Nomenclatura Botânica Professor: Marcos Aurélio Figueiredo dos Santos Crato-CE 2016 O QUE É O NOME BOTÂNICO? O nome botânico ou nome científico de uma planta é um nome universal, igual em qualquer parte do mundo, ao contrário dos diferentes nomes populares pelas quais é conhecida uma planta em diferentes locais do Mundo e até dentro do mesmo país. COMO SE CONSTRÓI O NOME BOTÂNICO? A classificação das plantas está organizada em categorias: Reino / Divisão / Classe / Ordem / Família / Género / Espécie. Isto é, o Reino das Plantas é composto de várias Divisões, cada Divisão possui várias Classes, cada Classe possui várias Ordens, e assim sucessivamente até à Espécie. E ainda se pode ir mais longe e encontrar subespécies, variedades e formas dentro da mesma espécie. Histórico Durante o 1º Congresso Internacional de Botânica, realizado em Paris, quando se discutiu e se aprovou a Lois de Nomenclature Botanique, apresentada por Alphonse de Candolle (1867), foi que surgiu pela primeira vez um autêntico Código Internacional de Nomenclatura Botânica, conhecido também como Código de Paris. Depois dele vários outros Códigos passaram a ser editados, tendo o último recebido o nome de Código de Melbourne. Histórico O Código, hoje em dia, é muito mais aperfeiçoado, mais completo e mais minucioso que o de Paris. Além disso, a Sessão de Nomenclatura é o principal foro de discussão e votação das propostas de alteração do Código Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB). Ela acontece em intervalos de seis anos, na semana que antecede o Congresso Internacional de Botânica. As propostas são publicadas na revista Taxon, que pertence à International Association for Plant Taxonomy (IAPT) e é o veículo oficial de divulgação de Nomenclatura Botânica. Histórico Nomenclatura Botânica É a parte da Botânica que se dedica a dar nomes às plantas e grupos de plantas (táxon). Nomenclatura botânica é o emprego correto dos nomes das plantas, envolvendo um conjunto de princípios, regras e recomendações aprovados em Congressos Internacionais de Botânica e publicados num texto oficial. Os primeiros nomes das plantas foram vernáculos ou nomes comuns, mas estes têm seus inconvenientes: Não são universais e somente são aplicados a uma língua. Somente algumas plantas têm nome vernáculo. Freqüentemente duas ou mais plantas não relacionadas possuem o mesmo nome ou uma mesma planta possui diferentes nomes comuns. Se aplicam indistintamente a gêneros, espécies ou variedades. Início da nomenclatura organizada Séc. XVIII (época prélineana) as plantas eram identificadas por uma longa fase descritiva em latim (sistema polinomial), que crescia a medida que se encontravam novas espécies semelhantes. Por exemplo: Carlina acaulis L. era conhecida como: Carlina acule inifloro florae breviore Gaspar Bauhin sugeriu adotar somente dois nomes (sistema binomial). Com a publicação de Species Plantarum por Lineu, em 1753, o sistema foi definitivamente estabelecido. Lineu descreveu e nomeou por este sistema todo o mundo vivo conhecido até aquela data. O nome científico ou nome específico de um organismo vivo é uma combinação de duas palavras em latim: – O nome genérico ou gênero – O epíteto específico O nome científico sempre está acompanhado pelo nome abreviado do autor que o descreveu pela primeira vez de forma efetiva ou válida. CINB - Código Internacional de Nomenclatura Botânica O sistema de nomenclatura botânica visa a padronização e aceitação mundial. O nome científico é o símbolo nominal da planta ou de um grupo de plantas e é uma maneira de indicar sua categoria taxonômica. O CINB está dividido em três partes: Princípios básicos do sistema de nomenclatura botânica; Regras para por em ordem a nomenclatura antiga; Recomendações para conseguir uniformidade e clareza na nomenclatura atual. Princípios do CINB: I. A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica e bacteriológica; II. A aplicação de nomes a grupos taxonômicos (táxons) de categoria de família ou inferior é determinada por meio de tipos nomenclaturais; III. A nomenclatura de um táxon se fundamenta na prioridade de publicação. IV. Cada grupo taxonômico não pode ter mais de um nome correto (o mais antigo segundo as regras); V. Os nomes científicos dos grupos taxonômicos se expressam em latim, qualquer que seja sua categoria e origem; VI. As regras de nomenclatura têm efeito retroativo, salvo indicação contrária. Regras do CINB As regras são organizadas em artigos, os quais visam por em ordem os nomes já existentes e orientar a criação de novos nomes. Seguem-se algumas regras importantes que aparecem no Código: 1. Os nomes científicos dos táxons devem ser escritos em latim, quando impressos, devem ser destacados, por artifícios como o negrito ou itálico e quando manuscritos, por grifos. 2. Os nomes científicos não devem ser abreviados, exceto o nome da espécie. Na combinação binária, o nome do gênero por ser substituído pela sua inicial quando o texto torna claro qual o gênero em questão. 3. As seguintes terminações dos nomes designam as categorias taxonômicas: ordem - o nome deriva do nome de uma das principais famílias (família-tipo) com adição da terminação ales. sub-ordem - a mesma raiz com terminação ineae. família - nome derivado de um gênero vivo ou extinto com a terminação aceae. sub-família - a mesma raiz com a terminação oideae. tribo - a mesma raiz com a terminação eae. sub-tribo - a mesma raiz com a terminação inae. gênero e infra-genéricas - o nome pode vir de qualquer fonte, sendo escolhido arbitrariamente pelo autor. Deve ser um substantivo ou adjetivo substantivado, latino ou latinizado e escrito com a inicial maiúscula. espécie - o nome da espécie é também de escolha arbitrária, escolhido pelo autor. Deve ser um adjetivo ou substantivo adjetivado, latino ou latinizado, sempre formando uma combinação binária com o gênero e sempre escrito com a inicial minúscula. Todo nome de espécie deve ser acompanhado pelo nome do autor da mesma. categorias infra-específicas - os nomes são os das espécies acrescidas do nome da categoria infraespecífica em terceiro lugar. Ex. Brassica oleracea var. capithata, Ipomoea batatas f. alba. cultivar - nome reservado a variedade cultivada, criada pelo homem em seus trabalhos de melhoramento e se opõe à variedade botânica, criada e selecionada pela natureza. Ex.: Zea mays cv. Piranão, Phaseolus vulgaris cv. Rosinha. CULTIVARES São o resultado de um trabalho de seleção de uma característica de uma planta que é sujeita a técnicas de cultivo até que se obtenha uma planta nova com a característica pretendida, diferente da original. Por exemplo, o Nerium oleander aparece na natureza com flores de cor rosa mas existem cultivares de Nerium oleander de flor branca (Neriumo leander'MontBlanc'),de flor vermelha (Nerium oleander'Atropurpureum'),de flor amarela (Nerium oleander'Aurantiacum') e de outras cores, obtidos após a aplicação destas técnicas deseleção.Note-se que neste caso o último nome não se escreve em itálico, pode não ser latino e aparece entre aspas. Exemplo:Nerium oleander “MontBlanc” Exemplo geral das categorias taxonômicas: Divisão: Magnoliophyta Classe: Magnoliopsida Sub classe: Rosidae Ordem: Rosales Sub-ordem: Rosineae Família: Rosaceae Sub-família: Rosoideae Tribo: Roseae Sub-tribo: Rosinae Gênero: Rosa Espécie: Rosa gallica L. Variedade: Rosa gallica var. versicolor Thory 4. Quando uma espécie muda de gênero, o nome do autor do basiônimo (primeiro nome dado a uma espécie) deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome do autor que fez a nova combinação. Ex. Majorana hortensis (Linn.) Moench.; basiônimo: Origanum majorana Linn. Nomes dos táxons O nome de um gênero pode ser o nome de uma pessoa latinizado, seguindo as regras: Terminação em vogal: se adiciona a, exceto quando termina em a (ea). Ex. Boutelou Boutelona Colla Collaea Terminação em consoante: se adiciona ia. Ex. Klein Kleinia Lobel Lobelia O epíteto específico pode ser um nome em comemoração a uma pessoa. Se implica em várias palavras, essas se combinam em uma só ou se ligam por travessão. Não se usa o epíteto específico de forma isolada, somente em combinação com o gênero. Um mesmo epíteto pode vir junto a diferentes nomes genéricos. Ex. Anthemis arvensis; Anagalis arvensis. Cada epíteto deve estar no mesmo gênero gramatical (singular, plural ou neutro) do nome genérico. As terminações mais frequentes são: M: alb-us nig-er brev-is ac-er F: alb-a nig-ra brev-is ac-ris N: alb-um nig-rum brev-e ac-re Ex. Lathyrus hirsutus, Lactuca hirsuta, Vaccinium hirsutum Outras terminações: eleg-ans, rep-ens, bicol-or, simple-x Tipos de epítetos específicos: Epítetos comemorativos: Terminação vogal (exceto a), se adiciona -i. Ex. Joseph Blake Aster blakei Terminação em vogal -a, se adiciona -e. Ex. Mr. Balansa balansae Terminação em consoante diferente de -er, se adiciona -ii. Se é uma mulher, -iae. Ex.Tuttin tuttinii Terminação em consoante -er, se adiciona -i. Ex. Boissier boissieri Se o nome se usa como adjetivo, a terminação deve coincidir com o gênero. Ex. Rubus cardianus (F.Wallace Card) Chenopodium boscianum (Augustin Bosc) Epítetos descritivos: Relacionados com a cor: albus, aureus, luteus, niger, virens, viridis Relacionados com a orientação: australis, borealis, meridionalis, orientalis Relacionados com a geografia: africanus, alpinus, alpestris, hispanicus, ibericus, cordubensis Relacionados com o hábito: arborescens, caespitosus, procumbens Relacionados com o habitat: arvensis, campestris, lacustris Relacionados com as estações: automnalis, vernalis Relacionados com o tamanho: exiguus, minor, major, robustus Normas para redação de nomes científicos 1. Todas as letras em latim devem vir em itálico (cursiva), sublinhadas ou negrito; 2. A primeira letra do gênero ou categoria superior há de vir em maiúscula; 3. O resto do nome vem em minúscula (exceto em alguns casos em que se conserva a primeira letra de epíteto específico) 4. Os nomes dos híbridos vem precedidos de x. Ex. x Rhaphanobrassica; Mentha x piperita Pronuncia de nomes científicos 1. Os ditongos ae e oe se lêem como e. Ex. laevis; rhoeas 2. A combinação ch se lê k; Ex. Chenopodium 3. A combinação ph se lê f; Ex.Phaseolus vulgaris HÍBRIDOS São o resultado do cruzamento de duas espécies diferentes. Por exemplo, cruzando a espécie Spiraea albiflora com a espécie Spiraea japonica obtemos o híbrido Spiraea x bumalda. Assim, quando entre as duas palavras encontramos um "x“ sabemos que estamos perante um híbrido. Exemplo: Spiraea xbumalda Spiraea x bumalda.