor *
6.
fadiga *
7.
sentimento de inutilidade e culpa
8.
dificuldade de concentração *
9.
ideação suicida
* sintomas que também ocorrem em doenças clínicas
Sintomas Cognitivos da
Depressão
Anedonia
Tríade de
Beck
(visão negativa de si mesmo,
do mundo e do futuro)
Desesperança
Culpa
Ideação
suicida
Transtornos Depressivos em Pacientes
com Doença Clínica
Obstáculos para seu reconhecimento:

Atribuir os sintomas depressivos à doença clínica;

Negação da experiência da depressão;

Robert Peveler
Semelhança entre os sintomas depressivos e os sintomas de outras
doenças;

A idéia de que: “seria normal ter depressão”;

Atitudes negativas em relação ao diagnóstico de depressão;


Impropriedade de ambiente clínico para discutir assuntos pessoais ou
emocionais;
Dificuldade do paciente em relatar sintomas de depressão.
Robert Peveler e cols. BMJ 2002; 325(20): 149-152
Sintomas
Sintomas físicos que podem ser depressão
Perda de memória
Insônia
Dor de cabeça
No contexto da doença clínica, o
médico tem de diferenciar
sintomas de depressão maior e
transtornos de ajustamento
(reação patológica à doença),
daqueles que são manifestações
diretas da própria doença clínica.
Dor no peito
Náusea,
vômito e
constipação
Mal-estar
Fadiga e
cansaço
Dores
articulares e
nas costas
Perda de peso
Distúrbios
menstruais
Rodin; Craven; Littlefield (1991)
Mayou R; Sharpe M; Carson A. ABC of Psychological Medicine
London, BMJ Books, 2003.
Sintomas Considerados Não Específicos para
Depressão na Presença da Doença Clínica
Doença- Clínica
Sintomas
 Fadiga
Câncer
 Anorexia
 Perda
Diabetes (com
descontrole
metabólico)
Doença renal em
estágio final
Artrite reumatóide
de peso
 Perda
de energia
 Dificuldade de
concentração
 Fadiga
 Insônia
 Perda
de interesse sexual
 Fadiga
 Insônia
Esclerose múltipla
 Fadiga
Doença de
Parkinson
 Retardo
psicomotor
Doenças Clínicas que Podem
Apresentar Sintomas Depressivos
Doença
Doenças Endócrinas
Pulmonar obstrutiva
crônica
Doença renal em
estágio terminal
Câncer - cabeça de
pâncreas
AIDS
Doença de Cushing; Doença de Addison;
Hipertireoidismo; Hipotireoidismo; Hipoparatireoidismo;
Acromegalia; Hipopituitarismo; Hiperprolactinemia;
Diabetes mellitus Hipertireoidismo; Hiperparatireoidismo;
Doenças Clínicas que Podem
Apresentar Sintomas Depressivos
Doença
Doenças Virais
Doenças Auto-imunes
Doenças Neurológicas
Mononucleose; Hepatite; Herpes zoster
Artrite reumatóide; Lupus eritematoso
sistêmico; Polimialgia Reumática
Doença de Parkinson; Esclerose múltipla;
Coréia de Huntington; Sífilis terciária;
Epilepsia e Demência.
Doenças Clínicas que Podem
Apresentar Sintomas Depressivos
Doença
Doenças Endócrinas
Pulmonar obstrutiva crônica
Doença renal em estágio
terminal
Câncer - cabeça de pâncreas
AIDS
Doenças Virais
Doenças Auto-imune
Doenças Neurológica
Dor crônica
Doenças Clínicas
Independente da etiologia, podem
desenvolver um quadro depressivo.
Medicamentos Associados à Sintomas Depressivos
Reserpina
Efedrina
Decarbazina
Clonidina
Pseudoefedrina
Anfotericina B
Propranolol
Fenilpropanolamina
Interferon
Alfa-metildopa
Aminofilina
Halotano
Esteróides
Digoxina
Isoflurano
Indometacina
Agentes hormonais
(levonorgestrel, DMPA,
Barbitúricos
tamoxifeno, leuprolide)
Mais de 100
medicamentos
Bacloflem
Cimetidina e
Ranitidina
Isoniazida
L-dopa
Diuréticos
Vincristina
Dissulfiram
Sinvastatina
Vinblastina
Neurolépticos
Cinarizina
Asparaginase
Benzodiazepínicos
Flunarizina
Hexametilamina
Medicamentos
Oncológicos
Brasil, M. A. A.Depressão decorrente de medicamentos. In: R. Fráguas Júnior & J. A B.
Figueiredo (eds.). Depressões Secundárias. São Paulo, Atheneu, p.333-345.
têm mostrado
uma relação
mais clara de
causalidade.
TRATAMENTO
«From inability to let well alone; from too much
zeal for the new and contempt for what is old; from
putting knowledge before wisdom, science before
art, and cleverness before common sense, from
treating patients as cases, and from making the
cure of the disease more grievous than the
endurance of the same, Good Lord, deliver us.»
Sir Robert Hutchison
British Medical Journal, 1953; 1: 671.
Fundamentos da boa prática clínica:

Boa relação médico-paciente

Diagnóstico correto

Uso racional e criterioso de recursos terapêuticos

Conceitos essenciais:
– Tratamento psiquiátrico NÃO se restringe à
prescrição de medicamentos
– O uso de MEDICAMENTO é PARTE do
tratamento
– Outros ingredientes:
Relação médico-paciente baseada em confiança
 Psico-educação
 Psicoterapia – individual, grupo e família
 Terapia ocupacional, exercício físico, atividades
lúdicas (esporte, dança etc)

"O amor que move o sol,
como as estrelas."
O verso de Dante
é uma verdade resplandescente,
e curvo-me ante a sua magnitude.
Ouso insinuar,
sem pretensão a contribuir
para que se desvende o mistério amoroso:
Amar se aprende amando
Sem omitir o real cotidiano,
também matéria de poesia
Carlos Drummond de Andrade
Assim como amar se aprende amando ...
...tratar se aprende tratando
......................................................
Não se aprende, Senhor, na fantasia,
Sonhando, imaginando ou estudando,
Senão vendo, tratando e pelejando.
..............................................................
Luiz Vaz de Camões “Os Luziadas”
Canto Décimo estrofe 153
Nós, médicos — inclusive todos os senhores
— , portanto, praticamos constantemente a
psicoterapia, mesmo que não o saibamos nem
tenhamos essa intenção; só que constitui uma
desvantagem deixar tão completamente
entregue aos enfermos o fator psíquico da
influência que os senhores exercem sobre
eles. Dessa maneira, ele se torna
incontrolável, impossível de dosar ou de
intensificar. Assim, não será um esforço
legítimo o do médico dominar esse fator,
servir-se dele intencionalmente, norteá-lo e
reforçá-lo? É isso, e nada mais, o que a
psicoterapia científica lhes propõe.
Obras Psicológicas de Sigmund Freud - SOBRE A PSICOTERAPIA (1905) [1904]
JASPERS, KARL. The nature of psychotherapy. A critical
appraisal:
"Não há base científica para determinar que tipo
de terapeuta alguém irá se tornar e nem o tipo
que se consideraria ideal. Certamente um
psicoterapeuta deve ter um treinamento em
medicina somática e em psicopatologia, ambos
com embasamento científico. Se ele não tiver tal
treinamento, ele será apenas um charlatão;
como também, com apenas este treinamento,
ele não será um psicoterapeuta.
JASPERS, KARL. The nature of psychotherapy. A critical
appraisal:
"A ciência é apenas parte de seu equipamento
necessário, muito mais tem que ser
acrescentado. Entre os pré-requisitos pessoais,
tem parte a amplidão de seu próprio horizonte,
assim como a habilidade de se afastar de
qualquer julgamento de valor, ser receptivo e
totalmente livre de preconceitos ( uma
habilidade só encontrada naqueles que possuem
valores bem definidos e personalidade madura).
.
JASPERS, KARL. The nature of psychotherapy. A critical appraisal:
Finalmente, há necessidade de ser
fundamentalmente caloroso e ter uma natural
sensibilidade. Fica claro que um bom terapeuta
pode ser apenas um raro fenômeno e mesmo
assim ele só é usualmente bom para um certo
tipo de pessoas às quais ele se adapta bem. Um
psicoterapeuta para todas pessoas é uma
impossibilidade. Contudo, a força da
circunstância faz com que, na sua tarefa, o
psicoterapeuta tenha que tratar todo mundo que
procura a sua ajuda. Este fato deve ajudá-lo a
manter suas aspirações em níveis modestos".
Como
tratar?
Tipos de Tratamento
Na depressão secundária a uma doença clínica ou a seu
tratamento é fundamental o tratamento desses fatores
causais
Depressão Maior
Transtorno de Ajustamento
+
Farmacológico
ou
Depressão leve
ECT
Intervenção psicoterápica
PSICOTERAPIA
MODALIDADES PRINCIPAIS



COGNITIVA-COMPORTAMENTAL
INTERPESSOAL
PSICOTERAPIA DINÂMICA BREVE
G. O. GABBARD & J. HOLMES Eds. OXFORD TEXTBOOK OF
PSYCHOTHERAPY. OXFORD UNIVERSITY PRESS, 2005
W. E. PIPER . Implications of psychotherapy research for
psychotherapy training. Can J Psychiatry 2004; 49:221-229
Psicoterapia

Estudos clínicos randomizados
demonstraram a eficácia dos
antidepressivos tricíclicos, ISRS, terapia
cognitiva-comportamental e interpessoal.
Beyond Efficacy: The Sequenced Treatment Alternatives
to Relieve Depression (STAR*D)
Perspectives:Editorial Am J Psychiatry 163(1) January 2006. 5-7
Medicamento mais
psicoterapia


Um dos maiores estudos-controle
randomizados sobre depressão mostrou
vantagens significativas do tratamento
combinado sobre a monoterapia.
681 pacientes com depressão crônica, foi
comparado tratamento conjunto de
nefadozona mais TCC e os dois tratamentos
isolados
– Tratamento combinado 85% de resposta
– Com nefazodona 55%
– Com TCC 52%
Medicamento mais
psicoterapia

Uma metanálise de tratamento de 600 pacientes de
6 protocolos padronizados mostrou que pacientes
com depressão grave respondem em melhor e em
menos tempo ao tratamento combinado do que a
monoterapia (antidepressivo ou terapia
interpessoal). No entanto, para aqueles com
depressão leve ou moderada, a psicoterapia isolada
foi tão efetiva quanto ao tratamento combinado
Thase et al, 1997
Qual antidepressivo utilizar?


É preferível utilizar um medicamento "velho" do que
um novo com o qual ainda não se esteja bem
familiarizado. A experiência clínica que vai sendo
obtida com o uso de um medicamento, de seus
efeitos colaterais, interações e índice de melhora
obtido com pacientes, é muito mais importante do
que prescrever o último lançamento.
Quando há história de boa resposta à determinado
antidepressivo, ele automaticamente se torna o de
primeira escolha. Daí a importância de anamnese
bem feita, incluindo resposta a tratamentos
anteriores.
Antidepressivos
Escitalopram
Nortriptilina
Imipramina
Sertralina
Mianserina
Venlafaxina
Bupropiona
Trazodona
Fluoxetina
Escitalopram
Maprotilina Amineptina
Citalopram
Paroxetina
Fluvoxamina
Hypericum
Selegilina
Nefazodona
Reboxetina
Milnaciprano
Tranilcipromina
Tianeptina
Amitriptilina
Clomipramina
Mirtazapina
Antidepressivos
Escitalopram
Nortriptilina
Imipramina
Sertralina
Mianserina
Venlafaxina
Bupropiona
Trazodona
Apesar
do
grande
Fluoxetina
Escitalopram
númeroMaprotilina
de
Amineptina
antidepressivos,
não
Citalopram
Reboxetina
Paroxetina
háMilnaciprano
uma diferença
Hypericum
Tranilcipromina
Fluvoxamina
significativa de eficácia
Tianeptina
Amitriptilina
entre eles.
Selegilina
Nefazodona
Clomipramina
Mirtazapina
Antidepressivos (por
grupos)
Tricíclicos
ISRS
Imipramina
Amitriptilina
Clomipramina
Nortriptilina
Maprotilina
IRSN
Venlafaxina
Milnaciprano
Duloxetina
IMAOs
Selegilina
Tranilcipromina
Citalopram
Escitalopram
Fluoxetina
Fluvoxamina
Paroxetina
Sertralina
Outros antidepressivos
6
Amineptina
Bupropiona
Hypericum
Mianserina
Mirtazapina
Inibidores de 5HT2
Reboxetina
Nefazodona
Trazodona
Tianeptina
Psicofarmacoterapia





Os antidepressivos – atuam de forma
semelhante
Eficácia x efetividade
Aumentar, potencializar, associar,
trocar
Quando usar ECT
Outros recursos – não estão
autorizados
Escolha do antidepressivo
– Custo
– Administração/Posologia
Facilidade para se determinar dose ótima
 Necessidade de titulação
 Número de tomadas diárias
 Necessidade de monitorização

– Confiança
Número de pacientes expostos
 Qualidade dos dados de literatura
 Variedade de pacientes tratados

Escolha do antidepressivo
– Outros parâmetros úteis:
 Experiência
do profissional
 Resposta a tratamento
prévio
 Nível de ansiedade/agitação
psicomotora

Na prática, então, como proceder após
ter escolhido o antidepressivo? Uma
vez atingida a dose terapêutica do
antidepressivo, e se a medicação for
bem tolerada, aguarde pelo menos 4
semanas.

Se houver resposta seguida de
remissão, passar para a fase de
continuação. Caso não haja resposta,
mudar para outro antidepressivo, de
preferência com mecanismo de ação
diferente.


Repetir esse procedimento ainda mais uma
vez, sempre aguardando pelo menos 4
semanas para se fazer uma mudança em
caso de ausência de resposta.
A ausência de resposta a três tratamentos
com antidepressivos de classes diferentes,
administrados por tempo suficiente e em
dose adequada, que caracteriza a depressão
resistente.


Nos casos de depressão resistente em geral é
necessária a associação de antidepressivos sempre mantidos por 4 semanas se houver boa
tolerabilidade - e o uso de estratégias de
potencialização. Se houver boa resposta seguida de
remissão, mantém-se o esquema que foi necessário
para a resolução do quadro nas fases de
continuação e de manutenção.
A ausência de resposta a várias tentativas de
associação e de potencialização é uma das
indicações de eletroconvulsoterapia.

A eletroconvulsoterapia (popularmente
conhecida como eletrochoque) apesar do
grande estigma que carrega, continua
sendo um tratamento utilizado nos
principais centros psiquiátricos do mundo.

O tratamento por eletroconvulsoterapia é hoje
feito sob anestesia e com monitoramento
cárdio e eletroencefalográfico. A resposta à
eletroconvulsoterapia dos pacientes com
depressão grave está entre 80 a 90% dos
casos, algo que nenhum outro tratamento é
capaz de oferecer.


Quando e como se deve fazer a interrupção
do tratamento medicamentoso de uma
depressão? Somente depois de atingida a
remissão sustentada do quadro e a
recuperação do paciente.
A suspensão abrupta de um antidepressivo
está associada a sintomas de
descontinuação.
ECT
A eletroconvulsoterapia continua sendo um tratamento atual e
seguro,sendo o recurso mais eficaz no tratamento da depressão
grave tipo melancólica*.
*King Han Kho et al. A Meta-Analysis of Electroconvulsive Therapy Efficacy in
Depression. Journal of ECT 19(3):139–147, 2003
ECT: antigo aparelho
ECT: Aplicação da ECT
Aparelho de onda sinusoidal
ECT: Aplicação da ECT
Aparelho de pulso breve / onda quadrada
ECT: Aplicação da ECT
Sala de ECT
Equipamento de pulso breve / onda
quadrada
Condições Clínicas nas quais a ECT deve ser
Considerada como Primeira Escolha

Depressão:
– com sintomas psicóticos;
– com sintomas de estupor;

Pacientes:
– com risco grave de suicídio;
– que recusam alimentação na qual o estado
nutricional esteja seriamente debilitado;
– grávidas que necessitam de resposta terapêutica
rápida;
– com boa resposta prévia à ECT;
BOTEGA, N.; FURLANETTO, L.; FRÁGUAS, R Jr. Depressão no Paciente Clínico. IN: N. BOTEGA.
Prática psiquiátrica no hospital geral: interconsulta e emergência. Porto Alegre, Artmed, 2005.

A presença de sintomas residuais tem
relação direta com a ocorrência de
recaídas/recorrências. Deve-se,
portanto, procurar sempre livrar o
paciente de qualquer resíduo
depressivo.

A retirada do antidepressivo deve ser
lenta e gradual. Mas o que é lenta?
Se o tratamento se estende por
meses, eventualmente anos, em dose
plena, a retirada também costuma
demorar meses. E o que se deve
entender por gradual? Reduções de
um quarto ou mesmo de um oitavo da
dose de cada vez, a cada 2 meses.
Farmacoterapia dos
TranstornosDepressivos
Dose terapêutica de AD
(pelo menos 4 semanas)
Boa resposta
Sem resposta
Dose terapêutica de AD
com outro mecanismo
de ação
(pelo menos 4 semanas)
Boa resposta
Sem resposta
Dose terapêutica de AD
com outro mecanismo
de ação
Boa resposta
(pelo menos 4 semanas)
Sem resposta
Depressão resistente
Manter por 6-9 meses
(depois retirar aos poucos)
Farmacoterapia da Depressão
Resistente
Depressão resistente
Sem resposta
Boa resposta
Associação de ADs
(pelo menos 4 semanas)
Sem resposta
Boa resposta
Potencialização
(pelo menos 3 semanas)
Sem resposta
Manter por anos
(depois retirar aos poucos)
ECT
The Sequenced Treatment Alternatives to
Relieve Depression (STAR*D)


Fase 1 – mais de 4000 pacientes com depressão não psicótica
entraram no estudo e foi usado citalopram em doses de 60mg/dia.
30% de remissão
Fase 2 – pacientes que não responderam ou toleraram o
citalopram – passaram a ter o tratamento com citalopram
potencializado ou mudaram para outro antidepressivo.
Citalopram + bupropriona 29,7%, citalopram + buspirona 30,2%,
citalopram + terapia cognitiva-comportamental ?
Bupropriona sr 400mg, sertralina 200mg, venlafaxina 375mg.
25%

Fase 3 – pacientes que não apresentaram remissão com as
alternativas terapêuticas usadas para substituir o citalopram
Mirtazapina até 60mg/dia 12,3%
Nortriptilina até 200mg 19,8%
The Sequenced Treatment Alternatives to
Relieve Depression (STAR*D)


Fase 1 – mais de 4000 pacientes com depressão não psicótica
entraram no estudo e foi usado citalopram em doses de 60mg/dia.
30% de remissão
Fase 2 – pacientes que não responderam ou toleraram o
citalopram – passaram a ter o tratamento com citalopram
potencializado ou mudaram para outro antidepressivo.
Citalopram + bupropriona 29,7%, citalopram + buspirona 30,2%,
citalopram + terapia cognitiva-comportamental ?
Bupropriona sr 400mg, sertralina 200mg, venlafaxina 375mg.
25%

Fase 3 – pacientes que não apresentaram remissão com as
alternativas terapêuticas usadas para substituir o citalopram
Mirtazapina até 60mg/dia 12,3%
Nortriptilina até 200mg 19,8%
Clube de Revista
STAR*D: What Have We Learned?
Am J Psychiatry 164:2, February 2007
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