Miopatias inflamatórias Osvaldo A. Haider Jr Serviço de Reumatologia – HUEC Maio 2009 Introdução • • • • Grupo heterogêneo Fraqueza muscular proximal Elevação de enzimas musculares Achados de inflamação não supurativa (EMG, RNM, biópsia muscular) Introdução • Polimiosite • Dermatomiosite – Adulto e juvenil – Amiopática • Miosite por corpúsculos de inclusão • Miosites secundárias/overlap – colagenoses: LES, esclerodermia – malignidades Manifestações clínicas • Constitucionais – Fadiga – Febre – Perda de peso • Hiporexia • Disfagia de transferência disfunção de esfíncter esofágico superior • Malignidade associada (PM) Manifestações clínicas • Muscular – Início insidioso – Bilateral e simétrico – Proximal > distal • Cadeiras e escadas • Manter-se em pé – Disfagia alta: mau prognóstico – Paresia facial e ocular: outro diagnóstico Manifestações clínicas • Pele – Rash: antes, durante, depois – Heliótropo – Pápulas de Gottron – Fotossensibilidade • sinal do “V” • sinal do xale • sinal do coldre – Fenômeno de Raynaud – Mãos de mecânico – Calcinose Manifestações clínicas • Pele – Heliótropo Manifestações clínicas • Pele – Pápulas de Gottron Manifestações clínicas • Pele – Fotossensibilidade • sinal do “V” • sinal do xale • sinal do coldre Manifestações clínicas • Pele – Mãos de mecânico Manifestações clínicas • Pele – calcinose Manifestações clínicas • Pele – Eritema periungueal Manifestações clínicas • Articulações – Artralgia/artrite – Distribuição semelhante à AR – Leve – “Overlap” – DM juvenil Manifestações clínicas • Pulmões – Principal alvo extra-muscular – Dispnéia mista: interstício, músculo – Pneumopatia restritiva – Hipertensão pulmonar secundária – TC: vidro fosco e faveolamento Manifestações clínicas Manifestações clínicas • Coração – Comum e assintomática – Arritmias – ICC rara • TGI – Disfagia alta (IBM mais comum) – DRGE – Doença ulcerosa (rara) Miosite e malignidade • DM > PM • Primeiros 3 anos: maior risco • Fatores protetores – Fibrose pulmonar – Auto-anticorpos miosite específicos – Colagenose associada • Locais de acordo com a idade – Ovário – Pulmão – Pâncreas - Câncer colorretal - Estômago - Linfoma não Hodgkin Exames complementares • Enzimas musculares – CPK, LDH, TGO, TGP, aldolase – Qual o melhor? CPK – atividade – Valores baixos • Estágios tardios • IBM e miosite relacionada a câncer – Valores altos persistentes • Atividade vs seqüela do sarcolema Exames complementares • Auto-anticorpos – Específicos de miosite • • • • • • • Jo1 (20%) – sd. Anti-sintetase PL7 (2%) – idem PL12 (2%) – idem OJ (1%) – idem EJ (1%) – idem KS (<1%) – doença pulmonar intersticial Mi2 (5-10%) – DM com boa resposta a tratamento • SRP (5%) – PM com cardiopatia e refratário a tratamento Síndrome anti-sintetase • • • • • • • Febre Mãos de mecânico Fenômeno de Raynaud Artrite Doença pulmonar intersticial Miosite Anti-Jo1: mais comum Exames complementares • Auto-anticorpos – Associados a miosite • PM-Scl (5-10%): overlap com SSc. Miosite de melhor prognóstico • U1-RNP (5-10%): DMTC • Ku (1%): overlap PM-SSc • Ro/SSA (10-20%): sd. Sjögren, sd. antisintetase Exames complementares • Eletromiografia – Sensível (90%) mas não específico – Padrão miopático clássico (50%) – Seleção de grupo muscular para biópsia – Detecção de miosite de baixo grau em quadros mais tardios (miosite vs atrofia) – Diagnóstico diferencial de miopatia por corticosteróides (EMG normal) Exames complementares • EMG: padrão miopático – Potenciais em fibrilação – Ondas positivas pontiagudas – Potenciais de baixa amplitude Exames complementares • Biópsia muscular Exames complementares • Biópsia muscular - achados gerais – Inflamação crônica por MMN – Endomísio, perimísio, vasos sangüíneos – Áreas concomitantes de: • Necrose e não necrose • Hipertrofia e atrofia • Substituição muscular por fibrose ou gordura ACHADOS NÃO ESPECÍFICOS DISTROFIAS MUSCULARES Exames complementares • Biópsia – cuidados: – Análise por equipe experiente – Cuidados com seleção do local: atrofia, EMG, RNM – Congelação rápida – HISTOQUÍMICA – HE e tricromo de Gomori – Corante fosfatase alcalina Exames complementares • Biópsia – pistas diagnósticas – Dermatomiosite • Perimísio e perivascular Exames complementares • Biópsia – pistas diagnósticas – Dermatomiosite (imuno-histoquímica) • Complexo C5b-C9 (capilares e miócitos) • Linfócitos B e T CD4 Exames complementares • Biópsia – pistas diagnósticas – Polimiosite e IBM • Endomísio • Parafina dissolve corpúsculos da IBM Exames complementares • Biópsia – pistas diagnósticas – Polimiosite e IBM(imuno-histoquímica) • Linf. T CD8 ao redor e invadindo miócitos • Vermelho do Congo: depósitos amilóides IBM Exames complementares • Biópsia de pele – “dermatite de interface” (~ LES) – Alteração vacuolar da camada basal – Ceratinócitos necrosados – Vasodilatação – Infiltrado linfocítico perivascular Exames complementares Patogênese • • • • • • Fatores genéticos Fatores ambientais Mecanismos citotóxicos (PM/IBM) Mecanismos humorais/endoteliais (DM) Citocinas e quimiocinas Papel do MHC Fatores genéticos • PM: – Risco: A1B8-Cw07-DRb1*0301-DQA1*0501 – Protetor: DQA1*0201 • IBM: – Risco: DRB1*0301 e alelo Cw*14 do MHCI – Protetor: DQA1*0201 • DM: – Risco: A1B8-Cw07-DRb1*0301-DQA1*0501, alelo 308A do TNFα (gravidade) Fatores ambientais • Agentes infecciosos – Vírus influenzae, streptococcus grupo A miosites juvenis – Toxoplasmose DM adulto – Echovirus DM-símile em agamaglobulinêmicos – Outros: borreliose, doença de Chagas, retrovírus (menos evidências) – Parvovirose B19: nenhuma evidência Fatores ambientais • Agentes não infecciosos – Luz UV: DM>PM e mais anti-Mi2 em países com maior exposição UV – Atividade física – Estresse psicológicos – Implantes de colágenos – Drogas • D-Penicilamina (1-2%) • Hipolipemiantes • Terapias biológicas (TNFα e IL2) Mecanismos citotóxicos • PM e IBM • ↑ linfócitos T circulantes ativados • ↑ resposta proliferativa e citotoxicidade a músculo autólogo in vitro • Grânulos de granzima e perforina contra sarcolema • Linfócitos T CD8: ataque a miócitos que expressam MHC I Mecanismos humorais/endoteliais • DM adulto e juvenil • ↑ linfócitos B e T CD4 periférico e muscular • Depósitos Ig e complemento nas fases iniciais capilarite e isquemia • ↑ expressão de genes de ICAMs e VCAMs, angiogênese e diferenciação endotelial • ↑ expressão de genes induzíveis de Interferon α e β Citocinas e quimiocinas • Regulação da resposta imune: quimiotaxia e ativação funcional • Quimiocinas: citocinas com função quimiotáxica • Efeito deletério muscular direto – TNFα: ↑ catabolismo muscular com disfunção contrátil – IL1: menor suprimento energético via IGF, com supressão da proliferação de mioblastos Papel do MHC • Aumento da expressão do MHC I • Maior chance de ataque por linfócitos CD8 • Disfunção do metabolismo celular – Resposta ao estresse do retículo sarcoplasmático – Demanda aumentada da função do RE – Disparo de vias intracelulares próinflamatórias (NFκB) Tratamento • Medidas gerais de reabilitação – Exercícios passivos (alongamentos): prevenção de atrofia e contraturas – Exercícios ativos: melhora da força muscular Tratamento • Terapia farmacológica – Corticosteróides • • • • Terapia inicial de escolha Dose depende da gravidade de apresentação Pulso: miosite grave, formas extra-musculares Acompanhar mensalmente força muscular e níveis de CPK • Agente poupador de corticóide para manutenção Tratamento • Terapia farmacológica – MTX, AZA: 1as escolhas – Ciclosporina – Tacrolimus – Micofenolato mofetil – Ciclofosfamida: formas graves e refratárias Tratamento • Terapia farmacológica – Gamaglobulina EV • • • Terapia de “ponte” PM, DM, IBM Isolada não tem benefício – Outras terapias • • Anti-TNFα: pouca evidência – casos refratários Rituximab: um estudo piloto - efetivo Tratamento • Manifestações extra-musculares – Pulmão • Pulsoterapia com metilprednisolona • Associar imunossupressor: CYC, MTX, tacrolimus – Artrite • Corticosteróides • DMARDS da AR – Rash cutâneo • Anti-maláricos • Isotretinoína • Tacrolimus tópico, MMF – Calcinose • Tratamento incerto e com poucas evidências