PEA 5002- ENERGIA EÓLICA FUNDAMENTOS E VIABILIDADE TÉCNICO-ECONÔMICA Aula 4 - Fundamentos da geração eólica - Conversão de energia ASPECTOS TRATADOS: • a interação dos ventos com as pás • a operação das pás • análise do desempenho de um rotor Aplicação: turbinas de eixo horizontal Energia e potência contida no do vento Energia Cinética: ocasionada pelo movimento de massas de ar 1 E mv 2 2 joules Peol 1 m 2 v 2 seg Massa = kg V = metros / s Anel circular Área, A=100m2 Massa de ar / seg = dens. do ar Volum. do ar / seg = dens. do ar Área comprim. do cilindro de ar passando a cada seg. Ar = densid . do ar área velocid. . m / seg m Av Onde: Comprimento = 10m Velocidade V= 10m/s densidade do ar = 1,2256 kg/m3 ao nível do mar . m Av Peol 1 . 2 mv 2 Peol Potência eólica 1 3 Joules/s= Watts Av 2 A Turbina de eixo horizontal 4 D 2 D= diâmetro do rotor Processo de conversão: Energia extraída do vento Teorema de Betz Potência eólica 1 . 2 mv 2 Peol A A2 V Usando a lei de conservação de momento F mV1 V2 . Windpower.dk, 1998 Lei da continuidade de fluxo Potência mecânica extraída pelo rotor 1 . 2 2 Pm m . V1 V2 2 A1 . 1 A1V1 2 A2V2 m . m Sendo V1> V > V2 Fluxo de massa A = área do rotor 1 . 2 2 Pm m . V1 V2 2 V V1 V2 V 2 volume L m ( ) A segundo seg . A2 . m A 1 . 2 2 Pm m . V1 V2 2 1 V1 V2 2 2 Pm . A . V V 1 2 2 2 Potência eólica A A1 V1 V2 2 2 V2 V2 1 1 V1 V1 1 3 Pm . A.V1 2 2 Peol Potência mecânica Eficiência mecânica = Coeficiente de potência 1 Pm . . A.V 3 .C p 2 Curva de Cp máximo (teórico) em função da velocidade do vento Cp (teórico) = 16/27 = 59,26% Eficiência de Betz V Na prática Cp é menor que o valor máximo teórico em função de três fatores: •rotação da esteira atrás do rotor • número de pás e perdas na ponta associadas • força de arrasto não nula • perfil aerodinâmico das pás m INFLUÊNCIA DA ROTAÇÃO DA ESTEIRA FORMADA PELO ROTOR http://www.windpower.dk/tour Interferência da esteira; depende da velocidade de ponta de pá Máximo coeficiente de potência alcançável para vários modelos de turbinas Cp não é constante e é função da: RV R V1 Onde: Velocidade específica R R As pás são projetadas para ter uma operação ótima à uma determinada velocidade específica Razão de velocidade de ponta de pá Velocidade tangencial de ponta de pá Velocidade angular Raio da pá V1 Velocidade do vento não perturbado Potência mecânica 1 3 Pm Av Cp 2 Pm = Torque (T) (Newton-metro) Velocidade angular (w) Torque = produto da força resultante (Fr) pelo raio (R) Torque total = A soma dos torques nos diversos pontos ao longo das pás multiplicado pelo número de pás Torque Nm Torque de uma turbina eólica versus velocidade do rotor para velocidades de vento V1 e V2. T2max T1 max V2>V1 V1 Rad/seg Potência (Watts) Potência de uma turbina eólica versus velocidade do rotor para velocidades de vento V1 e V2 P2 max V2 P1ma x V1 Rad/seg Potência da turbina versus característica da velocidade do rotor para diferentes velocidades de vento. O pico de potência movese para a direita nas altas velocidades. Potência Ponto de máxima potência P3 V1<V2<V3 P 2 V2 P 1 V1 Velocidade da turbina V3 Aerofólios e conceitos gerais sobre aerodinâmica FORÇAS ATUANTES NS PÁS FL = Força de sustentação : perpendicular à direção do vento incidente FD = Força de arrasto: paralela à direção do vento incidente Magnitude das forças depende: •Forma do objeto Boyle, 2002 •Sua orientação com relação a corrente de ar • velocidade da corrente de ar L – Lift (sustentação) D – Drag (arrasto) AEROFÓLIO : Terminologia CORTE TRANSVERSAL DA PÁ Zona de pressão negativa Sucção Ângulo de ataque Vw Borda de ataque Zona de pressão positiva Linha de corda Distância da corda Vento incidente resultante nas pás Borda de fuga Modelo de pás - turbinas tipo hélice Cresesb, 2002 • diferentes perfis: simétrico e assimétrico • materiais : fibra de carbono, fibra de vidro com plástico; madeira, aço e alumínio, etc COEFICIENTES DE SUSTENTAÇÃO E ARRASTO Coeficiente de arrasto - CD CD FD 0,5 V 2 A FD = força de arrasto (Newtons) V – velocidade do vento incidente nas pás (m/s) densidade do ar (kg/m3) A – área da pá (linha de corda comprimento da pá) (m2) Coeficiente de sustentação - CL CD FL 0,5 V 2 A FL = força de sustentação CL CD Razão entre os coeficientes de sustentação e arrasto Velocidade tangencial ÂNGULO DE PASSO DAS PÁS Velocidade do vento incidente Velocidade resultante Ref: Silva, 2005 Ângulo de ataque – formado entre a corda do perfil da pá e a direção do vento resultante VWr Ângulo de passo – ângulo entre o plano de rotação e a corda do perfil aerodinâmico da pá Ângulo em que a velocidade do vento resultante faz com o plano de rotação das pás Conversão aerodinâmica da Energia eólica em Energia Mecânica Ref: Silva, 2005 ÂNGULO DE ESTOL Cresesb, 2002 Ângulo de estol é o ângulo de ataque no qual o aerofólio exibe um comportamento de estol. Estol ocorre quando o fluxo repentinamente deixa o lado de sucção do aerofólio (quando o ângulo de ataque torna-se elevado), resultando numa diminuição da força de sustentação e aumento da força de arrasto. ESTRATÉGIA DE CONTROLE PARA TURBINAS DE PASSO FIXO – CONTROLE ESTOL Ângulo de passo (Beta) - constante Ref: Carvalho, 2003 ESTRATÉGIA DE CONTROLE PARA TURBINAS DE PASSO VARIÁVEL – CONTROLE DE AJUSTE DO ÂNGULO DE PASSO ( Pitch control) Ref: Carvalho, 2003 Turbina de eixo horizontal O número de pás é visto em função da solidez das mesmas. A solidez (s) é definida como a fração sólida da área varrida pelas pás do rotor. S= área sólida das pás pela área formada pela rotação das pás Turbina de uma pá, cuja largura da mesma seja igual a largura da turbina de duas pás, terá um velocidade específica ótima duas vezes maior do que a turbina de duas pás Turbina de duas pás, cuja largura das mesmas seja igual a largura da turbina de três pás, terá uma velocidade específica ótima 1/3 maior que a turbina de três pás. Na teoria, quanto maior a quantidade de pás, maior a eficiência da turbina. Todavia, o número grande de pás, pode interferir uma na outra, tornando este modelo de turbina menos eficiente que as demais Afinal, qual o número ideal de pás? http://www.windpower.dk/tour Turbina com número par de pás apresenta problemas de estabilidade em máquinas de estrutura rígida. Efeito do número de pás Os principais fatores que permeiam a escolha do número de pás de uma turbina são: •O efeito no coeficiente de potência (Cp) •A especificação da razão de velocidade = velocidade específica • custo •O peso da nacele •A estrutura dinâmica – balanço de forças •Os meios de limitar a taxa de guinada (Yaw) para reduzir a fadiga • ruído FATORES QUE DEVEM SER CONSIDERADOS EM UM PROJETO DE UMA TURBINA • produção de energia • vida útil • custo Tipo de forças atuantes Turbina de eixo horizontal Tipos de cargas – forças atuantes • Estática (cargas não-rotativas): cargas constantes que incidem na estrutura não móvel • cargas fixas ( rotativas): cargas que não variam com o tempo porém , a estrutura está se movendo • Cargas cíclicas: variam com o tempo. Acontecem devido a conjunção de fatores como: peso das pás, variação da velocidade do vento com a altura e movimento de guinada, vibração dos componentes no eixo. • Cargas transitórias: aparecem em resposta a um evento externo temporário. Ex: cargas resultantes da aplicação de freios • cargas impulsivas: cargas que variam com o tempo (relativamente curto), mas de elevada magnitude. Forças em que as pás estão submetidas função da posição da torre com relação às pás (downwind) • Cargas estocásticas : cargas que variam com o tempo ( cíclicas, transitórias e impulsivas) – Cargas nas pás devido a incidência de ventos turbulentos • Cargas ressonantes induzidas: Cargas cíclicas resultantes da resposta dinâmica de algumas partes da turbina . FONTES (origem) DE CARGAS • Aerodinâmicas: aparecem com ventos de alta velocidade interferindo na estrutura dinâmica e gerando fadiga nas pás. • Gravidade: importante fonte de cargas nas pás de grandes dimensões • Interações dinâmicas: movimentos induzidos por forças gravitacionais e aerodinâmicas induzem cargas em outras partes da turbina • Controle mecânico – Ex: aplicação de freios para freiar a turbina pode gerar cargas ao longo da estrutura. Turbinas de eixo horizontal versus eixo vertical Eixo vertical Vantagens: • gerador, engrenagens e demais componentes são instalados ao nível do solo, não necessitando de uma torre • Não há necessidade de mecanismo de guinada para colocar o rotor contra o vento (aceita o vento vindo de qualquer direção) http://www.windpower.dk/tour Desvantagens: • Velocidade do vento é menor ao nível do solo • Eficiência total é menor • Precisa de motor para iniciar a sua rotação • Precisa de cabo guia ( estaiada) Quanto a posição nas pás nas torres Á montante 10 kW 50 kW 3 kW Á jusante 400 W http://www.windpower.dk/tour Curva de potência de uma turbina 1 P AV 3 .Cp 2 Regiões de funcionamento da turbina Potência e eficiência Cp (%) 100 Limite de potência do gerador 40 Cp constante 5 15 Velocidade do vento m/s 25 Tamanho relativo entre tamanho do rotor e potência do gerador elétrico • gerador de pequena potência com rotor de grandes dimensões: o gerador funcionará a maior parte do tempo porém, irá capturar uma pequena parte da energia contida nos ventos • Um gerador elétrico de elevada potência: será mais eficiente nas altas velocidades , porém ineficaz nas baixas velocidades. De que forma fazer o casamento entre tamanho de rotor e potência do gerador elétrico? • Ter um bom conhecimento dos ventos no local bem como a energia contida nos ventos nos diferentes valores de velocidade • captação de ventos em alturas maiores: maiores velocidades dos ventos ( função da rugosidade do terreno). Porém o preço da torre pode não compensar a geração de energia adicional Capacidade nominal das turbinas Uma turbina que fornece uma potência de 300kW a 7m/s produzirá 450 kW a 8m/s. Como definir a potência nominal da turbina? Alguns fabricantes têm adotado um índice que relaciona a capacidade do gerador elétrico com o diâmetro da turbina, denominado capacidade nominal específica (CNE), definido como segue: CNE = potência nominal do gerador elétrico Área do rotor Por exemplo para uma turbina de 300/30, o CNE seria de 300/ .152= 0,42 kW/m2. A capacidade nominal específica da turbina aumenta com o diâmetro das pás, resultando numa economia de escala para as grandes turbinas. O CNE varia entre 0,2 kW/m2 para diâmetro de 10m e 0,5 kW/m2 para diâmetro de 40 m podendo alcançar valores próximos a 1kW/m2. Tamanho dos rotores das turbinas 1 Pm Av 3Cp 2 A d2 4 Razões para escolher turbinas de grande porte 1Economia de escala: máquinas de grande porte geram energia a um menor custo comparado às turbinas de menor porte. A razão disso é que o custo das fundações, estradas, conexão à rede elétrica, mais um número de componentes da turbina (controle eletrônico etc) muitas vezes independem do tamanho da turbina. 2Máquinas de grande porte são mais adequadas em aplicações offshore. O custo da fundação não aumenta na proporção do tamanho das turbinas, e os custos de manutenção são largamente independentes do tamanho da turbina. 3Em áreas onde é difícil encontrar locais para instalação de mais de uma turbina, uma turbina de grande porte instalada em uma torre alta usa o recurso existente de forma mais eficiente. Razões para escolher turbinas de pequeno porte 1- A rede local pode ser fraca para acomodar turbinas de grande porte. É o caso de áreas remotas, com baixa densidade populacional e conseqüentemente baixo consumo. 2Há menor flutuação na eletricidade gerada por um parque formado por pequenas turbinas, visto que flutuações ocorrem aleatoriamente e tendem a se cancelar. 3O custo da utilização de grandes guindastes e construção de estradas reforçadas para carregar os componentes das turbinas faz com que pequenas turbinas sejam mais econômicas em certas áreas. 4Diversas máquinas de pequeno porte diluem o risco em caso de uma falha temporária 5Considerações estéticas podem algumas vezes ditar o uso de máquinas pequenas. No entanto, turbinas de grande porte possuem velocidade rotacional mais baixa, significando que uma grande máquina não atrai tanta atenção quanto várias máquinas pequenas que giram mais rápido. Energia elétrica gerada por uma turbina eólica A potência contida no vento é P = ½ . d . A . v3, Na prática, a potência elétrica (Pe) gerada por uma turbina é indicada pela sua curva de potência. •· velocidade cut-in – velocidade do vento em que o aerogerador começa a gerar eletricidade; •· velocidade nominal – velocidade do vento a partir da qual a turbina gera energia na sua potência nominal.; •velocidade cut-out – velocidade do vento em que o aerogerador é desligado para manter as cargas, a potência do gerador elétrico e a integridade física da máquina dentro dos limites de segurança ou fora dos limites de danos aos diversos componentes do aerogerador A produtividade energética de um aerogerador pode ser determinada por meio do uso direto dos dados de ventos (série de dados medidos ou histograma de velocidade de vento), ou por meio do uso de técnicas estatísticas usando as funções de densidade de probabilidades. Utilizando uma série de n observações de velocidade de vento, cada observação representada por um valor médio dentro de um intervalo de tempo , pode-se calcular a potência média gerada por um aerogerador a partir da seguinte equação: em que Pe(vi) é a potência elétrica em função da velocidade do vento extraída da curva de potência do aerogerador . A energia elétrica gerada (Eg) por um aerogerador pode ser calculada pela seguinte expressão: Determinação da energia elétrica gerada com base no histograma de velocidade de vento : A série de velocidades de vento medida pode ser compactada usando o método de classes de velocidade, em que os dados são separados em intervalos de ocorrências de velocidades de vento associados a um número de ocorrências ou frequência absoluta. Dessa forma, a potência elétrica gerada por uma turbina eólica pode ser calculada pela seguinte expressão: fj = número de ocorrências de velocidade de vento no intervalo j; mj = média das velocidades ocorridas no intervalo j; Pe = potência elétrica gerada na ocorrência de velocidade mj; J = intervalo, varia de 1 à N, sendo N o número total de ocorrências de velocidade de vento. A energia elétrica gerada por um aerogerador pode ser calculada pela seguinte expressão. frj fj N I N fj j 1 I = número total de classes ou intervalos de velocidade Ex: 20 Determinação da energia elétrica gerada com base nas técnicas estatísticas Para uma dada função de distribuição do regime de vento p(v), e uma curva de potencia conhecida de um aerogerador, a potencia elétrica média gerada pode ser calculada pela seguinte expressão: Onde: Pe(v) – potencia elétrica tirada da curva de potencia da turbina p(v) – Função densidade de probabilidade que por exemplo a de Weibull k v p (v ) c c k 1 e v c k É possível determinar a curva de potência do aerogerador baseada na potência eólica e o coeficiente de potência Cp.. A seguinte equação expressa esta relação: A partir dessa equação é possível utilizar os métodos estatísticos para estimar a energia gerada por um determinado aerogerador instalado em um determinado sítio com um mínimo de informação. Apresenta-se, a seguir, cálculo da estimativa da energia gerada baseada nas duas funções estatísticas já apresentada na aula 2. São elas: Função de Rayleigh e Função de Weibull. Para um perfil de vento representado pela função de Rayleigh, a potencia média gerada pode ser calculada pela seguinte expressão: Para um perfil de vento representado pela função de Weibull, a potencia média gerada pode ser calculada pela seguinte expressão: Cálculo da energia produzida k v p (v ) c c k 1 v k exp c Ex: Distribuição de Weibull Potência nominal EP(ano) fri Pi t ENERGIA GERADA PELO PARQUE Produção de energia bruta: considera apenas as perdas por interferência das esteiras entre rotores das turbinas D = Diâmetro do rotor (m) Produção líquida : Devem ser incluídas : •Perdas elétricas: circuito interno + transmissão até o ponto de entrega • Consumo próprio 10 D 5D • Perdas por indisponibilidade do sistema elétrico e dos aerogeradores Avaliação do efeito esteira provocado por turbinas eólicas adjacentes – Norma IEC 61400. No caso de um espaçamento entre turbinas inferior a 3 diâmetros, o projeto deve ser melhor avaliado de acordo com a norma.. Energia anual gerada por uma turbina EG(ano) Pn FC 8760 / ano Energia anual gerada por uma central eólica EG(ano)central EGn nT = número de turbinas Energia gerada por cada turbina EG(ano)central 1 EG(ano) n (1 perdas ) nT Perdas na central= Perdas elétricas + consumo próprio + fator de indisponibilidade