NATUREZA DA FILOSOFIA

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NATUREZA DA
FILOSOFIA
“Com efeito, foi pela admiração que os
homens começaram a filosofar, tanto no
princípio como agora; perplexos inicialmente
diante das dificuldades mais óbvias,
avançaram pouco a pouco e enunciaram
problemas a respeito dos maiores
fenômenos, como os da lua, do sol e das
estrelas, assim como sobre a gênese do
Universo”.
(Aristóteles: Metafísica, I, 982b 10)
O desejo de saber, fonte das
ciências.
Todo homem, diz Aristóteles está
naturalmente desejoso de saber, isto é, o
desejo de saber é inato; esse desejo já se
manifesta na criança pelos “porquês” e os
“como” que ela não cessa de formular, é
ele o princípio das ciências, cujo fim
primeiro não será fornecer ao homem os
meios de agir sobre a natureza, mas,
antes, satisfazer sua natural curiosidade.
O que é filosofar? A atitude
filosófica.
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Por que existo? Por que há algo em vez de
nada? Como posso saber algo? Que devo
fazer? É em torno de tais interrogações,
que o homem começa a filosofar; mas,
uma vez que não há verdade sólida, ele é
obrigado a pensar o eu, o mundo e o
outro, não em separado, mas na mesma
simultaneidade que os caracteriza e
fundamenta.
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O eu, o mundo e o outro – é isto que vemos, mas
que, no entanto, precisamos aprender a ver. É
este eu, este outro, que a filosofia procura levar à
compreensão e à expressão. É com essa
finalidade que o filósofo interroga o mundo e a
visão do mundo, seguro que podemos ver as
próprias coisas, desde que abramos os olhos. É
este postulado do mundo, do eu e do outro que o
ato de filosofar reclama como válido contra e a
despeito de todas as dificuldades de explicação.
Para a filosofia, ao contrario, essas dificuldades,
em vez de invalidarem o problema, só servem
para principiá-lo. E é precisamente na direção
dessa problemática que a filosofia caminha.
Ao interrogar a si mesmo e procurar
conhecer porque cremos no que
cremos, porque sentimos o que
sentimos e o que são nossas crenças
e nossos sentimentos, adotamos o
que chamamos de atitude filosófica.
Perguntaram, certa vez, a um
filósofo: “para que filosofia?”. E ele
respondeu: “Para não darmos nossa
aceitação imediata às coisas, sem
maiores considerações”.
FILOSOFIA E CIÊNCIA, UM “PROBLEMA”.
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Sentido dos termos
FILOSOFIA → Saber que considera nas coisas as suas
primeiras causas ou causas mais elevadas, ou seja, procura
as causas primeiras e ultimas de todas as coisas.
CIÊNCIA → Está tomada no sentido em que os modernos
o entendem, isto é, no sentido de ciências particulares –
matemáticas ou experimentais.
Concepção antiga e concepção cartesiana
Antiga → Para os antigos, filosofia significava o conjunto
do conhecimento cientifico. Admitiam, porem, nesse
conjunto, várias ciências especificamente distintas, sendo
uma delas a metafísica ou filosofia primeira, a única a
merecer propriamente o nome de filosofia.
Cartesiana→ René Descartes (filósofo moderno), toma o
termo filosofia no sentido dos antigos: conjunto do
conhecimento científico. Mas, ao contrario dos antigos, não
admite nesse conjunto várias ciências especificamente
distintas: para ele, esse conjunto constitui uma única
ciência, de que a metafísica, a física, a moral são apenas
partes.
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Posição atual do problema e distinção
Atualmente, trata-se de, não só distinguir a metafísica
das outras ciências, mas também e, sobretudo de distinguir
a filosofia da natureza das ciências da natureza.
Filosofia e ciências convêm num ponto: uma e outras
são ciências, isto é, um saber intelectual explicativo das
coisas. Distinguem-se, porem: em razão do objeto
material; e em razão do objeto formal.
A) Em razão do objeto material → as ciências são
particulares, isto é, cada uma delas considera uma parte da
realidade. A filosofia, ao contrario, é universal: tem por
objetivo todas as coisas, tudo o que é cognoscível. Como a
inteligência, a filosofia é coextensiva ao ser.
B) Em razão do objeto formal → ambas possuem
objetos formais distintos. A filosofia considera as coisas em
suas primeiras causas, ao passo que as ciências consideram
as coisas em suas causas próximas. A análise filosófica vê a
realidade em seu próprio ser, ao passo que a análise
própria das ciências experimentais é uma análise
emperiológica, em que a inteligência vê a realidade
enquanto significada em seus fenômenos observáveis e
experimentáveis.
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