Fazia um frio terrível. Nevava e a noite aproximava

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A Menina dos Fósforos
Um Conto de Hans Christian Andersen
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Fazia um frio terrível. Nevava e a noite aproximava-se rapidamente. Era o
último dia de Dezembro, véspera de Ano Novo.
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Apesar do frio intenso e da escuridão, andava pelas ruas uma menina
descalça e com a cabeça descoberta, a vender fósforos.
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Ninguém lhe comprara nada durante o dia e nem sequer lhe tinham dado
uma esmola. Morta de frio e de fome, arrastava-se pelas ruas. A pobre
criança era a imagem da miséria. Caíam-lhe flocos de neve sobre os
cabelos muito compridos.
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A menina acocorou-se no ângulo formado pelos muros de duas casas.
Encolhera as pernas e sentara-se em cima delas, mas continuava a ter frio.
Não ousava voltar para casa porque não vendera nem um fósforo e não
tinha sequer uma moeda para entregar ao pai.
Temia que este lhe desse uma sova. Além disso, em casa fazia quase tanto
frio como na rua, porque tinham apenas o telhado para os cobrir.
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Talvez a chama de um fósforo a pudesse aquecer um pouco. Esfregou o
fósforo na parede e protegeu com uma das mãos a chamazinha viva. Que
brilho magnífico! A rapariguinha estendeu os pés para os aquecer mas,
subitamente, o fósforo apagou-se e a maravilhosa braseira desapareceu.
Pegou noutro e acendeu-o. A criança viu então uma sumptuosa sala de
jantar, no centro da qual estava posta uma mesa coberta com uma toalha
rendada. Sobre ela havia copos de cristal, pratas e finíssimas porcelanas.
Numa travessa estava um ganso recheado com ameixas secas e maçãs
fumegantes. De súbito, o ganso, apesar do garfo e da faca que tinha
espetados no dorso, saltou do prato e dirigiu-se, bamboleando-se, para
junto dela.
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Riscou outro fósforo e viu-se sentada junto de uma árvore de Natal
magnífica. Uma infinidade de bolas coloridas reflectia os milhares de velas
que ardiam por entre a ramagem. A menina estendeu os braços para tanta
maravilha, mas o fósforo apagou-se e todas as velas da árvore subiram para
o céu, transformando-se em estrelas.
Uma delas caiu, deixando um longo rasto luminoso. “Morreu alguém”,
pensou.
A avó dissera-lhe um dia: “Sempre que cai uma estrela, uma alma entra no
Paraíso”.
A menina riscou outro fósforo na parede. Viu, então, à luz da chama, o rosto
meigo da avozinha.
“Avó, leva-me contigo. Sei que vais desaparecer, quando se extinguir o
fósforo. Desaparecerás como a braseira, o ganso recheado e a grande
árvore de Natal”, disse a criança.
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Pôs-se a acender todos os fósforos que restavam na caixa, para conservar
junto de si a imagem da avozinha. Nunca a avó fora tão bela e tão grande
como naquela noite.
A bondosa senhora pegou na criança entre os braços e ambas se elevaram
no espaço. Subiram muito alto, até onde deixa de existir o frio, a fome e o
medo.
E, quando chegou a madrugada, encontraram a criança estendida no chão,
com um sorriso nos lábios. Estava morta. Tinha morrido de frio.
O Sol do dia do Ano Novo ergueu-se sobre o corpo frágil e abandonado na
neve. O avental da criança continha ainda alguns fósforos, mas perto do
corpo encontrava-se um pacote de caixas vazias.
Texto adaptado
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