MITO - Liceu Albert Sabin

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CURSO DE FILOSOFIA
MITO E FILOSOFIA
Prof. Eduardo Valladares
abril de 2010
FILOSOFIA
PALAVRA DE ORIGEM GREGA
Philo – aquele ou aquela que tem um
sentimento amigável
Sophia – sabedoria
FILOSOFIA – AMIZADE PELA SABEDORIA OU
AMOR E RESPEITO PELO SABER
O pensamento filosófico, antes
de tudo, é fruto de uma
necessidade: a de conhecer e de
compreender a realidade em
seus múltiplos aspectos
ATITUDE FILOSÓFICA: INDAGAR
 O que é?
Como é?
Por que é?
(uma coisa, um valor, uma idéia, um
comportamento)
AS INDAGAÇÕES FILOSÓFICAS
SÃO REALIZADAS DE MODO
SISTEMÁTICO
SISTEMA (origem grega) –
significa um todo cuja as
partes estão ligadas por
relações de concordância
interna
ORIGEM DO PENSAMENTO
FILOSÓFICO
“THAUMA” –
(ESPANTO, ADMIRAÇÃO,
PERPLEXIDADE)
PARA PLATÃO E ARISTÓTELES
Platão, Teeteto, 155 c 8
Teeteto – E, pelos deuses, Sócrates, meu
espanto e inimaginável ao indagar-me o que
isso significa; e, às vezes, ao contemplar
essas coisas, verdadeiramente sinto vertigem.
Sócrates – Teodoro, meu caro, parece que não
julgou mal tua natureza. É absolutamente de
um filósofo esse sentimento: espantar-se. A
filosofia não tem outra origem ...
Aristóteles, Metafísica, A 982b
Com efeito, foi pela admiração (thauma) que os homens
começaram a filosofar tanto no princípio como agora;
perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias,
avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a
respeito das maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol
e das estrelas, assim como a gênese do universo. E o
homem que é tomado de perplexidade e admiração
julga-se ignorante (por isso o amigo dos mitos
(filómito) é de um certo modo filósofo, pois também o
mito é tecido de maravilhas); portanto, como
filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que
buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma
finalidade utilitária.
NOSCE TE IPSUM
CONHECETE-TE A TI MESMO
CONHECE-TE A TI MESMO
 Antes de tentar resolver os enigmas
do mundo externo será mais
proveitoso que comece
compreendendo-se a si mesmo
 Questões levantadas na Antiguidade
grega clássica podem ser tão ou mais
instigantes do que uma obra lançada
em tempos recentes
São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005 Piratas do Tietê Laerte
DÚVIDA
ponto de partida para uma reflexão
profunda, tentando chegar às
raízes dos problemas que se quer
enfrentar.
A FILOSOFIA NÃO É DOGMÁTICA:
TUDO PODE SER QUESTIONADO
DÚVIDA FILOSÓFICA
Consiste na supressão dos
conhecimentos e elaborações já
produzidos pela própria Filosofia.
Não aceitar uma explicação
anterior e submetê-la ao rigor da
dúvida estimula a criticidade.
DISTINÇÃO
EPISTEME – saber, conhecimento
DOXA - opinião
A FILOSOFIA NÃO É










Eu acho que
Eu gosto de
Pesquisa de opinião ou de mercado
Ciência
Religião
Arte
Política
História
Sociologia
Psicologia
A ATIVIDADE FILOSÓFICA
ANÁLISE
REFLEXÃO
CRÍTICA
ANÁLISE - (das condições e princípios
do saber e da ação)
REFLEXÃO – (volta do pensamento
sobre si mesmo para conhecer-se como
capacidade para o conhecimento, a
linguagem, o sentimento e a ação)
A reflexão filosófica é radical (vai à raiz
do pensamento)
CRÍTICA – (avaliação racional para
discernir entre verdade e a ilusão, a
liberdade e a servidão, investigando as
causas e condições das ilusões e dos
enganos das teorias e práticas
científicas, políticas e artísticas, dos
preconceitos religiosos e sociais, da
presença e difusão de formas irracionais
contrárias ao exercício do pensamento,
da linguagem e da liberdade)
PARA QUE SERVE A FILOSOFIA?
QUAL É A SUA UTILIDADE?
VIVEMOS NUMA CIVILIZAÇÃO NA
QUAL O CONHECIMENTO É
PRODUZIDO DE MODO A PRIVILEGIAR
SUA UTILIZAÇÃO
São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005 Piratas do Tietê Laerte
ATITUDE FILOSÓFICA
O que é útil?
Para que e para quem é útil?
O que é inútil?
Para que e para quem algo é
inútil?
O QUE É O TEMPO?
O nosso padrão de medida do tempo, que
desde a antiguidade tinha como referência o
movimento de rotação da Terra (1 segundo =
1/86.400 de um dia), passou, com o advento
dos relógios atômicos em meados do século
passado, a ser referenciado no mundo submicroscópico regido pelas leis quânticas. Em
1967 o segundo foi redefinido como sendo
igual a 9.192.631.770 períodos da radiação
emitida ou absorvida na transição entre dois
níveis hiperfinos do átomo de Césio-133.
Tempo: Esse velho estranho conhecido,
André Ferrer P. Martins e João Zanetic
“ A experiência, a possibilidade de que algo nos
aconteça ou nos toque, requer um gesto de
interrupção, um gesto que é quase impossível nos
tempos que correm; requer parar para pensar, parar
para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar,
olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para
sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes,
suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a
vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a
atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos,
falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão,
escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar
muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.”
Notas sobre a experiência e o saber da
experiência, Jorge Larossa.
"A cultura diminui a cada
dia porque a pressa
torna-se maior."
Friedrich Nietzsche
"O leitor de quem espero algo (...) deve ser
calmo e ler sem pressa. (...) Tal homem ainda
não desaprendeu a pensar enquanto lê,
compreende ainda o segredo de ler entrelinhas,
tem mesmo o caráter tão esbanjador que
medita ainda sobre o que leu, mesmo muito
tempo depois de não ter mais o livro entre as
mãos. E não para escrever uma resenha ou
outro livro, mas apenas e somente isso – para
meditar! Condenável esbanjador!"
Nietzsche, F.
BRUNI, José Carlos. O tempo da cultura em
Nietzsche. Cienc. Cult., out./dez. 2002, vol.54, no.2,
p.33-35. ISSN 0009-6725.
"É certo que, a praticar desse modo a
leitura como arte, faz-se preciso algo
que precisamente em nossos dias está
bem esquecido (...) e para o qual é
imprescindível ser quase uma vaca e
não um 'homem moderno': o
ruminar..."
BRUNI, José Carlos. O tempo da cultura em Nietzsche.
Cienc. Cult., out./dez. 2002, vol.54, no.2, p.33-35. ISSN
0009-6725.
RELÓGIO
As coisas são
As coisas vêm
As coisas vão
Vão e vêm
Não em vão
As horas
Vão e vêm
Não em vão
Cântico dos cânticos para
flauta e violão, Oswald de Andrade.
O QUE É UM MITO?
MITO – DO GREGO MYTHOS
 Verbo
MYTHEYO (contar,
narrar, falar alguma coisa aos
outros)
 Verbo
MYTHEO (conversar,
contar, anunciar, nomear)
O QUE É UM MITO?
Um mito é uma narrativa sobre a
origem de alguma coisa.
 O mito é uma história religiosa
revelada com autoridade supostamente
indiscutível.
 O mito não é algo que ocorreu apenas
entre os povos primitivos nos
primórdios da nossa civilização, nem
apenas entre os gregos da
Antiguidade.

O QUE É UM MITO?

O mito ainda faz parte da
nossa vida cotidiana, como
uma das formas do existir
humano.
O
mito é o ponto de partida
para a compreensão do ser.
QUAL É A FUNÇÃO DO MITO?

A função do mito não é,
primordialmente, explicar a
realidade, mas acomodar e
tranqüilizar o homem em um
mundo assustador

fixar modelos exemplares de todos
os ritos e de todas as atividades
humanas significativas
COSMOGONIA
Narrativa sobre o nascimento e a
organização do mundo a partir de
forças geradoras (pai e mãe)
divinas.
Cosmos –
Gonia
ordem e organização do mundo
– geração, nascimento a partir da
concepção sexual e do parto
TEOGONIA
A narrativa da origem dos
próprios deuses a partir de seus
pais e antepassados
THEOS
deuses
– coisas divinas, seres divinos,
COSMOLOGIA
Explicação da ordem do mundo, do
universo, pela determinação de um
princípio originário e racional que é a
origem e a causa das coisas e de sua
ordenação.
LOGIA –
da mesma família de lógos (razão,
pensamento, explicação, linguagem)
Forma inicial da filosofia nascente
PERGUNTA
A filosofia é o advento da razão
inteiramente liberada do mito e
da religião ou é continuação
(racionalizada e laica) das
formulações mítico-religiosas?
A filosofia nasce com a
racionalização e laicização
da narrativa mítica,
superando-a e deixando-a
como passado poético e
imaginário
DIFERENÇAS ENTRE MITO E FILOSOFIA

MITO – pretendia narrar as coisas
como eram ou tinham sido no passado
imemorial, longínquo e fabuloso.

FILOSOFIA – se preocupava em
explicar como e por que, no passado,
no presente e no futuro, as coisas são
como são
DIFERENÇAS ENTRE MITO E FILOSOFIA

MITO – narrava a origem por meio de
genealogias e rivalidades entre forças
divinas sobrenaturais e personalizadas.

FILOSOFIA – explicava a produção
natural das coisas por meio de
elementos naturais (água, fogo, frio,
terra) primordiais, por meio de causas
naturais e impessoais.
DIFERENÇAS ENTRE MITO E FILOSOFIA

MITO – não se importava com
contradições e o incompreensível. A
confiança e a crença no mito vinham da
autoridade religiosa do narrador.

FILOSOFIA – não admite contradições,
fabulação e coisas incompreensíveis.
Exige que a explicação seja coerente,
lógica e racional.
A autoridade da explicação não vem da
pessoa do filósofo, mas da razão.
Tormento de Prometeus
– Peter Paul Rubens
Mito de Sísifo
Os deuses tinham condenado
Sísifo a rolar um rochedo
incessantemente até o cimo de
uma montanha, de onde a pedra
caía de novo por seu próprio
peso. Eles tinham pensado, com
as suas razões, que não existe
punição mais terrível do que o
trabalho inútil e sem esperança.
O Mito de Sísifo – Albert Camus
Mito de Sísifo –
Julio Saens
Sísifo -
Luciano Fabro
O nascimento da
Filosofia – início do século VI a.C
 Filiação Oriental da Filosofia (entre os séculos II e III
d.C)
 O milagre grego (sobretudo no século XIX)
 Nem Oriental, nem milagre (século XX)
SURGIMENTO DA FILOSOFIA
QUANDO OS SERES HUMANOS
COMEÇARAM A EXIGIR PROVAS
E JUSTIFICAÇÕES RACIONAIS
QUE VALIDEM OU INVALIDEM
AS CRENÇAS COTIDIANAS
Traços que definem a atividade
filosófica na época de seu nascimento

Tendência à racionalidade.

Recusa de explicações preestabelecidas.

Tendência à argumentação e ao debate
para oferecer respostas conclusivas para
questões, dificuldades e problemas de
maneira que nenhuma solução seja
aceita se houver sido demonstrada, isto é
provada racionalmente.
Traços que definem a atividade
filosófica na época de seu nascimento
 Capacidade
de generalização.
(síntese – reunião ou fusão de várias coisas numa
união íntima para formar um todo).
 Capacidade
de diferenciação.
(análise – ação de desligar e separar, resolução de
um todo em suas partes)
Condições históricas para
o surgimento da Filosofia
1.
2.
3.
4.
5.
6.
As viagens marítimas
A invenção do calendário
A invenção da moeda
Surgimento da vida urbana
A invenção da escrita
alfabética
A invenção da política
A invenção da política
A idéia da lei como expressão da
vontade de uma coletividade
humana
2. O surgimento de um espaço
público
3. A política estimula um
pensamento e um discurso que
procuram ser públicos, ensinados
e transmitidos, comunicados e
discutidos.
1.
O compromisso primeiro e
fundamental da filosofia é a
busca da verdade
Alétheia – O não-esquecimento ou lembrança
do que foi contemplado e ouvido é a verdade
Colonização grega
Colonização grega
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