ROSA, Rosana. Mídia e terceiro setor: advocacy social e agenda

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ROSA, Rosana. Mídia e terceiro
setor: advocacy social e
agenda compartilhada.
Disponível em
http://www.abrapcorp.org.br/anai
s2010/GT5/GT5_Rosane.pdf
• O objetivo do texto é discutir o conceito de
agenda compartilhada. Ela defende o uso
de estratégias pelas ONGs para que os
veículos de comunicação veiculem temas
de interesse social.
• Segundo ela, “com profissionalismo e
autonomia, na gestão da informação e da
comunicação, as ONGs ocupam
importantes brechas comunicacionais na
abordagem de problemas sociais” (p. 1).
• Ela retoma o conceito de contra-agendamento,
segundo o qual “a sociedade civil organizada
deseja que suas próprias pautas também sejam
atendidas, incluídas e tematizadas, no espaço
público midiático, como questões da atualidade”
(p. 2).
• As estratégias de agendamento mais comuns
são: espetacularização (Greenpeace);
ritualização (marchas do MST), mobilização,
campanhas (Criança Esperança, Campanha da
Fraternidade da CNBB), merchandising social
(novelas).
• Definição de advocacy segundo as
Nações Unidades: “[...] trabalhar para a
sensibilização dos gestores públicos e da
sociedade civil sobre a importância de
temas de interesse social” (p. 3).
• A forma de agendamento que interessa ao
estudo é o chamado “agendamento
institucional”, cujo objetivo é levar a pauta social
até os veículos de comunicação.
• “A intenção é que as organizações da sociedade
civil organizada tornem-se fontes confiáveis,
sobre determinada temática, e o jornalismo
tenha, em seus quadros, profissionais com perfil
humano sociocultural adequado ao acolhimento
e desenvolvimento de uma pauta
institucionalizada” (p. 4).
• Dentre as referências em advocacy social,
estão: MST, Greenpeace, Grupo Gay,
Andi, Transparência Brasil, Viva Rio.
• É importante a ação de advocacy porque
“Nas áreas temáticas em que a sociedade
ainda não exerce seu direito e seu dever
de advogar, tem-se a consolidação de
interesses de uma minoria
dominante, usufruindo da cidadania
plena, enquanto a maioria excluída e
silenciosa suporta, apenas, o status de
cidadão” (p. 5).
• A autora cita um exemplo de pauta social na
agenda midiática em que aparece a
personagem Nívia, de 27 anos, caracterizada
como analfabeta e moradora de rua. Depois de
ter passado pelo Projeto de Geração de Renda
da Casa São Vicente de Paula, ele conseguiu
melhorar as suas condições de vida.
• A reportagem, que trata a personagem de
maneira positiva, é um exemplo de agenda
compartilhada, ou seja, uma forma de as ONGs
proporem abordagens em conjunto com a
grande mídia.
• Nas considerações finais, a autora diz o
seguinte:
• - É preciso que as ONGs trabalhem em
parceria com a mídia.
• “Trata-se de reconhecer a incompletude da
atuação dos campos isolados e a necessidade
de uma agenda pública, decorrente de uma
negociação entre a agenda individual, a grupal,
a coletiva e a midiática. Sugere-se, assim, ao
invés de contra-agendamento, o conceito de
agendamento compartilhado, o que remete a
uma ação cooperativa” (p. 13).
• PERUZZO, Cicilia K. Aproximações
entre a comunicação popular e
comunitária e a imprensa alternativa no
Brasil na era do ciberespaço. In: Revista
Galáxia, São Paulo, n. 17, p. 131-146, jun.
2009.
• O objetivo do estudo é aproximar as
práticas de imprensa alternativa,
comunicação popular e o desenvolvimento
do ciberespaço.
• A autora faz um panorama do
desenvolvimento dos conceitos de
comunicação alternativa e popular.
• Peruzzo define a imprensa alternativa
como aquela que apresenta princípios e
conteúdos diferentes da grande mídia
comercial.
• Essas diferenças são político-ideológicas,
na proposta editorial, na gestão.
• No período da Ditadura, alguns desses
veículos eram produzidos sob censura.
• Ela representa a “contracomunicação”, à medida
que é um exercício de liberdade de expressão
numa sociedade autoritária.
• Num primeiro momento, “alternativo” está
relacionado a movimentos sociais e comunidade
de oposição ao governo.
• Mas o termo se alargou, sendo usado para
identificar também publicações que operam
numa faixa paralela à grande imprensa.
• Peruzzo procura uma conceituação mais
específica:
• “Entendemos por comunicação
alternativa uma comunicação livre, ou
seja, que se pauta pela desvinculação de
aparatos governamentais e empresariais
de interesse comercial e/ou políticoconservador. Não se trata unicamente de
jornais, mas de outros meios de
comunicação, como rádio, vídeo, panfleto
etc.” (133)
• A autora identifica dois tipo de
manifestação:
• 1) a comunicação popular, alternativa e
comunitária;
• e 2) a imprensa alternativa.
• A categoria comunicação popular, alternativa
e comunitária é constituída por iniciativa
popular, tendo ligação com movimentos sociais
que lutam contra as desigualdades.
• Essa forma de comunicação também é chamada
de participativa, dialógica, educativa, horizontal
ou radical.
• Ela se vincula a movimentos contra a Ditadura
da década de 1970, mas tem antecedentes na
ação dos trabalhadores na primeira metade do
século XX.
• Com o fim da Ditadura Militar e a
retomada e ampliação do processo de
cidadania, as lutas sociais tomam uma
nova dimensão.
• E com isso há também uma modificação
nos movimentos sociais. Já no início do
século XXI, há uma retomada da
comunicação popular, agora incorporando
as novas tecnologias.
• A imprensa alternativa, que desapareceu com o fim da
ditadura militar, foi retomada no início do século XXI,
com a incorporação de novas mídias.
• A autora cita jornais, vídeos, webradios, revistas,
agências alternativas de notícia, observatórios da mídia,
coletivos de comunicação como um desdobramento
desse tipo de imprensa.
• O mesmo ocorre com a comunicação comunitária,
fortalecida com uso das novas tecnologias.
• Os vários subtipos apontados pela autora
• 1) Comunicação popular, alternativa e comunitária: é
constituída por iniciativas populares em contextos locais,
por movimentos sociais e não tem fim lucrativos. Seu
objetivo é o estabelecimento da justiça social e a cidadania.
Pode ser dividida em:
• 1.1.) Comunicação comunitária: é constituída pelos
processos de comunicação no âmbito dos movimentos
sociais. Tem um fim de mobilização. Envolve a participação
horizontal.
• 1.2) Comunicação popular-alternativa: trata-se de
iniciativas que envolvem segmentos populares mas não
são de total responsabilidade de uma comunidade. Em
geral, são desenvolvidas por ONGs, universidades, igrejas
etc.
• 2) Imprensa alternativa: processos jornalísticos de caráter autônomo,
alternativos ao discurso hegemônico dos grandes meios. Podem ser
subdivididos em:
• 2.1) Jornalismo popular-alternativo: Jornalismo ligado aos
movimentos sociais. Exemplo: Brasil de Fato, ligado ao MST.
• 2.2) Jornalismo alternativo-colaborativo: trata temas correntes da
mídia de forma diferenciada ou aqueles que não têm cobertura. É
“participativo”, em primeiro lugar, porque conta com a participação
voluntária.
• Exemplos: revista Viração e jornal Trecheiro.
• “A segunda perspectiva se refere a processos interativos nas mídias
digitais, na lógica da Web 2.0, através de websites colaborativos, nos
quais os membros e militantes usuários da internet podem contribuir
com conteúdos produzidos por eles mesmos e inseridos no sistema
on-line. Tais webespaços são majoritariamente preenchidos com
conteúdos elaborados pelos próprios usuários. Exemplos: Centro de
Mídia Independente (CMI), Overmundo, Canal Motoboy, Wikinews e
YouTube” (141).
• 2.3.) Jornalismo alternativo autônomo:
produzido por indivíduos ou empresas.
Ex.: blogs independentes de jornalistas.
• 2.4. Jornalismo político-partidário:
jornais ligados a partidos e políticos.
• 2.5. Jornalismo sindical: imprensa
produzida no âmbito dos sindicatos.
• Conclusão
• “No contexto atual, há algo inovador no campo
da comunicação comunitária e alternativa,
especialmente a jornalística. É a possibilidade
real de qualquer cidadão se tornar ‘jornalista’.
Trata-se da prática do ‘jornalismo cidadão’ e de
fontes abertas (open sources) da era digital que
derruba a figura do gatekeeper e incentiva a
participação ativa das pessoas no fazer
comunicacional. É um campo aberto para o
resgate da palavra do povo que tanto queria
Paulo Freire. (143).
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