Interferência “In vitro”

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Exames laboratoriais:
Informações e Indicadores úteis para:
 estabelecer diagnósticos
 avaliar a gravidade das patologias existentes
(estágio da doença)
 planejar o tratamento mais adequado
 avaliar a eficácia do tratamento instituído
 caracterizar populações
Interpretação:
 A interpretação inadequada de um exame pode levar
ao clínico à tomada de decisões erradas em relação ao
seu paciente.
 Decisões clínicas, quando baseadas nos testes
laboratoriais que foram realizados em espécimens
corretamente colhidos, identificados , realizados por
processos bem definidos e controlados, são adequadas.
Interferência de fârmacos
 A terapia por drogas pode aumentar ou diminuir o
nível aparente de determinados constituintes na análise
química de diversos líquidos biológicos (sangue ou
urina)
 O desconhecimento desses efeitos pode induzir a uma
interpretação errônea dos resultados, causando
desnecessários aumentos no custo do tratamento.
As drogas
As drogas podem causar problemas nas
investigações químicas de duas diferentes
maneiras:
a) “In vitro” - ou seja, interferência metodológica.
b) ”In vivo” - ou seja, efeitos biológicos
Interferência “In vitro”
 Enquanto na interferência “in vivo” o laboratório
pode oferecer ao clínico informações sobre a ação do
interferente, na interferência “in vitro” , que ocorre
quando o medicamento interfere na reação, que pode
ser química e física, esta exige conhecimento do
profissional do laboratório sobre a interferência.
Interferência “in vitro”
 Química: o medicamento reage com o reativo
cromogênico ou inibe a reação enzimática, propiciando
resultados falso positivos ou falso negativos. É o que
observamos quando a Bilirrubina indireta reage com
AAS por reação com o sulfato de benzeno diazônio,
promovendo um falso aumento deste pigmento.
Interferência “in vitro”
 As drogas ou seus metabólitos podem interferir com
a reação química utilizada. É importante entender que a
interferência com um método analítico poderá não estar
necessariamente presente com outros métodos de
análise. Isto implica em dizer que os métodos analíticos
devem ter uma alta especificidade.
Interferência “in vitro”
 Pequenas diferenças na técnica podem ser decisivas
no grau de interferência da droga. Isto se aplica, por
exemplo, a dosagem da creatinina, que pode ser afetada
por drogas como o ácido ascórbico ou metildopa.
Devemos lembrar que as implementações nas
metodologias analíticas têm, nos últimos anos,
diminuído estas interferências.
Interferência “in vitro”
 Podemos citar como exemplo o exame de hormônios
tireoideanos por metodologias ELFA ou E.I.E., em
substituição as técnicas de ligação protéica e que,
portanto, não sofrem interferência com a administração
de iodo. O mesmo ocorre nas determinações de glicose,
creatinina sérica e colesterol, atualmente analisadas por
metodologias enzimáticas, superiores às colorimétricas.
Interferência “in vitro”
As drogas podem interferir em exames freqüentes no
laboratório, como o exame sumário de urina, no qual a
presença de ácido ascórbico pode interferir na pesquisa
da glicose dando falsos valores baixos. O mesmo
pode-se dizer da pesquisa de hemoglobina, que
também pode sofrer interferência da droga citada
anteriormente.
Interferência “in vitro”
 O teste do nitrito ,da mesma forma, sofre interferência
pela presença de ácido ascórbico na urina. E mesmo a
pesquisa de sangue oculto nas fezes pode sofrer
interferência, resultando em falso negativo, causado pela
presença da mesma droga.
 Infusões de lipídios (intralipid) podem causar distúrbios
mecânicos na contagem de eritrócitos e leucócitos, como
também em certas análises espectrofotométricas.
Interferência “in vitro”
 Reconhece-se que os resultados sofrem alterações
significativas quando as amostras são tomadas muito
próximas da infusão de emulsões lipídicas. É difícil
para o médico reconhecer estas limitações e, assim
sendo, é importante que , não sendo o método escolhido
muito específico, o médico seja informado dessas
interferências.
Interferência “in vitro”
Os efeitos biológicos das drogas com influência na
interpretação dos resultados dos exames laboratoriais
podem ser encontrados:
a) regularmente - em todas as pessoas testadas sob o uso
de certas drogas.
b) irregularmente - observado somente em um grupo
pequeno de pessoas. (Idiossincrasias)
Efeitos regulares
 Os hormônios sexuais freqüentemente têm um efeito
metabólico considerável e causam significantes mudanças
no padrão das proteínas plasmáticas. A concentração
plasmática de certas proteínas como a haptoglobina e
albumina decresce enquanto as concentrações de outras
proteínas como as lipoproteínas, Transferrina e alfa 1
antitripsina, aumentam.
Efeitos regulares
 Os aumentos na concentração de algumas das
proteínas no plasma são extremamente acentuadas. Isto
é verdadeiro para a Ceruloplasmina e este aumento é
acompanhado por aumento do T4 plasmático e Cortisol
plasmático na mulher que está tomando contraceptivos
ou fazendo terapia estrogênica.
Efeitos regulares
 Os contraceptivos orais mudam o metabolismo dos
lipídios. Em estágio inicial pode ser observado um
aumento de triglicerídios, colesterol e HDL colesterol,
sob a influência do componente estrogênico.
 Um outro exemplo de efeito regular das drogas é a
hipercalcemia observada durante tratamento com
tiazidas.
Influências irregulares
e idiossincrasias
 Fatores constitucionais podem ser decisivos no
desenvolvimento de dano hepático causado por certos
esteróides. Elevação da Fosfatase alcalina é comum, bem
como a elevação das Transaminases séricas. Esteróides
anabólicos, podem causar colestase hepática, bem como
aumento da F. alcalina.
Fumo
 O fumo promove mudanças agudas e crônicas na
concentração de analitos sangüíneos. O fumo promove
aumento dos ácidos graxos, epinefrina, aldosterona e
cortisol. Estas alterações são observadas uma hora após
fumar. Alterações crônicas são referidas como
alterações nas contagens dos leucócitos, lipoproteínas,
hormônios e marcadores tumorais (CEA).
Álcool
 Dentre os efeitos agudos, que ocorrem entre 2 a 4 horas
após o consumo de etanol, verifica-se diminuição da glicose
sérica e um aumento do lactato devido a inibição da
gliconeogênese hepática. O Metanol é metabolizado a
acetoaldeído e em seguida a acetato. Isto aumenta a
formação de ácido úrico hepático. Juntamente com o lactato,
o acetato diminui o bicarbonato sérico resultando em acidose
metabólica.
Drogas aditivas
 Drogas como Anfetamina, Morfina, Heroína, Cannabis
e Cocaína podem influenciar os resultados dos testes
laboratoriais. Morfina causa espasmos do esfíncter de
Oddi, elevando assim os níveis de enzimas como Amilase
e Lipase. Observamos na tabela em anexo os efeitos
biológicos dessas drogas e seus respectivos efeitos nos
analitos.
Drogas aditivas
 Anfetamina: Aumenta os ácidos graxos livres.
 Morfina: Aumenta alfa Amilase, TGO, TGP, F.
Alcalina, TSH e prolactina.
 Heroína: Aumenta pCO2, T4, Colesterol, potássio.
Diminui: PO2, Albumina
 Cannabis: Aumenta Na, K, uréia, Cl. Diminui:
Creatinina, Glicose, Ácido úrico.
Espermograma
 As interferências por medicamentos sobre as contagens
de espermatozóides e sobre a motilidade espermática,
ocorrem de forma fisiológica “in vivo”. Assim, temos
como exemplo de medicamentos que diminuem a
contagem dos espermatozóides “in vivo”: Cimetidina
(quadros de oligozoospermia transitória);Griseofulvina
(oligozoospermia)
Espermograma
 Metrotexato - tem potente ação anti-espermatogênica,
levando a quadros variáveis de oligozoospermias e
azoospermias.
 Tabaco - O tabagismo pode, a longo prazo, produzir
casos de oligozoospermia, azoospermia e
astenozoospermia
Medicamentos que atuam
“in vivo”sobre a glicose
 Vários medicamentos têm ação “in vivo”sobre a
determinação da glicose, elevando-a ou diminuindo-a
 Provocam diminuição - Agentes anestésicos (stress);
Aspirina (aumento da absorção)
Medicamentos que atuam
“in vivo”sobre a glicose
 Outros medicamentos provocam aumento “in
vivo”da glicemia: Clonidina, Cortisona, Fenitoína,
Morfina, Prednisona, Reserpina, Teofilina (diminuição
da tolerância à glicose.
Alterações “in vivo”e “in vitro”
Exame de Urina
O exame de urina pode sofrer alterações “in vitro”
por modificação, por exemplo, da cor (Piridium) ou
alterações pelo uso, por exemplo, de antibióticos que
inibem o crescimento bacteriano “in vitro”, embora
possa não estar apresentando ação “in vivo”
Alterações “in vivo”e “in vitro”
Exame de Urina
Alterações in vivo podem ser observadas:
 Pelo uso de contrates radiológicos que elevam a
densidade urinária. Uma outra alteração “in vivo” com
modificação da densidade urinária é a eliminação de
grandes quantidades de glicose.
 Glicose: (glicose-oxidase)Ácido ascórbico mascara a
presença de glicose (falso negativo)
Alterações “in vivo”e “in vitro”
Exame de Urina
 Bilirrubina (glicose-oxidase): Sofre interferência pelo
metabólitos de fármacos que dêem cor a um pH baixo (
Piridium , selenium). Ácido ascórbico (falso negativos)
 Corpos Cetônicos (nitroprussiato de Na): Em Urinas
muito pigmentadas ou metabólitos de metildopa podem
aparecer resultados falso positivos
Alterações “in vivo”e “in vitro”
Exame de Urina
 Nitrito: (ácido para arsanilico)Ácido ascórbico
 Leucócitos: (éster derivado de aminoácido
pirrólico)níveis altos de fármacos podem causar reações
falso-positivas. A nitrofurantoína dá a urina uma cor parda
que mascara a cor da reação.
Hemoculturas
 Inibição do crescimento bacteriano pelo uso de
antibióticos ou Quimioterápicos, sobretudo na utilização
de metodologias tradicionais. Esta interferência pode ser
minorada quando se utiliza metodologias automatizadas.
Imunologia
 Complemento C3 : Hidralazina < fis.
Metildopa < fis.; Fenitoína < fis. Cimetidina > fis.;
Contraceptivos orais > fis.;
 Complemento C4: Metildopa < fis.; Contraceptivos
orais > fis.;
 Complemento total: Ac. Valpróico < fis.
Bibliografia
Young, D. S. Effects of Drugs on Clinical Laboratory Tests - 4a
edição, 1995.
2. Krol, M.H. Elin, R.J. : Interference with Clinical
Laboratory analyses - Clinical Chemistry ano 1994 - no 40 pag
1996 a 2005.
3. Guder, W. G. e cols. Samples: From the Patient to the
Laboratory. GIT VERLAG GMBH - Germany, 1996
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