PSICOLOGIA OBJETOS, MÉTODOS E IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO Profa. Dra. Maisa H. Altarugio UFABC A (do grego psykhé, "psique, "alma", "mente" e lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") “ é a que estuda o (tudo o que um organismo faz) e os (experiências subjetivas inferidas através do comportamento). é a atividade observável dos organismos na sua busca de adaptação ao meio em que vivem. Os são a maneira como a mente funciona - pensar, planejar, tirar conclusões, fantasiar e sonhar. O comportamento humano não pode ser compreendido sem que se compreendam esses processos mentais, já que eles são a sua base. Como toda , o fim da Psicologia é a , a , a e o do seu objeto de estudo. Como os processos mentais não podem ser observados mas apenas inferidos, torna-se o o alvo principal dessa descrição, explicação e previsão . o comportamento de um indivíduo significa, em primeiro lugar, o desenvolvimento de métodos de e análise que sejam o mais objetivos possível e em seguida a utilização desses métodos para o levantamento de dados confiáveis. : adquirido por meio dos sentidos; são conhecimentos ganhos a posteriori por meio da experiência. : conjunto finito de casos conjunto infinito de casos (particular, singular) (geral, universal) “Que os corvos são negros eu sei porque eu vi (empiria) vários corvos até hoje e todos eram pretos”. Bertrand Russel e o peru indutivista (no dia de Natal a regra não se revela verdadeira...) A partir daquilo que foi observado o psicólogo procura esclarecer o comportamento. A Psicologia parte do princípio de que o comportamento se origina de uma série de fatores distintos: variáveis orgânicas (disposição genética, metabolismo, etc.), disposicionais (temperamento, inteligência, motivação, etc.) e situacionais (influências do meios ambiente, da cultura, dos grupos de que a pessoa faz parte, etc.). As em Psicologia procuram expressar, com base nas explicações disponíveis, a probabilidade com que um determinado tipo de comportamento ocorrerá ou não. Com base na capacidade dessas explicações de prever o comportamento futuro se determina a também a sua validade. o comportamento significa aqui a capacidade de influenciá-lo, com base no conhecimento adquirido. Essa é parte mais prática da Psicologia. A Psicologia se aplica a muitas áreas, entre elas a Nesse campo, ela é responsável por as questões originadas na prática diária da escola. Estuda como nascem e se desenvolvem as funções psicológicas, motoras, intelectuais, da sociabilidade e da afetividade no ser humano nas relações que estabelece com o ambiente físico e social. Subsídios para organizar a aprendizagem infantil. A aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que seu grupo social conhece. Estuda os processos de apropriação do conhecimento pela criança. Considera a (na escola, principalmente as interações entre professor e alunos e entre alunos) como pressupostos básicos da aprendizagem. A aprendizagem começa antes da idade escolar. Os conhecimentos são assimilados de modo espontâneo. No ambiente escolar existe uma intenção prévia de organizar situações que propiciem a aprendizagem. “Daí a importância de se buscar maximizar esses resultados, colocando a serviço da educação e do ensino o conjunto dos conhecimentos psicológicos sobre as bases do desenvolvimento e da aprendizagem. Com eles, o professor estará em posição mais favorável para planejar a sua ação”.(Davis e Oliveira, p. 23, 1990) Por outro lado... “Os manuais de psicologia da educação, apesar da boa vontade de quem escreve, criam a ilusão de que você se torna bom educador. Isso é pensar que a nossa vida pode ser explicada ou gerida por conhecimentos psicológicos. Ou seja, é reduzir a existência a um saber técnico, e se eu conheço a técnica da psicologia faço acontecer a educação de uma criança. A minha critica é apenas nesse ponto. Parece que os colegas, sem querer, endossaram abertamente uma ilusão psicopedagógica, dos saberes psicológicos no campo da educação. Suspeito que não estou enganado e a minha investigação tenta mostrar que o problema da educação não é técnico, não falta uma teoria da psicologia.” (Os rumos da educação nas mãos dos educadores entrevista de Leandro de Lajonquière para a Agência EducaBrasil, 6/12/1999.) • Fundamenta-se na filosofia racionalista: J.J. Rousseau, R. Descartes, Espinoza, Leibniz, Kant. Na Psicologia: H. R. Maturana, Chomsky. •Salienta a importância dos fatores endógenos: as qualidades e capacidades básicas de cada ser humano – sua personalidade, seus valores, hábitos, crenças, sua forma de pensar, suas reações emocionais e mesmo sua conduta social – já se encontrariam basicamente prontas por ocasião do nascimento, sofrendo pouca diferenciação e quase nenhuma transformação por ocasião do nascimento. • Uma concepção inatista do desenvolvimento humano, vê o processo de desenvolvimento como o desabrochar de características internas, genéticas ou constitutivas. • O ambiente (e, portanto, da educação e do ensino) e as experiências individuais interferem o mínimo possível no processo de desenvolvimento. Para a Educação... • Na educação, esta concepção tem sido erroneamente ligada a uma atitude de esperar que alunos ‘amadureçam naturalmente’, ou, mais grave ainda, de não esperar muito daqueles que por herança genética ou cultural não apresentam bom prognóstico. • A responsabilidade está na criança (e no máximo em sua família) e não na sua relação com o contexto social mais amplo, nem tão pouco na própria dinâmica interna da escola. •Portanto, o processo educativo fica assim na dependência de traços comportamentais ou cognitivos inerentes ao aluno. Gera um certo imobilismo e resignação provocados pela convicção de que as diferenças não serão superáveis pela educação. •Os problemas relativos ao fracasso e evasão escolar são de exclusiva responsabilidade do aluno. Concepções como “o homem já nasce pronto”; “pau que nasce torto morre torto”, ainda aparecem na sociedade e escola. • Deriva da corrente filosófica empirista: Francis Bacon, Tomás Hobbes, John Locke e Augusto Comte • Influência na Psicologia: Ivan Petrovitch Pavlov, John B. Watson, B.F. Skinner •Atribui imenso poder à ação do meio e da cultura sobre o desenvolvimento humano. Ignora o organismo e a hereditariedade e outros aspectos da conduta humana tais como: o raciocínio, o desejo, a imaginação, os sentimentos e a fantasia, entre outros. • O indivíduo é passivo frente as pressões do meio, que tem seu comportamento moldado, manipulado, controlado e determinado pelas definições do ambiente que vive. Portanto, sua capacidade de se modificar ou interferir no contexto social e político, no sentido de transformá-lo e inová-lo é residual, pois apenas reproduz as características de seu ambiente. Para a Educação... • As causas das dificuldades do aluno são atribuídas ao universo social, como a pobreza, a desnutrição, a composição familiar, ao ambiente em que vive, à violência da sociedade atual, a influência da televisão etc. • É tamanha a força modeladora do aspecto social, que a escola se torna impotente e sem instrumentos para lidar com a criança. Ao mesmo tempo... • Já que o aluno é visto como alguém que se forma a partir das influências do meio, cabe aos professores a "modelagem" do caráter e comportamento do indivíduo assim como a transmissão de um grande volume de conteúdos e conceitos. • Segundo os ambientalistas (ou comportamentalistas, ou ainda , do inglês behavior = comportamento), fazer com que aumente ou diminua a frequência com ele aparece, fazer com que ele desapareça ou só apareça em situações consideradas adequadas. •Mudanças no comportamento surgem como resultado da experiência e podem ser provocadas por: (1849-1936) foi premiado com o Nobel de Fisiologia/Medicina de 1904, por suas descobertas sobre os processos digestivos de animais. Ivan Pavlov veio no entanto a entrar para a história por sua pesquisa em um campo que se apresentou a ele quase que por acaso: o papel do condicionamento na psicologia do comportamento (reflexo condicionado). Na década de 1920, ao estudar a produção de saliva em cães expostos a diversos tipos de estímulos palatares, Pavlov percebeu que com o tempo a salivação passava a ocorrer diante de situações e estímulos que anteriormente não causavam tal comportamento (como por exemplo o som dos passos de seu assistente ou a apresentação da tigela de alimento). Curioso, realizou experimentos em situações controladas de laboratório e, com base nessas observações, teorizou e enunciou o mecanismo do condicionamento clássico. http://www.youtube.com/watch?v=YhYZJL-Ni7U ...o indivíduo na multidão adquire, exclusivamente por causa do número, um sentimento de poder invencível que lhe permite ceder a instintos que, sozinho, teria, forçosamente refreado. Cederá a eles mais facilmente na medida em que, sendo a multidão anônima e consequentemente irresponsável, desaparece inteiramente o sentimento de responsabilidade que sempre detém os indivíduos. (...) Sabemos hoje que um indivíduo pode ser posto num estado tal que, tendo perdido sua personalidade consciente, obedeça a todas as sugestões do operador que o fez perdê-la e cometa os atos mais contrários ao seu caráter e aos seus hábitos. (...) Pelo simples fato de fazer parte de uma multidão, o homem desce portanto vários graus na escala da civilização. Isolado era talvez um indivíduo culto, na multidão é um instintivo, consequentemente um bárbaro. Possui a espontaneidade, a violência, a ferocidade e também os entusiasmos e os heroísmos dos seres primitivos. (...) o indivíduo na multidão é um grão de areia no meio de outros grãos de areia que o vento agita a seu bel-prazer. LE BON, Gustave. Psicologia das multidões. São Paulo:MartinsFontes, 2008. Gustave Le Bon (1841-1931), médico e sociólogo francês. Publicou esta obra em 1895, não sofrendo nenhuma modificação nas edições posteriores. Tornou-se um clássico traduzido em várias línguas. 1. DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na Educação. 2ª ed.São Paulo: Cortez, 1990 2. VASCONCELLOS, Vera M.R.; VALSINER, Jaan. Psicologia e educação. In: Perspectiva co-construtivista na psicologia e na educação. Porto Alegre: Artes Médicas, p.9-27,1995.