CONTABILIDADE – EAD MÓDULO I 1. INTRODUÇÃO 1.1. UM BREVE HISTÓRICO: A partir do momento em que o homem se sociabilizou e criou a dimensão de posse dentro desta sociedade, desenvolveu-se naturalmente a necessidade de controle através do registro dos fatos pertinentes a estas posses. Existem registros em cavernas, em papiros e tabuletas de argila, alguns realizados há mais de oito mil anos, conforme comenta Anete Costa em seu artigo: Historicidade da Ciência Contábil1 (1985). A contabilidade tem sua evolução intrinsecamente ligada ao desenvolvimento das relações sociais e econômicas da sociedade. Sendo assim, de acordo com D’Auria2, a evolução da contabilidade se divide em seis fases: CONTABILIDADE PRIMITIVA (Idade Antiga); PERÍODO ESTACIONÁRIO (Idade Média); PRIMEIRA SISTEMATIZAÇÃO (Século XV); PERÍODO DE CONSOLIDAÇÃO (Século XVI a XVIII); FASE CIENTÍFICA (Século XIX); ATUALIDADE (A partir do Século XX). A Contabilidade tem uma evolução demasiadamente lenta durante as suas três primeiras fases, o que não é de se estranhar devido ao fato de que a sociedade em si também não teve grandes revoluções em sua forma de negociar e produzir bens. Em 1494, com a publicação do Frei Luca Pacioli, “Tractatus de Computis et scripturis “, que tratava do método das partidas dobradas, forma utilizada até os dias atuais, a contabilidade deixa a fase da primeira sistematização e passa a viver uma nova fase marcada pela consolidação e pelo estudo científico. A Escola Européia tem seu desenvolvimento e ascensão até 1840. A partir de 1891, através do desenvolvimento da Teoria Materialística por Fábio Besta, surge a Era do controle, que define a contabilidade como a ciência do controle econômico. No século XX, a partir dos anos vinte, inicia-se a ascensão da Escola Americana de Contabilidade, expansão decorrente da presença de empresas americanas em vários países. 1. FERREIRA, Anete C. Costa, Historicidade da Ciência Contábil. In: RBC, no 55, 1985. 2. D’AURIA, Prof. Francisco, Primeiros Princípios de Contabilidade Pura (1959). 2. DEFINIÇÃO: A contabilidade ao longo dos anos vem sendo definida como: “Uma ciência matemático-social, cujo campo de aplicação é o patrimônio; tem como meios os dados quantitativos e qualitativos de gestão; os seus instrumentos são o cálculo e os registros; as suas funções são de observação, análise, coordenação, síntese e exposição; os seus fins são controlar, informar e orientar a administração patrimonial”. D’Auria3 (1929) “A ciência – ou segundo alguns, a técnica – destinada a estudar e controlar o patrimônio das entidades, do ponto de vista econômico e financeiro, observando seus aspectos quantitativo e qualitativo e as variações por ele sofridas, com o objetivo de fornecer informações sobre o estado patrimonial e suas variações em determinado período.” FRANCO e MARRA4 (1989); “O processo de identificar, medir e comunicar informações econômicas para permitir julgamento e decisões pelos usuários das informações” Anthony et al5(1999) “Um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização.” FIPECAFI6 (2000). 3. D’AURIA, Prof. Francisco, tese “Tendências Positivas da Contabilidade” apresentada ao VI Congresso Internacional de Contabilidade em 1929. 4. FRANCO, Hilário & MARRA, Ernesto. Auditoria Contábil. 1ª. Edição, 3ª. Tiragem. Editora Atlas. São Paulo – SP. 1989. 5. ANTHONY, R.N. et al. Accounting: text and cases., EUA, McGraw-Hill, 1999. 6. FIPECAFI. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações (Aplicável às Demais Sociedades), 5ª. Edição. Editora Atlas. São Paulo – SP. 2000 A partir dessas definições poderíamos dizer que: A Contabilidade é uma ciência factual que tem como objeto o estudo do patrimônio a partir da utilização de métodos próprios para a coleta, registro, acumulação, resumo e análise de todos os fatos que afetam o objeto. O que é uma ciência factual? Segundo Ander-Egg7, “A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza”. BELLINTANI, Hélio Alberto, PALLIELO JR., Lílio Alonso, PORTELA FILHO, Paulo. Quadro extraído do material didático da coleção de textos de apoio à série de programas Sala de Professor: Os Segredos do Antigo Egito. BELLINTANI, Hélio Alberto, PALLIELO JR., Lílio Alonso, PORTELA FILHO, Paulo. Quadro extraído do material didático da coleção de textos de apoio à série de programas Sala de Professor: Os Segredos do Antigo Egito. 7. ANDER-EGG, Ezequiel, Introdução às técnicas de investigação social (1978, p. 15). De acordo com o Bellintani et al.8, a Ciência Factual é uma ciência racional, objetiva, transcendente aos fatos, analítica, clara e precisa, comunicável, verificável, dependente de investigação metódica, sistemática, acumulativa, falível, geral, explicativa, preditiva, aberta e útil. Sendo assim, podemos afirmar que: Contabilidade =========== Ciência Factual. Objeto de Estudo ======== O patrimônio das entidades. Campo de Aplicação ===== As Aziendas*. Finalidade ============= Controle e Planejamento para a tomada de decisões. *Azienda: De acordo com o dicionário Houaiss: “Entidade considerada distintamente de seu proprietário, constituindo em si um patrimônio autônomo, sem dependência do patrimônio individual dos sócios que a compõem.” A diferença de azienda para empresa é que a primeira tem o sentido bem mais abrangente, pois engloba tanto as entidades com fins econômicos como a de fins sociais. 3. ÁREA DE ATUAÇÃO: A Contabilidade como ciência voltada ao usuário também desenvolveu sua área de atuação e sua forma de demonstração das variações do patrimônio das aziendas a partir da demanda dos interessados nesta informação. Por exemplo, em um cenário inicial os registros contábeis e as demonstrações eram estritamente voltados para o proprietário desta entidade. Atualmente com o alto grau de interação econômica e social vivenciada pelas empresas seria inviável para a contabilidade como ferramenta de controle e informação a sua existência caso se resignasse a gerar informações apenas para os proprietários da empresa. Os quadros a seguir refletem o crescimento do grau de exigência da informação contábil baseado no crescimento da demanda: 8.BELLINTANI, Hélio Alberto, PALLIELO JR., Lílio Alonso, PORTELA FILHO, Paulo. Texto extraído do material didático da coleção de textos de apoio à série de programas Sala de Professor: Os Segredos do Antigo Egito.”http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/fichas/l2_sala_ ossegredosdoantigoegito.pdf”. Conforme demonstrado, o número de usuários da informação de uma entidade cresceu consideravelmente ao longo dos anos. Atualmente, temos que apresentar a situação da empresa para o Fisco, os investidores, as instituições financeiras, os clientes e fornecedores, ONGs, comunidade etc. Para cada tipo de usuário é possível que se tenha um tipo específico de relatório, por exemplo, para atender ao fisco, apresenta-se as Demonstrações Contábeis voltadas às regras fiscais pertinentes. Já a demanda da Diretoria Executiva será atendida por Demonstrações Gerenciais. Quanto às ONGs e a comunidade se faz necessário um Balanço Social demonstrando o grau de participação da empresa na criação de riqueza no meio a qual está inserida. Tudo isso utilizando a mesma base de informações. Em resumo, todos os tipos de entidade que necessitem de uma estrutura organizacional e consuma bens patrimoniais para alcançar seu objetivo utilizam a contabilidade como instrumento de controle e de mensuração de seus resultados. 4. PATRIMÔNIO: A Contabilidade, como toda ciência, tem seus conceitos, seus princípios gerais e sua metodologia centrados em seu objeto, que neste caso é o PATRIMÔNIO de uma entidade e suas variações em seus aspectos qualitativos e quantitativos. A Contabilidade entende por Patrimônio: O CONJUNTO DE BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES DE UMA PESSOA FÍSICA, DE PESSOAS JURÍDICAS OU DE UMA ENTIDADE. Podemos conceituar BEM como: tudo que esteja suscetível de avaliação econômica e que satisfaça uma necessidade ou atenda a uma demanda. CAIXA; BANCOS; APLICAÇÕES; ESTOQUES; IMÓVEIS; VEÍCULOS; FERRAMENTAS; MÓVEIS E UTENSÍLIOS; SERMOVENTES; MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS; SOFTWARES; COMPUTADORES E PERIFÉRICOS ETC. DIREITOS - Todos os Valores a Receber de Terceiros. DUPLICATAS A RECEBER; NOTAS PROMISSÓRIAS A RECEBER; COMISSÕES A RECEBER; ALUGUÉIS A RECEBER; DIREITOS DE USO DE LINHA TELEFÔNICAS; DIREITOS DE EXPLORAÇÃO DE MINAS; DIREITOS DE EXPLORAÇÃO DE FLORESTAS; AÇÕES ETC. OBRIGAÇÕES - Todos os Valores a Pagar a Terceiros. DUPLICATAS A PAGAR OU FORNECEDORES; COMISSÕES A PAGAR; SALARIOS A PAGAR; ALUGUÉIS A PAGAR; PROLABORE A PAGAR; IMPOSTOS A PAGAR; EMPRÉSTIMOS A PAGAR; DIVIDENDOS A PAGAR; DEBÊNTURES A PAGAR ETC. Quando falamos em aspecto qualitativo nos referimos a identificação dos elementos patrimoniais por sua natureza, por exemplo, caixa (numerários), Banco Conta Movimento (as operações de depósito e retirada bancária), Créditos a Receber (Títulos gerados por vendas a prazo), Estoque etc. Através dessa discriminação é possível entender a real composição patrimonial da entidade. Já no aspecto quantitativo o foco não é a natureza dos elementos e sim sua representação de valor perante o patrimônio. Conforme pode ser visto nos exemplos abaixo, temos duas empresas fictícias onde os valores patrimoniais são iguais, mas a forma de apresentação é diferente. Exemplo 1: Balanço Patrimonial em 31/08/2006 Empresa Confusion Ltda Ativo Passivo 65.000,00 30.000,00 Patrimônio Líquido 35.000,00 Total 65.000,00 Total 65.000,00 Exemplo 2: Empresa Clean Ltda. Balanço Patrimonial em 31/08/2006 Ativo Passivo Caixa 2.500,00 Fornecedores 10.000,00 Banco C/Movto. Aplic.Financ. Dupl.a Receber Estoque Veículos Móveis e Utens. Total 5.000,00 5.500,00 4.000,00 8.000,00 30.000,00 10.000,00 65.000,00 Salários a Pagar 6.000,00 Impostos a Rec. 4.000,00 Financ.a Pagar 10.000,00 Patrimônio Líquido Capital Social 30.000,00 Lucros Acumul. 5.000,00 Total 65.000,00 Na Empresa Confusion Ltda. sabe-se que o Ativo é maior que o Passivo e nenhuma outra informação adicional. É provável que esta demonstração não atenda nem à necessidade do usuário interno de informações para tomada de decisão, que dirá dos usuários externos. Já a segunda demonstração identifica qualitativa e quantitativamente os elementos que compõem o Patrimônio da Empresa Clean Ltda. trazendo aos usuários uma visão detalhada de sua constituição. Chamamos de PATRIMÔNIO BRUTO o somatório dos Bens, Direitos e Obrigações de uma entidade. Ao conjunto de Bens e Direitos denominamos de ATIVO. As Obrigações para com Terceiros são chamadas de PASSIVO. Sendo assim, vejamos agora a seguintes equação: PATRIMÔNIO BRUTO = BENS + DIREITOS + OBRIGAÇÕES ATIVO PASSIVO PATRIMÔNIO BRUTO (PB) = ATIVO (A) + PASSIVO (P) A SITUAÇÃO PATRIMONIAL LÍQUIDA é a diferença entre o Ativo e o Passivo de uma entidade, então: SITUAÇÃO PATRIMONIAL LÍQUIDA (SPL) = ATIVO (A) - PASSIVO (P) SPL = A - P EQUAÇÃO PATRIMONIAL: A = P + SPL Neste caso, após esta explicação, fica fácil entender o motivo pelo qual o Ativo sempre se encontra de um lado da representação gráfica do patrimônio e o Passivo e a Situação Patrimonial Líquida do outro. É a representação do equilíbrio patrimonial. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO 1.1.1.1 ATIVO PATRIMÔNIO PASSIVO BENS E OBRIGAÇÕES DIREITOS SITUAÇÃO PATRIMONIAL LÍQUIDA (SPL) SITUAÇÕES PATRIMONIAIS: Utilizando o exemplo da Empresa Clean Ltda., observamos que nesta Demonstração o total do Ativo (Bens e Direitos) é de R$ 65.000,00 e o total do Passivo (Obrigações) é de R$ 30.000,00. Neste caso, dizemos que a empresa tem SITUAÇÃO PATRIMONIAL POSITIVA OU SUPERAVITÁRIA. Empresa Clean Ltda. Balanço Patrimonial em 31/08/2006 Ativo Passivo Caixa 2.500,00 Fornecedores 10.000,00 Banco C/Movto. 5.000,00 Salários a Pagar 6.000,00 Aplic.Financ. 5.500,00 Impostos a Rec. 4.000,00 Dupl.a Receber 4.000,00 Financ.a Pagar 10.000,00 Estoque 8.000,00 Patrimônio Líquido Veículos 30.000,00 Capital Social 30.000,00 Móveis e Utens. 10.000,00 Lucros Acumul. 5.000,00 Total 65.000,00 Total 65.000,00 A > P=>SPL POSITIVA OU SUPERAVITÁRIA Agora, vamos supor que todo o recurso empregado nesta empresa fosse oriundo de terceiros, como seriam sua representação gráfica e a Situação Patrimonial Líquida? Empresa Clean Ltda. Balanço Patrimonial em 31/08/2006 Ativo Caixa Banco C/Movto. Aplic.Financ. Dupl.a Receber Estoque Veículos Móveis e Utens. Total 2.500,00 5.000,00 5.500,00 4.000,00 8.000,00 30.000,00 10.000,00 65.000,00 Passivo Fornecedores 15.000,00 Salários a Pagar 6.000,00 Impostos a Rec. 4.000,00 Financ.a Pagar 40.000,00 Total 65.000,00 A = P => SPL NULA Como todo financiamento do capital aplicado foi oriundo de terceiros, isto quer dizer que o total do Ativo é igual ao do Passivo. Como ambos são iguais a SITUAÇÃO PATRIMONIAL é NULA. Hipoteticamente, se o Ativo da empresa fosse menor que o Passivo então teríamos uma SITUAÇÃO PATRIMONIAL NEGATIVA também chamado de PASSIVO A DESCOBERTO. Empresa Clean Ltda. Balanço Patrimonial em 31/08/2006 Ativo Caixa Banco C/Movto. Dupl.a Receber Estoque Veículos Móveis e Utens. Total 2.000,00 5.000,00 4.000,00 4.000,00 20.000,00 5.000,00 40.000,00 Passivo Fornecedores Salários a Pagar Impostos a Rec. Financ.a Pagar 10.000,00 6.000,00 4.000,00 30.000,00 Patrim. Líquido Total (10.000,00) 40.000,00 A < P => SPL NEGATIVA, DEFICITÁRIA OU PASSIVO A DESCOBERTO ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS: Observando o Balanço Patrimonial abaixo podemos desafiar a equação patrimonial com a seguinte pergunta: E se o Total do Ativo não coincidir com o Total do Passivo? Empresa Clean Ltda. Balanço Patrimonial em 31/08/2006 Ativo Passivo Caixa 2.500,00 Fornecedores 10.000,00 Banco C/Movto. 5.000,00 Salários a Pagar 6.000,00 Aplic.Financ. 5.500,00 Impostos a Rec. 4.000,00 Dupl.a Receber 4.000,00 Financ.a Pagar 10.000,00 Estoque 8.000,00 Patrimônio Líquido Veículos 30.000,00 Capital Social 30.000,00 Móveis e Utens. 10.000,00 Lucros Acumul. 5.000,00 Total 65.000,00 Total 65.000,00 Bom, isso não seria possível pelo simples fato: O Ativo representa o demonstrativo das aplicações de recursos dos sócios e de terceiros. Como explicar melhor esse conceito? Vejamos: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO APLICAÇÃO DE RECURSOS ORIGEM DOS RECURSOS: RECURSOS DE TERCEIROS RECURSOS PRÓPRIOS Quando observamos o Passivo de uma empresa obtemos a resposta para a seguinte pergunta: De onde vieram os valores para que esta empresa tenha recursos no caixa, bancos, em aplicações financeiras, em veículos, etc.? Os valores de origem dos recursos aplicados vieram dos seguintes recursos: RECURSOS DE TERCEIROS que correspondem às obrigações adquiridos através de dívidas geradas pelo giro operacional ou de financiamentos: As Duplicatas a pagar, que corresponde ao crédito fornecido pelo fornecedor para a entrega de determinado produto em troca de futuro pagamento desta transação comercial; As Obrigações Fiscais, Sociais e Trabalhistas; Os Empréstimos de instituições bancárias. RECURSOS PRÓPRIOS que correspondem aos recursos dos sócios ou acionistas investidos na empresa ou crescimento do Patrimônio Líquido através do lucro obtido. Desta forma, não é difícil de concluir que o ATIVO passa a ser a resposta para a seguinte pergunta: Aonde foram aplicados os recursos dos sócios e de terceiros? O ATIVO representa o destino dos recursos investidos nesta empresa. Esta coluna demonstra claramente aonde foram aplicados os referidos recursos. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO APLICAÇÃO DE RECURSOS ORIGEM DOS RECURSOS: RECURSOS DE TERCEIROS RECURSOS PRÓPRIOS Todas as contas de aplicação são de natureza DEVEDORA (com poucas exceções) pela sua representação de responsabilidade para com a origem dos recursos; Todas as contas de origem são de natureza CREDORA por representarem os titulares dos recursos aplicados. Conclusão: Não é possível que o total do ativo não seja igual ao do passivo pois eles são simplesmente causa e conseqüência, as duas faces da mesma moeda. MÓDULO II PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE INTRODUÇÃO Este módulo tem como objetivo esclarecer ao aluno sobre os princípios que fundamentam a contabilidade no Brasil, dando uma clara visão de sua importância como base para a padronização contábil, permitindo assim, maior transparência e clareza na análise das informações contábeis por parte de seus usuários. Alguns autores não trazem este assunto no início de seus trabalhos, mas acreditamos que para se entender o que se faz , é importante compreender o porquê, a base conceitual que gerou uma determinada decisão de avaliação ou interpretação de um fato contábil. CONCEITO DE PRINCÍPIO DE UMA CIÊNCIA De acordo com o dicionário Houaiss, entre outros conceitos, princípio é: “lei de caráter geral com papel fundamental no desenvolvimento de uma teoria e da qual outras leis podem ser derivadas” (grifo nosso). A contabilidade, como ciência social factual, está sujeita as mudanças decorrentes das influências da realidade vigente e de outras ciências sociais que convivem no mesmo cenário (direito, economia, administração etc.). Sendo assim, os Princípios Fundamentais que regem a contabilidade têm a função de estrutura central, podemos chamar de “viga mestra” que irá apoiar todos os procedimentos contábeis. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE NO BRASIL No Brasil existem duas publicações que definem os princípios fundamentais de contabilidade. A primeira publicação refere-se ao estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras IPECAFI, o qual foi publicado pelo Instituto Brasileiro de Contadores – IBRACON, e aprovado e referendado pela COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS – CVM através da DELIBERAÇÃO CVM Nº 29, DE 05 DE FEVEREIRO DE 1986. Nesta publicação, a estrutura conceitual da contabilidade é dividida em três níveis hierárquicos. Os POSTULADOS AMBIENTAIS, os PRINCÍPIOS PROPRIAMENTE DITOS e as CONVENÇÕES ou restrições aos princípios. Os pesquisadores deixam bem claro que esta hierarquização tem como objetivo o melhor entendimento da evolução e do entrelaçamento dos conceitos e não apresentar maior ou menor grau de importância de seus efeitos sobre a prática contábil. A publicação define essa hierarquização fazendo uma analogia à filosofia onde: Os POSTULADOS AMBIENTAIS seriam como os AXIOMAS, que são premissas consideradas verdadeiras sem ter a necessidade de serem demonstradas. Os PRINCÍPIOS PROPRIAMENTE DITOS seriam como os TEOREMAS, que são uma resposta concreta a abstração dos axiomas, tendo sua evidencia suportado por demonstração. As CONVENÇÕES seriam como os COROLÁRIOS, que são verdades decorrentes de outras, isto é, uma verdade conseqüente de outra verdade. Então, de acordo com a publicação do IBRACON, temos a seguinte estrutura dos Princípios Fundamentais: POSTULADO DA ENTIDADE; POSTULADO DA CONTINUIDADE; PRINCÍPIO DO CUSTO COMO BASE DE VALOR; PRINCÍPIO DO DENOMINADOR COMUM MONETÁRIO; PRINCÍPIO DA REALIZAÇÃO DA RECEITA; PRINCÍPIO DO CONFRONTO DAS DESPESAS COM RECEITAS E COM OS PERÍODOS CONTÁBEIS; CONVENÇÃO DA OBJETIVIDADE; CONVENÇÃO DA MATERIALIDADE; CONVENÇÃO DO CONSERVADORISMO; CONVENÇÃO DA CONSISTÊNCIA. AS A outra publicação sobre o tema se encontra na Resolução CFC no. 750/93 e posteriormente complementada através de um apêndice na Resolução CFC no. 774/94, ambas do CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC (órgão criado pelo Decreto-lei 9.295 de 27/05/46 com a finalidade de habilitar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, definir as atribuições de Contador e de Técnico em Contabilidade, além de desenvolver e publicar Normas Técnicas e Pareceres sobre questões contábeis). Logo em seu primeiro artigo, o C.F.C. deixa bem claro que os Princípios Fundamentais de Contabilidade no Brasil devem ser os enunciados pela resolução 750/93 e que sua observância deve ser obrigatória pelos que exercem a profissão contábil. De acordo com o artigo 3º. da Res. C.F.C. 750/93, são Princípios Fundamentais de Contabilidade: Da ENTIDADE; Da CONTINUIDADE; Da OPORTUNIDADE; Do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; Da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; Da COMPETÊNCIA e Da PRUDÊNCIA. Aparentemente passa-se a impressão de discordância entre o C.F.C. e o IBRACON e CVM quanto a interpretação desses conceitos. O primeiro entende que todos são princípios e o segundo apresenta uma escala de hierarquização. O fato é que não existe realmente um conflito de conceitos, como veremos em seguida no quadro abaixo, apenas em alguns casos, uma necessidade de detalhamento de um determinado princípio. DELIBERAÇÃO CVM Nº 29, DE 05/02/86 RESOLUÇÃO C.F.C. 750/93 POSTULADO DA ENTIDADE PRINCÍPIO DA ENTIDADE POSTULADO DA CONTINUIDADE PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE PRINCÍPIO DO CUSTO COMO BASE DE PRINCÍPIO DO VALOR VALOR ORIGINAL REGISTRO PRINCÍPIO DO DENOMINADOR COMUM PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIO MONETÁRIA PRINCÍPIO DA REALIZAÇÃO DA RECEITA PRINCÍPIO DO CONFRONTO DAS PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA DESPESAS COM AS RECEITAS E COM OS PERÍODOS CONTÁBEIS CONVENÇÃO DO CONSERVADORISMO PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA CONVENÇÃO DA OBJETIVIDADE CONVENÇÃO DA MATERIALIDADE PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE CONVENÇÃO DA CONSISTÊNCIA A seguir, transcrevemos a RESOLUÇÃO CFC No. 750/93 por sua importância a contabilidade e por sua repercussão nas demonstrações contábeis brasileiras. PELO PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE 2003 Conselho Federal de Contabilidade RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, CONSIDERANDO que a evolução da última década na área da Ciência Contábil reclama a atualização substantiva e adjetiva dos Princípios Fundamentais de Contabilidade a que se refere a Resolução CFC nº 530/81. RESOLVE: CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS E DE SUA OBSERVÂNCIA Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE (P.F.C.) os enunciados por esta Resolução. § 1º A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). § 2º Na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade há situações concretas, a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. CAPÍTULO II DA CONCEITUAÇÃO, DA AMPLITUDE E DA ENUMERAÇÃO Art. 2º Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das Entidades. Art. 3º São Princípios Fundamentais de Contabilidade: I) o da ENTIDADE; II) o da CONTINUIDADE; III) o da OPORTUNIDADE; IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; VI) o da COMPETÊNCIA e VII) o da PRUDÊNCIA. SEÇÃO I O PRINCÍPIO DA ENTIDADE Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único. O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômicocontábil. SEÇÃO II O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE Art. 5º A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas. § 1º A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou previsível. § 2º A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado. SEÇÃO III O PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram. Parágrafo único. Como resultado da observância do Princípio da OPORTUNIDADE: I – desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência; II – o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos físicos e monetários; III – o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em um período de tempo determinado, base necessária para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão. SEÇÃO IV O PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE. Parágrafo único. Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta: I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes; II – uma vez integrado no patrimônio, o bem, direito ou obrigação não poderão ter alterados seus valores intrínsecos, admitindo-se, tão-somente, sua decomposição em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais; III – o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando da saída deste; IV – os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e mantém atualizado o valor de entrada; V – o uso da moeda do País na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui imperativo de homogeneização quantitativa dos mesmos. SEÇÃO V O PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA Art. 8º Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis através do ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. Parágrafo único. São resultantes da adoção do Princípio da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA: I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais (art. 7º), é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por conseqüência, o do patrimônio líquido; III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas, tão-somente, o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores, ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período. SEÇÃO VI O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. § 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE. § 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. § 3º As receitas consideram-se realizadas: I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados; II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; III – pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções. § 4º Consideram-se incorridas as despesas: I – quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro; II – pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; III – pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. SEÇÃO VII O PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA Art. 10 O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. § 1º O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de Contabilidade. § 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA. § 3º A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável. Art. 11 A inobservância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade constitui infração nas alíneas “c”, “d” e “e” do art. 27 do Decreto-Lei n.º 9.295, de 27 de maio de 1946 e, quando aplicável, ao Código de Ética Profissional do Contabilista. Art. 12 Revogada a Resolução CFC n.º 530/81, esta Resolução entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 1994. Brasília, 29 de dezembro de 1993. Contador IVAN CARLOS GATTI Presidente MÓDULO III ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS ATOS ADMINISTRATIVOS – São as ações que não causam mudanças no patrimônio da entidade. Os atos administrativos não são do interesse da contabilidade. Exemplo: Análise de currículo dos candidatos à vaga de assistente administrativo, elaboração de um ofício para ser enviado à SEFAZ, transferência de um diretor para um novo departamento etc.; FATOS ADMINISTRATIVOS – São as ações que causam mudanças no patrimônio da entidade, sejam de caráter qualitativo, quantitativo ou ambos os casos. Os fatos administrativos são também chamados de FATOS CONTÁBEIS por serem de interesse da contabilidade. Os FATOS ADMINISTRATIVOS OU CONTÁBEIS são classificados como: FATOS PERMUTATIVOS; FATOS MODIFICATIVOS; e FATOS MISTOS. FATOS PERMUTATIVOS – São os fatos contábeis que não alteram o valor do PL (PATRIMÕNIO LÍQUIDO), mesmo alterando o valor dos demais elementos patrimoniais. Exemplo: Compra de um veículo à vista (em dinheiro) no valor de R$ 17.000,00. Patrimônio antes do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 20.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 16.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital dos Sócios ou Social 1.1.1.2 9.000,00 45.000,00 Total do Ativo 54.000,00 Total do Passivo Patrimônio depois do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 3.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 16.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Móveis............... 8.000,00 Patrimônio Líquido Veículo.............. 17.000,00 Capital dos Sócios ou Social Total do Ativo 54.000,00 Total do Passivo 54.000,00 9.000,00 45.000,00 54.000,00 Observe que apesar das alterações nas contas Caixa e Veículo o total do Ativo não se alterou e nem a Situação Patrimonial Líquida (SPL), também conhecido como Patrimônio Líquido (PL), foi afetada. Contas Envolvidas 1o.) 2o.) 3o.) 4o.) 5o.) A+ P+ A+ APL + APP+ PPL - Observando o quadro acima identificamos a seguinte regra: 1º.) Fatos Permutativos com contas que possuem a mesma natureza terão suas variações inversamente proporcionais, não afetam o valor total das contas de sua natureza e nem a situação patrimonial líquida; 2º.) Fatos Permutativos com contas que possuem naturezas diferentes terão suas variações diretamente proporcionais, afetando o valor total das contas de sua natureza, mas não a situação patrimonial líquida; Exemplo do 1º. caso: Compra de mercadoria à vista (em dinheiro) no valor de R$ 3.000,00. Patrimônio antes do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 20.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 16.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Estoque............. 5.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital dos Sócios ou Social 50.000,00 Total do Ativo 59.000,00 1.1.1.3 59.000,00 Total do Passivo 9.000,00 Patrimônio depois do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 17.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 16.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Estoque............. 8.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital dos Sócios ou Social 50.000,00 Total do Ativo 59.000,00 1.1.1.4 59.000,00 Total do Passivo 9.000,00 Observe que as contas Caixa e Estoque foram alterados pela variação de R$ 3.000,00. Esta variação apenas afetou os saldos individuais destas contas. O total do ativo continuou o mesmo caracterizando assim, um exemplo de permuta ou variação qualitativa entre contas de mesma natureza. Exemplo do 2º. caso: Compra de mercadoria a prazo, no valor de R$ 2.000,00. Patrimônio antes do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 17.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 16.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Estoque............. 8.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital dos Sócios ou Social 50.000,00 Total do Ativo 59.000,00 1.1.1.5 59.000,00 Total do Passivo Patrimônio depois do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 17.000,00 Obrig. a pagar 16.000,00 Banco................. Dupls.a Receber 10.000,00 Estoque............. 10.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital dos Sócios ou Social 9.000,00 1.1.1.6 Total do Ativo 61.000,00 Total do Passivo 11.000,00 50.000,00 61.000,00 Já neste caso, as contas Estoque e Obrigações a Pagar possuem naturezas diferentes. Além de seus saldos individuais variarem, o total do Ativo e do Passivo também sofreram alterações diretamente proporcionais sem afetarem a Situação Patrimonial Líquida ou Patrimônio Líquido. FATOS MODIFICATIVOS – São os fatos contábeis que alteram o valor do PL (PATRIMÕNIO LÍQUIDO), causando aumento ou redução no Ativo ou no Passivo da Entidade. Exemplo: Remuneração dos Serviços Prestados ao cliente no valor de R$ 5.000,00, recebida em dinheiro. Patrimônio antes do fato contábil Ativo (B+D) Caixa.................. Passivo (Obrig.) 3.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 16.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Patrimônio Líquido 9.000,00 Móveis............... 8.000,00 Veículo.............. 17.000,00 Capital dos Sócios ou Social 45.000,00 Total do Ativo 54.000,00 Total do Passivo 54.000,00 Patrimônio depois do fato contábil Ativo (B+D) Caixa.................. Passivo (Obrig.) 8.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 16.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital dos Sócios ou Social Veículo.............. 17.000,00 +Receita Total do Ativo 59.000,00 Total do Passivo 9.000,00 45.000,00 5.000,00 59.000,00 Observe que com o crescimento do patrimônio líquido de R$ 5.000,00, temos também um crescimento de igual valor do Ativo (Caixa). Chamamos este fato de FATO MODIFICATIVO AUMENTATIVO. Exemplo: Pagamento de Despesa com Salário, dentro do mês de competência, no valor de R$ 7.000,00, através de cheques. Patrimônio antes do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 3.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 16.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Veículo.............. 17.000,00 Capital dos Sócios ou Social 45.000,00 Total do Ativo 54.000,00 54.000,00 Total do Passivo Patrimônio depois do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 3.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 9.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital dos Sócios ou Social 9.000,00 9.000,00 45.000,00 Veículo.............. Total do Ativo 17.000,00 47.000,00 (-) Despesa Total do Passivo (7.000,00) 47.000,00 Neste caso temos uma redução no patrimônio líquido de R$ 7.000,00, e conseqüentemente, uma redução de igual valor do Ativo (Banco). Chamamos este fato de FATO MODIFICATIVO DIMINUTIVO. FATOS MISTOS – São os fatos contábeis que possuem no mesmo evento fatos permutativos e modificativos. Exemplo: Resgate de Aplicação Financeira no valor de R$ 6.050,00. Patrimônio antes do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 3.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 3.000,00 Aplic.Financ.......... 6.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital dos Sócios ou Social Veículo.............. 17.000,00 Total do Ativo 47.000,00 Total do Passivo 9.000,00 38.000,00 47.000,00 Patrimônio depois do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 3.000,00 Obrig. a pagar 9.000,00 Banco................. 9.050,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital Social 38.000,00 + Receita Financ. Veículo.............. 17.000,00 50,00 Total do Ativo 47.050,00 Total do Passivo 47.050,00 Podemos identificar o fato permutativo no retorno da aplicação (resgate) para a conta-corrente no que diz respeito à parcela original aplicada. O valor agregado a esta parcela, os juros, correspondem a causa da variação na situação patrimonial líquida, sendo identificado como fato modificativo. Sendo assim, como estes dois fatos ocorrem ao mesmo tempo neste evento e devido ao fato da variação do PL ser positiva, chamamos este fato de MISTO AUMENTATIVO. Exemplo: Venda de um veículo adquirido por R$ 17.000,00 e vendido por R$ 16.000,00, com recebimento através de TED em nossa conta corrente. Patrimônio antes do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 3.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 9.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital dos Sócios ou Social Veículo.............. 17.000,00 Total do Ativo 47.000,00 Total do Passivo Patrimônio depois do fato contábil Ativo (B+D) Passivo (Obrig.) Caixa.................. 3.000,00 Obrig. a pagar Banco................. 25.000,00 Dupls.a Receber 10.000,00 Patrimônio Líquido Móveis............... 8.000,00 Capital Social - Prejuízo s/ venda de imobil. Total do Ativo 46.000,00 Total do Passivo 9.000,00 38.000,00 47.000,00 9.000,00 38.000,00 (1.000,00) 46.000,00 Neste caso, ao contrário da situação anterior, temos um FATO MISTO DIMINUTIVO porque identificamos um fato permutativo na transferência do bem veículo para outra pessoa, seja ela física ou jurídica, em troca do depósito na conta corrente da entidade. Ao mesmo tempo, temos um fato modificativo diminutivo que é a venda por um preço inferior ao da aquisição, causando uma variação na situação patrimonial líquida de R$ 1.000,00 a menor. MÓDULO IV ESCRITURAÇÃO As variações no patrimônio, sejam no aspecto qualitativo ou quantitativo, devem ser registradas formalmente através de um modelo racional e sistematizado. ESCRITURAÇÃO é uma técnica que se utiliza das PARTIDAS ou LANÇAMENTOS, que são os registros escritos, para controlar os elementos patrimoniais. ESCRITURAÇÃO - É uma técnica que se utiliza dos lançamentos para controlar os elementos patrimoniais. LANÇAMENTOS OU PARTIDAS - São os registros escritos dos fatos contábeis. ELEMENTOS ESSENCIAIS DOS LANÇAMENTOS: Local e data da ocorrência do fato; Contas a serem debitadas e creditadas; Histórico, com objetividade e clareza em sua narração; Valor do fato contábil. FÓRMULAS DE LANÇAMENTO: As fórmulas de lançamentos podem ser usadas quando os fatos contábeis envolverem três ou mais elementos patrimoniais. Existem quatro tipos de fórmulas, a saber: 1ª fórmula – uma conta no débito e uma no crédito. 2ª fórmula – uma só conta no débito e mais de uma no crédito. 3ª fórmula - existem mais de uma conta no débito e uma só no crédito. 4ª fórmula - mais de uma conta no débito e no crédito. ERROS NA ESCRITURAÇÃO DOS LANÇAMENTOS: Atualmente, com a automação da informação contábil devido ao avanço da informática, os erros como borrões, rasuras, escritos nas entrelinhas, saltos de linhas ou de páginas foram extintos. Os erros que tanto no passado, como atualmente merecem cuidados e as devidas retificações são: Erros de redação no histórico do lançamento; Erros de valores lançados a maior ou a menor; Troca de uma conta por outra; Inversão de contas; Omissão de lançamentos; Lançamentos em duplicidade. RETIFICAÇÕES DE LANÇAMENTO: Novamente, devemos ressaltar a importância da informatização como elemento facilitador das atividades contábeis. Antes existiam as seguintes formas de retificações: Retificação no próprio histórico, se referindo ao de erro de redação, quando este for identificado antes mesmo da finalização do lançamento; Estorno; Lançamento de retificação; Lançamento complementar; Ressalva por contabilista habilitado. Todas as formas citadas anteriormente são válidas, mas quando se usa uma versão de escrituração eletrônica encontramos os seguintes processos para retificação: Estorno, através de um lançamento inverso ao errado, identificando o número do lançamento no diário que se está retificando (pouco prático); Alteração do lançamento, fazendo as retificações necessárias e salvando no sistema a versão retificada; Exclusão do lançamento errado e a nova classificação contábil do lançamento. CONTA Devido a grande diversidade de naturezas que caracterizam os elementos que compõem e que alteram positivo ou negativamente o patrimônio, surgiu a necessidade de uma representação gráfica. A esta representação chamamos de CONTA. Cada elemento patrimonial ou de mutação é representado por uma conta que irá consolidar em seus saldos o somatório dos valores dos elementos de mesma natureza, facilitando ao usuário das informações contábeis uma melhor visão qualitativa e quantitativa do patrimônio da entidade. CONTA – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS ELEMENTOS PATRIMONIAIS (BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES) E OS DE MUTAÇÃO DO PATRIMÔNIO (RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS) DE UMA ENTIDADE. Nos quadros abaixo apresentamos algumas contas e os elementos a que essas representam: CONTA CAIXA BANCO CONTA MOVIMENTO APLICAÇÕES DE LIQUIDEZ IMEDIATA DUPLICATAS A RECEBER IMPOSTOS A RECUPERAR ESTOQUE REPRESENTAÇÃO DO ELEMENTO PATRIMONIAL ATIVO Todo dinheiro que se encontra em poder da empresa. Disponibilidade existente nas contas bancárias. Recursos disponíveis em conta de aplicação financeira. Representação dos créditos decorrentes das vendas a prazo. Valores referentes aos créditos tributários Representa todos os bens adquiridos ou produzidos com o intuito de venda ou uso próprio. Todos os pagtos. antecipados cujo usufruto do benefício ocorrerá ao longo de um exercício. Todas as participações em outras empresas e direitos que não estão classificados como circulante. Representa todos os bens destinados à manutenção das atividades da empresa. São despesas ativadas por participarem da formação de um resultado de mais de um exercício. DESPESAS ANTECIPADAS INVESTIMENTOS IMOBILIZADO DIFERIDO OBRIGAÇÕES FISCAIS REPRESENTAÇÃO DO ELEMENTO PATRIMONIAL PASSIVO Todas as obrigações provenientes de aquisições de bens e serviços c/ liquidação a prazo. Representa todos os valores a serem pagos de tributos s/ as receitas da empresa. OBRIGAÇÕES SOCIAIS E TRABALHISTAS EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS Todas as obrigações trabalhistas a pagar. Ex: Folha de pagamento, Férias, 13o. Salário etc. Representa os empréstimos e financiamentos a pagar a terceiros. CONTA FORNECEDORES CONTA CAPITAL SOCIAL LUCROS OU PREJUIZOS ACUMULADOS REPRESENTAÇÃO DO ELEMENTO PATRIMONIAL PATRIMÔNIO LÍQUIDO É o valor entregue pelos sócios para a criação da empresa. Representa o saldo remanescente dos lucros ou prejuízos da empresa. TEORIA DAS CONTAS O estudo da contabilidade gerou diversas escolas de pensamento e de teorias desta ciência. Uma das teorias de maior ênfase foi a TEORIA DAS CONTAS. Sobre este tópico destacam-se três teorias: TEORIA PERSONALISTA; TEORIA MATERIALÍSTA; TEORIA PATRIMONIALISTA. Na Teoria Personalista os elementos patrimoniais são representados por pessoas que interagem entre si através de relações jurídicas. Esta teoria tem, através de sua simbologia, a forma mais didática de explicar a um leigo no assunto a relação débito x crédito, quer dizer, o porquê se debita uma conta do Ativo quando esta recebe recursos. Por exemplo: Recebimento de dinheiro no Caixa referente venda à vista no valor de R$ 150,00. D – Caixa C – Receita de Venda ...............R$ 150,00 Ora, se o caixa está recebendo dinheiro como a entrada desta informação pode ser feita através de um registro de um débito na conta caixa? Tudo bem no caso da receita, mas o caixa? Tem algo errado neste registro. Não, não há nada de errado neste registro e através da Teoria Personalista será possível explicar este registro com uma didática de fácil entendimento. De acordo com essa teoria, todos os débitos nas contas representam a obrigação para com os titulares do Patrimônio, enquanto os créditos representam os direitos. Por exemplo: Integralização de Capital referente à participação do Sócio Omar Mota na sociedade Encrek Ltda., através do valor de R$ 30.000,00, em dinheiro. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO CAIXA............R$ 30.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO CAPITAL SOCIAL OMAR MOTA ...R$ 30.000,00 ATIVO CAIXA..............R$ 10.000,00 PASSIVO TOTAL R$ 30.000,00 TOTAL R$ 30.000,00 Quando o Sr. Omar Mota integraliza o valor de R$ 30.000,00 no capital da empresa Encrek Ltda, este valor passa a compor o patrimônio desta entidade. O referido valor foi destinado ao caixa. Então, vamos supor que a conta chamada OMAR MOTA, que é um detalhamento da conta Capital Social realmente fosse uma pessoa e que ela pegou os recursos e entregou ao CAIXA, este senhor acima de terno azul escuro e gravata vermelha. A primeira observação que devemos fazer é que, de acordo com a Teoria Personalista, o recurso não é da conta CAIXA, ele é de propriedade da conta OMAR MOTA o qual destinou o recurso ao primeiro que passou a ser o responsável pela guarda deste. Registrando da seguinte forma: D – Caixa C – Capital Social Omar Mota.......R$ 30.000,00 Ou em outras palavras, CAIXA DEVE A OMAR MOTA A QUANTIA DE R$ 30.000,00. Desta forma, todas as vezes que o caixa receber recursos de outra conta ele irá aumentar sua responsabilidade perante o real titular do patrimônio. E quando o recurso for destinado a outra conta através do caixa? Como por exemplo: O depósito bancário de R$ 20.000,00 em dinheiro através dos recursos do caixa? Como fica a relação jurídica dessas contas? Vamos ver no quadro a seguir: BALANÇO PATRIMONIAL BANCOS .........R$ 20.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO CAPITAL SOCIAL OMAR MOTA ...R$ 30.000,00 TOTAL R$ 30.000,00 TOTAL R$ 30.000,00 Observe que agora o caixa não deve mais a Omar Mota a quantia de R$ 30.000,00, e sim o valor de R$ 10.000,00. Já a conta Bancos assumiu uma responsabilidade no valor de R$ 20.000,00. A Teoria Personalista divide as contas em três grupos: CONTAS DOS PROPRIETÁRIOS – São as contas que demonstram a relação jurídica entre a entidade (azienda) e os sócios ou acionistas. São consideradas contas dos proprietários todas as contas que compõem o Patrimônio Líquido. AGENTES CONSIGNATÁRIOS – São as contas que representam as “pessoas” que têm a responsabilidade da guarda ou da transação dos bens da entidade. Exemplo: Caixa, Bancos, Estoque, Móveis, Veículos, etc. AGENTES CORRESPONDENTES – São as contas que representam as “pessoas” que mantêm relação jurídica com a entidade. Exemplo: Os Clientes (Duplicatas a Receber) e os Fornecedores (Duplicatas a Pagar). TEORIA MATERIALÍSTA A Teoria Materialista vai de encontro a Teoria Personalista quando declara que as contas não são apenas relações jurídicas de “pessoas”, com exceção das relações com terceiros, e sim representam valores materiais. A Teoria Materialista divide as contas em dois tipos: CONTAS INTEGRAIS – São as contas do Ativo e do Passivo. CONTAS DIFERENCIAIS – São as contas que compõem a Situação Patrimonial Líquida e as que causam sua variação. Exemplo: Receitas, Custos e Despesas. TEORIA PATRIMONIALISTA Pela Teoria Patrimonialista, as contas se dividem em dois tipos: as que compõem o Patrimônio, representando a estática patrimonial e as que o modificam, representando a dinâmica patrimonial. As contas que representam a estática patrimonial são chamadas de CONTAS PATRIMONIAIS. As contas que representam a dinâmica patrimonial são chamadas de CONTAS DE RESULTADO. Esta teoria foi criada por Vicenzo Mazi, o primeiro que definiu que o objeto da Contabilidade era o patrimônio. O atual pensamento contábil quanto à classificação das contas tem seus pilares na teoria patrimonialista. PLANO DE CONTAS De acordo com Marion1: “Plano de Conta é o agrupamento ordenado de todas as contas que são utilizadas pela contabilidade dentro de determinada empresa”. A partir desse conceito, podemos dizer que o Plano de Contas deve ter um caráter de especificidade quanto às características de cada empresa. Isto não significa dizer que não seja possível o uso de um modelo de plano de contas de uma empresa para outra do mesmo segmento, mas com certeza nenhuma empresa é igual a outra e consequentemente possuem algumas operações diferentes que irão requerer registros específicos para cada uma dessa. É importante que o Plano de Contas seja desenvolvido com o intuito de atender a todas as contas que representem os elementos patrimoniais atualmente movimentados e os que serão movimentados no futuro. Devido à sistematização da informação contábil graças ao alto desenvolvimento tecnológico, os planos de contas atualmente são codificados através de uma estrutura alfanumérica. Essa estrutura deve respeitar a mesma do Balanço Patrimonial (Contas Patrimoniais) e da Demonstração de Resultado do Exercício – D.R.E. (Contas de Resultado), ambas normatizadas pela Lei 6.404/76, e têm seu grau de detalhamento de acordo com a necessidade dos gestores. No exemplo abaixo, iremos descrever as características de parte de um plano de contas com grau de detalhamento de 6º. nível: 1.MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 8ª. Edição. São Paulo – SP. Atlas, 2006. Plano de Contas da Empresa Encrek Ltda. 1. Ativo..........................................................................(Conta Sintética) 1.1. Ativo Circulante................................................ (Conta Sintética) 1.1.1. Disponibilidades..................................... (Conta Sintética) 1.1.1.1. Caixa............................................. (Conta Sintética) 1.1.1.1.1. Caixa Geral.............................. (Conta Sintética) 1.1.1.1.1.1. Caixa Matriz.....................(Conta Analítica) 1.1.1.1.1.2. Caixa Filial 1................... (Conta Analítica) 1.1.1.1.1.3. Caixa Filial 2................... (Conta Analítica) 1.1.1.1.2. Fundo Fixo.............................. (Conta Sintética) 1.1.1.1.2.1. Fundo Fixo Matriz........... (Conta Analítica) 1.1.1.1.2.2. Fundo Fixo Filial 1 ......... (Conta Analítica) 1.1.1.1.2.3. Fundo Fixo Filial 2 ......... (Conta Analítica) 1.1.1.2. Bancos Conta Movimento........... (Conta Sintética) 1.1.1.2.1. Banco Itaú................................. (Conta Analítica) 1.1.1.2.2. Banco do Brasil......................... (Conta Analítica) 1.1.1.2.3. Bradesco................................... (Conta Analítica) 1.1.1.2.4. Santander................................. (Conta Analítica) 1.1.1.3. Aplicações Financeiras............... (Conta Sintética) 1.1.1.3.1. Banco Itaú................................. (Conta Analítica) 1.1.1.3.2. Banco do Brasil......................... (Conta Analítica) 1.1.1.3.3. Bradesco................................... (Conta Analítica) 1.1.1.3.4. Santander.................................. (Conta Analítica) No primeiro nível temos a conta Ativo. Nesta conta teremos o total de todos os bens e direitos do patrimônio da entidade. Todas as contas de nível inferior a este nível correspondem a um subnível desta ou a um detalhamento desta conta que é chamada de sintética por consolidar todos os saldos existentes nas contas de nível inferior. Vamos trabalhar com a seguinte hipótese: um determinado diretor precisa saber qual o valor do Capital Circulante da empresa, neste caso não há necessidade de detalhamento bastando apenas verificar no 2º.nível de informação. Mas supondo agora que o gerente financeiro necessita saber quanto tem em todos os caixas da empresa para fazer um remanejamento para a conta corrente de um determinado banco, qual o grau de detalhamento necessário? Neste caso o mais alto grau de detalhamento possível. No nosso caso, o 6º. nível de informação. DÉBITO, CRÉDITO E SALDO Antes de irmos direto ao conceito de débito, crédito e saldo temos a necessidade de relembrar o conceito de Conta de Aplicação e de Origem abordado no Módulo I. Todas as contas do ATIVO são de aplicação e têm natureza DEVEDORA (com poucas exceções) pela sua representação de responsabilidade para com a origem dos recursos. Todas as contas do PASSIVO são de origem e têm natureza CREDORA por representarem os titulares dos recursos aplicados. A partir dessa premissa, vamos observar que o ato de debitar e creditar em contas contábeis tem conceitos diferentes da visão financeira. VISÃO FINANCEIRA: CAIXA DATA HISTÓRICO 31/08/06 04/09/06 Venda à vista 05/09/06 Venda à vista 06/09/06 Pgto.Mat.consumo SALDO SALDO ANTERIOR DÉBITO CRÉDITO D/C R$ 3.000,00 C 3.000,00 300,00 C 3.300,00 400,00 C 3.700,00 100,00 C 3.600,00 Conforme podemos observar todos os recursos provenientes das vendas à vista foram lançados na coluna do crédito e a despesa referente à compra de material de consumo foi lançada no débito. Esta é a visão financeira (todo valor que entra é crédito e todo valor que sai é débito) que nos acompanha desde muito cedo e, neste caso, passa a ser um forte paradigma que nos atrapalha quando tentamos entender a visão contábil. VISÃO CONTÁBIL: EMPRESA ENCREK LTDA. CONTA: ATIVO CIRCULANTE SUBCONTA: CAIXA MATRIZ CÓDIGO: 1.1.1.1.1.1 MÊS/ANO: 09/2006 DATA HISTÓRICO 31/08/06 04/09/06 Venda à vista 05/09/06 Venda à vista 06/09/06 Pgto.Mat.consumo SALDO SALDO ANTERIOR DÉBITO CRÉDITO D/C R$ 3.000,00 D 3.000,00 300,00 D 3.300,00 400,00 D 3.700,00 100,00 D 3.600,00 Como podemos observar a movimentação da conta CAIXA na contabilidade é inversa ao Livro-Caixa da empresa. O CAIXA é uma conta do ATIVO que representa uma aplicação de recurso e, conseqüentemente, tem natureza devedora. O ATIVO é DEVEDOR, então todas as vezes que houver aumento do ativo o registro deste deve ser a DÉBITO. Em caso de redução deste o registro deve ser a CRÉDITO. As contas do PASSIVO EXIGÍVEL e do PATRIMÔNIO LÍQUIDO, como representam a ORIGEM DOS RECURSOS são de natureza credora. O PASSIVO EXIGÍVEL e o PATRIMÔNIO LÍQUIDO são CREDORES, então todas as vezes que houver aumento do Passivo ou do Patrimônio Líquido, o registro desses deve ser a CRÉDITO. Em caso de redução desses o registro deve ser a CRÉDITO. As Contas dos CUSTOS e DESPESAS sempre serão DEBITADAS por causarem a redução do PATRIMÔNIO LÍQUIDO e as contas de RECEITAS sempre serão CREDITADAS porque elas causam o aumento do PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Podemos concluir então que: CONTAS NATUREZA ACRÉSCIMO REDUÇÃO ATIVO DEVEDORA DEBITA CREDITA REDUTORAS DO ATIVO CREDORA CREDITA DEBITA PASSIVO CREDORA CREDITA DEBITA REDUTORAS DO PASSIVO DEVEDORA DEBITA CREDITA PATR.LÍQUIDO CREDORA CREDITA DEBITA RECEITA CREDORA CREDITA DEBITA* CUSTO DEVEDORA DEBITA CREDITA* DESPESA DEVEDORA DEBITA CREDITA* *Obs.: Nas contas de resultado a redução pode ocorrer através do estorno que é uma retificação de um lançamento incorreto através da inversão deste. MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS Este método foi desenvolvido pelo Frei Luca Pacioli que publicou em 1494 o Tractatus de Computis et scripturis, obra que causou uma revolução na contabilidade na época, sendo esse utilizado até os dias de hoje. Em que consiste o método das partidas dobradas? De acordo com este método, para cada débito existe um crédito de igual valor. EMPRESA ENCREK LTDA. CONTA: ATIVO CIRCULANTE SUBCONTA: CAIXA MATRIZ CÓDIGO: 1.1.1.1.1.1 MÊS/ANO: 09/2006 SALDO SALDO DATA HISTÓRICO ANTERIOR DÉBITO CRÉDITO D/C R$ 31/08/06 3.000,00 D 3.000,00 04/09/06 Venda à vista 300,00 D 3.300,00 05/09/06 Venda à vista 400,00 D 3.700,00 06/09/06 Pgto.Mat.consumo 100,00 D 3.600,00 Através do Razão acima, que é o livro que registra as movimentações, em ordem cronológica, individualizadas por conta, temos três lançamentos que iremos apresentar através das partidas dobradas. 1) Venda à vista no valor de R$ 300,00 em 04/09/06: 04/09/06 D – Caixa C – Receita de Vendas Vr. Referente venda à vista conf. NF 0010...........R$ 300,00 Usando um Razonete, que é uma versão simplificada de um Razão para fins didáticos, iremos demonstrar o funcionamento desta partida dobrada. D Caixa Sd. Inicial 3.000,00 (1) 300,00 3.300,00 C D Receita 300,00 C (1) 2) Venda à vista no valor de R$ 400,00 em 05/09/06: 05/09/06 D – Caixa C – Receita de Vendas Vr. Referente venda à vista conf. NF 0011...........R$ 400,00 D Caixa Sd. Inicial 3.000,00 (1) 300,00 (2) 400,00 3.700,00 C D Receita 300,00 400,00 C (1) (2) 3) Pagto. de Desp. c/ Mat. de consumo, valor: R$ 100,00 em 06/09/06: 06/09/06 D – Despesa C – Caixa Vr. Despesa c/ Material de Consumo conf. NF série D 034....R$ 100,00 D Sd. Inicial (1) (2) Caixa C 3.000,00 300,00 100,00 (3) 400,00 Sd.Final 3.600,00 Continuação D Receita C 300,00 (1) 400,00 (2) 700,00 Continua... D Despesa (3) 100,00 100,00 C MÉTODO DOS BALANÇOS SUCESSIVOS O método que foi utilizado no exemplo da Teoria Personalista quanto à Empresa Encrek Ltda. Chama-se Método dos Balanços Sucessivos que se caracteriza pelo fato de que a cada variação qualitativa ou quantitativa fazse um novo balanço para demonstrar a nova situação patrimonial. Embora este método esteja correto e facilite a visualização do processo contábil, ele passa a ser inviável no caso das empresas de grande movimentação contábil, por exemplo: uma empresa com quinhentas operações diárias teria de fazer quinhentos balanços sucessivos por dia. LIVROS DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL São muitos os livros utilizados pelas entidades; a quantidade e a espécie variam em função do porte, da forma jurídica e do ramo de atividade que essas entidades exercem. A classificação dos livros de escrituração é a seguinte: Tipo Utilidade Descrição Principais: Utilizados para o registro de todos os eventos do dia-a-dia da entidade, como ocorrem com o livro Diário e Razão. Auxiliares: Utilizados para o registro de eventos específicos, como os livros Caixa, Contas correntes, Registro de Duplicatas e Razão Auxiliar em UFIR, além dos livros fiscais que podem auxiliar na escrituração do Diário. Natureza Cronológicos - aqueles em que os registros são efetuados obedecendo à rigorosa ordem cronológica de dia, mês e ano. Há livros cuja escrituração obedece a uma ordem cronológica rigorosa, como livro Diário; outros obedecem a uma ordem cronológica secundária, como todos os demais livros que, embora sistemáticos, têm seus eventos registrados por ordem de data. Sistemáticos - livros destinados ao registro de eventos da mesma natureza, como todos os livros de escrituração, com exceção do livro Diário. Finalidade Obrigatórios - exigidos pela legislação comercial, tributária e societária. Exemplos de livros exigidos: por leis comerciais (Livro Diário e Livro de Registro de Duplicatas); por leis tributárias (Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR, Livro Razão, Livro Caixa, Livro Registro de Entradas, Livro Registro de Saídas, Livro Registro de Inventário e o Livro Registro de Apuração do ICMS, entre outros). Facultativos - livros que as entidades utilizam sem exigência legal. Exemplos: Livro Caixa (exceto entidades que optarem pela tributação com base presumido), Contas Correntes, Controle de Contas a Controle de Contas a Pagar etc. que haja para as no lucro Receber, O quadro abaixo apresenta a classificação dos principais livros de escrituração quanto a sua utilidade, natureza e finalidade. Livros Utilidade Diário Principal Razão Principal LALUR Auxiliar Registro de Duplicatas Auxiliar Caixa Auxiliar Contas Correntes Auxiliar Natureza Cronológico Sistemático Sistemático Sistemático Sistemático Sistemático Finalidade Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório Facultativo Facultativo FORMALIDADE DO LIVRO DIÁRIO As formalidades do Livro Diário têm a seguinte classificação: Formalidades extrínsecas: deve ser encadernado com folhas numeradas em seqüência, tipograficamente. Deve conter os termos de abertura e encerramento e ser submetido à autenticação do órgão competente do Registro do Comércio (ex.: Junta Comercial). Formalidades intrínsecas: deve ser completa, em idioma e moeda nacionais, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco nem entrelinhas, rasuras, emendas e transportes para as margens. MÓDULO V FATOS CONTÁBEIS QUE AFETAM A SITUAÇÃO LÍQUIDA INTRODUÇÃO Neste módulo iremos fazer uma abordagem sobre os elementos que ocasionam as mutações na situação patrimonial líquida. Em seguida trataremos do regime contábil adotado no Brasil, o REGIME DA COMPETÊNCIA e iremos compará-lo com o REGIME DE CAIXA. Retornando um pouco ao Princípio da Continuidade devemos recordar que um das premissas deste princípio é que a vida da empresa é contínua. Todas as atividades da empresa possuem uma vida ininterrupta como todo e qualquer organismo vivo. Sendo assim, Se fez necessário em determinado momento “fotografar” ou “congelar a imagem” da situação patrimonial da entidade para que os proprietários ou acionistas possam analisar o desempenho e a tendência econômico-financeira dessa empresas podendo assim tomar as medidas necessárias para realinhar a entidade aos seus interesses, caso seja necessário. Esta captura de imagem é realizada no final do ano-calendário, ou seja, 31 de dezembro e é comparada a situação patrimonial do dia 31 de dezembro do ano anterior. A este intervalo de 365 dias chamamos de Exercício Social. Ao final de cada exercício social as empresas normalmente apuram os seus resultados através da DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO que é uma demonstração dedutiva, ou seja, chega-se ao resultado final através da subtração dos valores, possuindo assim uma estrutura vertical conforme quadro abaixo: (-) = (-) = RECEITA BRUTA Deduções de Receitas RECEITA LÍQUIDA Custos LUCRO BRUTO (-) Despesas = LUCRO LÍQUIDO CONCEITOS RECEITA: De origem latina cujo significado é de coisa recebida ou reavida, a receita pode ser definida como: Total dos valores recebidos por uma pessoa física ou jurídica decorrente de seu relacionamento mercantil com terceiros, seja ela uma venda de produto, uma prestação de serviço ou um ganho em conseqüência a uma aplicação financeira em um determinado período. As Receitas são as responsáveis pelas mutações positivas da Situação Patrimonial Líquida, conseqüentemente, possuem natureza credora. As Receitas ser: Operacionais ou Não Operacionais. As Receitas Operacionais são aquelas oriundas das atividades objeto da empresa. Essas atividades devem estar explícitas no Contrato Social da Empresa. Essas atividades podem ser divididas em: PRINCIPAL – Quando se refere à operação diretamente ligada ao objeto da empresa. Exemplo: Venda de dois computadores com monitor de 17 polegadas na loja Computore Extrem Ltda. Neste caso o objeto social da empresa é o comércio de materiais de informática, caracterizando assim uma receita operacional principal. ACESSÓRIAS – Atividades que não representam diretamente o objeto social da empresa, mas correspondem a um complemento deste. Exemplo: Rendimentos de aplicações financeiras. As Receitas Não Operacionais são os valores recebidos de transações que não fazem parte das operações usuais da empresa. Exemplo: Venda de um veículo usado da empresa. Levando em consideração que não estamos falando de uma revenda de veículos quando o bem deveria estar no Estoque e não no Ativo Permanente, esta transação não faz parte da operação da empresa já que o veículo foi adquirido com o intuito de ser consumido em prol do resultado da empresa. Quanto aos elementos que causam variação negativa na Situação Patrimonial Líquida, devemos observar seus conceitos a fim de ter ferramentas necessárias para a identificação adequada da conta diante de alguma decisão subjetiva. GASTO: De acordo com MARTINS1, “é o sacrifício financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)” (grifo nosso). 1.MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 3ª. Edição. São Paulo – SP. Editora Atlas, 1998. Observe que as palavras-chave deste conceito são: obtenção de um produto ou serviço qualquer e entrega de ativos. De acordo com esse conceito o gasto ocorre somente na transferência da propriedade do objeto de aquisição. INVESTIMENTO: Em uma visão geral podemos conceituar investimento como aplicação de recursos com a finalidade de conseguir um benefício futuro como o lucro, por exemplo. MARTINS entende investimento como um “gasto registrado no Ativo devido à vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s)” (grifo nosso). DESEMBOLSO: É a entrega do recurso financeiro (pagamento) em troca do recebimento dos bens e serviços para a empresa. PERDA: Bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária. Consumo ou privação de um bem decorrente de um fato inesperado como a destruição, extravio, apreensão. CUSTOS X DESPESAS: Estes dois conceitos estão sendo abordados em conjunto pelos seguintes motivos: São os mais usuais em quase todos os tipos de segmentos; Possuem relação direta com a finalidade do fato, causando subjetividade na decisão de classificação. Podemos definir CUSTO como: consumo de bens ou serviços na produção de novos bens ou serviços. Já a DESPESA, de acordo com MARION2 é: “todo sacrifício (esforço) realizado pela empresa no sentido de obter receita. Pode ser vista também como o consumo parcial ou total do ativo (ativo expirado), ou seja, um ativo que já não traz benefício à empresa” (Grifo nosso). 2.MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 8ª. Edição. São Paulo – SP. Editora Atlas, 2006. Um mesmo gasto pode ser interpretado como custo ou como despesa dependendo da interpretação do classificador e de seu grau de conhecimento do fato. Exemplo: Despesa com energia elétrica conforme conta referente ao consumo do mês de novembro/06. Vamos analisar a situação: Se esta energia elétrica tiver sido usada no processo de produção de um determinado produto esta deverá ser lançada como custo. Entretanto, se foi utilizada para iluminar ou alimentar os equipamentos da área administrativa esta deverá ser considerada uma despesa. Os custos podem ser: DIRETOS – São os custos diretamente ligados à produção cujo consumo total ou parcial é de fácil mensuração. Exemplo: Mão-de-obra dos operários, Os KW de energia elétrica utilizados para realizar a movimentação das máquinas, embalagens, etc. INDIRETOS – São os custos de difícil mensuração quanto a sua participação no processo produtivo. Exemplo: Remuneração do Supervisor de Produção, Aluguel do Prédio, etc. Em geral esta mensuração acaba sendo arbitrada por algum tipo de rateio. Rateio: divisão proporcional a partir de um parâmetro de participação. Os custos também podem ser: FIXOS – Custos cujo consumo total no processo de produção não se alteram devido a quantidade produzida. Exemplo: a remuneração do gerente de produção. VARIÁVEIS – Custos cujo consumo total é diretamente proporcional a quantidade produzida. Exemplo: Matéria-prima e outros insumos. As DESPESAS podem ser: DESPESAS PRÉ-OPERACIONAIS – como o próprio nome sugere, são todas as despesas inerentes ao processo de implantação, isto é, as despesas ocorridas antes que a entidade inicie as operações que justificam o objeto social da empresa. DESPESAS OPERACIONAIS – São as despesas necessárias à atividade da empresa. De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda as despesas operacionais são: “as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa, entendendo-se como necessárias as pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa” (RIR/1999, art. 299 e seus §§ e PN CST no 32, de 1981). DESPESAS NÃO-OPERACIONAIS - segundo a legislação fiscal que trata sobre o tema, são aquelas decorrentes de transações não incluídas nas atividades principais ou acessórias que constituam objeto da empresa. Os arts. 418 a 445 do RIR/1999 expressamente discrimina o que se considera como resultados não-operacionais, os quais se referem, basicamente, a transações com bens do ativo permanente (IN SRF nº 11, de 1996, art. 36, § 1o). REGIME DE COMPETÊNCIA Antes de iniciar esse assunto, vamos recordar um pouco sobre o assunto que foi abordado no Módulo II (Princípios Fundamentais de Contabilidade). Este regime adotado no Brasil refere-se ao Princípio da Competência, conforme Resolução CFC no 750/93, em seu capítulo II, Seção VI, art. 9º, que determina em seu texto que: “as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento”(grifo nosso). O texto trata ainda no artigo supracitado, em seus parágrafos 3º. e 4º., do entendimento dos termos receitas realizadas e despesas incorridas, conforme abaixo: § 3º As receitas consideram-se realizadas: I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados; II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; III – pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções. § 4º Consideram-se incorridas as despesas: I – quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro; II – pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; III – pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. Resolução CFC no.750/93, capítulo II, Seção VI, art. 9º., § 3 e 4. (Grifo nosso) A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aprovou e referendou o pronunciamento do IBRACON sobre Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade através da Deliberação CVM no 29, de 05/02/86. Neste pronunciamento o regime da competência é composto por dois princípios: O Princípio da Realização da Receita cujo enunciado é: "A receita é considerada realizada e, portanto, passível de registro pela Contabilidade, quando produtos ou serviços produzidos ou prestados pela Entidade são transferidos para outra Entidade ou pessoa física com a anuência destas e mediante pagamento ou compromisso de pagamento especificado perante a Entidade produtora ..." De acordo com esse pronunciamento a escolha do reconhecimento e o registro da receita na empresa acontecem na transferência dos produtos ou serviços ao cliente porque quando esta se realiza todo o processo de obtenção da receita, reconhecimento dos custos inerentes a esse já se concluíram. O valor de mercado durante o momento da transferência se encontra em seu momento de maior exatidão. O Princípio do Confronto das Despesas com as Receitas e com os Períodos Contábeis cujo enunciado é: "Toda despesa diretamente delineável com as receitas reconhecidas em determinado período, com as mesmas deverá ser confrontada; os consumos ou sacrifícios de ativos (atuais ou futuros), realizados em determinado período e que não puderam ser associados à receita do período nem às dos períodos futuros, deverão ser descarregados como despesa do período em que ocorrerem..." (grifo nosso). Devemos observar que no confronto das Receitas com as Despesas em um determinado período não falamos de recursos recebidos ou pagos, e sim Receitas reconhecidas e despesas consumidas. REGIME DE CAIXA O Regime de Caixa funciona exatamente de forma inversa ao Regime de Competência, ou seja, as receitas são registradas com a entrada do recurso financeiro (dinheiro) e as despesas através do desembolso. Exemplo: A empresa Encrek Ltda em 15/11/06, vendeu R$ 6.000,00 em mercadorias para um cliente que negociou com esta na forma de pagamento 1+3, ou seja, a primeira parcela à vista e o restante com 30/60/90 dd. No mesmo dia adquiriu material de consumo e material de expediente para o escritório totalizando o valor de R$ 900,00 com prazo para pagamento com 90 dd. D.R.E. Receitas (-) Despesas = Lucro Regimes Competência Caixa 6.000,00 1.500,00 900,00 0,00 5.100,00 1.500,00 Os dois regimes trazem resultados bem diferentes. O primeiro reconhece a Receita pelo valor total da transferência dos bens para o cliente independente da forma de recebimento, da mesma forma reconhece a Despesa incorrida apesar de não ter havido o desembolso. Já no segundo Regime fica bastante clara a vinculação do registro contábil a entrada e saída do recurso financeiro. Mesmo que ambos os regimes fossem aceitos no Brasil o Regime de Caixa só atenderia com eficiência às pequenas empresas, associações, etc. Quanto maior fosse a movimentação contábil, maior seria a dificuldade de controle do Regime de Caixa. Mas se no Regime de Competência as despesas devem ser registradas ao serem incorridas, o que acontece quando a Empresa Encrek Ltda paga à vista o valor de R$ 2.400,00 em um seguro anual de um veículo? Quando isto acontece devemos atender ao Regime de Competência e analisar a seguinte situação: O referido veículo de uso da empresa foi adquirido com o intuito de que sua atividade contribui na geração de receita para a empresa. Levando-se em consideração que dentro do período contábil as receitas realizadas devem ser confrontadas com as despesas incorridas, não seria correto lançar a despesa decorrente de usufruto correspondente a um ano de seguro em um único mês.Sendo assim, como o potencial uso desse benefício tem uma vigência de um ano devemos ativá-lo (Ativo) na conta Despesas Antecipadas e, através do rateio de 1/12, ou seja, a proporção de um mês por ano, lançar a cada mês o valor devidamente consumido para a despesa. Exemplo: Pagamento à vista de seguro anual de um veículo da Empresa Encrek Ltda no valor de R$ 2.400,00 no dia 01/11/2006. a) Pagamento do seguro à vista no valor de R$ 2.400,00: 01/11/06 D – Prêmios de Seguros a Apropriar C – Banco Franco Tailandês S/A Vr. Referente pagto à vista de seguro de veículo conf. ch.001523 ...........R$ 2.400,00 EMPRESA ENCREK LTDA. RAZÃO ANALÍTICO CONTA: ATIVO CIRCULANTE SUBCONTA: BANCO FRANCO TAILANDÊS CÓDIGO: 1.1.1.2.9 MÊS/ANO: 11/2006 SALDO SALDO DATA HISTÓRICO ANTERIOR DÉBITO CRÉDITO D/C R$ 01/11/06 Saldo Inicial 25.000,00 D 25.000,00 01/11/06 Pagto. Seguro Veículo 2.400,00 D 22.600,00 D 22.600,00 EMPRESA ENCREK LTDA. RAZÃO ANALÍTICO CONTA: ATIVO CIRCULANTE – DESPESAS ANTECIPADAS SUBCONTA: PRÊMIO DE SEGUROS A APROPRIAR CÓDIGO: 1.1.6.1.1 MÊS/ANO: 11/2006 SALDO SALDO DATA HISTÓRICO ANTERIOR DÉBITO CRÉDITO D/C R$ 01/11/06 Saldo Inicial 0,00 D 0,00 01/11/06 Pagto. Seguro Veículo 2.400,00 D 2.400,00 D 2.400,00 b) Apropriação de 1/12 referente a parcela mensal de despesa com o seguro: R$ 2.400,00 (anual) / 12 = R$ 200,00 (mensal): 30/11/06 D – Despesa com seguros C – Prêmios de Seguros a Apropriar Vr. Apropriação do seguro ref. Competência nov/06.......R$ 200,00 EMPRESA ENCREK LTDA. RAZÃO ANALÍTICO CONTA: DESPESAS SUBCONTA: DESPESAS C/ SEGUROS CÓDIGO: 4.1.1.1.09 MÊS/ANO: 11/2006 SALDO SALDO DATA HISTÓRICO ANTERIOR DÉBITO CRÉDITO D/C R$ 01/11/06 Saldo Inicial 0,00 D 0,00 30/11/06 Apropriação n/mês 11/06 200,00 D 200,00 D 200,00 EMPRESA ENCREK LTDA. RAZÃO ANALÍTICO CONTA: ATIVO CIRCULANTE – DESPESAS ANTECIPADAS SUBCONTA: PRÊMIO DE SEGUROS A APROPRIAR CÓDIGO: 1.1.6.1.1 MÊS/ANO: 11/2006 SALDO SALDO DATA HISTÓRICO ANTERIOR DÉBITO CRÉDITO D/C R$ 01/11/06 Saldo Inicial 0,00 D 0,00 01/11/06 Pagto. Seguro Veículo 2.400,00 D 2.400,00 30/11/06 Apropriação n/mês 11/06 200,00 D 2.200,00 PROVISÕES: No caso da Folha de Pagamento dos funcionários do mês de outubro/06. Como devemos proceder já que a despesa de salário refere-se à competência outubro/06 será paga até o 5º dia do mês subseqüente? Neste caso devemos utilizar o instrumento da provisão para o registro contábil. E o que é a provisão? A Provisão é quando se sabe exatamente ou se estima o quanto irá desembolsar no futuro e registra em contas de obrigações (algumas são contas redutoras do Ativo que são as contas de ajuste que possuem saldo credor. Exemplo: Devedores Duvidosos, Depreciação e Amortização) para que no dia determinado seja feito o pagamento em contrapartida a redução dessas. As provisões em geral são lançadas no último dia útil do mês da competência. Como funciona na prática a provisão? Vamos utilizar o exemplo da folha de pagamento acima para explicar. Observando o fato de que a folha de pagamento será efetivamente paga no 5º. Dia útil do mês de novembro/06. a) Despesa de Folha de Pagamento dos funcionários do mês de outubro/06 no valor de R$ 15.000,00. 31/10/06 D – Despesa c/ Salário C – Salários a Pagar Despesa c/ Folha de Pagamento do mês outubro/06. Valor.....................................................R$ 15.000,00 Conta de Resultado D Desp. c/ Salário C a) 15.000,00 15.000,00 Passivo Circulante D Salários a Pagar C 15.000,00 a) 15.000,00 a) Despesa de Folha de Pagamento dos funcionários do mês de outubro/06 no valor de R$ 15.000,00. 08/11/06 D – Salários a Pagar C – Banco c/ Movimento Pagamento de Folha Salarial do mês outubro/06 através do cheque 001524 do Banco Franco Tailandês. Valor..................................................... R$ 15.000,00 Passivo Circulante D Salários a Pagar C 15.000,00 a) b) 15.000,00 0,00 Ativo Circulante D Banco c/ Movto. C Sd. 22.600,00 15.000,00 b) 7.600,00 MÓDULO VI BALANÇO PATRIMONIAL INTRODUÇÃO O tema Balanço Patrimonial será tratado sob a ótica do texto legal da Lei 6.404/76, Lei das Sociedades Anônimas e da Lei 10.406/02, o novo Código Civil Brasileiro. A Lei das Sociedades Anônimas foi uma grande evolução para a contabilidade. Além de padronizar as Demonstrações Econômico-Financeiras das empresas de capital aberto, sua influência alcançou todos os tipos de sociedades. Além disso, regulamentou os procedimentos societários e as obrigações e direitos dos acionistas, sendo esse último reforçado pela Lei no. 10.303/01, que alterou e acrescentou dispositivos da Lei no. 6.404/76. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Conforme o artigo 176 da Lei 6.404/76 as demonstrações financeiras exigidas para as Sociedades Anônimas são: I - balanço patrimonial; II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III - demonstração do resultado do exercício; e IV - demonstração das origens e aplicações de recursos. Já o Novo Código Civil, Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, em seu capítulo IV, Seção III, Art. 1.065, determina que ao término de cada exercício social as Sociedades limitadas devem elaborar: Inventário; Balanço Patrimonial; e Balanço de Resultado Econômico ou Demonstração da Conta de Lucros e Perdas. Interessante observar que os legisladores do novo Código Civil escolheram um termo para a Demonstração do Resultado do Exercício muito parecido com o qual esta era chamada antes da Lei 6.404/76. “LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 CAPÍTULO Da Sociedade Limitada Seção Disposições Preliminares IV I Art. 1.065. Ao término de cada exercício social, proceder-se-á à elaboração do inventário, do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico.” BALANÇO PATRIMONIAL A Lei 6.404/76, através de seus artigos 178 a 185, normatiza a elaboração do Balanço Patrimonial. Abaixo fizemos transcrição dos artigos em questão, na íntegra. O grifo é de nossa autoria. “LEI Nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações SEÇÃO III BALANÇO PATRIMONIAL” “Grupo de Contas Art. 178 - No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º - No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: a) ativo circulante; b) ativo realizável a longo prazo; c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido. § 2º - No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) passivo circulante; b) passivo exigível a longo prazo; c) resultados de exercícios futuros; d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulados. § 3º - Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separadamente.” No artigo 178 devemos observar os três pontos chaves sobre o Balanço Patrimonial: Agrupamento de contas por sua natureza; Estrutura decrescente de grau de liquidez* do Ativo; Fator tempo como parâmetro para a divisão dos Ativos e Passivos. * Liquidez - propriedade que alguns bens possuem de ser facilmente convertível em dinheiro vivo. As contas contábeis devem ser agrupadas por semelhança em sua natureza, por exemplo, as contas Caixa e Banco Conta Movimento fazem parte do mesmo grupo de contas, o Disponível, que é o grupo de contas que representam dinheiro ou outros bens de alta liquidez. Quanto mais alta for posição de uma conta na estrutura do Balanço Patrimonial maior é a sua capacidade de se transformar em dinheiro vivo em um menor período de tempo. Exemplo: Conta Caixa Bancos Duplicatas a Receber Empréstimos a quotistas Veículos Grau de Liquidez Muito alta Muito alta Alta média baixa Prazo Curto Prazo Curto Prazo Curto Prazo Longo Prazo S/ prazo determinado ATIVO “Art. 179 - As contas serão classificadas do seguinte modo: I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte: II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (Art. 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; III - em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; IV - no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial; V - no ativo diferido: as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais. Parágrafo único - Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo.” A estrutura abaixo é um exemplo de apresentação do Ativo no Balanço Patrimonial. Para conhecer esta publicação na íntegra, ver: http://www.makro.com.br/balanco.asp. MAKRO ATACADISTA S.A. CNPJ nº 47.427.653/0001-15 BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO - Em milhares de reais ATIVO Circulante Caixa e bancos............................... Aplicações financeiras (Nota 5)...... Estoques (Nota 6).......................... Impostos a recuperar (Nota 7)........ Despesas pagas antecipadamente Outros créditos................................ Realizável a longo prazo Imposto de renda e contribuição Social diferidos ................................ Depósitos judiciais.......................... Outros créditos................................ Permanente Investimentos (Nota 9).................... Imobilizado (Nota 10)...................... Diferido............................................ Total do ativo ................................. Controladora 2005 2004 Consolidado 2005 2004 72.767 31.659 73.298 32.497 92.774 102.668 100.310 142.752 298.447 226.592 299.923 227.819 39.183 26.356 39.248 26.422 2.831 3.119 2.855 3.163 13.990 4.557 10.906 5.613 519.992 394.951 526.540 438.266 11.164 23.110 21.966 56.240 10.474 19.578 20.216 50.268 11.164 23.148 21.966 56.278 10.474 19.578 20.244 50.296 160.228 175.444 221.369 195.567 375.521 328.547 3.568 6.084 4.026 7.090 385.165 377.095 379.547 335.637 961.397 822.314 962.365 824.199 O terceiro fator que se utiliza para a divisão dos grupos do Ativo é o tempo de sua realização. Existem três tipos de Ativos a partir desse fator, a saber: CIRCULANTE – Antes da Lei 6.404/76 era chamado de Ativo Realizável a Curto Prazo, que são todos os ativos que se realizam dentro do período de um exercício social. Exemplo: A empresa Macro Atacadista Ltda. tem no seu Balanço Patrimonial de 2004, na conta de aplicações financeiras o valor de 102.668 (em milhares de R$). Estas aplicações financeiras estão no Ativo Circulante porque o contabilista acredita em sua realização ocorrendo até o dia 31/12/2005. Caso estas aplicações tenham sido realizadas apenas em 2006 deveriam ser lançadas no Ativo Realizável a Longo Prazo. Sendo assim, fica óbvio o conceito de ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO: Todos os ativos que se realizam em um prazo superior a um exercício social. 31/12/05 102.668 31/12/04 Circulante 102.668 31/12/06 Realiz. a Longo Prazo Em alguns segmentos de negócio é o CICLO OPERACIONAL que define se um ativo é Circulante ou Realizável a Longo Prazo. Por exemplo: Um determinado estaleiro tem pedidos de construção de navios que levarão mais de um ano para estarem prontos. Neste caso, poderão ser lançados para o Ativo Circulante as operações que se realizarão dentro do prazo previsto para encerramento do ciclo desta operação de construção. São contas do Ativo Circulante: Caixa; Bancos Conta Movimento; Aplicações Financeiras: Duplicatas a Receber: o Clientes; o (-) Duplicatas Descontadas; o (-) Provisão para Devedores Duvidosos; (as contas Duplicatas Descontadas e Provisão para Devedores Duvidosos são contas credoras porque são contas redutoras de Duplicatas a Receber); Outros Créditos: o Adiantamentos a Terceiros; o Impostos a Recuperar; Estoques: o Mercadorias para Revenda; o (-) Provisão para redução ao vr. de mercado; Despesas Antecipadas: o Assinaturas a Apropriar; o Prêmios de Seguros a Apropriar. São contas do Ativo Realizável a Longo Prazo: Bancos Contas Vinculadas; Títulos a Receber; Créditos de quotistas; Depósitos Judiciais; Impostos a Recuperar; Aplicações Financeiras. É interessante observar que se pode ter duas contas com o mesmo título em dois grupos diferentes. Não há nada de errado nisso, já que o contabilista observou as características dos fatos antes do lançamento. Apesar de terem naturezas iguais, uma se realizava no prazo de 1 ano e a outra ultrapassava esse prazo. Os itens III, IV e V do artigo 179 referem-se aos ativos do grupo do PERMANENTE. ATIVO PERMANENTE – Também conhecido como Ativo Fixo, são os itens que não têm como objetivo a sua transformação em dinheiro vivo. Seu objetivo é criar estrutura para a empresa para que esta ajude a trazer resultados positivos. Sua realização através da venda é tão difícil que a maioria dos autores e a legislação fiscal entende o resultado desta como não operacional. A seguir, iremos apresentar as três divisões do Ativo Permanente e, respectivamente, algumas das contas que as compõem. São contas dos Investimentos: Participação em outras sociedades; Participações em Fundos de Investimentos; Obras de Arte. São contas do Ativo Imobilizado: Terrenos; Instalações; Prédios; Benfeitorias em Imóveis de Terceiros; Máquinas e Equipamentos; Equipamentos de Informática; Direito de uso de Software; Direito de Uso de Linhas Telefônicas; Móveis e Utensílios; (-) Depreciação Acumulada. São contas do Ativo Diferido: Terrenos; Gastos de Implantação; Gastos Pré-operacionais; Gastos com Pesquisas de Produtos; (-) Amortização Acumulada. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ATIVO Os critérios de avaliação do ativo estão normatizados no artigo 183. Grifaremos o artigo apresentado a seguir, na íntegra, com o intuito de enfatizar algum termo ou conceito e dar um melhor entendimento do leitor através das palavras chaves. “Art. 183 - No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: I - os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores mobiliários não classificados como investimentos, pelo custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este for menor; serão excluídos os já prescritos e feitas as provisões adequadas para ajustá-lo ao valor provável de realização, e será admitido o aumento do custo de aquisição, até o limite do valor do mercado, para registro de correção monetária, variação cambial ou juros acrescidos; II - os direitos que tenham por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior; III - os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos Arts. 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas; IV - os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior; V - os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão; VI - o ativo diferido, pelo valor do capital aplicado, deduzido do saldo das contas que registrem a sua amortização. § 1º - Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se valor de mercado: a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado; b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de realização mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a margem de lucro; c) dos investimentos, o valor líquido pelo qual possam ser alienados a terceiros. § 2º - A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado será registrada periodicamente nas contas de: a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência; b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. § 3º - Os recursos aplicados no ativo diferido serão amortizados periodicamente, em prazo não superior a 10 (dez) anos, a partir do início da operação normal ou do exercício em que passem a ser usufruídos os benefícios deles decorrentes, devendo ser registrada a perda do capital aplicado quando abandonados os empreendimentos ou atividades a que se destinavam, ou comprovado que essas atividades não poderão produzir resultados suficientes para amortizá-los. § 4º - Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado, quando esse for o costume mercantil aceito pela técnica contábil.”(grifo nosso) Observações: 1. Custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este for menor – Premissa básica do Princípio da Prudência; 2. Pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustálo ao valor de mercado, quando este for inferior – Princípio do Registro Pelo Valor Original; 3. Fungível – que se consomem no primeiro uso; que se gasta após sua utilização. PASSIVO EXIGÍVEL O conjunto das obrigações exigíveis da entidade é dividido em dois grupos: Circulante; Exigível a Longo Prazo. Ambos se assemelham aos grupos do Ativo no seu aspecto temporal para definição das contas, ou seja, as obrigações cujos valores se vencem até o exercício seguinte são Circulantes e caso ultrapassem serão classificados como Exigível a Longo Prazo, conforme o artigo 180 da Lei no. 6.404/76: “Art. 180 - As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo permanente, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte e no passivo exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do Art. 179” MAKRO ATACADISTA S.A. CNPJ nº 47.427.653/0001-15 BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO - Em milhares de reais Controladora Consolidado PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2005 2004 2005 2004 Circulante Fornecedores ................................. 489.442 369.195 492.292 371.070 Financiamentos (Nota 11) .............. 71.629 67.744 71.629 67.744 Provisão para férias e encargos sociais ...................................... 19.483 18.222 20.513 19.198 Impostos a recolher ........................ 7.823 4.760 8.965 6.377 PIS e COFINS a recolher (Nota 13) 34.544 19.387 34.544 19.387 Dividendos e juros sobre o capital próprio ...................................... 1.782 1.959 1.782 1.959 Outras obrigações .......................... 25.015 27.447 20.855 24.801 649.718 508.714 650.580 510.536 Exigível a longo prazo Financiamentos (Nota 11) .............. 731 777 731 777 Provisão para contingências (Nota 12) 28.264 26.773 28.370 26.836 Outras obrigações .......................... 4.406 2.600 4.406 2.600 33.401 30.150 33.507 30.213 Patrimônio líquido (Nota 14) Capital social ............................... Reservas de lucros ......................... 221.902 56.376 278.278 221.902 61.548 283.450 221.902 56.376 278.278 221.902 61.548 283.450 Total do passivo e patrimônio líquido ........................ 961.397 822.314 962.365 824.199 Novamente, o critério utilizado para o Ativo também cabe ao Passivo quando o artigo 180 cita o parágrafo único do artigo 179 como outra possibilidade que não a do exercício social (1 ano): “Artigo 179 . . . Parágrafo único - Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo.” Fazem parte do PASSIVO CIRCULANTE: Empréstimos e Financiamentos (curto prazo); Fornecedores; Obrigações Fiscais; o ISS a Recolher; o ICMS a Recolher; o PIS a Recolher; o COFINS a Recolher; o IRRF a Recolher; o Provisão para IR; o Provisão para Contribuição Social; Obrigações Sociais e Trabalhistas; o Obrigações Sociais; INSS a Recolher; FGTS a Recolher: o Obrigações Trabalhistas; Salários a Pagar; Comissões a Pagar; 13º. Salário a Pagar; Férias a Pagar; Pró-labore a Pagar; Outras Obrigações. Fazem parte do PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO: Empréstimos e Financiamentos (longo prazo); Juros a pagar de Emprest. E Financ.(longo prazo); Provisão para Imposto de Renda Diferido. “Resultados de Exercícios Futuros Art. 181 - Serão classificados como resultados de exercício futuro as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes.” Esse grupo de contas que se localiza entre o Exigível e o Patrimônio Líquido é de difícil utilização na maioria das empresas. Consiste nas receitas recebidas antecipadamente e que serão reconhecidas em períodos futuros. Devem ser lançados com suas devidas deduções, todas as despesas e custos incorridos para a realização dessas receitas. É importante observar que este tipo de Receita não deve estar sujeita à devoluções por parte da empresa. PATRIMÔNIO LÍQUIDO Esse grupo de contas representa a aplicação dos recursos dos proprietários na constituição da empresa. Ele está dividido em: Capital Social; Reservas de Capital; Reservas de Reavaliação; Reservas de Lucros; Lucros ou Prejuízos Acumulados; Ações em Tesouraria. O artigo 182 da Lei 6.404/76 estabelece que: “Patrimônio Líquido Art. 182 - A conta do capital social discriminará o montante subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada.”(grifo nosso) CAPITAL SOCIAL O Capital Social corresponde ao recurso inicialmente utilizado pelos proprietários para constituir a empresa. Formalizado através de um contrato social e acrescido através de aditivos. Fazem parte do Capital Social as seguintes contas: Capital Subscrito – Corresponde ao valor total acordado através de contrato social que cada quotista (no caso da Ltda.) irá aplicar na sociedade; Capital a Integralizar – Valor ainda não transferido de fato para o patrimônio da empresa por parte dos quotistas. RESERVAS As Reservas não devem ser confundidas com as Provisões. De acordo com a FIPECAFI(2000)1, PROVISÕES são: “expectativas de perdas de ativos ou estimativas de valores a desembolsar que, apesar de financeiramente ainda não efetivadas, derivam de fatos geradores contábeis já ocorridos;” Já as RESERVAS são valores que podem ter origem no recebimento dos quotistas ou de terceiros sem que isso represente aumento de capital ou uma receita (RESERVA DE CAPITAL), uma reavaliação quantitativa dos valores dos elementos que compõem o ativo (RESERVA DE REAVALIAÇÃO) ou então, dos lucros não distribuídos aos proprietários (RESERVA DE LUCROS). Os parágrafos 1º e 2º do artigo 182 identificam quais fatos contábeis se enquadram nas RESERVAS DE CAPITAL e o artigo 200 aborda em que casos é possível a utilização dessas reservas: “Art.182... § 1º - Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou partes beneficiárias; b) O produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; c) o prêmio recebido na emissão de debêntures; d) as doações e as subvenções para investimento. § 2º - Será ainda registrado como reserva de capital o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizado.”(grifo nosso) “Reservas de Capital Art. 200 - As reservas de capital somente poderão ser utilizadas para: I - absorção de prejuízos que ultrapassarem os lucros acumulados e as reservas de lucros (Art. 189, parágrafo único); II - resgate, reembolso ou compra de ações; III - resgate de partes beneficiárias; IV - incorporação ao capital social; V - pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando essa vantagem lhes for assegurada (Art. 17, § 5º). Parágrafo único - A reserva constituída com o produto da venda de partes beneficiárias poderá ser destinada ao resgate desses títulos.” OBSERVAÇÃO: A Lei 9.249/95, em seu artigo 4º, parágrafo único, extinguiu o uso da correção monetária nas Demonstrações Contábeis. O parágrafo 3º do artigo 182 identifica quais fatos contábeis se enquadram nas RESERVAS DE REAVALIAÇÃO: “§ 3º - Serão classificadas como reservas de reavaliação as contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliações com base em laudo nos termos do Art. 8º, aprovado pela assembléia geral.” Fazem parte das RESERVAS DE REAVALIAÇÃO: Reavaliação de ativos próprios; Reavaliação de Ativos de Coligadas e controladas avaliadas ao método da equivalência patrimonial. De acordo com a Lei 6.404/76, em seu artigo 182, parágrafo 4º e no capítulo XVI, seção II, artigos 193 a a199, fazem parte das RESERVAS DE LUCROS as contas contábeis: Reserva Legal; Reservas Estatutárias; Reservas para Contingências; Reserva de Lucro a Realizar. “Art. 182...” “§ 4º - Serão classificadas como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da companhia.” “CAPÍTULO XVI” “LUCRO, RESERVAS E DIVIDENDOS.” “SEÇÃO II” “RESERVAS E RETENÇÃO DE LUCROS” “Reserva Legal Art. 193 - Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá de 20% (vinte por cento) do capital social. § 1º - A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital de que trata o § 1º do Art. 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social. § 2º - A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital.” 1. FIPECAFI. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações (Aplicável às Demais Sociedades), 5ª. Edição. Editora Atlas. São Paulo – SP. 2000 “Reservas Estatutárias Art. 194 - O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma: I - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade; II - fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados à sua constituição; e III - estabeleça o limite máximo da reserva.” “Reservas para Contingências Art. 195 - A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado. § 1º - A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da perda prevista e justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a constituição da reserva. § 2º - A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda.” “Retenção de Lucros Art. 196 - A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, deliberar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em orçamento de capital por ela previamente aprovado. § 1º - O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a justificação da retenção de lucros proposta, deverá compreender todas as fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de execução, por prazo maior, de projeto de investimento. § 2º - O orçamento poderá ser aprovado na assembléia geral ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício.” “Reserva de Lucros a Realizar Art. 197 - No exercício em que os lucros a realizar ultrapassarem o total deduzido nos termos dos Arts. 193 a 196, a assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar. Parágrafo único - Para os efeitos deste artigo, são lucros a realizar: a) o saldo credor da conta de registro das contrapartidas dos ajustes de correção monetária (Art. 185, § 3º); b) o aumento do valor do investimento em coligadas e controladas (Art. 248, III); c) o lucro em vendas a prazo realizável após o término do exercício seguinte.” “Limite da Constituição de Reservas e Retenção de Lucros Art. 198 - A destinação dos lucros para constituição das reservas de que trata o Art. 194 e a retenção nos termos do Art. 196 não poderão ser aprovadas, em cada exercício, em prejuízo da distribuição do dividendo obrigatório (Art. 202).” “Limite do Saldo das Reservas de Lucros Art. 199 - O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social; atingido esse limite, a assembléia deliberará sobre a aplicação do excesso na integralização ou no aumento do capital social, ou na distribuição de dividendos.” AÇÕES EM TESOURARIA São as ações adquiridas pela própria empresa. As empresas de Sociedade Anônima não podem realizar este tipo de operação, independente se ela é de capital fechado ou aberto, a não ser nos casos indicados no artigo 30 da Lei no 6.404/76, a saber: 1.2 1.3 Negociação Com As Próprias Ações Art. 30 - A companhia não poderá negociar com as próprias ações. § 1º - Nessa proibição não se compreendem: a) as operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em lei; b) a aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social ou por doação; c) a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea " b" e mantidas em tesouraria; d) a compra quando, resolvida a redução do capital mediante restituição, em dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas em bolsa for inferior ou igual à importância que deve ser restituída. § 2º - A aquisição das próprias ações pela companhia aberta obedecerá, sob pena de nulidade, às normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, que poderá subordiná-la a prévia autorização em cada caso. § 3º - A companhia não poderá receber em garantia as próprias ações, salvo para assegurar a gestão dos seus administradores. § 4º - As ações adquiridas nos termos da alínea " b" do § 1º, enquanto mantidas em tesouraria, não terão direito a dividendo nem a voto. § 5º - No caso da alínea " d" do § 1º, as ações adquiridas serão retiradas definitivamente de circulação. “Art. 182...” “§ 5º - As ações em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio líquido que registra a origem dos recursos aplicados na sua aquisição.” CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO PASSIVO Os critérios de avaliação do passivo estão normatizados no artigo 184. Utilizaremos o mesmo processo para dar um melhor esclarecimento do leitor, o uso do grifo nas palavras chaves. “Critérios de Avaliação do Passivo Art. 184 - No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios: I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive imposto de renda a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço; II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço; III - as obrigações sujeitas a correção monetária serão atualizadas até a data do balanço.” O inciso III do artigo 184 vigorou até o final de 1995 com a extinção do instrumento da Correção Monetária pela Legislação Fiscal. MÓDULO VII ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS INTRODUÇÃO Devido a sua capacidade de identificar as conseqüências das tomadas de decisões dos administradores e por apresentar um cenário prospectivo da empresa, a análise das demonstrações contábeis é de grande importância para os usuários internos (administradores) como para os externos (financiadores e investidores). OBJETIVO De acordo com MARTINS & ASSAF NETO1(1989: pág.234): “A análise das demonstrações contábeis visa fundamentalmente ao estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em um determinado período passado, para diagnosticar, em conseqüência, sua posição atual, e produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências futura”. A V A L I A Ç Ã O ADMINISTRAÇÃO DECISÕES TOMADAS REFLEXO LIQUIDEZ ESTRUTURA PATRIMONIAL RENTABILIDADE As técnicas de análise das demonstrações financeiras mais utilizadas são: Análise Vertical; Análise Horizontal; e Análise dos índices. __________________ 1.MARTINS, Eliseu & ASSAF NETO, Alexandre. Administração Financeira – As finanças das empresas sob condições inflacionárias. 1ª. Edição, 5ª Tiragem. São Paulo – SP. Editora Atlas, 1989. Alguns cuidados devem ser tomados quando se utiliza índices para avaliar uma empresa para que não haja uma análise precipitada e suscetível a erros. Em primeiro lugar a análise de um índice tem pouco valor na interpretação do desempenho de uma empresa se esta for feita sem outros índices que justificam e ratificam o diagnóstico apresentado. Outro aspecto que devemos observar é a necessidade de parâmetros para que haja a comparação e a confirmação do status de uma empresa. Deve-se fazer uma comparação temporal, onde se avalia a evolução dos elementos patrimoniais e de resultado da empresa ao longo do tempo (em geral usando um intervalo de três a cinco anos). Neste caso, temos uma interpretação exclusivamente individual do histórico de performance da empresa, possibilitando assim, traçar possibilidades para implementar estratégias para atingir ou manter as metas de desempenho desta. Faz-se necessário também observar qual a posição da empresa (“Ranking”) perante o mercado. Sendo assim, nada mais natural que uma comparação setorial, ou seja, para saber se uma empresa tem melhor rentabilidade ou maior liquidez do que sua concorrente, por exemplo, devemos comparar as informações econômico-financeiras destas empresas. Não teria sentido comparar o grau de liquidez de uma empresa de transporte urbano com uma construtora porque as características de cada tipo de negócio causam uma grande diferença entre esses índices sem necessariamente ser um problema para cada tipo de empresa. ANÁLISE VERTICAL A análise vertical, também conhecida como análise da estrutura, consiste em determinar o grau de participação de um determinado grupo ou conta patrimonial (de forma percentual) em relação a um determinado resultado. No caso do Balanço Patrimonial este será o total do Ativo ou do Passivo. Já na Demonstração do Resultado do Exercício, alguns autores recomendam utilizar o valor total das Vendas Líquidas. Aproveitando o exemplo da empresa Makro Atacadista S.A., apresentado inicialmente na Unidade VI, apresentaremos a seguir um exemplo de Análise Vertical. Para conhecer esta publicação na íntegra, ver: http://www.makro.com.br/balanco.asp. MAKRO ATACADISTA S.A. CNPJ nº 47.427.653/0001-15 BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO - Em milhares de reais ATIVO 2005 Consolidado AV 2004 AV 73.298 100.310 299.923 39.248 2.855 10.906 526.540 7,62% 32.497 10,42% 142.752 31,17% 227.819 4,08% 26.422 0,30% 3.163 1,13% 5.613 54,71% 438.266 3,94% 17,32% 27,64% 3,21% 0,38% 0,68% 53,17% Circulante Caixa e bancos ............................... Aplicações financeiras (Nota 5) ...... Estoques (Nota 6) .......................... Impostos a recuperar (Nota 7) ........ Despesas pagas antecipadamente Outros créditos .............................. Realizável a longo prazo Imposto de renda e contribuição social diferidos ............................. Depósitos judiciais .......................... Outros créditos .............................. 11.164 23.148 21.966 56.278 1,16% 2,41% 2,28% 5,85% 10.474 19.578 20.244 50.296 1,27% 2,38% 2,46% 6,10% Permanente Investimentos (Nota 9) ................... Imobilizado (Nota 10) ..................... Diferido ..................................... Total do ativo ................................... 375.521 4.026 379.547 39,02% 328.547 0,42% 7.090 39,44% 335.637 39,86% 0,86% 40,72% 962.365 100% 824.199 100% Fonte: http://www.makro.com.br/balanco.asp. MAKRO ATACADISTA S.A. CNPJ nº 47.427.653/0001-15 BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO - Em milhares de reais PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2005 Consolidado AV 2004 AV 492.292 71.629 51,15% 371.070 7,44% 67.744 45,02% 8,22% Circulante Fornecedores ................................. Financiamentos (Nota 11) .............. Provisão para férias e encargos sociais ...................................... Impostos a recolher ........................ PIS e COFINS a recolher (Nota 13) Dividendos e juros sobre o capital próprio ...................................... Outras obrigações .......................... 20.513 8.965 34.544 1.782 20.855 650.580 2,13% 0,93% 3,59% 19.198 6.377 19.387 2,33% 0,77% 2,35% 0,19% 1.959 2,17% 24.801 67,60% 510.536 0,24% 3,01% 61,94% Exigível a longo prazo Financiamentos (Nota 11) .............. Provisão para contingências (Nota 12) Outras obrigações .......................... 731 28.370 4.406 0,08% 2,95% 0,46% 777 26.836 2.600 0,09% 3,26% 0,32% 33.507 3,48% 30.213 3,67% 221.902 56.376 278.278 23,06% 221.902 5,86% 61.548 28,92% 283.450 26,92% 7,47% 34,39% Total do passivo e patrimônio líquido ........................ 962.365 Fonte: http://www.makro.com.br/balanco.asp. 100% 824.199 100% Patrimônio líquido (Nota 14) Capital social ............................... Reservas de lucros ......................... A fórmula utilizada para desenvolver a análise vertical no Balanço Patrimonial em percentual é: Conta ou Grupo patrimonial x 100 Total do Ativo ou do Passivo Para a Demonstração do Resultado, em percentual é: Conta ou Grupo de Resultado x 100 Total da Receita Líquida ANÁLISE HORIZONTAL A análise horizontal demonstra a variação de um elemento ou grupo patrimonial ou de resultado durante dois ou mais períodos. Exemplo: MAKRO ATACADISTA S.A. CNPJ nº 47.427.653/0001-15 BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO - Em milhares de reais ATIVO Circulante Realizável a longo prazo Permanente Consolidado 2005 VH 2005 2004 526.540 120,14% 438.266 56.278 111,89% 50.296 379.547 113,08% 335.637 Total do ativo ................................... 962.365 116,76% 824.199 Observe que ao compararmos o grupo do Ativo Circulante do Macro Atacadista S.A. de 2004 com o de 2005, verificamos um crescimento de 20,14%. (Conta ou Grupo Patrimonial ou de Resultado do Exercício X+1)x 100 Conta ou Grupo Patrimonial ou de Resultado do Exercício X É interessante verificar qual a influência da inflação sobre essa análise de evolução dos itens patrimoniais ou de resultado. Por exemplo, quando trazemos os valores de 2004 a valores de 2005 compensando a perda inflacionária, observamos uma alteração no crescimento identificado anteriormente. No exemplo sem atualização monetário temos um crescimento no Ativo Circulante de 20,14%. Agora, se multiplicarmos R$ 438.266 x 1,0120 (variação IGP-M acumulada em dez/2005) = 443.529. Neste caso, não houve de fato um crescimento de 120,14%, e sim de 118,72%, repercutindo assim uma perda de 5.263 (em milhares de R$), conforme podemos ver a seguir. 2005 526.540 56.278 379.547 962.365 VH 2005 120,14% 111,89% 113,08% 116,76% 2004 438.266 50.296 335.637 824.199 VH 2005 2004 Corrigido 118,72% 443.529 110,57% 50.900 111,74% 339.667 115,38% 834.096 MAKRO ATACADISTA S.A. CNPJ nº 47.427.653/0001-15 BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO - Em milhares de reais Consolidado ATIVO 2005 VH 2005 2004* Circulante 526.540 118,72% 443.529 Realizável a longo prazo 56.278 110,57% 50.900 Permanente 379.547 111,74% 339.667 Total do ativo ................................... 962.365 115,38% 834.096 *Obs.:Valores de 2004 foram atualizados pela variação do IGP-M durante o exercício de 2005. ANÁLISE POR ÍNDICES OU QUOCIENTES A análise por índice corresponde à relação entre contas Patrimoniais ou de Resultado com o intuito de gerar informações que não estão claramente identificadas nas respectivas demonstrações. Neste módulo iremos tratar de quatro grupos de índices: LIQUIDEZ; ENDIVIDAMENTO; ATIVIDADE; e RENTABILIDADE. ÍNDICES DE LIQUIDEZ: Os índices de liquidez analisam, através da relação entre os realizáveis e os exigíveis, a capacidade da empresa de honrar seus compromissos. É recomendável que este índice seja igual ou superior a 1, o que significa dizer que a capacidade da empresa está equilibrada, se igual a 1, ou superavitária, caso seja superior a esse. Os índices de liquidez podem ser: Índice de Liquidez Geral: LG = AC + RLP PC + ELP LG = 526.540 + 56.278 650.580 + 33.507 LG = 582.818 684.087 LG = 0,85 O índice de liquidez geral analisa se o conjunto de bens e direitos dos realizáveis possui capacidade de pagamento do total dos exigíveis. Índice de Liquidez Corrente: LC = AC PC LC = 526.540 650.580 LC = 0,81 O índice de liquidez corrente é a relação do Ativo Circulante com o Passivo Circulante avaliando a capacidade da empresa de liquidar seu passivo a curto prazo com os ativos realizáveis no mesmo período. Índice de Liquidez Seca: Disponível + Aplic. Financ. + Dupl. a Receber LS = PC LS = 173.608 650.580 LS = 0,27 O índice de liquidez seca mede através da relação do total dos ativos disponíveis e dos créditos a receber, excluindo o estoque por não ter a certeza da venda desse, com as obrigações a serem pagas no curto prazo. ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO: Os índices de endividamento mensuram o grau de participação do capital de terceiros em relação ao capital próprio. Analisam também o grau de comprometimento financeiro e sua capacidade de liquidá-lo a longo prazo. Possuir um índice superior a 1 neste caso demonstra uma alta dependência de terceiros. Índice de Participação de Capitais de Terceiros sobre os Recursos Totais: Exigível Total Ativo Total 684.087 = 0,71 962.365 Relação Capital de Terceiros / Capital Próprio ou Grau de Endividamento: Exigível Total Patrimônio Líquido 684.087 = 2,46 278.278 Relação Capital de Terceiros / Passivo Total: Exigível Total Passivo Total 684.087 = 0,71 962.365 INDICADORES DE ATIVIDADE: Conforme definido por MARTINS & ASSAF NETO(1989:pág.247), “os indicadores de atividade visam à mensuração das diversas durações de ‘um ciclo operacional’, que envolve todas as fases operacionais típicas de uma empresa, que vão desde a aquisição de insumos básicos ou mercadorias até o recebimento das vendas realizadas.” Prazo Médio de Estocagem: Estoque Médio (EI+EF)/2 C.M.V X 360 Índice que apresenta o número de dias em que o estoque permaneceu armazenado. Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores: Contas a Pagar a Fornecedores (Médio) Compras a Prazo (Anual) X 360 Índice que apresenta o número de dias (em média) que a empresa leva para pagar seus fornecedores. Prazo Médio de Recebimento: Vr. a Receber das Vendas a prazo (Média) X 360 Vendas a Prazo (Anual) Índice que apresenta o número de dias (em média) que a empresa leva para receber de seus clientes. __________________ MARTINS, Eliseu & ASSAF NETO, Alexandre. Administração Financeira – As finanças das empresas sob condições inflacionárias. 1ª. Edição, 5ª Tiragem. São Paulo – SP. Editora Atlas, 1989. INDICADORES DE RENTABILIDADE: Os índices de rentabilidade revelam o grau de retorno alcançado pela empresa durante um determinado período. Retorno sobre o Ativo: Lucro Líquido Ativo Total Retorno sobre o Patrimônio Líquido: Lucro Líquido Patrimônio Líquido Rentabilidade das Vendas: Os índices de rentabilidade das vendas demonstram o grau de eficiência que uma empresa tem de gerar lucro por intermédio das vendas. Margem Operacional: Lucro Operacional Vendas Líquidas Margem Líquida: Lucro Líquido Vendas Líquidas MÓDULO VIII REVISÃO DOS MÓDULOS MÓDULO I A evolução da contabilidade se divide em seis fases: CONTABILIDADE PRIMITIVA (Idade Antiga); PERÍODO ESTACIONÁRIO (Idade Média); PRIMEIRA SISTEMATIZAÇÃO (Século XV); PERÍODO DE CONSOLIDAÇÃO (Século XVI a XVIII); FASE CIENTÍFICA (Século XIX); ATUALIDADE (A partir do Século XX). Contabilidade =========== Ciência Factual. Objeto de Estudo ======== O patrimônio das entidades. Campo de Aplicação ===== As Aziendas*. Finalidade ============= Controle e Planejamento para a tomada de decisões. ÁREA DE ATUAÇÃO - todos os tipos de entidade que necessite de uma estrutura organizacional e consuma bens patrimoniais para alcançar seu objetivo utilizam a contabilidade como instrumento de controle e de mensuração de seus resultados. PATRIMÔNIO – É o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa física, de Pessoas Jurídicas ou de uma Entidade. BEM - tudo que esteja suscetível de avaliação econômica e que satisfaça uma necessidade ou atenda uma demanda. DIREITOS - Todos os Valores a Receber de Terceiros. OBRIGAÇÕES - Todos os Valores a Pagar a Terceiros. ASPECTO QUALITATIVO - a identificação dos elementos patrimoniais por sua natureza, por exemplo, caixa (numerários), Banco Conta Movimento (as operações de depósito e retirada bancária), Créditos a Receber (Títulos gerados por vendas a prazo), Estoque etc. ASPECTO QUANTITATIVO – É a representação de valor do elemento patrimonial perante o patrimônio. PATRIMÔNIO BRUTO o somatório dos Bens, Direitos e Obrigações de uma entidade. ATIVO - conjunto de Bens e Direitos. PASSIVO - as Obrigações para com Terceiros. SITUAÇÃO PATRIMONIAL LÍQUIDA é a diferença entre o Ativo e o Passivo de uma entidade. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO 1.3.1.1 ATIVO PATRIMÔNIO PASSIVO BENS E OBRIGAÇÕES DIREITOS SITUAÇÃO PATRIMONIAL LÍQUIDA (SPL) SITUAÇÕES PATRIMONIAIS: A > P=>SPL POSITIVA OU SUPERAVITÁRIA A = P => SPL NULA A < P => SPL NEGATIVA, DEFICITÁRIA OU PASSIVO A DESCOBERTO ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO APLICAÇÃO DE RECURSOS ORIGEM DOS RECURSOS: RECURSOS DE TERCEIROS RECURSOS PRÓPRIOS RECURSOS DE TERCEIROS que correspondem às obrigações adquiridos através de dívidas geradas pelo giro operacional ou de financiamentos. RECURSOS PRÓPRIOS que correspondem aos recursos dos sócios ou acionistas investidos na empresa ou crescimento do Patrimônio Líquido através do lucro obtido. O ATIVO representa o destino dos recursos investidos nesta empresa. Esta coluna demonstra claramente aonde foram aplicados os referidos recursos. Todas as contas de aplicação são de natureza DEVEDORA (com poucas exceções) pela sua representação de responsabilidade para com a origem dos recursos; Todas as contas de origem são de natureza CREDORA por representarem os titulares dos recursos aplicados. MÓDULO II PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE Resolução Contabilidade: C.F.C. 750/93, são Princípios Fundamentais de Da ENTIDADE; Da CONTINUIDADE; Da OPORTUNIDADE; Do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; Da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; Da COMPETÊNCIA e Da PRUDÊNCIA. MÓDULO III ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS ATOS ADMINISTRATIVOS – São as ações que não causam mudanças no patrimônio da entidade. Os atos administrativos não são do interesse da contabilidade. FATOS ADMINISTRATIVOS – São as ações que causam mudanças no patrimônio da entidade, sejam de caráter qualitativo, quantitativo ou ambos os casos. Os fatos administrativos são também chamados de FATOS CONTÁBEIS por serem de interesse da contabilidade. Os FATOS ADMINISTRATIVOS OU CONTÁBEIS são classificados como: FATOS PERMUTATIVOS; FATOS MODIFICATIVOS; e FATOS MISTOS. FATOS PERMUTATIVOS – São os fatos contábeis que não alteram o valor do PL (PATRIMÕNIO LÍQUIDO), mesmo alterando o valor dos demais elementos patrimoniais. FATOS MODIFICATIVOS – São os fatos contábeis que alteram o valor do PL (PATRIMÕNIO LÍQUIDO), causando aumento ou redução no Ativo ou no Passivo da Entidade. FATOS MISTOS – São os fatos contábeis que possuem no mesmo evento fatos permutativos e modificativos. MÓDULO IV ESCRITURAÇÃO ESCRITURAÇÃO - É uma técnica que se utiliza dos lançamentos para controlar os elementos patrimoniais. LANÇAMENTOS OU PARTIDAS - São os registros escritos dos fatos contábeis. ELEMENTOS ESSENCIAIS DOS LANÇAMENTOS: Local e data da ocorrência do fato; Contas a serem debitadas e creditadas; Histórico, com objetividade e clareza em sua narração; Valor do fato contábil. FÓRMULAS DE LANÇAMENTO: 1ª fórmula – uma conta no débito e uma no crédito. 2ª fórmula – uma só conta no débito e mais de uma no crédito. 3ª fórmula - existem mais de uma conta no débito e uma só no crédito. 4ª fórmula - mais de uma conta no débito e no crédito. ERROS NA ESCRITURAÇÃO DOS LANÇAMENTOS: Erros de redação no histórico do lançamento; Erros de valores lançados a maior ou a menor; Troca de uma conta por outra; Inversão de contas; Omissão de lançamentos; Lançamentos em duplicidade. RETIFICAÇÕES DE LANÇAMENTO: Retificação no próprio histórico, se referindo ao de erro de redação, quando este for identificado antes mesmo da finalização do lançamento; Estorno; Lançamento de retificação; Lançamento complementar; Ressalva por contabilista habilitado. CONTA CONTA – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS ELEMENTOS PATRIMONIAIS (BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES) E OS DE MUTAÇÃO DO PATRIMÔNIO (RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS) DE UMA ENTIDADE. TEORIA DAS CONTAS TEORIA PERSONALISTA; TEORIA MATERIALÍSTA; TEORIA PATRIMONIALISTA. Na Teoria Personalista os elementos patrimoniais são representados por pessoas que interagem entre si através de relações jurídicas. A Teoria Personalista divide as contas em três grupos: CONTAS DOS PROPRIETÁRIOS – São as contas que demonstram a relação jurídica entre a entidade (azienda) e os sócios ou acionistas. São consideradas contas dos proprietários todas as contas que compõem o Patrimônio Líquido. AGENTES CONSIGNATÁRIOS – São as contas que representam as “pessoas” que tem a responsabilidade da guarda ou da transação dos bens da entidade. Exemplo: Caixa, Bancos, Estoque, Móveis, Veículos, etc. AGENTES CORRESPONDENTES – São as contas que representam as “pessoas” que mantém relação jurídica com a entidade. Exemplo: Os Clientes (Duplicatas a Receber) e os Fornecedores (Duplicatas a Pagar). TEORIA MATERIALÍSTA A Teoria Materialista vai de encontro a Teoria Personalista quando declara que as contas não são apenas relações jurídicas de “pessoas”, com exceção das relações com terceiros, e sim representam valores materiais. A Teoria Materialista divide as contas em dois tipos: CONTAS INTEGRAIS – São as contas do Ativo e do Passivo. CONTAS DIFERENCIAIS – São as contas que compõem a Situação Patrimonial Líquida e as que causam sua variação. Exemplo: Receitas, Custos e Despesas. TEORIA PATRIMONIALISTA Pela Teoria Patrimonialista, as contas se dividem em dois tipos: as que compõem o Patrimônio, representando a estática patrimonial e as que o modificam, representando a dinâmica patrimonial. As contas que representam a estática patrimonial são chamadas de CONTAS PATRIMONIAIS. As contas que representam a dinâmica patrimonial são chamadas de CONTAS DE RESULTADO. PLANO DE CONTAS “Plano de Conta é o agrupamento ordenado de todas as contas que são utilizadas pela contabilidade dentro de determinada empresa”. DÉBITO, CRÉDITO E SALDO Todas as contas do ATIVO são de aplicação e tem natureza DEVEDORA (com poucas exceções) pela sua representação de responsabilidade para com a origem dos recursos. Todas as contas do PASSIVO são de origem e tem natureza CREDORA por representarem os titulares dos recursos aplicados. O ATIVO é DEVEDOR, então todas as vezes que houver aumento do ativo o registro deste deve ser a DÉBITO. Em caso de redução deste o registro deve ser a CRÉDITO. O PASSIVO EXIGÍVEL e o PATRIMÔNIO LÍQUIDO são CREDORES, então todas as vezes que houver aumento do Passivo ou do Patrimônio Líquido, o registro desses deve ser a CRÉDITO. Em caso de redução desses o registro deve ser a CRÉDITO. As Contas dos CUSTOS e DESPESAS sempre serão DEBITADAS por causarem a redução do PATRIMÔNIO LÍQUIDO e as contas de RECEITAS sempre serão CREDITADAS porque elas causam o aumento do PATRIMÔNIO LÍQUIDO. CONTAS NATUREZA ACRÉSCIMO REDUÇÃO ATIVO DEVEDORA DEBITA CREDITA REDUTORAS DO ATIVO CREDORA CREDITA DEBITA PASSIVO CREDORA CREDITA DEBITA REDUTORAS DO PASSIVO DEVEDORA DEBITA CREDITA PATR.LÍQUIDO CREDORA CREDITA DEBITA RECEITA CREDORA CREDITA DEBITA* CUSTO DEVEDORA DEBITA CREDITA* DESPESA DEVEDORA DEBITA CREDITA* *Obs.: Nas contas de resultado a redução pode ocorrer através do estorno que é uma retificação de um lançamento incorreto através da inversão deste. MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS De acordo com este método, para cada débito existe um crédito de igual valor. MÉTODO DOS BALANÇOS SUCESSIVOS Consiste na elaboração de um novo balanço a cada variação qualitativa ou quantitativa para demonstrar a nova situação patrimonial. LIVROS DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL Livros Utilidade Diário Principal Razão Principal LALUR Auxiliar Registro de Duplicatas Auxiliar Caixa Auxiliar Contas Correntes Auxiliar Natureza Cronológico Sistemático Sistemático Sistemático Sistemático Sistemático Finalidade Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório Facultativo Facultativo FORMALIDADE DO LIVRO DIÁRIO As formalidades do Livro Diário têm a seguinte classificação: Formalidades extrínsecas: deve ser encadernado com folhas numeradas em seqüência, tipograficamente. Deve conter os termos de abertura e encerramento e ser submetido à autenticação do órgão competente do Registro do Comércio (ex.: Junta Comercial). Formalidades intrínsecas: deve ser completa, em idioma e moeda nacionais, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco nem entrelinhas, rasuras, emendas e transportes para as margens. MÓDULO V FATOS CONTÁBEIS QUE AFETAM A SITUAÇÃO LÍQUIDA INTRODUÇÃO Regime contábil adotado no Brasil, REGIME DA COMPETÊNCIA. Exercício Social - intervalo de 365 dias. RECEITA - De origem latina cujo significado é de coisa recebida ou reavida, a receita pode ser definida como: Total dos valores recebidos por uma pessoa física ou jurídica decorrente de seu relacionamento mercantil com terceiros, seja ela uma venda de produto, uma prestação de serviço ou um ganho em conseqüência a uma aplicação financeira em um determinado período. As Receitas são as responsáveis pelas mutações positivas da Situação Patrimonial Líquida, conseqüentemente, possuem natureza credora. As Receitas ser: Operacionais ou Não Operacionais. As Receitas Operacionais são aquelas oriundas das atividades objeto da empresa. Essas atividades devem estar explícitas no Contrato Social da Empresa. As Receitas Não Operacionais são os valores recebidos de transações que não fazem parte das operações usuais da empresa. GASTO - de acordo com Eliseu Martins, “é o sacrifício financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro)”. INVESTIMENTO - Em uma visão geral podemos conceituar investimento como aplicação de recursos com a finalidade de conseguir um benefício futuro. DESEMBOLSO - É a entrega do recurso financeiro (pagamento) em troca do recebimento dos bens e serviços para a empresa. PERDA - Bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária. Consumo ou privação de um bem decorrente de um fato inesperado como a destruição, extravio, apreensão. Podemos definir CUSTO como: consumo de bens ou serviços na produção de novos bens ou serviços. Já a DESPESA, de acordo com o autor MARION é: “todo sacrifício (esforço) realizado pela empresa no sentido de obter receita. Pode ser vista também como o consumo parcial ou total do ativo (ativo expirado), ou seja, um ativo que já não traz benefício à empresa” (Grifo nosso). Um mesmo gasto pode ser interpretado como custo ou como despesa dependendo da interpretação do classificador e de seu grau de conhecimento do fato.. Os custos podem ser: DIRETOS – São os custos diretamente ligados à produção cujo consumo total ou parcial é de fácil mensuração. Exemplo: Mão-de-obra dos operários, Os KW de energia elétrica utilizados para realizar a movimentação das máquinas, embalagens, etc. INDIRETOS – São os custos de difícil mensuração quanto a sua participação no processo produtivo. Exemplo: Remuneração do Supervisor de Produção, Aluguel do Prédio, etc. Em geral esta mensuração acaba sendo arbitrada por algum tipo de rateio. Rateio: divisão proporcional a partir de um parâmetro de participação. Os custos também podem ser: FIXOS – Custos cujo consumo total no processo de produção não se alteram devido a quantidade produzida. Exemplo: a remuneração do gerente de produção. VARIÁVEIS – Custos cujo consumo total é diretamente proporcional a quantidade produzida. Exemplo: Matéria-prima e outros insumos. As DESPESAS podem ser: DESPESAS PRÉ-OPERACIONAIS – como o próprio nome sugere, são todas as despesas inerentes ao processo de implantação, isto é, as despesas ocorridas antes que a entidade inicie as operações que justificam o objeto social da empresa. DESPESAS OPERACIONAIS – São as despesas necessárias à atividade da empresa. De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda as despesas operacionais são: “as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa, entendendo-se como necessárias as pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa” (RIR/1999, art. 299 e seus §§ e PN CST no 32, de 1981). DESPESAS NÃO-OPERACIONAIS - segundo a legislação fiscal que trata sobre o tema, são aquelas decorrentes de transações não incluídas nas atividades principais ou acessórias que constituam objeto da empresa. Os arts. 418 a 445 do RIR/1999 expressamente discrimina o que se considera como resultados não-operacionais, os quais se referem, basicamente, a transações com bens do ativo permanente (IN SRF nº 11, de 1996, art. 36, § 1o). REGIME DE COMPETÊNCIA Este regime adotado no Brasil refere-se ao Princípio da Competência, conforme Resolução CFC no 750/93, em seu capítulo II, Seção VI, art. 9º, que determina em seu texto que: “as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento”(grifo nosso). REGIME DE CAIXA O Regime de Caixa funciona exatamente de forma inversa ao Regime de Competência, ou seja, as receitas são registradas com a entrada do recurso financeiro (dinheiro) e as despesas através do desembolso. PROVISÕES: É quando se sabe exatamente ou se estima o quanto irá desembolsar no futuro e registra em contas de obrigações (algumas são contas redutoras do Ativo que são as contas de ajuste que possuem saldo credor). MÓDULO VI DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Conforme o artigo 176 da Lei 6.404/76 as demonstrações financeiras exigidas para as Sociedades Anônimas são: I - balanço patrimonial; II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III - demonstração do resultado do exercício; e IV - demonstração das origens e aplicações de recursos. Já o Novo Código Civil, Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, em seu capítulo IV, Seção III, Art. 1.065, determina que ao término de cada exercício social as Sociedades limitadas devem elaborar: Inventário; Balanço Patrimonial; e Balanço de Resultado Econômico ou Demonstração da Conta de Lucros e Perdas. No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: a) ativo circulante; b) ativo realizável a longo prazo; c) ativo permanente, dividido em investimentos, ativo imobilizado e ativo diferido. No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) passivo circulante; b) passivo exigível a longo prazo; c) resultados de exercícios futuros; d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulados. § 3º - Os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separadamente.” No artigo 178 devemos observar os três pontos chaves sobre o Balanço Patrimonial: Agrupamento de contas por sua natureza; Estrutura decrescente de grau de liquidez* do Ativo; Fator tempo como parâmetro para a divisão dos Ativos e Passivos. * Liquidez - propriedade que alguns bens possuem de ser facilmente convertível em dinheiro vivo. Conta Grau de Liquidez Prazo Caixa Muito alta Curto Prazo Bancos Muito alta Curto Prazo Duplicatas a Receber Alta Curto Prazo Empréstimos a quotistas média Longo Prazo Veículos baixa S/ prazo determinado ATIVO Ativo Circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte: Ativo Realizável a Longo Prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (Art. 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; Investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; Ativo Imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial; Ativo Diferido: as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais. Obs.:Na empresa em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. CIRCULANTE – Antes da Lei 6.404/76 era chamado de Ativo Realizável a Curto Prazo, que são todos os ativos que se realizam dentro do período de um exercício social. Sendo assim, fica óbvio o conceito de ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO: Todos os ativos que se realizam em um prazo superior a um exercício social. ATIVO PERMANENTE – Também conhecido como Ativo Fixo, são os itens que não têm como objetivo a sua transformação em dinheiro vivo. Seu objetivo é criar estrutura para a empresa para que esta ajude a trazer resultados positivos. Sua realização através da venda é tão difícil que a maioria dos autores e a legislação fiscal entende o resultado desta como não operacional. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ATIVO Os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores mobiliários não classificados como investimentos, pelo custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este for menor; As mercadorias pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior; Os investimentos em participação no capital social de outras sociedades - pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas; Os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior; Os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão; O ativo diferido, pelo valor do capital aplicado, deduzido do saldo das contas que registrem a sua amortização. PASSIVO EXIGÍVEL - O conjunto das obrigações exigíveis da entidade é dividido em dois grupos: Circulante; Exigível a Longo Prazo. Ambos se assemelham aos grupos do Ativo no seu aspecto temporal para definição das contas, ou seja, as obrigações cujos valores se vencem até o exercício seguinte são Circulantes e caso ultrapassem serão classificados como Exigível a Longo Prazo. Resultados de Exercício Futuro - Todas as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes. Esse grupo de contas que se localiza entre o Exigível e o Patrimônio Líquido é de difícil utilização na maioria das empresas. Consiste nas receitas recebidas antecipadamente e que serão reconhecidas em períodos futuros. Devem ser lançados com suas devidas deduções, todas as despesas e custos incorridos para a realização dessas receitas. É importante observar que este tipo de Receita não deve estar sujeita à devoluções por parte da empresa. PATRIMÔNIO LÍQUIDO - Esse grupo de contas representa a aplicação dos recursos dos proprietários na constituição da empresa. Ele está dividido em: Capital Social; Reservas de Capital; Reservas de Reavaliação; Reservas de Lucros; Lucros ou Prejuízos Acumulados; Ações em Tesouraria. CAPITAL SOCIAL O Capital Social corresponde ao recurso inicialmente utilizado pelos proprietários para constituir a empresa. Formalizado através de um contrato social e acrescido através de aditivos. Fazem parte do Capital Social as seguintes contas: Capital Subscrito – Corresponde ao valor total acordado através de contrato social que cada quotista (no caso da Ltda.) irá aplicar na sociedade; Capital a Integralizar – Valor ainda não transferido de fato para o patrimônio da empresa por parte dos quotistas. RESERVAS - são valores que podem ter origem no recebimento dos quotistas ou de terceiros sem que isso represente aumento de capital ou uma receita (RESERVA DE CAPITAL), uma reavaliação quantitativa dos valores dos elementos que compõem o ativo (RESERVA DE REAVALIAÇÃO) ou então, dos lucros não distribuídos aos proprietários (RESERVA DE LUCROS). AÇÕES EM TESOURARIA - São as ações adquiridas pela própria empresa. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO PASSIVO No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios: As obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive imposto de renda a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço; As obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço. MÓDULO VII ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS De acordo com MARTINS & ASSAF NETO1(1989: pág.234): “A análise das demonstrações contábeis visa fundamentalmente ao estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em um determinado período passado, para diagnosticar, em conseqüência, sua posição atual, e produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências futura”. As técnicas de análise das demonstrações financeiras mais utilizadas são: Análise Vertical; Análise Horizontal; e Análise dos índices. A análise de um índice tem pouco valor na interpretação do desempenho de uma empresa se esta for feita sem outros índices que justificam e ratificam o diagnóstico apresentado. Comparação temporal, onde se avalia a evolução dos elementos patrimoniais e de resultado da empresa ao longo do tempo (em geral usando um intervalo de três a cinco anos). Comparação setorial, ou seja, para saber se uma empresa tem melhor rentabilidade ou maior liquidez do que sua concorrente, por exemplo, devemos comparar as informações econômico-financeiras destas empresas. ANÁLISE VERTICAL - Também conhecida como análise da estrutura, consiste em determinar o grau de participação de um determinado grupo ou conta patrimonial (de forma percentual) em relação a um determinado resultado. A fórmula utilizada para desenvolver a análise vertical no Balanço Patrimonial em percentual é: Conta ou Grupo patrimonial x 100 Total do Ativo ou do Passivo __________________ 1.MARTINS, Eliseu & ASSAF NETO, Alexandre. Administração Financeira – As finanças das empresas sob condições inflacionárias. 1ª. Edição, 5ª Tiragem. São Paulo – SP. Editora Atlas, 1989. Para a Demonstração do Resultado, em percentual é: Conta ou Grupo de Resultado x 100 Total da Receita Líquida ANÁLISE HORIZONTAL - A análise horizontal demonstra a variação de um elemento ou grupo patrimonial ou de resultado durante dois ou mais períodos. (Conta ou Grupo Patrimonial ou de Resultado do Exercício X+1)x 100 Conta ou Grupo Patrimonial ou de Resultado do Exercício X ANÁLISE POR ÍNDICES OU QUOCIENTES A análise por índice corresponde à relação entre contas Patrimoniais ou de Resultado com o intuito de gerar informações que não estão claramente identificadas nas respectivas demonstrações. Neste módulo iremos tratar de quatro grupos de índices: LIQUIDEZ; ENDIVIDAMENTO; ATIVIDADE; e RENTABILIDADE. ÍNDICES DE LIQUIDEZ - analisam, através da relação entre os realizáveis e os exigíveis, a capacidade da empresa de honrar seus compromissos. É recomendável que este índice seja igual ou superior a 1, o que significa dizer que a capacidade da empresa está equilibrada, se igual a 1, ou superavitária, caso seja superior a esse. Os índices de liquidez podem ser: Índice de Liquidez Geral: LG = AC + RLP PC + ELP O índice de liquidez geral analisa se o conjunto de bens e direitos dos realizáveis possui capacidade de pagamento do total dos exigíveis. Índice de Liquidez Corrente: AC PC O índice de liquidez corrente é a relação do Ativo Circulante com o Passivo Circulante avaliando a capacidade da empresa de liquidar seu passivo a curto prazo com os ativos realizáveis no mesmo período. LC = Índice de Liquidez Seca: Disponível + Aplic. Financ. + Dupl. a Receber LS = PC O índice de liquidez seca mede através da relação do total dos ativos disponíveis e dos créditos a receber, excluindo o estoque por não ter a certeza da venda desse, com as obrigações a serem pagas no curto prazo. ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO - mensuram o grau de participação do capital de terceiros em relação ao capital próprio. Analisam também o grau de comprometimento financeiro e sua capacidade de liquidá-lo a longo prazo. Possuir um índice superior a 1 neste caso demonstra uma alta dependência de terceiros. Índice de Participação de Capitais de Terceiros sobre os Recursos Totais: Exigível Total Ativo Total Relação Capital de Terceiros / Capital Próprio ou Grau de Endividamento: Exigível Total Patrimônio Líquido Relação Capital de Terceiros / Passivo Total: Exigível Total Passivo Total INDICADORES DE ATIVIDADE – mensuram as diversas durações de um ciclo operacional. Prazo Médio de Estocagem: Estoque Médio (EI+EF)/2 X 360 C.M.V Índice que apresenta o número de dias em que o estoque permaneceu armazenado. Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores: Contas a Pagar a Fornecedores (Médio) X 360 Compras a Prazo (Anual) Índice que apresenta o número de dias (em média) que a empresa leva para pagar seus fornecedores. Prazo Médio de Recebimento: Vr. a Receber das Vendas a prazo (Média) X 360 Vendas a Prazo (Anual) Índice que apresenta o número de dias (em média) que a empresa leva para receber de seus clientes. INDICADORES DE RENTABILIDADE - revelam o grau de retorno alcançado pela empresa durante um determinado período. Retorno sobre o Ativo: Lucro Líquido Ativo Total Retorno sobre o Patrimônio Líquido: Lucro Líquido Patrimônio Líquido Rentabilidade das Vendas: Os índices de rentabilidade das vendas demonstram o grau de eficiência que uma empresa tem de gerar lucro por intermédio das vendas. Margem Operacional: Lucro Operacional Vendas Líquidas Margem Líquida: Lucro Líquido Vendas Líquidas