Doenças psiquiátricas e perícia médica A Psiquiatria é o ramo da medicina que lida com o diagnóstico, tratamento e prognóstico dos transtornos mentais. É considerada área complexa e subjetiva para a avaliação de incapacidade do ponto de vista Médico Pericial. É a especialidade que mais propicia simulações devido à sua subjetividade Doença psiquiátrica estrutural Quando o transtorno mental tem substrato orgânico; base anátomo clínica; afetando a estrutura do psiquismo em sua essência. Pode ter origem degenerativa, abusiva, genética, metabólica, traumática, neuroquímica, infecciosa e afins Neste grupo estão as Demências, Retardos, Psicoses, TBH. Doença psiquiátrica não estrutural São os transtornos mentais que não tem substrato anátomo clínico e afins. Transtornos neuróticos São não estruturais porque fazem parte do material assimilado na vida, do resultado de nossas experiências, vivências, traumas e conflitos externos e internos,das crenças, laços familiares e outros fatores fenotípicos associados ao temperamento e caráter de cada um. Provém da relação do sujeito com o meio e consigo mesmo. Doenças psiquiátricas e perícia médica As doenças estruturais são muitas vezes invalidantes. Levam a benefícios longos Levam à limite indefinido. Costumam ter prognóstico bastante reservado para a vida laborativa, quando esta é possível. Podem, em poucos casos, ter indicação de RP Podem vir para BPC e para solicitação de Pensão por morte para dependente maior inválido. Podem fazer jus à majoração de 25% nas aposentadorias por invalidez. Aposentados podem fazer jus à Isenção de imposto de renda. Doenças psiquiátricas e perícia médica As doenças não estruturais em geral tem boa capacidade de remissão e tratamento. Quando há concessão de benefício estes devem ser limitados e dificilmente chegam à invalidez. Não se enquadram em BPC, em pensão para dependente maior inválido, em quadros de alienação mental, em majoração de 25% em aposentadorias, ou em isenção de imposto de renda para aposentados. Estudo médico pericial do Cid 10 - F Demência de Alzheimer - F00 Transtornos mental psicótico. orgânico, estrutural degenerativo de causa ainda desconhecida. Surge de forma insidiosa, em geral acima de 60 anos. Alterações de memória e orientação progressivas. Inquietude emocional em que a pessoa faz movimentos como que lava roupas, rasga papéis. Ecolalia, desconexão de palavras. Incapacidade das funções vitais por descognição. Perda da cognição; desintegração da memória; pensamento;de todas as funções psíquicas e da vida civil e de relação. Há alterações na Ressonância Magnética e Tomografia. Irreversível. Tende à total e absoluta dependência de terceiros. LI. BPC. Isenção de IR. Jus a 25% Demência Senil F01. Início em torno de setenta anos. Modificações de conduta, de caráter, irritabilidade, falta de sensibilidade ética e desinibição instintiva, redução das funções psíquicas, desorientação e debilidade do juízo. Apesar do quadro demencial não há a total perda de cognição que o Mal de Alzheimer causa. Demência na SIDA- F02.4/B22.0 Demência não especificada- F03 Demências em outras doenças causadas por patologias sistêmicas, tóxicas, metabólicas, auto imunes como Lupus, Sífilis, Diabetes, Esclerose Múltipla, Parkinson. **Demência por uso de álcool, crack, cocaína, e oxi As demências senis tem pouco impacto pericial pelo surgimento em idade mais avançada e diagnóstico simples. Demências por SIDA, álcool e drogas no entanto, tem crescido muito na população em faixa produtiva, o que se torna um problema grave na área médico pericial. **Observamos em muitos atestados de médicos assistentes, CIDs do grupo F 06 a F09, que se reportam a “outros transtornos mentais devidos à lesão e disfunção cerebral e à doença física” Estes CIDs seguem com pequenas variedades até F 09. Há que se analisar estes caso assim codificados com olhos periciais apurados, pela inespecificidade destes CIDs Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substâncias psicoativas F10 a F19 Diferem entre si pela gravidade variável, de acordo com o grau de dependência e compulsividade e desvinculação psicossocial e afetiva progressiva e incapacitante no dependente. Vão da intoxicação aguda transitória à psicose e demência. Para a perícia médica Vão repercutir os casos de usuário habitual /funcional e do dependente ou disfuncional. Casos graves: dependência; síndrome de abstinência com ou sem delirium; psicoses; síndrome amnésica. De F19 a F19.6 Transtornos Mentais por uso de drogas múltiplas. Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substâncias psicoativas F10 a F19 Dependência Química leva à conduta irresponsável, marginalizada. Ruptura dos vínculos sociais, afetivos, morais, laborativos. Mentira e dissimulação. Distúrbios cognitivos e comportamentais que chegam à invalidez total e muitas vezes permanente. Principalmente nos casos da dependência em álcool, cocaína, crack, oxi. Ainda ressaltar as doenças físicas comórbidas ao uso de álcool e drogas como hepatopatias, úlceras, desnutrição, Avcs, Polineuropatias, distúrbios neurológicos, diabetes e outros. Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substâncias psicoativas F10 a F19 **Observar a dissimulação do uso de drogas, ocultando o verdadeiro diagnóstico com sintomas que se fazem passar por outras doenças, mascarando e omitindo a causa base: Reações ao estresse, pânico, ansiedade com agressividade. Depressões ansiosas com grande desconcentração e irritabilidade. Desadaptação laborativa, afetiva, social, dentre outros sintomas subjetivos. Em geral segurado empregado que não deseja expor seu vício para não perder emprego, vínculos afetivos e sociais. Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substâncias psicoativas F10 a F19 O perito deve analisar o grau de dependência , as comorbidades, as associação das drogas. Também as tentativas de tratamento, a HPP e PP, recaídas. Se este segurado tiver doença psicótica ou epiléptica associada à drogadicção o prognóstico é péssimo. Tratamento das DQ Internações para desintoxicação em clínicas médicas especializadas. Grupos de ajuda como A.A, N.A, Grupos comunitários de auto-ajuda. AL-ANON NAR-ANON Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substâncias psicoativas F10 a F19 - PROGNÓSTICO O perito deve analisar o grau de dependência , as comorbidades, as associação das drogas. Também as tentativas de tratamento, a HPP e PP, recaídas, apoio, insight... **Se este segurado tiver doença psicótica ou epiléptica associada à drogadicção o prognóstico é péssimo. Tratamento adequado e convencional das DQ e alcoolismo Internações para desintoxicação em clínicas médicas especializadas. Grupos de ajuda como AA, NA, Grupos comunitários de autoajuda. Tratamento ambulatorial em CAPSAD e afins. Tratamento das comorbidades clínicas e neurológicas. Querer se tratar e curar-se Devemos procurar, para avaliar gravidade do caso Hepatopatias, polineuropatias, diabetes. Cardiopatias Desnutrição com avitaminoses. Epilepsia secundária, Depressão severa alternando com agitação e agressividade. Presença de sintomas psicóticos como delírios e alucinações. Desagregação do pensamento e do senso de realidade. Perda da cognição e capacidade de atenção e concentração. Incidência de câncer de pulmão, esôfago, garganta, estômago, pâncreas, laringe, linfomas, leucemias é grande. Nos casos de uso de crack, oxi, solventes e cola, temos lesões nos exames de imagem (RM e TC de crânio) com perda irreversível de tecido neuronal. Sobrevida de 01 a 05 anos. Alcoolismo- análise pericial de prognóstico – avaliar Tempo de uso e abuso em relação á idade do adicto. Inspeção externa do segurado. Vide exame psiquiátrico. A função/cargo exercido quanto a risco individual e/ou coletivo. Quanto a trabalhar com valores e sigilo. Ambiente propício ao vício? Se procurou e frequenta grupo de AA Ficou? Saiu? Porquê? Se tem muitos períodos alternados de abstinência com recaídas. Se tem ou teve internações frenocômicas ou por coma alcoólica. Tem apoio familiar? Apoio empresarial? Se tem dependência cruzada com drogas psicoativas, cocaína, maconha, heroína, crack, oxi, anfetaminas, ansiolíticos. *Comorbidades clínicas e mentais. Prognóstico péssimo. Esquizofrenia e Psicoses não especificadas F20 a F29 Psicose endógena com alteração profunda da personalidade, do senso de realidade, da afetividade da estrutura egóica e vivencial. Alterações no pragmatismo, volição, cognição. Quadro da “loucura” pelo prisma social e cultural de nossa sociedade. Causas ainda são indeterminadas. Suspeita-se de fatores mistos, genéticos, neuroquímicos, metabólicos, neuro-hormonais, ambientais, infecciosos... Início- variável. Pode ser súbito (dias ou semanas), ou lento e insidioso ao longo dos anos Surge na puberdade ou até os 35 anos - Pansexual. Pandêmica. Num acompanhamento de 05 anos, só 40% dos pacientes apresentam melhora. Sintomas diminuem com idade. Esquizofrenia residual. Esquizofrenia e Psicoses não especificadas F20 a F29 Cursa com dois tipos de quadros bem distintos: Sintomas positivos. Síndrome tipo I Delírios, alucinações, agitação psicomotora desordens do pensamento. Melhor prognóstico. Sintomas negativos. Síndrome tipo II Embotamento afetivo,retraimento social, pensamento tosco, pobre, abulia, inibição psicomotora podendo ser chegando catatônico- Pior prognóstico. Tipos de Esquizofrenia- Simples Indiferenciada Paranóide Hebefrênica Catatônica Depressão pós esquizofrênica Residual Esquizofrenia- F 20 a F29- quadro Clínico Delírios- crenças falsas, irrreais, irracionais. De grandeza, perseguição, místicos, mórbidos, hápficos Alucinações- auditivas, visuais, cinestésicas, hápficas. Ver, ouvir, perceber, sentir coisas ou pessoas que não existem na realidade. Discussões, comandos, controle (alucinações auditivas) Discurso e Pensamento- incoerentes desorganizados; ilógicos. Pensamento concreto. Fazer testes de sensopercepção, realidade, raciocínio lógico. Minimental. Afeto e Humor- inadequado. Embotado. Histriônico. confuso. Imprevisível em suas emoções e atitudes afetivas/emocionais. Esquizofrenia- F 20- F29 Quadro clínico Comportamento: lábil e inadequado. Podem ser impulsivos, retraídos, agitados, suicidas, agressivos (Auto e Latero). Sem regras morais e auto censura (despem-se em público, masturbam-se, gritam sozinhos, por vezes bordões repetitivos, risos e gargalhadas imotivadas). Solilóquios. Vivem em uma realidade paralela. Num mundo egóicamente diferente do normal. Surtos primários acima de 35 anos, suspeitar das outros transtornos,ou simulação (pesquisar HPP HF DQ) Mesmo que inicialmente o paciente “pareça normal”, com o tempo percebe que trata-se de um psicótico. Esquizofrenia Exames complementares F20 - F29 Até o momento não há nenhum exame determinante e conclusivo para o diagnóstico de F20. Fechamos o referido diagnóstico através de uma minuciosa anamnese , exame do estado mental, exame físico, história familiar, HPP, personalidade prévia. Muitas vezes o diagnóstico “não é feito”, é ignorado, por rejeição, preconceito, desleixo, ignorância, falta de serviços de saúde mental na região. Observar as doenças com as quais devemos fazer o diagnóstico diferencial. Tratamento da Esquizofrenia - sempre farmacológico. Neurolépticos / antipsicóticos. O uso de medicação por tempo indeterminado é indispensável com os seguintes benefícios Melhoram a qualidade de vida e interrrelação com o mundo. Atuam nas crises minimizando o sofrimento e equilibrando. Espaçam os períodos inter-crises Podem evitá-las até. Após cessar a crise aguda, o uso contínuo reduz a possibilidade de episódios futuros, embora não os impeça. Diminui o risco de internações, suicídio, latero ou Heteroagressividade. Quanto mais precoce o tratamento, mais chance de um resultado melhor no decorrer da vida. Este efeito varia em cada indivíduo Esquizofrenia F20 - F29 Farmacologia Antipsicóticos antagonistas dos receptores de dopamina Os antipsicóticos são medicamentos usados para abrandar, inibir, modificar,espaçar, sintomas produtivos das Psicoses. O uso destes é por tempo indeterminado e no mais das vezes por toda vida. Existem os antipsicóticos tradicionais e os mais modernos e também menos conhecidos quanto aos efeitos colaterais e efeitos a longo prazo. os efeitos são muito variáveis para cada doente Antipsicóticos Nome Genérico Nome Comercial dose Mg/Dia Fenotiazínico Clorpromazina Amplictil 300 – 800 mg Trifluoperazina Stelazine 01 –05 mg Tioridazinas Melleril 200 – 700 mg Butiferona Haloperidol Haldol 1 – 15 mg Orap primozida 1 – 4 mg Benzisoxazólicos Risperidona Risperdal 1 – 5 mg Olanzapina Zyprexa 5 –20 mg Quetiapina Seroquel 25 a 200 mg Flufenazina Flufenan Anatensol 2,5 - 10 mg Prometazina (Fenergan) não tem ação neuroléptica. É antihistamínico. Minimiza efeitos colaterais dos antipsicóticos. Também com este efeito o Biperideno (Cinetol, Akineton) Clozapina (Leponex) é um antipsicótico indicado esquizofrenia refratária aos outros antipsicóticos. para Pode causar agranulocitose. Resistentes ou intolerantes ao tratamento farmacológico com neurolépticos com valores normais de leucócitos e nos quais se possam realizar contagem dos glóbulos brancos regularmente e, se possível, contagem total de neutrófilos Deve-se prestar atenção a queixas de sintomas de gripe, febre, faringite, e a qualquer outro sinal de infecção que possa ser indicativo de neutropenia. Em caso de: febre, dor de garganta, feridas em região oral, anal e/ou pele ou qualquer tipo de infecção, procure seu médico imediatamente. Olanzapina Zyprexa comprimidos 10 mg indicada para o tratamento agudo e de manutenção da esquizofrenia e outras psicoses onde os sintomas positivos (delírios, alucinações, alterações de pensamento, hostilidade e desconfiança), e/ou sintomas negativos (afeto diminuído, isolamento emocional e social, pobreza de linguagem) são proeminentes. A olanzapina alivia também os sintomas afetivos secundários comumente associados com esquizofrenia e distúrbios relacionados. A olanzapina é eficaz no tratamento de manutenção, uma vez alcançada a melhora clínica nos pacientes que responderam ao tratamento inicial. Quetiapina - Seroquel 25 mg A Quetiapina é indicada para o tratamento da esquizofrenia bem como para as fases maníacas e depressivas associadas ao TBH, em monoterapia ou como coadjuvante pertence a uma classe de neurolépticos conhecidos como antipsicóticos atípicos, que têm se tornado mais populares nas duas últimas décadas. Em estudos clínicos, a Quetiapina tem demonstrado ser efetiva como monoterapia ou em terapia adjuvante na redução dos sintomas de mania em pacientes com mania bipolar Usados como alternativa aos antipsicóticos típicos, como o Haldol e amplictil. Efeitos colaterais Todos apresentam. Variando de pessoa a pessoa, o tipo e intensidade: sedação, rigidez muscular, tremores, ganho de peso, discinesia tardia, movimentos involuntários de lábios e língua, contorções de membros ( SS e II). Hipersalivação, voz arrastada e lentificação do pensamento. Usar, como para os outros, a Prometazina ou Akineton. Este efeito é chamado de “impregnação” e não é, muitas vezes, “dose dependente”. ESQUIZOFRENIA-TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 75% dos pacientes respondem “bem” ao tratamento correto. 25% tem a chamada Esquizofrenia Refratária, de péssimo prognóstico. TEMPO DE TRATAMENTO ININTERRUPTO Após o 1º surto é de 02 anos ininterruptos Após o 2º surto é de 05 anos ininterruptos. Vai se prolongando com o número de surtos. Daí podemos já imaginar um prognóstico. Para um melhor prognóstico não dependemos só de medicação Vamos aos outros fatores Problemas que cronificam a patologia e geram incapacidade Demora no diagnóstico Internação hospitalar frenocômica Preconceito/Ignorância Deficiências do SUS Abandono de tratamento, tratamento errado inadequado, ou descontínuo Abandono e descaso familiar. Solidão. bom prognóstico Inclusão social e laboral. Apoio familiar e afetivo Não hospitalizações. Surto curto, com boa resposta à medicação sem seqüelas na personalidade Diagnóstico e tratamento precoce Ausência de comorbidades (drogas, epilepsia, álcool). Esquizofrenia-conduta médico pericial Doença comum no auxílio doença previdenciário. Loas/BPC. Dependente maior inválido. Pensão por morte. Observar se o segurado tem vínculos empregatícios múltiplos e fugazes ou esteve longo tempo desempregado. Ainda, se nunca trabalhou oficialmente. Múltiplas funções. Ideação confusa, pensamento desorganizado Observar os fatores relacionados que pioram ou melhoram o prognóstico. Avaliar declaração médica e medicamentos. Exame médico focado nos sintomas descritos. História familiar. HPP. Personalidade prévia. Testes de realidade. Minimental. Testes de percepção e associação de idéias. Abstração do pensamento. Esquizofrenia-conduta médico pericial O retorno ao trabalho nos casos de curso não refratário está diretamente ligado ao tratamento correto e contínuo. Caso não haja adesão farmacológica, ou os fatores de mau prognóstico predominarem como comorbidades (drogas, álcool epilepsia), 80% dos casos terão surtos repetidos em cerca de 12 meses. Mau prognóstico. Prognóstico a longo prazo 1/3- “bom” - 2/3 médio a ruim **Pelas dificuldades na adesão ao tratamento, por vários dos fatores já citados, o segurado virá para a perícia com mais de um surto, com diagnóstico tardio, tratamento irregular ou inadequado, abandono ou indiferença familiar, exclusão social e laboral. Benefícios longos/R2/LI- é a rotina. Transtornos do Humor F30- F39 Episódio maníaco- F30 Transtorno afetivo bipolar - F31 Episódios depressivos - F32 (leve moderado grave) Transtorno depressivo recorrente - F33 (idem) Nos F32 e F33 ainda temos nos casos graves a classificação > sem e com transtornos psicóticos. Cursam com variações no humor/afeto. Com modificações globais na conduta, na personalidade, no curso do pensamento, na vontade. Costumam ciclar com com euforia e/ou depressão Episódio maníaco F30 Até o século XIX mania = loucura. Em 1850 passou-se a intitular as manifestações como PMD, pois observava-se euforia, freqüentemente, seguida de depressão. Este termo ficou até algum tempo atrás e ainda é usado nos dias de hoje. MANIA atualmente é uma manifestação do TAB/TBH Os Episódios maníacos isolados são de pouca importância para a Perícia Médica, com baixa prevalência nos benefícios por incapacidade. São pessoas com humor instável, complicadas no trato, muitas vezes com relações conflituosas e instáveis devido às oscilações de humor, mas trabalham, e convivem “normalmente” Transtorno afetivo bipolar - F31 É caracterizado por um ou mais episódios nos quais o humor e o nível de atividade do sujeito estão profundamente perturbados. Alterações na auto estima, sono, pensamento, atenção, conduta social e afetiva. Sintomas produtivos na linguagem libido, compulsões. Costumam passar por excêntricos, liberais, diferentes, gastadores, avançados. Agitados, Engraçados. Liberais... Ao exame, o segurado apresentar-se-á com vestuário excêntrico, sensual, pintura exagerada, por vezes formando uma imagem grotesca, ou mesmo vulgar. Hiperativo, insone, errático, pródigo, libidinoso, compulsivo, prolixo, hiper estima, irritável, intolerante., logorreico, acelerado. Transtorno afetivo bipolar- F 31 O pensamento é acelerado e pode ter delírios de grandeza, poder, fama, fortuna, onipotência. Desconcentrado, juízo crítico comprometido ausência de juízo de valor- prodigalidade. O afeto é muito variável, lábil e migra para a depressão com os sintomas inversos aos descritos. Na fase depressiva é muito comum a ideação ou o ato suicida. A ideação suicida é nestes casos, obsessiva e grave demandando vigilância permanente. O primeiro surto do TBH é sempre maníaco. Pode ter a fase depressiva ou não. O tempo em que fica numa fase é imprevisível em muitos casos. Transtorno afetivo bipolar- F 31 Pode remir sem medicação, mas é imperioso medicar para tentar evitar conseqüências graves como a prodigalidade e/ou o suicídio dentre outras. Hereditariedade - se um dos pais apresentar a doença, 25% de chance para o filho também apresentar Se os dois genitores apresentarem 50 a 75% de chance para o filho. Prevalência em mulheres no início da vida adulta, podendo acontecer em adolescentes. Investigar causas precipitantes nos indivíduos sem história prévia de mania- distúrbios hormonais, metabólicos, uso de drogas, traumas.Nestes casos a doença tende a remir cessando a causa cessará o efeito, Não será o TBH “per se”. Exceto na eclosão da doença catalisada pelo uso de drogas. F 31- Conduta médico pericial - avaliar os itens Existência de mais de duas crises no período de um ano Ocorrência de mais de quatro sintomas dos descritos Dependência Química a álcool e/ou drogas Ciclagem rápida Gesto e ato suicida Presença de sintomas psicóticos e delírios Epilepsia F31- conduta médico pericial Do ponto de vista médico pericial, a atividade laborativa dependerá de Presença dos fatores agravantes citados Resposta efetiva ao tratamento (Lítio, ADS Outros ) Persistência dos sintomas psicóticos Maníacos ou depressivos Nos intervalos entre as crises, o indivíduo costuma ser produtivo e capaz para a vida laborativa, nos casos leves e moderados. Medicação TBH Estabilizadores do humor Independem da fase maníaca ou depressiva tendo como função estabilizar o quadro psicótico e evitar as ciclagens. Uso é por tempo indeterminado e o medicamento de eleição é o Lítio, com ação bem conhecida e colaterais gastro entéricos que costumam ceder com o uso. Muito bem tolerado e de excelente efeito terapêutico. Têm ótimo efeito o Ácido Valpróico e a Carbamazepina, inclusive com tolerância melhor que a do Lítio Necessário dosagens séricas periódicas de todos eles. Nome Genérico - Nome Comercial - Dose./Mg./Dia Carbonato de Lítio- Carbolim, Carbolitium -75 – 900 mg. Carbamazepina - Tegretol 200 – 1200 mg Ácido Valpróico - Depakene depakote 250 –1g Clonazepam - Rivotril- 0,5 – 2,5 mg ** Alprazolan 0,25 a 2 mg. ADS variados na fase depressiva. Na fase maníaca ou em sintomas de insônia; agitação; medo e afins podemos usar um ansiolítico como o Clonazepan ou Alprazolan para arrefecer estes sintomas ansiosos. Medicar um portador de TBH é algo muito delicado e meticuloso. Observar as ciclagens para os ajustes necessários. Medicamento fixo só o estabilizador de humor, assim mesmo, as doses variam. Episódio depressivo – F32 Depressão primária um episódio a depressão sempre se caracteriza por uma tríade TRISTEZA IMOTIVADA LENTIFICAÇÃO DO PENSAMENTO BAIXA ESTIMA Estes sintomas estarão presentes em qualquer quadro depressivo - psicótico ou neurótico- primário ou secundário- recorrente- psicotizado ou não Episódio depressivo- F 32 Culpa por estar doente, sensação de inutilidade. Ideação mórbida, de ruína, de abandono e fracasso; Anedonia, embotamento afetivo e sexual. Ideação suicida Abulia Indiferença e desconcentração Desleixo pessoal, profissional, afetivo, social Somatizações F32- episódio depressivo secundário Decorrem de fatores infortunísticos, como luto, perdas de qualquer origem, mudança do padrão de vida e outros. Todos passamos por episódios depressivos desta natureza, em geral auto limitados, e comuns à vida de qualquer pessoa A gravidade dependerá da intensidade da causa e personalidade prévia do indivíduo F32- depressão secundárias ao uso de medicamentos e drogas Reserpina hipoglicemiantes Metil-dopa Corticóides Ansiolíticos Quimioterápicos Cocaína Álcool Anfetaminas, Crack As droga ilícitas cursam com rebote depressivo severo e progressivo principalmente na abstinência demandando à dependência e à incapacidade para a vida laboral e sócio afetiva F32- Depressão secundária a outras doenças demências parkinson colagenoses neoplasias malignas esclerose múltipla doenças crônicas dolorosas diabetes cardiopatias Episódio depressivo-F32 Para o interesse da Perícia Médica estudaremos os seguintes tipos de Episódios Depressivos Episódio depressivo leve-F32.0 Episódio depressivo moderado-F32.1 Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos- F32.2 Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos- F32.3 Para todos, os sintomas e sinais são os mesmos variando a intensidade e duração. Exceção para o F32.3 com sintomas psicóticos Episódio depressivo leve- F 32.0 Episódio depressivo moderado- F 32.1 Cursam com tristeza imotivada ou reativa. Lentificação do pensamento. Redução das atividades pragmáticas. Alterações do sono apetite, libido. Prognóstico Bom- Em geral o tratamento é com ADS (monoterapia) e Psicoterapia, que não impedem, ou impedem por período curto, as atividades laborativas. Remissão Dos Sintomas: de duas a seis semanas. À princípio T1. Só conceder se trabalho for muito ligado à interatividade ou periculosidade. Não prorrogar. Episódio depressivo leve- F 32.0 Episódio depressivo moderado- F 32.1 Caso exerça atividade de risco individual e/ou coletivo e alegue não estar em condições até seis semanas avaliar> Ajustamento da dose do antidepressivo ? Terapia? Em geral o problema é no trabalho ou pessoal, e o sujeito “não o resolve.” - T1 - Problema social laboral ou afetivo. **O uso continuado de ADS não impede a atividade laborativa, uma vez ajustado em sua dose e/ou se a função, também, não implicar em perigo para si ou terceiros. Conclusão: nos casos de F32.1 e F32.2, transtornos depressivos leve e moderado , a conclusão médico pericial deverá variar entre T1 e T2 no máximo até 60 dias. Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos F 32.2 Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos-F32.3 Cursam com os sintomas já citados, porém com grande intensidade e maior duração Nas depressões graves primárias é comum história de hereditariedade, personalidade prévia tímida, evitativa desde a infância ou adolescência. O risco de tentativa de suicídio é razoável , com taxa de 10 a 25% de consumação da intenção F32.2 F32.3 Além da tríade clássica já citada, temos como sintomas nas Depressões Primárias Graves com ou sem psicose Ideação persecutória- sente-se exposto, alvo de depreciação dos outros, inferiorizado Crises de choro contínuas, freqüentes Isolamento Social e afetivo Imotivação e desânimo afetando as atividades laborativas e todas as outras. Abandono das atividades de lazer Continuação dos sintomas nas depressões primárias graves F32.2 F32.3 Fadiga imotivada insônia ou hipersonia Ideação suicida e/ou mórbida Alterações do peso e apetite Sentimento de culpa e de inutilidade Desleixo pessoal e profissional Dores crônicas sem repercussão clínica ou em exames Depressão primaria grave com sintomas psicóticos F32.3 Temos além dos sintomas descritos os seguintes agravantes: Presença de delírios ou alucinações. Em geral estes delírios e alucinações são de desvalia, de perseguição, de culpa, de inferioridade, de zombaria... Existe um risco alto de tentativa de suicídio . Prognóstico F32.2 F32.3 Bom a médio prazo, observando-se o tratamento de seis meses até 01 ano com ADS Deve ser Associado à Psicoterapia, apoio familiar, afetivo, social Se o tratamento for realizado corretamente, há boa recuperação, porém com risco de recaída de 50%, sendo que 1/3 dos indivíduos recaem em menos de 12 meses Fatores agravantes e complicadores dos episódios depressivos primários graves F32.2 e F32.3 Rejeição ou abandono ao tratamento por preconceito, ignorância , fatores financeiros, negligência, outros Abandono familiar e afetivo Falta de adesão ao tratamento contínuo e ininterrupto, que é prolongado. (melhora e para) **Medicação incorreta (antipsicóticos e ansiolíticos). Muito comum. Falha Grave da área médico-assistencial. Essas pessoas precisam de apoio psicoterapêutico e o médico/entorno devem conscientizá-las disso, além de insistir na adesão e continuidade do tratamento correto. F32.2 e F32.3 Episódios depressivos primários Em geral, concessão de Benefício de 60 a 180 dias com DCB. Observar os casos que cursam com sintomas psicóticos. Os casos que se prolongam por estarem sendo inadequadamente tratados, complicam a vida do segurado e do perito devido ao agravamento e cronificação dos sintomas, e colaterais da medicação errônea. Levar em conta as atividades de risco individual/coletivo, e os caso que se prolongam por medicação inadequada Que fazer como perito? F33 Transtorno Depressivo Recorrente F33.0 TDR leve F33.1 TDRM F33.2 F33.3 TDRG Caracterizam-se pela recorrência das crises. Pior evolução e prognóstico. O perfil clínico e sintomatológico é idêntico ao estudado no Episódio Depressivo Único - F32 Além dos fatores agravantes e complicadores já citados para o F32, devemos nos casos da Depressão recorrentes, para traçar o prognóstico e conduta médico pericial avaliar os seguintes tópicos que relacionaremos F33 Transtorno Depressivo Recorrente Frequência dos episódios? Muito freqüentes? Mais de um por ano? Cursaram com ato ou gesto suicida ? Cursam com sintomas psicóticos persistentes? Tratamento correto, contínuo por Psiquiatra? Produtivo nos intervalos inter-críticos? Idade laborativa? Instrução? Atividade perigosa? Atividade é agravante ou negativa para a doença? Tempo de contribuição ? Profissão/cargo/atividade? F33 Transtorno Depressivo Recorrente Dependendo da intensidade, frequência duração e multiplicidade dos fatores agravantes, a decisão médicopericial poderá ser Benefício de Médio Prazo até 180 dias Benefício Longo de 01 anos a R2 LI ? Em geral não são casos de RP. A depressão quando grave e recorrente incapacita ao trabalho e não a um tipo de trabalho. Logicamente, os depressivos recorrentes não devem por uma questão de segurança ocupar atividades perigosas a si e a terceiros, pela ideação suicida. Por vezes, quando compensados, adaptam-se a trabalhos internos, sem público, em ambiente tranqüilo, sem pressões. F33 - Atenção perito médico Observar no Sistema os Benefícios anteriores. Se há uma evolução com transtornos depressivos realmente recorrentes. Caso seja uma primeira solicitação de Benefício devemos prudentemente dar um período de 45 a 90 dias, ressaltando no laudo, em caso de PP, a dúvida quanto ao diagnóstico e prognóstico. Não devemos no AX1, mesmo em casos bem documentados sermos muito pródigos no benefício exceto nos “casos que falam por si” Problemas da resistência envolvidos na adesão ao tratamento Doença preferível à saúde; Punição sentida como merecida; Negar a doença devido à estigmatização; Identificação inconsciente com familiar doente Fatores psicológicos sobrepujam os farmacológicos. Ganhos secundários Fatores culturais, financeiros, educacionais, sociais, “religiosos” Tópicos válidos para todos os Transtornos Neuróticos ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS TETRACÍCLICOS E UNICÍCLICOS São de ação rápida e eficaz. Efeitos imediatos ou na 1ª semana. Uso hospitalar. Baixo custo. Acesso à baixa renda. Farmácias populares. Efeitos seguros e conhecidos, assim como os colaterais. Dão azo a uma gama de efeitos colaterais, tais como arritmias, ganho de peso, hipotensão ortostática, interações com cardiopatias. Quando os colaterais são afastados ou minimizados, são excelentes opções. Nome Genérico Nome Comercial Dose Mg./Dia Imipramina Tofranil 25 –300 mg Amitriptilina Tryptanol 25 – 300 mg Nortriptilina Pamelor 10 – 150 mg Maprotilina Ludiomil 25 – 150 mg Survector Sulpirida + bromazepan Bupropiona Wellbutrin 75 – 450 mg antidepressivo com ação farmacológica primária de inibição da recaptação das monoaminas como a dopamina e a adrenalina. Usamos na dependência à nicotina INIBIDORES ESPECÍFICOS DA RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA A melhora costuma surgir com duas a seis semanas de uso contínuo Os preços são bem mais elevados do que dos tricíclicos de 1ª geração Excetuando a Fluoxetina não há na rede das farmácias e programas populares Pode-se usar os genéricos e pesquisar marcas, pois há uma boa diferença entre laboratórios INIBIDORES ESPECÍFICOS DA RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA Não causam dependência como os ansiolíticos. Colaterais menos importantes e interações menos agressivas que dos tricíclicos, podendo, em geral, ser usados pela maioria das pessoas Observar outros ADS com ação em neurotransmissores diferentes como histamina, norepinefrina, dopamina, acetilcolina. Nome Genérico- Nome Comercial Dose Mg/D Fluoxetina - Prozac, Eufor, Daforin, Verotina, Fluxene 5 – 80 mg Paroxetina- Aropax, Pondera 05 – 80mg Sertralina- Zoloft, Serenata 50 – 200 mg Venlafaxina - Efexor 50 – 200 mg Amineptina - Survector 200 – 300 mg Citalopram - Cipramil 20 – 60 mg Mirlazapina- Remeron 30 – 50 mg Duloxetina - Cymbalta 30-120 mg Escitalopran- Cipralex Lexapro Exodus Espran 10 -20 mg Estes ADS têm baixa complexidade colateral e são muito bem tolerados. Os colaterais costumam ceder em até três semanas de uso contínuo. Não deve interromper o tratamento o que é comum quando se sente melhor O usuário tem de ser conscientizado e informado do tempo para efeitos, e do custo benefício dos colaterais, que diminuem com o uso contínuo. Transtornos Neuróticos Relacionados ao Estresse e Somatoformes F40-F48 São não estruturais, sem substrato físico, orgânico, anátomo patológico Não levam à alienação mental, à dependência de terceiros e não invalidam em definitivo para a vida laborativa Neste grupo é comum haver transtornos mistos de ansiedade e depressão Constituem um grande problema médico pericial, pela subjetividade dos sintomas, ganhos secundários das neuroses, simulações, preconceito e rejeição ao tratamento psicoterápico e psiquiátrico Transtornos neuróticos relacionados com o stress e somatoformes- F40 - F48 Estresse é o conjunto de reações que ocorrem em um organismo quando este é submetido a um esforço de adaptação com resultados positivos ou negativos. O estresse é necessário e vital. Pode ser positivo e negativo. Quando este se torna crônico, penoso, exaustivo, improfícuo, esta tensão torna-se patológica, rompendo o equilíbrio biopsicossocial, culminando por apresentar-se na forma de transtornos psiquiátricos de duração e gravidade variáveis. Transtornos fóbico - ansiosos F40 Agorafobia F40.0 Fobias sociais F40.1 F40.8 e F40.9 ( SOE) Não são causa de incapacidade laborativa Exceções para quando a causa da fobia estiver diretamente ligada ao trabalho do fóbico. Pode precisar RP ou ajuste no trabalho após tentativa de acordo oficioso. Ascensorista, motorista claustrofóbico Trabalhar em andares altos ou em multidões com Agorafobia Vendedores, profissionais em TK, recepcionistas, com fobia social Trabalho longe de casa para fóbicos sociais ou agorafóbicos Transtornos fóbico - ansiosos F40 Agorafobia F40.0 Fobias sociais F40.1 F40.8 e F40.9 ( SOE) As fobias são oriundas de sintomas neuróticos projetivos, deslocados, ou traumáticos em pessoas com personalidades previamente frágeis e ansiosas Devem fazer psicoterapia e por vezes usar um ansiolítico por algum tempo, ou SOS. Procurar ajuste e equilíbrio à vida e rotina comum. Em empregados, se bem justificado, benefício de no máximo 30 dias para ajuste de situação laboral. Desempregados, liberais, autônomos > T1 F40.2 Fobias específicas Medo irracional, injustificável de agente conhecido, causando conduta evitativa e de terror no fóbico, e que cessa com a retirada ou anulação do agente “agressor/causador” **Ataque/crise de Pânico por fobia específica não é doença ou Síndrome do Pânico A fobia específica tem agente causador bem conhecido do fóbico. Pode ter mais de um agente. Trata-se com terapia cognitiva. Não é caso para concessão de benefício Podemos, todavia, ter alguns poucos casos onde o trabalho do segurado possa envolver o agente causador da fobia. Aí temos de afastá-lo e reabilitá-lo até na mesma função, porém protegido e distante, do agente fóbico (altura, avião, água, barcos, navios, insetos, escuro, elevador, tecnofobia, ) Outros transtornos ansiosos> F41 Ansiedade generalizada F41.1 > F41.9 Transtorno ansioso SOE Transtorno misto ansioso depressivo >F41.2 Outros transtornos ansiosos mistos F41.3 > F45 a F48 São transtornos exclusivamente neuróticos oriundos do estresse crônico, unidos à personalidade prévia do sujeito, temperamento, situação vivencial, e fatores egóicos. Constituem grave problema para a perícia médica, uma vez que recorrem ao benefício previdenciário, e não à solução efetiva de seus problemas> familiares, afetivos, laborativos, materiais. Nada fazem para melhorar a qualidade de vida. De modo geral usam “ansiolíticos de ocasião”, receitados por médicos, psiquiatras ou não, se tornando dependentes de bendodiazepínicos. Não fazem psicoterapia. Nesta imensa família de transtornos inespecíficos da ansiedade e depressão o perito deverá ser rigoroso evitando concessão do benefício. Em alguns casos analisados, onde o transtorno tenha causa bem justa e clara, e o perito observe que o segurado está realmente querendo um tempo curto para resolver situações estressantes, por vezes realmente muito desagradáveis e difíceis, sendo empregado, podemos conceder benefício curto, de cerca de 30 dias para ajuste e equilíbrio de situação estressógena em resolução. **Incluir neste grupo de F45 a F48 - Transtornos somatoformes, conversivos, hipocondríacos, patoplásticos histéricos. Negar o benefício. Em geral são agressivos com os peritos, criam tumultos, escândalos, desmaiam, histriônicos. F41.0 Transtorno de Pânico> síndrome ou doença do pânico> ansiedade paroxística episódica Crises de ansiedade paroxística intensa grave, em período de 30/45 dias, súbita, auto-limitada. Pode depois espaçar... Não existem fatores, situações, agentes, locais desencadeantes predisponentes ou traumáticos como causa. È imprevisível. Inexplicável. Sem motivo consciente. Há um “perfil do panicoso” exigentes, perfeccionistas, rígidos, críticos, estressados, sobrecarregados Tratamento regular com ADS por seis meses no mínimo e Ansiolíticos SOS. A Psicoterapia é essencial ** Técnicas de relaxamento corporal, Yoga, meditação terapia cognitiva, hipnose técnicas de relaxamento pela respiração. Sensação de morte iminente, de enlouquecer, de despersonalização, de sufocamento,de desespero. Sintomas cardiovasculares e respiratórios que simulam emergências cardiológicas Dispnéia taquisfigmia, taquicardia. Palpitações “angina” Tonturas, vertigens, parestesias náuseas, distermia, sudorese Em geral vão para emergências cardiológicas pois parece realmente um infarto ou afins. Em 10 minutos até 15 no máximo cessa completamente. Mesmo sabendo que não há fator predisponente tem medo de ir a lugares, de dirigir, de sair sozinho, e com razão Com o tratamento e as orientações médico psicológicas +medicação + técnicas vai normalizando o quadro. Conduta médico pericial no Transtorno do Pânico Boa anamnese é o mais importante. Cuidado com confusão diagnóstica. Diferenciar de Estresse pós traumático, Fobias específicas Ansiedade comum Histeria Depressão reativa Pesquisar a frequência de crises em 30/90 dias. Este segurado pelo seu perfil quer trabalhar e produzir Chega à Perícia angustiado, aborrecido com o que vem sentindo, fica ofendido ao duvidarmos dele, porém devido às crises serem realmente assustadoras adquire condutas de defesa, medo, isolamento, devido à expectativa imprevisível de mais uma crise. Benefício por 90 a 120 dias. Afastar de profissões com periculosidade ** Pode ser necessário RP ** Recidivas existem até anos depois da remissão dos sintomas Ansiolíticos Tranqüilizantes, indutores do sono. Reduzem a ansiedade diurna, somatizações e conversões. Diminuem agitação/excitação. Não atuam na depressão, alucinações e delírios. Pioram os sintomas depressivos.Induzem o sono e ajudam na sua manutenção e regulagem. Todos causam dependência. Uso monitorado. Não curam nada. Só arrefecem os sintomas ansiosos. Principais efeitos adversos> sonolência diurna, depressão, pensamento mais lento, desconcentração e distúrbios de memória. Nome Genérico Nome Comercial Dose Mg/Dia Diazepam Vallium, Dienpax 2 – 60 mg Bromazepam Lexotan, Somalium 3 – 30 mg Alprazolam Frontal, Apraz 0,25 – 6 mg Clorazepato Tranxilene 7,5 – 60 mg Lorazepam Lorax, Lorium 2 – 6 mg Sulpirida Equilid, Dogmatil, Sulpan 3 a 36 mg. Cloxazolan Olcadil 1 – 6 mg Clordiazepróxido Psicosedin 15- 100 mg Clonazepan Rivotril 0.25- 4mg. Indutores do Sono - Soníferos Estazolan Noctal Flurazepam Dalmadorm Midazolan Dormonid Zolpidem Stilnox, Lioram Nitrazepam Nitrazepol Flunitrazepam Rohypnol Dosagem 1 – 2 mg 15 – 30 mg 7,5 – 30 mg 10 – 15 mg 2,5 – 10 mg 1 – 2 mg Medicamentos com ação sonífera, incompatíveis com atividades de periculosidade, atenção, concentração. Atenção: possuem vida média curta/média de quatro a oito horas. Se usados no período dedicado ao repouso, não impedem o trabalho. TOC F42 a F42.9 É patologia de baixa incidência médico pericial, apesar do seu curso crônico e cura difícil. Pode necessitar tratamento por toda vida. O tratamento e a terapia são bastante eficazes. Intelecto e capacidade laboral preservados, desde que não firam seus rituais de obsessão e compulsão. O portador de TOC tem plena consciência de sua doença e procura ocultá-la por vergonha da doença. È neurose. Benefício curto, em geral quando seus rituais causam alguma lesão física e precisam afastar-se para tratar, (alopécias, feridas nas mãos, dermatoses, feridas cortantes) Reação aguda ao estresse- F 43.0 Transtorno súbito, inesperado, transitório, de causa sempre imediata e conhecida. É resposta imediata, momentânea à excepcional situação de estresse, ocorrendo na vida de qualquer pessoa Quadro agudo, com inícios de segundos a horas após o evento estressógeno/traumático e cessando em horas ou poucos dias. Prognóstico > muito bom. Cessa logo após o término do evento desencadeador até máximo em quatro 04 semanas. F43.1 Estado de Estresse pós traumático e afins F43.8 F43.9 A característica principal deste transtorno é desenvolvimento de sintomas típicos e bem definidos. Sempre após a exposição a um agente ou evento estressógeno, traumático, catastrófico grave Início > de três semanas do evento até seis meses após Sintomas Revivência persistente do evento traumático. Flashbacks, pesadelos, sonhos recorrentes. Graves distúrbios de sono, hipervigilância. Sobressaltos e desassossêgo constante. Ideação mórbida com traços obsessivos, Atitudes de desconfiança, hostilidade, Embotamento afetivo, emocional, esquiva fóbica. F43.1 Estado de Estresse pós traumático e afins F43.8 F43.9 Conduta médico pericial>o perito médico deverá avaliar os seguintes aspectos Associação com doenças psiquiátricas prévias Qualidade e intensidade do agente agressor Possibilidade e/ou proximidade com o agente agressor ou estressógeno ou traumático, ou catastrófico,climático... Prognóstico variável Bom> melhora em 90 dias Reservado> melhora de 06 a 12 meses; Mau> acima de 12 meses. F 62.0 Alteração permanente de personalidade após experiência catastrófica> primário ou secundário a F43.1 É seqüela crônica em geral irreversível de Transtorno do estresse por agente conhecido e extremamente grave, ou conseqüência da evolução maligna do estresse pós traumático. No passado, foi a “neurose de guerra”. Os portadores de F43.1, podem evoluir em alguns casos muito mal e chegarem à alteração permanente de personalidade, com incapacidade muito longa e até definitiva. Podem vir primariamente por reação a traumas extremos que dispensam personalidade prévia e outros fatores para causarem alterações tão graves de personalidade, conduta e emoção. F 62.0 Alteração permanente de personalidade após experiência catastrófica> primário ou secundário a F43.1 O problema pode ter ocorrido com o próprio, ou com terceiros onde este se sinta responsável culpado, impotente, negligente, omisso... Tortura, seqüestro/assaltos com ameaça de morte, acidentes e tragédias com morte de terceiros, guerras, catástrofes climáticas, terrorismo, ex-combatentes, campo de concentração, estupro, presenciar chacinas e afins Não tem mais condições laborativas. Tendem ao suicídio, alienação mental, ou atitudes milicianas combativas. Assédio moral/ dano moral/ bullying / mobbying Há casos procedentes - discutir. Síndrome de burn-out exaustão e esgotamento profissional por desgaste psíquico e físico devido condições penosas, ameaçadoras, injustas, revoltantes, excesso de trabalho, incompreensão e rejeição populacional, com as quais tem de conviver (trabalho com menores infratores, atividades policiais e carcerárias, professores, enfermeiros, motoristas de coletivos em grandes centros; médicos de emergências, CTI, hospitais públicos). Observar que pilotos, bombeiros, profissionais liberais, raramente tem o quadro Muitos confundem Assédio moral com o cumprimento de metas e obrigações que sabiam que iam ter ao abraçar o cargo/função/profissão a que se dedicaram. Ainda, consideram simples atos e decisões de chefias e direções como assédio moral. Como transferências, mudanças de setor, produtividade, bater metas,cumprir horários e afins Só sofrerá nestes casos bullying/mobbying/ assédio moral quem já tiver a personalidade transtornada O Assédio moral existe , mas não se insere em é nenhuma das situações descrita acima. F43.2 transtornos de adaptação Transtornos reativos a situações de adaptação a mudanças importantes e ou impactantes na vida da pessoa. Cursam com sintomas depressivo ansiosos, angústia, irritabilidade, tristeza motivada, comprometimento afetivo. Desânimo. Exemplos: luto, migração, emigração, divórcio, abandono sentimental, traição, separação dos filhos, perda de função laborativa, desemprego súbito, mudança de função laboral súbita, de setor, de chefia, de domicílio. Início>até 30 dias do evento perturbador ou modificador da vida da pessoa. Prognóstico bom. Avaliar a gravidade do evento + personalidade prévia do segurado + Repercussão do evento em seu estado mental. Se conceder benefício, de 30 a 45 dias no máximo. Retardo mental F 70 - F 79 Conduta médico pericial Fixar época de surgimento dos sinais e sintomas. Manifestação antes dos 18 anos. Diferenciar de demências adquiridas e traumatismos Fixar-se mais no estabelecimento da incapacidade laborativa do que em diagnosticar a etiologia do retardo. Comunicação expressão e cuidados pessoais habilidades domésticas, relação familiar. Vida na comunidade. Auto determinação e independência para os atos da vida civil e de relação. Noções de segurança, higiene, saúde pessoal e pública. Habilidades acadêmicas e gerais, inteligência emocional Afetividade e sociabilidade. Retardo mental leve F70 Avaliar habilidades adaptativas possibilidade de exercer atividade laborativa e o nível de capacidade de atuação e independência para manutenção de sua pessoa. Ainda características regionais e culturais da região onde vive. Nos casos de retardo mental leve relevar outras doenças associadas como epilepsia, esquizofrenia e uso de álcool/ drogas. Nestes casos o CID principal é o da doença mais grave e o retardo o CID secundário. As comorbidades tornam o prognóstico muito reservado. Invalidez. Colocar no laudo que embora consiga fazer as atividades diárias, e pessoais não sabe fazê-las com normalidade. **Retardo mental moderado grave e profundo F71 a F73 Invalidez definitiva. BPC. Pensão por morte.