Nefropatia Esquistossomótica Vinícius Sardão Colares Érico Souza de Oliveira Esquistossomose • Epidemiologia – A esquistossomose é uma doença que ocorre de forma endêmica e focal desde o Maranhão até Minas Gerais, com certa penetração no Espírito Santo. Existem focos isolados nos estados do Pará, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Esquistossomose • É causada por vermes do gênero Schistosoma, que parasitam as veias do homem e de outros animais, onde se fixam por meio de ventosas. Clínica As formas clínicas se dividem em : a)Intestinal: diarréias repetidas que podem ser muco-sangüinolentas, com dor ou desconforto abdominal, podendo também serem assintomáticas. b)Hepatointestinal: associadas a diarréias e epigastralgia, com presença de hepatomegalia, com nodulações que correspondem a áreas de fibrose decorrentes de granulomatose peri-portal, fibrose de Symmers, nas fases mais avançadas. Clínica c)Hepatoesplênica: caracterizada por hepatoesplenomegalia. As lesões perivasculares intra-hepáticas ocorrem em número suficiente para gerar transtornos na circulação portal, com algum grau de hipertensão, provocando congestão passiva do baço. Nessa fase inicia-se a formação de circulação colateral e de varizes do esôfago, com o comprometimento do estado geral do paciente. Esquistossomose Nefropatia Esquistossomótica • A incidência de doença glomerular associada à esquistossomose é de cerca de 5%, podendo ocorrer tanto na forma hepatoesplênica, como na hepatointestinal. • O S. mansoni leva a antigenemia crônica, pela presença de ovos e larvas, podendo o parasita sobreviver em seu hospedeiro de 15 a 20 anos. Isso leva a antigenia crônica, podendo levar ao trapping de antígenos glomerulares e a lesão glomerular. Nefropatia Esquistossomótica Mesangioproliferativa e membranoproliferativa (GNMP): - São as formas de maior prevalência. - GNMP se associa com C3, C4 e CH50 diminuídos, sendo possíveis quadros de hematúria e proteinúria leves, ou a síndrome nefrótica franca, eventualmente com IRC. Na IF é comum a presença de IgM e C3 no mesângio e em alças capilares. - GESF: tem características indistinguíveis da GESF idiopática. Contudo ainda não se encontrou forte associação entre as doenças, podendo esta ser primária, ou ainda significar apenas uma associação casual. Outra possibilidade é que ela ocorra pela cicatrização da GN mesangioproliferativa. Glomerulonefrite Membranoproliferativa – lobulada GNMP-I associada à Esquistossomose IgM +++ granular nas alças capilares e mesângio Nefropatia Esquistossomótica - GN Membranosa e lesões mínimas: ambas lesões não são encontradas em modelos experimentais de esquistossomose, contudo existem relatos associando estas patologias a nefropatia pelo schistosoma. - Amiloidose renal: tem descrição mais comum nos casos de S. japonicum, tendo apenas um caso descrito da associação desta lesão com o S. mansoni. Tratamento • Não há diferença na evolução da doença após realizado tratamento específico para o parasita, ou após uso de imunossupressores, em relação ao grupo tratado de modo conservador. • Deve-se fazer o tratamento com antiproteinúricos, hipolipemiantes, evitando fatores progressores de nefropatia. Bibliografia • • • • • ABENSUR, H.; NUSSENZVEIG, I.; SALDANHA, L.B. et al. - Nephrotic syndrome associated with hepatointestinal schistosomiasis. Rev. Inst. Med. Trop. S. Paulo, 34: 273-76, 1992 BARSOUM, R.S. - Schistosomal glomerulopathies. Kidney Int., 44: 112, 1993 DE BRITO, T.; NUSSENZVEIG, I.; CARNEIRO, C.R.W. et al. Glomerular detection of schistosomal antigen by immunoelectron microscopy in human mansonian schistosomiasis. Int. J. Surg. Path 7(4):217-225,1999 MARTINELLI R, NOBLAT AC, BRITO E, ROCHA H. Kidney Int., 35: 1227-33, 1989 NUSSENZVEIG et al Human Schistosoma mansoni-associated glomerulopathy in Brazil. Nephrol Dial Transplant. 17:4-7, 2002