bd 242

Propaganda
AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM:
UMA ANÁLISE PARA ALÉM DAS FERRAMENTAS
TECNOLÓGICAS
Denize Amorim
[email protected]
"... ao contrário da televisão, os consumidores da internet também
são produtores, pois fornecem conteúdo e dão forma à teia".
CASTELLS (2011, p. 439)
Objetivo
Este trabalho pretende analisar as características de dois AVA,
como se dá o processo de ensino-aprendizagem nestes
ambientes e o que influencia as práticas educativas, comparando
suas interfaces a partir dos aspectos ergonômicos,
pedagógicos e comunicacionais.
Universo Pesquisado
Foi realizada uma avaliação de dois AVA (Moodle CEFET/RJ e
Construtore/UFRJ) construídos ancorados na abordagem
construtivista de aprendizagem, com universos semelhantes, com
mesmo nível acadêmico (pós-graduação) e com a mesma faixa
etária. Em seguida, estabeleceu-se uma análise comparativa
entre as variáveis das dimensões pesquisadas.
AVA Construtore / UFRJ
AVA Moodle CEFET/RJ
Procedimentos Metodológicos:
Como instrumento de pesquisa foi utilizado um formulário de
avaliação com 265 questões, desenvolvido a partir de dois
modelos: um sugerido por Silva (2002), o método MAEP
(Método de Avaliação Ergopedagógico), e outro proposto por
Schlemmer, Saccol e Garrido (2007). Os critérios definidos para
avaliar os recursos dos ambientes foram: "sim" para o caso do
recurso possuir uma determinada funcionalidade; "não" para o
caso de não possuir tal funcionalidade e "não se aplica” quando a
funcionalidade analisada não for empregada na ferramenta
avaliada.
Aspectos analisados nos AVA
Aspectos Ergonômicos
Aspectos Pedagógicos
Aspectos Comunicacionais
Aspectos Ergonômicos
Critérios analisados: condução, carga de trabalho, controle
explícito do usuário, adaptabilidade, gestão de erros,
homogeneidade e coerência, significação dos códigos e
denominações, adequação.
Ao avaliar interfaces de Ambientes Virtuais de Aprendizagem a
partir dos critérios ergonômicos, deve-se levar em conta não só a
forma como a interface é utilizada para atingir os objetivos
propostos, mas também se sua utilização é adequada para atingir
esses objetivos, como o aluno lida com elas no processo de
ensino aprendizagem, se ela é de fácil utilização, se é segura, se
é eficaz, e se torna-se um ambiente favorável à aprendizagem,
visto que é através do uso que faz da interface que o aluno
conduzirá seu aprendizado e irá interagir com os demais e com a
informação disponibilizada.
Condução
Os critérios de condução analisam os recursos de ajuda, informação,
simplicidade e organização da interface. Pode-se observar que ambas as
plataformas convergem na forma como possibilitam a ambientação do
usuário, o que facilita a forma como este inicia sua interação com o
ambiente.
Carga de Trabalho
A carga de trabalho corresponde ao modo como a informação é
disponibilizada ao usuário. Levando-se em consideração que a maneira
como a informação é apresentada é um fator que facilita a pesquisa dos
usuários, entende-se que ambos os ambientes atendem essa função,
visto que preocupam-se em apresentar as informações de forma clara e
precisa, porém o ambiente Moodle apresenta uma maior eficácia nesse
sentido.
Controle Explícito do Usuário
O controle explícito do usuário avalia a forma como o usuário controla
sua utilização a partir das ferramentas disponibilizadas, indo e voltando
entre telas e conteúdos de acordo com a sua necessidade. Verificamos
que, dentre as perguntas que se aplicam, as interfaces atendem
parcialmente as necessidades do aluno de regressar a um estágio
anterior, sendo a Constructore mais eficaz nesse sentido. Entende-se
que não disponibilizar essa opção deixa de levar em conta o poder de
resignificação do usuário e isso irá influenciar em seu aprendizado e sua
interação.
Adaptabilidade
Este fator avalia se o AVA considera que usuários mais experientes
possam ter mais facilidades, já que não precisariam passar por todos os
estágios dos novatos. A análise desse fator, leva a crer que em ambas as
interfaces, mais ainda no Moodle, esse não é um fator considerado
relevante para sua usabilidade. Levando-se em consideração que ambos
os ambientes disponibilizam meios para uma integração inicial (conforme
verificado no fator condução), não entendemos esse fator como algo que
influencia no processo de ensino aprendizagem.
Gestão de Erros
Analisa os meios disponibilizados para que o aluno possa retornar a um
ponto a partir de seus erros. Assim como no fator “controle explicito do
usuário”, entendemos que retornar a um estágio anterior é algo que deve
ser disponibilizado ao aluno, porém algumas das perguntas não se
aplicam aos ambientes pesquisados, levando-nos a uma análise parcial
deste fator que nos leva a considerar que esse precisa ser melhor
aplicado nos ambientes, de modo a favorecer uma melhor gestão de
erros individuais para que esses não prejudiquem a aprendizagem
colaborativa no ambiente.
Homogeneidade/Coerência
Distinção e homogeneidade na apresentação das telas e dos ícones de
acesso são elementos importantes para a navegação do usuário.
Verificamos que ambos estão presentes nas interfaces analisadas, com
maior frequência na interface Moodle, o que favorece e facilita a
interação entre os usuários.
Significação dos Códigos e Denominações
Utilizar-se de forma clara de vocabulário familiar ao curso/usuário
apresenta-se como fator imprescindível em um AVA, visto que “ruídos” de
comunicação podem afetar a forma como o usuário se localiza no
ambiente e interage com a informação. Ambos os ambientes atendem a
este aspecto.
Adequação
A adequação verifica se o ambiente atende a mais de uma metodologia
de ensino. Verifica-se que os ambientes são passíveis de adequação,
porém o ambiente Moodle mostra-se com um nível maior de dificuldade
de utilização. Poder adequar-se a diferentes metodologias é um fator que
leva em conta as necessidades individuais e coletivas e isso influencia a
aprendizagem colaborativa.
Aspectos Pedagógicos
Critérios analisados: ensino-aprendizagem, dispositivos da
formação, controle e gestão do processo, validade políticopedagógica, perspectiva didático-pedagógica.
Ao analisar os aspectos pedagógicos de um ambiente virtual de
aprendizagem, as tecnologias digitais precisam ser consideradas
a partir da comunicação bidirecional que possibilitam entre
grupos e pessoas, favorecendo um novo modelo de estrutura
educacional aberta, flexível, interativa e simultânea.
Ensino-Aprendizagem
Este critério avalia itens imprescindíveis para a formação do aprendiz,
como a gestão de conteúdo, a autonomia do aprendiz, a forma como a
informação é apresentada, a carga do conteúdo, os elementos
motivadores para a aprendizagem, a diversidade metodológica, as
estratégias didáticas empregadas, os objetivos de aprendizagem etc.
Ambas as interfaces atendem de forma parcial a estes critérios, o que
interfere negativamente no processo de ensino aprendizagem, visto que
esses itens influenciam consideravelmente a interação e a aprendizagem
colaborativa, pois a partir das estratégias aqui empregadas o aluno será
motivado e guiado na construção do conhecimento individual e coletivo.
Dispositivos de Formação
Observa se o ambiente atende os objetivos propostos para a formação
do aprendiz. Verifica-se que as interfaces atendem totalmente o objeto
em análise, que é considerado primordial tanto para o processo de
ensino aprendizagem quanto para a construção coletiva do
conhecimento.
Controle e Gestão de Processos
Este fator analisa como a avaliação é apresentada ao aluno pelo
ambiente. Considerando-se que é a partir da avaliação que o aluno tem
um feedback de sua evolução no curso, entende-se que é primordial que
este aluno possa acompanhar o processo ao longo das atividades, de
modo que possa estabelecer um elo entre o que aprendeu, o que precisa
ser revisto ou aprimorado e definir as estratégias para atingir os objetivos
propostos. A maioria das perguntas do questionário não se aplica aos
ambientes pesquisados, visto que a avaliação automatizada não está
presente nos cursos, assim, a análise deste fator torna-se parcial.
Porém, vale ressaltar que os itens analisados influenciam no
desenvolvimento do aluno no decorrer do curso e em sua interação, seja
com a informação, com o ambiente ou com os demais.
Validade Político-Pedagógica
Este critério a avalia se o AVA é pertinente e coerente com os objetivos
educacionais propostos, com a metodologia utilizada e com a filosofia
pedagógica na qual se desenvolveu. Verifica-se que ambos os
ambientes mostram-se totalmente válidos para as atividades
pedagógicas a que se destinam. É de fundamental importância que um
ambiente virtual com fins educativos, leve em consideração os objetivos
de aprendizagem que serão trabalhados nele e desenvolva-se a partir de
princípios que nortearão não só a sua utilização prática, mas também
didática.
Perspectiva Didático-Pedagógica
Considera-se esse critério como o fator primordial para o processo de
interação e aprendizagem colaborativa, visto que ele avalia se o sistema
foi desenvolvido com foco na interação que irá possibilitar, se leva em
conta a autonomia do aluno, o desenvolvimento de suas competências e
habilidades, se possibilita a colaboração, se vê o professor como
mediador no processo ensino aprendizagem etc. Ambas as interfaces
apresentam-se em total conformidade com as teorias construtivistas de
aprendizagem nesse critério, visto que possibilitam integralmente a
interação, o compartilhamento de informação e a construção coletiva do
conhecimento através da mediação docente e, consequentemente, uma
aprendizagem colaborativa.
Aspectos Comunicacionais
Critérios analisados: documentação e material de apoio,
navegação, interatividade, grafismo, organização da mensagem,
ferramentas de trabalho coletivo, acessibilidade.
A reflexão sobre a utilização das mídias digitais em processos
pedagógicos deve partir da análise das potencialidades de cada
uma delas em consonância com o contexto social e com as
características de cada usuário.
Ao analisar os aspectos
comunicacionais, compreende-se a importância do Design
Didático para propiciar um ambiente aberto a descobertas, um
ambiente que facilite a integração das TICS e a interação entre os
alunos para que, de forma colaborativa, criativa e crítica, façam
novas descobertas, modifiquem conceitos, ampliem seus
conhecimentos.
Documentação e Material de Apoio
Verifica se o programa disponibiliza material que oriente o aluno sobre
seus objetivos, conteúdos e especificações técnicas para sua utilização.
Ambos os programas atingem os objetivos dessa avaliação, o Moodle
em maior grau. Ter acesso a um material de apoio em caso de dúvidas
facilita o uso da interface e evita que a aprendizagem, individual ou
coletiva, seja comprometida por problemas técnicos de utilização.
Navegação
Este critério analisa se o programa, além de ser de fácil utilização,
orienta o aluno em sua navegação, destacando itens já visualizados,
facilitando o deslocamento entre suas telas, apresentando links de forma
clara e indicando o tamanho e formato dos arquivos a serem baixados. É
importante que o usuário possa navegar em um ambiente, claro, lógico e
de fácil utilização, podendo fazer links externos e retornar ao ambiente
sem se “perder” nele, visto que é a partir dos links que faz e da forma
como interage com o ambiente e com a informação, que o aluno utilizará
os recursos presentes no AVA para a construção do conhecimento.
Ambos os ambientes atendem parcialmente a este fator.
Interatividade
Este fator avalia a interação do aprendiz com as ferramentas do
ambiente. A maioria das perguntas não se aplica aos ambientes e, dentre
as que se aplicam, o ambiente Construtore atende melhor a este fator.
Entendemos que o ambiente precisa disponibilizar possibilidades para o
aluno controlar a forma como navega e constrói o seu conhecimento,
motivando-o a ir e voltar, parar e recomeçar, quando quiser e a partir do
ponto que desejar. Entendemos que este fator precisa ser melhor
utilizado nos ambientes, de modo a não comprometer a forma como o
aluno utiliza a interface para o aprendizado e não prejudicar a construção
do conhecimento e a aprendizagem colaborativa que acontece nela.
Grafismo
Aqui avalia-se a qualidade das informações visuais e auditivas
disponibilizadas no ambiente. Alguns itens não se aplicam aos ambientes
pesquisados, porém os que se aplicam foram avaliados de forma
positiva, pois atendem o objetivo de disponibilizar informações claras,
objetivas, limpas e em conformidade com as necessidades do curso.
Entende-se que toda informação disponível no ambiente deve ser
desprovida de poluição, visto que qualquer interferência na forma como a
mensagem é passada ao aluno pode interferir em sua análise e na forma
como aluno utiliza essa informação para si e para as trocas no ambiente.
Organização das Mensagens
Esse critério verifica se as informações disponíveis no ambiente estão
organizadas de modo a facilitar a navegação, a leitura e a utilização das
mesmas. Os itens que se aplicam aos ambientes pesquisados atendem
os critérios de avaliação. Entendemos ser de fundamental importância a
organização das mensagens para aprendizagem colaborativa e para que
o aluno possa interagir de forma precisa e agradável com a mensagem e
possa utilizá-la para a construção do conhecimento.
Ferramentas de Trabalho Coletivo
Analisa os recursos existentes nos AVA para potencializar a colaboração
e a interação entre os usuários. Verifica-se que muitos itens não se
aplicam aos ambientes pesquisados, porém, dentre os que se aplicam, a
maioria não atende os objetivos de possibilitar, através de seus recursos,
a colaboração e o trabalho coletivo entre os alunos. Este critério é
considerado determinante para aprendizagem colaborativa e é claro o
comprometimento de forma negativa que a ausência ou a não utilização
de ferramentas de colaboração tem na construção do conhecimento.
Acessibilidade
O critério de acessibilidade analisa se o ambiente está apto a atender
pessoas com necessidades especiais. A maioria dos itens pesquisados
não se aplica aos ambientes, pois ambos não fornecem nenhuma
possibilidade de potencializar acessibilidade de pessoas com
necessidades especiais. Assim, verifica-se que os AVA não atendem
esse fator, pois não são passíveis de serem utilizados por todos os
usuários. Entende-se que um AVA precisa ser desenvolvido levando em
consideração a diversidade dos alunos que irão utilizá-lo e ser acessível
a todos os tipos de usuários.
Identificação da relação entre os fatores que
impactam e estimulam a aprendizagem
colaborativa
Considerações Finais
•
O desenho didático e curricular deve permitir práticas pedagógicas
que estimulem a interação, os objetivos, potencializar e motivar a
colaboração entre os participantes;
•
Investir em AVAS que busquem em seu desenho didático a
convergência de saberes, estes sim compartilhados, analisados e
transformados com a mediação de variadas mídias para potencializar
uma aprendizagem colaborativa;
•
Verifica-se a necessidade e se aprofundar pesquisas com o foco no
aluno e nos usos que este faz das mídias digitais em suas relações
sociais no Ciberespaço e em seu processo de aquisição do
conhecimento em Ambientes Virtuais na Educação online, para que
possamos desenvolver metodologias que promovam a interação
entre pessoas, interfaces e mídias e potencializem a aprendizagem
colaborativa.
• Verificamos que é o conjunto desses fatores e seus critérios,
alguns mais outros menos, que irá possibilitar a criação de
Ambientes Virtuais de Aprendizagem que deixem para trás o
formato unidirecional dos meios de massa e ofereçam novos
meios;
• A familiaridade do aluno com o ambiente e com suas
ferramentas influenciam o modo como ele irá utilizá-lo, visto
que quanto mais confortável o aluno sentir, maior será a sua
motivação para aprender e interagir no/com o ambiente;
• Ao serem analisados em conjunto esses critérios apresentam
suas possibilidades e limitações diante do desafio que se
apresentou como sendo o principal na Educação online: a
interação.
Referências
CASTELLS, M. A sociedade em rede. 6ª edição, São Paulo: Paz e Terra, 2011; v. 1.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido, 17ª edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
JENKINS, H. Cultura da Convergência. 2ª edição, São Paulo: Aleph, 2011.
KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 8ª edição. Campinas: Ed. Papirus, 2010.
LÉVY, Pierre. A Inteligência Coletiva. 2ª edição - São Paulo: Edições Loyola, 1999a.
PRIMO, A. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. Porto Alegre: 2ª
edição, Sulina: 2008.
SANTOS. E. Ambientes virtuais de aprendizagem: por autorias livres, plurais e gratuitas. In: Revista
FAEBA, v.12, no. 18. 2003. Disponível em: <http://www.comunidadesvirtuais.pro.br/hipertexto/home/ava.pdf>.
Acesso em 07 abr. 2013.
SCHLEMMER, E., SACCOL, A. Z., GARRIDO, S. Um Modelo Sistêmico de Avaliação de Softwares para
Educação a Distância como Apoio à Gestão de EAD. Revista de Gestão USP, São Paulo, v. 14, n. 1,
jan./mar. 2007.
SILVA, Cassandra Ribeiro de Oliveira e. MAEP: Um Método Ergopedagógico Interativo De Avaliação Para
Produtos Educacionais Informatizados. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia
de Produção e Sistemas. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. Maio, 2002.
SILVA, M. et al. Educação online: cenário, formação e questões didático-metodológicos. Rio de Janeiro:
Wak Editora, 2010.
VYGOTSKY, Lev. S. A formação social da mente. São Paulo. Martins Fontes, 1984.
OBRIGADA!
Denize Amorim
[email protected]
[email protected]
Download