Mães que partiram - Letícia Thompson

Propaganda
Só de pensar dói.
Corta bem fundo na alma,
atravessa o âmago,
serra a garganta e não sai.
Mães nunca deveriam partir, elas
deveriam durar eternamente.
Uma amiga muito sábia disse que "nunca se é
velho demais para se ficar órfão." Ela tem razão.
Todo adulto tem coração criança quando se trata de mãe e por
mais que se tente agarrar na barra da saia, chega o dia em que,
fatalmente, ela diz adeus.
Às vezes ainda jovem e ninguém está preparado
para aceitar esse tipo de perda. Achamos injusto.
Muito injusto mesmo. Por que mãe é mãe.
Mas Deus conhece nossos caminhos e sabe quanto
tempo deve durar a missão de cada um. E o que
temos que aprender com os que partem.
Talvez, quem sabe, seja para que abramos novas
janelas, novas portas, façamos novos encontros...
para que a gente aprenda a voar só e alto.
Se algumas mães não partissem ou não fossem
diferentes, outras mulheres jamais fariam a
experiência da maternidade através da adoção.
Mas eu sei, com todo meu coração, que quem teve a
sua mãe e esta se foi sente um vazio profundo.
Mas é um vazio de saudade, a sensação de não ter mais
do lado aquela que parecia preencher qualquer espaço e
que preenche ainda nas lembranças.
Uma mãe não vai embora pra sempre de verdade.
Ela fica nas nossas células, na nossa pele, no nosso
coração e mente.
Mãe é isso: aquela que, mesmo partindo, fica.
E, ficando, reconforta.
As lembranças também nos fazem viver, nos fazem
rir, sentir ternura e é isso que é importante
guardar: o que de bom ficou.
Mãe é eterna sim, no fim das contas.
Ela dura, enquanto a gente dura...
Créditos:
Autoria do Texto: Letícia Thompson
Imagens: Getty Images
Formatação: Mara Lúcia
Música: La Vie en Rose - Ernesto Cortazar
Maio/2006
Site da autora: www.leticiathompson.net
Ao repassar, por favor, não
retire nem modifique os
créditos.
Download