OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA MAX WEBER 1864-1920 Prof. Fernando Meirelles CONCEITOS BÁSICOS AÇÃO SOCIAL COMPREENSÃO SOCIAL TIPO IDEAL PATRIMONIALISMO COMPREENSÃO TIPOLOGIA DA AÇÃO SOCIAL TIPOLOGIA DA DOMINAÇÃO LEGITIMA CARISMA RACIONALIDADE VALORES BUROCRACIA ÉTICA PROTESTANTE ESPÍRITO DO CAPITALISMO SENTIDO 1. CONTEXTO HISTÓRICO DURKHEIM ESTADO NACIONAL UNIFICADO DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA FRANÇA CIÊNCIAS FÍSICAS E BIOLÓGICAS UNIVERSALIDADE POSITIVISMO CIÊNCIAS HUMANAS CIÊNCIAS NATURAIS WEBER FRAGMENTAÇÃO POLÍTICA CAPITALISMO TARDIO ALEMANHA CIÊNCIAS HUMANAS DIVERSIDADE IDEALISMO DURKHEIM WEBER POSITIVISMO IDEALISMO HISTÓRIA = PROCESSO UNIVERSAL HISTÓRIA = DIVERSIDADE DAS FORMAÇÕES SOCIAIS GENERALIZAÇÃO / COMPARAÇÃO ESPECIFICIDADE OBJETO DA SOCIOLOGIA AÇÃO SOCIAL “A ação humana é social na medida em que, em função da significação subjetiva que o indivíduo que age lhe atribui, toma em consideração o comportamento dos outros e é por ele afetada no seu curso”. 2. OBJETO DA SOCIOLOGIA PRESENÇA DO OUTRO AÇÃO SOCIAL SIGNIFICADO SER AFETADA PELO OUTRO FUNÇÃO DA SOCIOLOGIA Investigar a ação social e ressaltar os elementos mais gerais de cada fase do processo histórico da sociedade. WEBER A AÇÃO SOCIAL: MOTIVAÇÃO, SENTIDO VALORES. B E RELAÇÃO SOCIAL: O SENTIDO TEM QUE SER COMPARTILHADO. WEBER A ---- B A ---- B A ---- B A ---- B A A ---- B A ---- B A ---- B B A ---- B SOCIEDADE: UMA TOTALIDADE CONSTITUÍDA DE UMA MULTIPLICIDADE DE INTERAÇÕES SOCIAIS MÉTODO Todo indivíduo, ao agir, (ator social), age guiado por motivações que, por sua vez, são baseadas em valores. COMPREENSÃO SOCIAL O cientista deve descobrir os possíveis significados (sentidos) da ação humana presente na realidade social que interessa estudar. Um ator age sempre em função de sua motivação e da consciência de agir em relação a outros atores. Impossível descartar-se das pré-noções, como queria Durkheim. Existe uma parcialidade na análise sociológica. Não há neutralidade científica. DURKHEIM WEBER A REALIDADE NUMA PERSPECTIVA OBJETIVA S O A REALIDADE NUMA PERSPECTIVA SUBJETIVA S O É um instrumento de análise proposto por Weber para a compreensão das ações sociais. TIPO IDEAL Na construção de um tipo ideal, o sociólogo seleciona aspectos da ação humana que considera culturalmente relevantes para o estudo. E o faz segundo seus próprios valores. É uma construção teórica abstrata-tipo ideal = tipo puro WEBER TIPOLOGIA DA AÇÃO SOCIAL TIPOLOGIAS TIPOLOGIA DA DOMINAÇÃO LEGÍTIMA TIPOLOGIA DA AÇÃO SOCIAL AÇÃO TRADICIONAL AÇÃO AFETIVA AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A VALORES AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS Determinada por um costume arraigado. Exs. – Trocas de presentes no Natal, Dia da mães, Dia dos namorados. Especialmente emotiva, determinada por afetos e estados sentimentais atuais. Ex. Torcida de futebol. Determinada pela crença consciente em valores (ético, estético, religioso ou qualquer outra forma). ex. Trabalho voluntário. Determinada por expectativas, condições ou meios para alcançar fins próprios, racionalmente perseguidos. Ex. Empresa Capitalista Sociedades antigas Esses tipos de ação se apresentam com intensidade diferenciada em diferentes sociedades: tradição e afetividade são dominantes: família e religião. Sociedades modernas racionalidade em relação aos valores e aos fins. TIPOLOGIA DA DOMINAÇÃO A QUESTÃO DO PODER Por que um determinado indivíduo ou conjunto de indivíduos detém a capacidade de dirigir a sociedade? Por que ao Estado é dado o direito de estabelecer e aplicar as leis e controlar os meios de controle social? O Estado ou alguém detem a capacidade de dominar a sociedade porque são reconhecidos como legítimos pelos indivíduos. TIPOLOGIA DA DOMINAÇÃO LEGÍTIMA DOMINAÇÃO TRADICIONAL Refere-se à autoridade pessoal do governante, investida por força do costume. DOMINAÇÃO CARISMÁTICA É baseada no carisma. Ou seja, na capacidade excepcional de liderança de alguém DOMINAÇÃO RACIONAL-LEGAL Baseada no direito que se liga a aspectos racionais e técnicos de administração TRADICIONAL FORMAS TÍPICAS CARISMÁTICA PATRIARCALISMO CARISMA DE DOMINAÇÃO RACIONALLEGAL BUROCRACIA Culto à personalidade. Não há distinção entre o público e o privado. PATRIMONIALISMO Compromissos de fidelidade e honra. Nepotismo – compadrio. Relações sociais de poder: familiares. Ex. o coronelismo político “O Brasil é um Estado Patrimonial” (Raymundo Faoro). Surgimento num momento de uma ruptura: utilizado na subversão ou na abolição de um regime tradicional ou legal. CARISMA Nem todas as revoluções são carismáticas e nem todos os domínios carismáticos são revolucionários. Fanatismo de seus seguidores : relações sociais quase que religiosas. Dificuldades na sucessão: não há continuidade. Caráter estatutário : todos devem basear seu comportamento em estatutos e normas. BUROCRACIA Racionalidade técnica : os cargos são preenchidos por competência, a promoção é por mérito e tempo de serviço. Relações sociais formais : impessoalidade. Distinção entre o público e o privado. RELIGIÃO E CAPITALISMO POR QUE, NO OCIDENTE, HAVIA COINCIDÊNCIA ENTRE AS ÁREAS DE EXPANSÃO DO PROTESTANTISMO PURITANO E AS ÁREAS ONDE PROSPERAVA O CAPITALISMO INDUSTRIAL? RELIGIÃO E CAPITALISMO “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” (1904) ESPIRITO DO CAPITALSIMO ÉTICA PROTESTANTE ETICA DA SALVAÇÃO ETICA CALVINISTA ASCETISMO RACIONALIDADE BUSCA RACIONAL DO LUCRO VALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO DISCIPLINA PARCIMÔNIA DISCRIÇÃO POUPANÇA O ESPÍRITO DO CAPITALISMO É marca da cultura ocidental. O “impulso para o ganho” ou a “ânsia de lucro” nada tem a ver em si com o capitalismo. RACIONALIDADE Há dois elementos no capitalismo ocidental: a formação de um mercado de trabalho formalmente livre, o uso da contabilidade racional. Sem estes dois elementos, a moderna organização racional da empresa capitalista não seria viável no Ocidente. O ESPÍRITO DO CAPITALISMO “Espírito do Capitalismo” : um conjunto de convicções e valores defendidos pelos primeiros mercadores e industriais capitalistas. RACIONALIDADE Para Weber, as atitudes envolvidas no espírito capitalismo tinham sua origem na teologia protestante. ÉTICA PROTESTANTE ÉTICA CALVINISTA Weber relaciona o papel do protestantismo, principalmente da ética calvinista, na formação do comportamento típico do capitalismo ocidental moderno. Levou, ao extremo, a noção de predestinação : o homem é salvo por vontade de Deus. Nenhum homem merece a salvação porque ninguém é digno dela. A salvação existe para a maior glória de Deus. No protestantismo, o termo “vocação” passou a significar “profissão”. ÉTICA CALVINISTA O homem é “chamado” por Deus não apenas para que tenha uma atitude contemplativa, mas sim para cumprir sua missão no mundo através do trabalho e de sua profissão. O calvinismo difunde uma ética segundo a qual o homem deve manter uma contabilidade diária de seu tempo. O desperdício do tempo é pecado pois o homem deve empregá-lo para servir a Deus e assegurar o seu lugar de “eleito”. A ÉTICA PROTESTANTE A vivência espiritual da doutrina e da conduta religiosa exigida pelo protestantismo organizou uma maneira de agir econômica, necessária para a realização de um lucro sistemático e racional. E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO Weber descobre que os valores do protestantismo, como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho atuavam de maneira decisiva sobre os indivíduos. A ÉTICA PROTESTANTE E O objetivo do capitalismo é aumentar a riqueza alcançada, aumentar o capital. Esse processo de enriquecimento constitui uma indicação segura de que se está “predestinado”. O ESPÍRITO DO CAPITALISMO O calvinismo traz a formação de uma nova mentalidade, um ethos (visão de mundo) propício ao capitalismo, em oposição ao “alheamento” e à atitude contemplativa do catolicismo. Desprendimento dos bens materiais deste mundo. CATOLICISMO Trabalho como verdadeira maldição, somente para sobrevivência e não como meio de salvação. A contemplação como elemento fundamental. A vocação como sinônimo de profissão. A realização de uma vocação por meio do trabalho. PROTESTANTISMO Renúncia de todos os prazeres do desperdício do tempo e da ociosidade. Valorização positiva do trabalho e da riqueza criada pelo trabalho. Reinvestimento da riqueza: assegurar o lugar de eleito, de “salvo”. O capitalismo é a cristalização objetiva destas premissas teológicas e éticas, segundo as quais o homem, em virtude de seu trabalho e da riqueza criada por este trabalho, encontra um modo completo e sensível de conquistar sua salvação individual. O importante neste mundo é trabalhar para criar riqueza e criar riqueza não para o desfrute pessoal e esbanjamento, mas para que se crie novamente trabalho. Esta é a base da salvação do homem. Esta mentalidade acabou configurando a tipologia do empresário moderno. Para ele, o ser humano é um ser diferente dos demais e portanto sujeito a leis de ação e comportamento próprios. Daí a especificidade das ciências humanas. WEBER Ao contrário de Marx e Durkheim, acreditava que a Sociologia deveria se concentrar na ação social e não nas estruturas. Não defendia que as estruturas sociais existiam externa e independente dos indivíduos. Ao contrário, as estruturas da sociedade eram formadas por uma complexa interação de ações. Ideia e valores culturais ajudam a modela a sociedade e modela as nossas ações individuais. WEBER Outra contribuição: a ideia de indeterminismo histórico. Para ele não há lei preexistente que regula o desenvolvimento da sociedade. Daí o estudo das particularidades, procurando entender as formações sociais e suas singularidades. Na concepção de Weber, os fatores econômicos são importantes, mas as ideias e os valores têm exatamente o mesmo impacto na mudança social. Daí sua análise das relações entre a religião protestante e o desenvolvimento do capitalismo ser hoje um estudo clássico da Sociologia.