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Parte I
RELIGIÃO E PROFISSÃO DE FÉ
a) Religião: Isto é importante?
A religião é uma necessidade humana. Desde tempos imemoriais, o homem vem
procurando compreender e relacionar-se com a divindade.
O metodismo surge à partir de Wesley. Sua importância se evidencia na medida à medida
que se dispõe a tornar compreensível ao homem, a vontade de Deus e o relacionamento
com Ele. No exercício de seu ministério, Wesley procura atingir o homem simples, através
de uma linguagem acessível. Sua apresentação do Deus revelado na bíblia se torna
singular por dinamizar o ensino bíblico, fugindo das disputas pela pureza teológica,
tornando viva a mensagem. Tal procedimento se torna possível, graças à percepção de que
a fé , a religião e a própria Bíblia, não podem ser entendidas sem a presença dos quatro
elementos, chamados posteriormente de “Quadrilátero de Wesley”:
a) O valor da tradição: Quando fala de tradição, o grande pregador inglês quer dizer
experiência da Igreja acumulada na história, que nos legou princípios teológicos,
uma identidade, compreensão da fé, exemplos de vida, testemunhos de uma Igreja
una, que compreendida a graça e o compromisso com o reino, expresso nos
símbolos, liturgias, hinologia e outras expressões;
b) O valor da experiência: A experiência do “coração aquecido” ensina que ser
cristão não é defender intransigentemente princípios teológicos; viver é mais
importante do que defender a “sã doutrina”. Ser discípulo de Cristo não se resume
à compreensão intelectual da fé, mas traduz-se por compromisso com a vida
expressa no outro, no relacionamento com o irmão e com Deus. Uma religiosidade
sem uma experiência, meramente celebrativa, não evidencia compromisso com o
reino;
c) O valor da razão: A razão tem seu lugar na expressão religiosa sadia. Refletir a
teologia, a fé, é a condição que nos capacita à compreensão e renovação da
religião. A razão humana, a capacidade de ver a realidade, portanto, ter
consciência; a capacidade para julgar, por meio da comparação e da análise
crítica; a capacidade de agir metodologicamente, de conformidade com o
pensamento racional; tal processo só enriquece a vivência religiosa, pois confere
elasticidade, coerência e inteligibilidade, produzindo conhecimento do Deus sábio,
racional e inteligente ;
d) O valor da criação: “Os céus proclamam a glória de Deus...” (SL 19:1). A criação, a
natureza revela a divindade. O conhecimento de Deus pode ser alcançado
contemplando-se a natureza criada. Ignorá-la eqüivale a não ver nem sentir Deus. Esta
revelação não depende de projetos elaborados de raciocínio, mas da observação.
Assim, é acessível a todo ser humano. Este, como parte da natureza, deve ser visto
como é, com suas emoções, sentimentos, anseios e aspirações. Valorizar a criação, é
comprometer-se com a vida, sua amplitude, desde o ecossistema até a presença e
relevância do homem;
Naturalmente, deter-se apenas e um ou outro ponto e enfatizá-lo, desvirtua o ensino de
Wesley e desfigura a religiosidade sadia. Valorizar preferencialmente a tradição,
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desenvolve uma prática religiosa legalista, petrificada, que compromete a comunhão
com o próximo e com Deus; se, privilegiarmos a experiência, transforma-se a religião,
por falta de referencial, numa posição fanática e extremista, fazendo-a depender de
casuísmos e visões próprias contraditórias; priorizar a razão, em detrimento das outras
abordagens, obscurece a dimensão mística da fé e ação interventora de Deus, reduzindo
a religião em mero artificialismo moral, ritualista, sem vida; e, se só a criação é posta
em evidência, desenvolve-se uma visão incompleta da revelação de Deus, com a
conseqüente ignorância de sua graça e de seu propósito para o homem. A vida fica
reduzida apenas a esta existência efêmera.
Concluo, lembrando que uma das maiores virtudes do metodismo, é o equilíbrio.
Wesley ensinou que uma religião sadia precisa ser embasada na tradição (educar),
experiência (sentir), razão (pensar) e criação (ser). Pensar, sentir, educar e ser, eis as
ferramentas do cristão para levar a mensagem que salva e que conduz à verdade!
B) Profissão de fé: O que significa?
Para responder a tal pergunta, poderíamos nos alongar por discursos teológicos de grande
valor e por inúmeros textos bíblicos. Estudaríamos, quem sabe, o ritual de iniciação dos
judeus aos doze anos bem como os ensinamentos dos apóstolos. No entanto, de forma
simples, Profissão de fé nada mais é do que confessar diante dos homens aquilo que já
aconteceu no coração, ou seja, a experiência com Jesus, gozando do perdão dos pecados, da
justificação e da santificação da vida (Lc 12:8-9)
É a confiança de que nosso nome já está escrito no Livro da Vida, que já fazemos parte do
povo de Deus. A Profissão de Fé, é a confirmação de que Jesus é Senhor e Salvador de nossa
vida, com o conseqüente compromisso de lutar ao lado de nosso Senhor para a construção do
reino de Deus, esperando-o ansiosamente para a concretização e realização da esperança.
Confessá-lo é assumir com Ele a batalha que todos devemos travar contra o pecado pessoal,
institucional e estrutural, expresso na injustiça, maldade e a opressão; afrontar as forças
espirituais e ideológicas do mal e da morte, que habitam este mundo tenebroso.
É uma declaração de que nos curvamos e aceitamos o Plano Divino e a orientação e comando
de Jesus, através do Espírito Santo; que queremos viver uma vida santa, frutífera, digna de
nosso Salvador; é o reconhecimento do amor de Deus por nós; é a nossa confissão de total
imerecimento, deixando clara a nossa dependência e dívida com o Senhor da Glória.
Profissão de Fé é a transformação de uma vida inútil e egoísta na disposição de ser o Corpo
de Cristo na terra manifestando a Glória e a Misericórdia do Pai.
A Admissão do Novo Membro
A Igreja Metodista é regida pelos Cânones. Esse volume é um compêndio onde estão
relacionadas as doutrinas e normas que a Igreja deve seguir para o seu bom funcionamento.
Dentre estas regras estabelecidas por Concílios Gerais pela história da Igreja, estão alguns
artigos que dizem respeito especificamente aos deveres e direitos do membro da Igreja. São
eles:
Seção I
Da Admissão e Recepção
Art. 3º - Constituem requisitos para a admissão:
1. Aceitar a Jesus Cristo pela fé, como Senhor e Salvador pessoal;
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2. Demonstrar, por atos, o arrependimento de seus pecados e a disposição de viver vida
nova, de acordo com os ensinos do Evangelho;
3. Aceitar as Doutrinas, as Regras e os Costumes da Igreja Metodista e as suas normativas,
pautando-se por elas;
4. Comprometer-se a viver a mordomia cristã;
5. Prometer observar os preceitos do Evangelho e sujeitar-se às leis da Igreja Metodista;
6. Ser batizado ou batizada ou confirmar o pacto batismal, se o foi na infância.
Parágrafo único – A impossibilidade de regularização do estado civil não impede a admissão
de membro leigo.
Art. 4º - São os seguintes os procedimentos para a recepção de membro leigo:
1. Profissão de Fé e Batismo, para pessoas que não foram batizadas na infância e se
convertem a Cristo, professam a fé e são batizadas;
2. Confirmação, para pessoas que foram batizadas na inf6ancia, professam a fé e confirmam
o pacto batismal;
3. Assunção de Votos, para pessoas que se apresentam com carta de apresentação de outra
Igreja, ou que sem ela, a critério do Pastor ou Pastora, assumem os votos de membros da
Igreja Metodista.
Seção II
Dos Deveres e Direitos
Art. 5º - Os deveres de membro leigo da Igreja Metodista são:
1. Testemunhar Cristo ao próximo;
2. Participar dos cultos públicos;
3. Contribuir regularmente para a manutenção da Igreja Metodista e de suas instituições;
4. Pautar seus atos pelos princípios do Evangelho;
5. Sujeitar-se às exortações pastorais;
6. Esforçar-se para iniciar trabalho Metodista onde o mesmo não exista;
7. Reconhcer seu chamamento como ministro ou ministra de Deus paras as diversas áreas da
Missão;
8. Exercer seu ministério participando dos serviços da Igreja Metodista e da comunidade;
9. Submeter-se à disciplina eclesiástica.
Art. 6º - Os direitos do membro leigo da Igreja Metodista são:
1. Participar do Sacramento da Ceia do Senhor e receber os meios de graça da Igreja;
2. Votar e ser votado para ocupar cargos eletivos na Igreja Metodista, respeitados os
dispositivos conônicos;
3. Receber assistência pastoral;
4. Transferir-se para outra Igreja Local;
5. Apresentar queixa, nos casos e na forma prevista nos Cânones;
6. Apelar para instância superior, em grau de recurso, respeitados os dispositivos canônicos.
Seção III
Do Desligamento
Art. 7º - É desligado da Igreja Metodista e, por isso perde seus direitos de membro leigo:
1. O que solicita, por escrito, seu desligamento;
2. O que, abdicando dos votos, assume votos de membro de outra Igreja;
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3. O que tem seu nome cancelado por voto do seu Concílio Local, conforme critérios
estabelecidos no art.154, §4º destes Cânones;
4. O que é excluído por julgamento;
5. O que morre.
Parte II
A BÍBLIA: UMA VISÃO GLOBAL
Introdução.Wesley definia-se como homem de um só livro. Isto demonstra a importância que a Bíblia
possuía para ele, como meio de compreensão e obtenção da salvação. No artigo 5º dos “Vinte
e Cinco Artigos de Religião”, ele diz: “As Santas Escrituras contêm tudo o que é necessário
para a salvação, de maneira que o que nelas não se encontre, nem por elas se possa provar,
não se deve exigir de pessoa alguma para ser crido como artigo de fé, nem se deve julgar
necessário para a salvação”.
A Bíblia sagrada possui 66 livros divididos em dois blocos principais: o Antigo Testamento,
A . T . , possuindo 39 livros que tratam da história do povo Judeu e do relacionamento de Javé
com Israel. O Novo Testamento, N . T ., possuindo 27 livros, que têm como tema central, o
cumprimento das promessas feitas no A . T ., a respeito do Messias, cumpridas na pessoa de
Jesus. Também contém a história da implantação do Cristianismo.
Os blocos maiores possuem subdivisões, que existem para uma melhor compreensão do
conteúdo.
Antigo Testamento.
O A.T., divide-se em quatro blocos ou coleções, quais sejam:
a) Pentateuco: são os cinco primeiros livros da Bíblia, tratando do início da Criação e
contendo as leis que Moisés recebeu de Javé. São eles:
a.1.- Gênesis: o princípio – A Criação de todas as coisas;
a.2.- Êxodo: A Saída – A libertação da Escravidão de Israel no Egito;
a.3.- Levítico: As leis- Diversas leis dadas para regular o relacionamento com Deus e com o
próximo;
a.4.- Números: As Genealogias- Contém aspectos históricos de Israel no deserto, bem como o
nome das famílias que saíram do Egito;
a.5.- Deuteronômio: A Repetição – contém um resumo de todas as ordenanças de Moisés ao
povo. Essa composição possui uma formulação teológica mais elaborada;
b) Históricos:- Nessa coleção estão incluídos doze livros que contam a história de Israel
quando da posse da terra de Canaã, a Monarquia e o Cativeiro.
b.1.- Josué: História da conquista- O povo sob a liderança de Josué, penetra na terra de Canaã
e toma cidades, estabelecendo-se;
b.2.- Juízes: Contém aspectos históricos de um período pós-conquista, com a atuação de
homens carismáticos, especialmente comissionados por Javé, chamados Juízes de Israel;
b.3.- Ruth: Romance que se passa durante o período dos Juízes envolvendo os antepassados
do Rei Davi.
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b.4.-I e II Samuel: A História da implantação da monarquia em Israel, com o registro dos
reinados de Saoul e Davi;
b.5.- I e II Reis: A narrativa do reinado de Salomão, e após sua morte, a divisão do país em
Reino do Sul ( Judá) com duas tribos e capital do Reino do Norte (Israel) com dez tribos e
capital em Samaria. Registra a atuação dos profetas em ambos os reinos, assim como o
cativeiro, assírio, para o Reino do Norte, e babilônico, para o Reino do Sul;
b.6.- I e II Crônicas: Apresenta um resumo das histórias dos reis de Israel e Judá. No entanto,
com uma perspectiva pró-monarqui, enaltecendo mais as qualidades do que os defeitos dos
monarcas de Israel;
b.7.- Esdras/Neemias: São dois livros contendo o registro da volta do povo de Judá, livres do
cativeiro babilônico, para a terra de Israel, mostrando a reconstrução de Jerusalém e as crises
religiosas e de convivência com os povos vizinhos;
b.8.- Esther: A história de uma israelita que se torna rainha do Império Medo/Persa durante o
cativeiro e que salva os Judeus do primeiro registro de uma perseguição anti-semita;
c) Poéticos:- Essa coleção contém cinco livros que tem por objetivo mostrar o culto e as
celebrações litúrgicas do povo de Israel em suas diversas expressões de alegria, luto e
vitórias nacionais, além de conterem reflexões filosóficas sobre os grandes temas da
humanidade.
c.1.- Jó: História contada com o objetivo de discutir o sofrimento e sua origem e sua
importância. Demonstra a soberania de Javé sobre os destinos do homem;
c.2.- Salmos: Poemas compostos para a edificação, consolo, alegria ou de imprecação contra
os inimigos. O livro era utilizado como hinário nas festas e celebrações litúrgicas, exaltando
sempre a figura de Javé como Deus de Israel e seu Provedor;
c.3.- Provérbios: Máximas ou ditos sapienciais, de sabedoria, com o objetivo de educar o
jovem no caminho do bom proceder, e consequentemente, a vida satisfatórias diante de Javé;
c.4.- Cantares: Preocupa-se em dessacralizar o sexo, apresentando-o como algo natural, bom,
e aceitável perante os olhos de Javé. São poemas e descrições do amor de um homem por sua
esposa;
c.5.- Eclesiastes: Procura questionar a vida, a acumulação dos bens, o trabalho como fonte de
realização do homem e do conhecimento com o formas de poder. Demonstra que os exageros
não levam a nada. Entende que a vida em sua essência, não sofre modificações substanciais. É
um escrito existencialista;
d) Os profetas: É preciso Ter em mente, quando vamos estudar os profeta, que tais livros são
o registro das mensagens orais proferidas de homens especiais, que exerceram seu
ministério durante a monarquia de Israel e de Judá. Podemos dividi-los em profetas Préexílicos, exílicos e pós-exílicos.
d.1.- Pré-exílicos: Isaías 1 a 39; Jeremias e Lamentações; Oséias; Amós; Joel; Miquéias;
Obadias – Sua mensagem, no geral, se concentra na condição de abandono ao culto de Javé,
no abuso de poderosos oprimindo pobres, no juízo de Deus prestes a acontecer sobre o rei, os
sacerdotes e falsos profetas, assim como a possibilidade de perdào, caso haja arrependimento;
d.2.-Exílicos: Isaías 40 a 55 (Deutero-Isaías); Ezequiel; Jonas; Naum; Habacuque; Sofonias –
Sua mensagem é de recordação das razões do cativeiro, pregando uma recondução á
fidelidade religiosa, de condenação da potência estrangeira que oprime e a esperança nas
promessas de Javé de que o cativeiro não duraria mais do que setenta anos e Israel reviveria o
Reinado Davítico;
d.3.- Pós-exílicos: Isaías 56 a 66 (Trito-Isaías); Ageu; Zacarias; Daniel; Malaquias – Sua
mensagem é de incentivo à reconstrução. Lembra das causas do Exílio e exorta para que não
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ocorram mais. Em sua mensagem, surge uma coisa nova: a esperança escatológica no Rei,
segundo Javé, filho de Davi, que ressuscitará o reino de Israel e será um rei justo, retrato
identificado no Messias; Também, o surgimento da literatura apocalíptica, enfatizando o fim
desta era, e o surgimento de uma nova era de paz e perfeição;
Observações:a) A Bíblia Católica possui os mesmos livros e mais os chamados apócrifos, considerados
sem autoridade canônica para protestantes e Judeus; tais livros foram incluídos em 1557
no concílio de Trento, numa tentativa de neutralizar o avanço da reforma Protestante do
Século XVI e também fundamentar certas doutrinas que não tinham apoio nos outros 66
livros: tais livros não são aceitos por não serem escrito em hebraico ou aramaico e por não
terem autenticidade comprovada. Podem servir para o aumento do conhecimento
intelectual, mas não servem para o conforto, edificação, ensino e crescimento espiritual
dos fiéis, daí que não são necessários nem deveriam estar no conjunto de livros canônicos
inspirados por Deus;
b) Existem duas versões originais do antigo testamento, de onde se traduziram as Bíblias em
nossa língua e nas outras do mundo: o Texto Massorético ™ que contém todo o A.T. em
hebraico; a Septuaginta (LXX) que contém todo o Antigo Testamento em grego; Tais
versões não possuem diferenças não possuem diferenças substanciais, porém, sua origem
é diferente, segundo o TM oriundo da Palestina e a LXX, no Egito, na cidade de
Alexandria. A LXX surgiu para suprir a necessidade de Judeus que não mais falavam o
hebraico e que precisavam de uma versão da Torah em grego para as suas necessidades
religiosas.
Novo Testamento:
O Novo Testamento, o N.T., chamado assim para significar a nova aliança de Javé com seu
povo, está dividido em quatro grupos, a saber:
a) Evangelhos:- Os evangelhos são o testemunho narrativo do nascimento e ministério de
Jesus. Dos quatro, três são chamados pelos os estudiosos de Sinópticos, dada a
semelhança dos conteúdos, e o Quarto, por suas peculiaridades, é considerado à parte.
a.1.- Marcos: Escrito para a Igreja Primitiva, que tinha a necessidade de Ter algo registrado a
respeito de Jesus, visto que os Apóstolos já não estavam presentes e corria-se o risco de
perder-se a mensagem. Por outro lado, a evangelização exigia um texto, dando a luz, portanto,
o Evangelho de Marcos, é considerado o primeiro dos quatro a ser escrito;
a.2.- Mateus: Escrito com a finalidade de evangelizar os Judeus que dedicavam-se ao
Judaísmo. Daí ser tão rico em citações do A.T. Parte de seu material é retirado do Evangelho
de Marcos e de outra fonte desconhecida. Provavelmente foi escrito em aramaico e traduzido
para o grego;
a.3.- Lucas: Médico e historiador, sírio de Antioquia, procurou em seu evangelho dar uma
visão não política do Cristianismo, com o objetivo de fazer diferença do judaísmo e atingir,
com a mensagem, os membros da corte romana, é o único Evangelho com estrutura histórica
e critérios de pesquisa acurada. Possui material derivado de marcos, Mateus e de uma fonte
desconhecida dos outros dois materiais;
a.4.- João: Sua composição difere dos outros porque surge bem depois, fora da Palestina, e
seu objetivo é combater heresias. Apresenta Jesus de uma forma interiorizada, tratando de
temas filósofos complicados e usando muita simbologia no uso de nomes e temas;
b) Históricos:- Somente o livro de Atos dos Apóstolos. Sua narrativa procura das
consistência aos movimento cristão, apresentando-o deste o início como uma nova
religião, desvinculada do Judaísmo, enfatizando as personalidades e ministérios de Pedro
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e Paulo. É um relato que apresenta duas principais tradições: a da Igreja de Jerusalém e da
igreja de Antioquia.
c) Epístolas: São diversas cartas que estão contidas no N.T., colecionadas e reservadas pelas
igrejas que as receberam. São vinte e uma cartas subdivididas em:
c.1.- Paulinas: Escritas pelo apóstolo Paulo e atribuídas a ele durante o seu ministério, em
viagens ou nas prisões; se classificam:
c.1.1.- Epístolas eclesiais: Romanos; Coríntios; Gálatas; Efésios; Colossenses;
Tessalonicenses; Filipenses;
c.1.2.- Epístolas Pastorais: Timóteo e Tito;
c.1.3.- Epístolas Pessoais: Filemon;
c.2.- Universais: Todas aquelas que não tiveram endereço específico, mas destinavam-se a
todos os cristãos.
c.2.1.- Hebreus: Aos cristãos convertidos do judaísmo;
c.2.2.- Tiago: Para as Igrejas que sofriam de desigualdades sociais;
c.2.3.- Pedro: Para as Igrejas em tribulações e aflições;
c.2.4.- João: Para as Igrejas assediadas por heresias;
c.2.5.- Judas: Para as Igrejas quem eram sacudidas por rebeliões e revoltas;
c.3.- Apocalipse: Revelação – O Apocalipse de João é o livro mais controvertido e o que mais
comentários produziu. Seu conteúdo trata da Igreja atribulada e perseguida, que triunfará
sobre o mal. Foi escrito em gênero Literário Apocalíptico, havendo farta utilização de
símbolos conhecidos pelo escritor e pelos destinatários.
Observações:
a) O N.T. possui mais de quatro mil manuscritos, textos que não foram incluídos no Cânon
(Livros Inspirados). Depois de um processo de seleção feito no decorrer da história, os
vinte e sete livros atuais foram considerados inspirados e portanto, fechado o Cânon, não
podendo incluir-se mais nada no Novo Testamento. Tal conclusão ocorreu provavelmente
por volta do ano 300 a.C., pois nesta época, pela primeira vez se tem notícia do uso do
Novo Testamento da forma que o temos hoje.
b) Todo o Novo Testamento foi escrito no grego Koinê, estilo desenvolvido na Palestina nos
tempos de Jesus. A Palestina possuía e utilizava quatro línguas no tempo de Jesus: o latim,
falado pelos soldados romanos e autoridades; o hebraico, falado apenas pela classe nobre
de Israel; o aramaico, falado pelo judeu comum; e o grego Koinê, língua utilizada para
transações comerciais e para a comunicação com estrangeiros, sendo também a língua de
expressão cultural, dada a influência do pensamento grego.
Parte III
ESBOÇO HISTÓRICO DO METODISMO
O Metodismo na Inglaterra.
O termo metodista designou um movimento que começou em 1727, com Carlos Wesley. Teve
início entre os estudantes de Oxford, com a convicção e expressão religiosa naquele lugar.
João, unindo-se ao seu irmão, tornou-se o líder do grupo. Pelo fato de sempre reunirem-se no
mesmo local e na mesma hora, tendo princípios de disciplina, rendeu-lhe a alcunha de
“metodista”.
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Este grupo reunia-se nas tardes de Domingo. Eram quase todos de origem anglicana.
Observavam a Ceia do Senhor todos os domingos e jejuavam às Quartas-feiras. George
Whitefield uniu-se ao grupo e tornou-se um importante membro do mesmo.
No segundo momento histórico do metodismo, o encontramos na ida de Carlos e João, para a
missão na Geórgia, colônia inglesa nos E.U.A, 1738; formou-se ali, uma sociedade
congênere.
O terceiro momento acontece com o trabalho de evangelização ao ar livre promovido por
Whitefield, que levou João Wesley a adotar aquele que seria um método revolucionário de
evangelização, a pregação fora dos templos.
A história do Movimento Metodista , começa, no entanto, efetivamente, a partir da
experiência religiosa de João Wesley, ocorrida em 24 de maio de 1738, quando ouviu uma
exposição da Epístola aos Romanos escrita por Martinho Lutero.
João Wesley, nascido na Inglaterra, era filho, neto e bisneto de pastor. Estudou Teologia na
Universidade de Oxford onde, depois de ordenado pastor, foi também professor. Apesar de
sua grande cultura e conhecimento bíblico, Wesley não conseguia Ter grande satisfação em
sua vida religiosa.
Finalmente, na experiência do coração aquecido1, ele encontra aquilo que desejava, a
transformação de sua religião. A partir daí, sua relação com Deus passa a ser de fé e
confiança.
Começa então o Movimento Metodista, a princípio, ainda ligado à Igreja Anglicana. O
crescimento do movimento foi muito grande e rápido. A cada mais e mais pessoas se
juntavam aos metodistas para experimentar também a alegria da fé e confiança em Deus.
Este movimento logo depois estava presente em muitos países, acabando por se transformar
na Igreja Metodista, atuante em todo o mundo e hoje representando uma comunidade de mais
de 50 milhões de pessoas.
João Wesley nasceu em Edworth, Licolnshire, a 28 de junho de 1703 e morreu em Londres a
02 de março de 1791. Pregou mais de dois mil sermões, escreveu cerca de quatrocentas
publicações abrangendo ciências, educação, tratados devocionais e teológicos, filosofia social
e etc., e comentou a Bíblia toda, além de nos deixar um diário, onde registrou todas as suas
experiências. Era muito disciplinado e exigente. Conta-se que certa vez, reuniu os pastores e
determinou que eles deveriam ler cerca de cinco horas por dia. Disseram-lhe que não
poderiam porque não tinham livros; prometeu dar-lhes os mesmos; ainda não querendo ler,
argumentaram que era muito tempo. Aí, Wesley lhes disse: “Ou lêem cinco horas ou terão de
procurar outro emprego.”
O Metodismo nos EUA.
O surgimento do Metodismo nos Estados Unidos foi expontâneo. Ocorreu com a imigração de
irlandeses, na procura de novas oportunidades, por volta de 1760.
Tendo o movimento crescido, passou a solicitar pastores para a assistência espiritual dos fiéis.
Assim, são enviados por Wesley, de dois em dois, a partir de 1769, os missionários Richard
Boardman e José Pilmoor; em 1771, Francisco Asbury e Richard Wright; em 1773, Thomas
Rankin e George Shadford; e em 1774, Martin Rodha e James Dempster.
Em 1776 estourou a guerra da Independência. Todos os missionários enviados por Wesley
voltaram para a Inglaterra, menos Francisco Asbury, que sentiu que seu dever era ficar com
suas ovelhas na América.
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Assim chamada por ser esta sensação que Wesley sentiu no momento que ouvia o comentário da Palavra de
Deus: “...Cerca de um quarto para as nove, enquanto ele descrevia a mudança que Deus realiza no coração pela
fé em Cristo, senti meu coração estranhamente aquecido...”Diário de Wesley.
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A partir daí, a Igreja cresceu, organizando-se em 1784 e expandindo-se pelas treze colônias
americanas. Em 1808, elegeu seu primeiro bispo, Willian MacKendre.
A adoção da escravidão foi fator motivador de divisão da Igreja Norte-americana. Dividiramse em Igreja Metodista Espiscopal e a Igreja Metodista Episcopal do Sul. Essa divisão
persistiu até o ano de 1968, quando os ramos do metodismo norte-americano uniram-se
novamente, constituindo a Igreja Metodista Unida.
A Igreja norte-americana é importante para nós, visto que a Igreja Nacional foi iniciada a
partir da vinda de missionários norte-americanos para o Brasil. A Igreja brasileira é filha da
Igreja Metodista dos Estados Unidos.
O Metodismo no Brasil.
No Brasil, a Igreja Metodista se fez presente com a vinda de um missionário chamado Rev.
Fountain E. Pitts, que desembarcou no Rio de Janeiro no dia 19 de agosto de 1835. Este é o
primeiro contato da Igreja Metodista com o Brasil. No entanto, a primeira comunidade
fundada no Brasil data de 17 de agosto de 1871, na região de Santa Bárbara do Oeste, Estado
de3 São Paulo. Este espaço explica-se pela ocorrência da Guerra de Secessão nos EUA e as
Missões patrocinadores serem as americanas.
Hoje a Igreja está presente em todo o território nacional, por meio de seis regiões eclesiásticas
e duas regiões missionárias, norte e nordeste. Possui duas Universidades, São Bernardo do
Campo e Piracicaba, e inúmeras instituições de ensino secundário e de Assistência Social
espalhadas pelo Brasil, dentre os quais contam-se lares de crianças, recuperação de
toxicômanos, ambulatórios, amparo a idosos, creches e etc.
O metodismo é uma religião social. Para Wesley “o Evangelho de Cristo não conhece outra
religião do que a social nem outra santidade que a social. Este mandamento temos de Cristo,
que o que ama é Deus, ame também seu irmão.”
Por isto o movimento Metodista está presente em todas as grandes conquistas sociais. Como,
por exemplo, no problema dos escravos. Foi a Igreja Metodista a grande responsável pelo fim
da escravidão negra na Inglaterra e suas colônias, mesmo combatendo interesses econômicos
mais fortes do que aqueles que apadrinhavam, quase um século depois, a escravidão no Brasil.
O Metodismo lutou também contra a opressão industrial. Wesley, no início da chamada
Revolução Industrial, pregava contra a exploração de mulheres e de crianças, lutava pela
humanização das oficinas, defendia a redução da jornada diária de trabalho que era de
12 horas, e reivindicava aumento de salários para os trabalhadores. O sindicato de
trabalhadores. O sindicalismo inglês, o pioneiro no mundo, nasceu na Igreja Metodista,. Dos
seis primeiros mártires do sindicalismo inglês, no princípio do século XIX, três eram
pregadores metodistas, dois eram membros da Igreja Metodista e o último pelo testemunho
dos primeiros, também se converteu-se a Jesus Cristo e tornou-se Metodista.
A Igreja Metodista tem aqui no Brasil, as mesmas preocupações sociais. O povo chamado
metodista está convicto de que o Reino de Deus somente será instalado na Terra quando todos
os seres humanos, sem distinção de nenhuma espécie, puderem aproveitar igualmente as
bênçãos da vida em sua plenitude.
Parte IV
PRINCÍPIOS GERAIS DE DOUTRINA
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Introdução
O metodismo assume os princípios doutrinários da Reforma do século XVI. A diferença está
nas ênfases metodistas, principalmente no capítulo da Soteriologia, ou a Obra da Salvação.
A Igreja Metodista adota os princípios doutrinários contidos nas Escrituras Sagradas, Antigo e
Novo Testamentos, mais as Tradições doutrinárias constantes no Credo Apostólico, os Vinte e
Cinco Artigos de Religião no Metodismo, os Sermões de Wesley e suas Notas sobre Novo
Testamento.
O Credo Apostólico
“Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu
Unigênito Filho, nosso Senhor; o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da
virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; ao
terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao Céu e está à direita de Deus Pai, Todo-Poderoso,
de onde há de vir, para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja de
Cristo; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo, e na vida
eterna. Amém”.
Os 25 Artigos
(1) Da fé na Santa Trindade
Há um só Deus vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo nem partes; de poder, sabedoria e
bondade infinitos; criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Na unidade
desta Divindade, há três pessoas da mesma substância, poder e eternidade- Pai, Filho e
Espírito Santo.
(2)
Do Verbo ou Filho de Deus que se fez verdadeiro Homem
O Filho, que é o verbo do Pai, verdadeiro e Eterno Deus, da mesma substância do Pai, tomou
a natureza humana no ventre da bendita Virgem, de maneira que duas naturezas inteiras e
perfeitas, a saber, a divindade e a humanidade, se uniram em uma só pessoa para jamais se
separarem, a qual pessoa é Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que realmente
sofreu, foi crucificado, morto e sepultado, para nos conciliar com seu Pai e para ser um
sacrifício não somente pelo pecado original, mas, também, pelos pecados atuais dos homens.
(3)
Da ressurreição de Cristo
Cristo, na verdade, ressuscitou dentre os mortos, tomando outra vez o seu corpo com todas as
coisas necessárias a uma perfeita natureza humana, com as quais subiu ao Céu e lá está até
que volte a julgar os homens, no último dia.
10
(4)
Do Espírito Santo
O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória
com o Pai e com o Filho, verdadeiro e eterno Deus.
(5)
Da suficiência das Santas Escrituras para a salvação
As Santas Escrituras contém tudo que é necessário para a salvação, de maneira que o que
nelas não se encontre, nem por elas se posa provar, não se deve exigir de pessoa alguma para
ser crido como artigo de fé, nem se deve julgar necessário para a salvação. Entende-se por
Santas Escrituras os livros canônicos do Novo e Antigo Testamentos, de cuja autoridade
nunca se duvidou na Igreja, a saber, do Antigo Testamento: Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas,
Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos de Salomão, Isaías,
Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas,
Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, e Malaquias; e do Novo Testamento:
Evangelhos; segundo S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas, e S. João; Atos dos Apóstolos;
Epístolas de S. Paulo: aos Romanos, I e II aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos
Filipenses, aos Colossenses, I e II aos Tessalonicences, I e II a Timóteo, a Tito e a Filemom;
Epístola aos Hebreus; Epístola de S, Tiago; Epístola I e II de S. Pedro; Epístola I , II e III de
S. João; Epístola de S. Judas, e o Apocalipse.
(6)
Do Antigo Testamento
O Antigo Testamento não está em contradição com o Novo, pois tanto no Antigo como no
Novo Testamentos a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único mediador
entre Deus e o homem, sendo ele mesmo Deus e homem; portanto, não se deve dar ouvidos
àqueles que dizem que os patriarcas tinham em vista somente promessas transitórias. Embora
a lei dada por Deus a Moisés, quanto às cerimônias e ritos, não se aplique aos cristãos, nem
tão pouco os seus preceitos civis devam ser necessariamente aceitos por qualquer governo,
nenhum cristão está isento de obedecer aos mandamentos chamados morais.
(7)
Do pecado original
O pecado original não está em imitar Adão, como erradamente dizem os Pelagianos, mas é a
corrupção da natureza de todo descendente de Adão, pela qual o homem está muito longe da
retidão original e é de sua própria natureza inclinado ao mal e isto continuamente.
(8)
Do livre arbítrio
A condição do homem, depois da queda de Adão, é tal que ele não pode converter-se e
preparar-se pelo seu próprio poder e obras, para a fé e invocação de Deus; portanto, não temos
forças para fazer boas obras e aceitáveis a Deus sem sua graça por Cristo, predispondo-nos
para que tenhamos boa vontade e operando em nós quando temos essa boa vontade.
11
(9)
Da justificação do homem
Somos reputados justos perante Deus somente pelos merecimentos de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo, por fé e não por obras ou merecimentos nossos; portanto, a doutrina de
que somos justificados somente pela fé é mui sã e cheia de conforto.
(10)
Das boas obras
Posto que as boas obras, que são o fruto da fé e seguem a justificação, não possam tirar os
nossos pecados, nem suportar a severidade do juízo de Deus, contudo são agradáveis e
aceitáveis a Deus em Cristo, e nascem de uma verdadeira e viva fé, tanto assim que uma fé
viva é por elas conhecida como a árvore o é pelos seus frutos.
(11)
Das obras de superrogação
As obras voluntárias que não se achem compreendidas nos mandamentos de Deus, as quais
se chamam obras de superrogação, não se podem ensinar sem arrogância e impiedade; pois,
por elas, declaram os homens que não só rendem a Deus tudo quanto lhe é devido, mas
também de sua parte fazem ainda mais do que devem, embora Cristo claramente diga:
“Quando tiverdes feito tudo o que se vos manda, dizei: Somos servos inúteis”.
(12)
Do pecado depois da justificação
Nem todo pecado, voluntariamente cometido depois da justificação, é o pecado contra o
Espírito Santo e imperdoável; logo, não se deve negar a possibilidade de arrependimento aos
que caem em pecado depois da justificação. Depois de termos recebido o Espírito Santo, é
possível aparta-nos da graça recebida e cair em pecado, e pela graça de Deus levantar-nos de
novo e emendar a nossa vida. Devem, portanto, ser condenados os que digam que não podem
mais pecar enquanto aqui vivem, ou que neguem a possibilidade de perdão àqueles que
verdadeiramente se arrependam.
(13)
Da Igreja
A Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis na qual se prega a pura palavra de Deus
e se ministram devidamente os sacramentos, com todas as coisas a eles necessárias, conforme
a instituição de Cristo.
(14)
Do purgatório
A doutrina romana do purgatório, das indulgências, veneração e adoração, tanto de imagens
como de relíquias, bem como a invocação dos santos, é uma invenção fútil, sem base em
nenhum testemunho das Escrituras e até repugnante á Palavra de Deus.
12
(15)
Do falar na congregação em língua desconhecida
É claramente contrário à Palavra de Deus e ao costume da Igreja primitiva celebrar o culto
público na Igreja, ou ministrar os sacramentos, em língua que o povo não entenda.
(16)
Dos sacramentos
Os sacramentos instituídos por Cristo não são somente distintivos da profissão de fé dos
cristãos; são, também, sinais certos da graça e da boa vontade de Deus para conosco, pelos
quais Ele invisivelmente, opera em nós, e não só desperta, como fortalece e confirma a nossa
fé nEle. Dois somente são os sacramentos instituídos por Cristo, nosso Senhor, no Evangelho,
a saber: o batismo e a Ceia do Senhor. Os outros cinco, vulgarmentes chamados sacramentos,
a saber: a confirmação, a penitência, a ordem, o matrimônio e a extrema unção, não devem ser
considerados sacramentos do Evangelho. Sendo, como são, em parte, uma imitação
corrompida de costumes apostólicos e, em parte, estados de vida permitidos nas Escrituras,
mas que não têm a natureza do batismo, nem a Ceia do Senhor, porque não têm sinal visível,
ou cerimônia estabelecida por Deus. Os sacramentos não foram instituídos por Cristo para
servirem de espetáculo, mas para serem recebidos dignamente. E somente nos que participam
dele dignamente é que produzem efeito salutar, mas aqueles que os recebem indignamente
recebem para si mesmos a condenação, como diz S. Paulo (1 Coríntios 11.29).
(17)
Do batismo
O batismo não é somente um sinal de profissão de fé e marca de diferenciação que distingue
os cristãos dos que não são batizados, mas é, também, um sinal de regeneração, ou de novo
nascimento. O batismo de crianças deve ser conservados na Igreja.
(18)
Da Ceia do Senhor
A Ceia do Senhor não é somente um sinal do amor que os cristãos devem Ter uns para os
outros, mas antes é um sacramento da nossa redenção pela morte de Cristo, de sorte que, para
quem reta, dignamente e com fé o recebem, o pão que partimos é a participação do corpo de
Cristo, como o cálice também é a participação do sangue de Cristo. A transubstanciação ou a
mudança de substância do pão e do vinho na Ceia do Senhor, não se pode provar pelas Santas
Escrituras, e é contrária às suas terminantes palavras; destrói a natureza de um sacramento e
tem dado motivo a muitas superstições. O corpo de Cristo, na ceia, é a fé. O sacramento da
Ceia do Senhor não era, por coordenação de Cristo, custodiado, levado em procissão, elevado
nem adorado.
(19)
De ambas as espécies
13
O cálice do Senhor não se deve negar aos leigos, porque ambas as espécies da Ceia do
Senhor, por instituição e mandamento de Cristo, devem ser ministradas a todos os cristãos
igualmente.
(20)
Da oblação única de Cristo sobre a cruz
A oblação de Cristo, feita uma só vez, é a perfeita redenção, propiciação e satisfação por
todos os pecados de todo o mundo, tanto o original como os atuais, e não há nenhuma outra
satisfação pelo pecado, senão essa. Portanto, o sacrifício da missa, no qual se diz geralmente
que o sacerdote oferece a Cristo em expiação de pecados pelos vivos e defuntos, é fábula
blasfema e engano perigoso.
(21)
Do casamento dos ministros
Os ministros de Cristo não são obrigados perante a lei de Deus, quer a fazer o voto de
celibato, quer a abster-se do casamento; portanto, é tão lícito, a eles como aos demais cristãos,
o casarem-se à sua vontade, segundo julgarem melhor à prática da piedade.
(22)
Dos ritos e cerimônias da Igreja
Não é necessário que os ritos e cerimônias das Igrejas sejam em todos os lugares iguais e
exatamente os mesmos, porque sempre têm sido diferentes e podem mudar-se conforme a
diversidade dos países, tempos e costumes do homens, contanto que nada seja estabelecido
contra a Palavra de Deus. Entretanto, todo aquele que, voluntária, aberta e propositadamente
quebrar os ritos e cerimônias da Igreja a que pertença, os quais, não sendo repugnantes à
Palavra de Deus, são ordenados e aprovados pela autoridade competente, deve abertamente
ser repreendido como ofensor da ordem comum da Igreja e da consciência dos irmãos fracos,
para que os outros temam fazer o mesmo. Toda e qualquer Igreja pode estabelecer, mudar ou
abolir ritos e cerimônias, contando que isso se faça para a edificação.
(23)
Dos deveres civis do Cristãos
E é dever dos Cristãos, especialmente dos ministros de Cristo, sujeitarem-se à autoridade
suprema do país onde residam e empregarem todos os meios de louváveis para inculcar
obediência aos poderes legitimamente constituídos. Espera-se, portanto, que os ministros e
membros da Igreja se portem como cidadãos moderados e pacíficos.
(24)
Dos bens dos cristãos
As riquezas e os bens dos cristãos não são comuns, quanto a direito, título e posse dos
mesmos, como falsamente apregoam alguns; não obstante, cada um deve dar liberalmente, do
que possui, aos pobres.
14
(25)
Do juramento do cristão
Assim como confessamos que é proibido aos cristãos por nosso Senhor Jesus Cristo e por
Tiago, seu apóstolo, o jurar e vão e precipitadamente, assim também julgamos que a religião
cristã não proíbe o juramento quando um magistrado o requer em causa de fé e caridade,
contando que se faça segundo o ensino do profeta, em justiça, juízo e verdade.
Princípios Gerais de Doutrina
Doutrinas são aqueles princípios relacionados de forma sistemática possibilitando ao crente
compreender melhor o ensino que a bíblia contém. As doutrinas estão espalhadas pelas
Escrituras, de forma que o estudioso de Teologia Sistemática procura agrupá-las, dando maior
coerência e compreensão dos ensinamentos contidos na Palavra de Deus. Tais elaborações
doutrinárias são chamadas de Teologia Sistemática ou Dogmática e dividi-se em:
a) Teologia:- É o capítulo que trata da natureza de Deus, seus atributos e decretos, seu
relacionamento com o homem e com a natureza criada;
b) Antropologia teológica:- É o estudo do homem, desde a sua essência, ou seja, de como é
composto; estuda a origem humana e sua inclinação para o pecado;
c) Cristologia:- É a parte que estuda Cristo, que veio para cumprir o Plano do Pai. Seu
Ministério em nosso obedece dois momentos: o Estado de humilhação, enquanto homem,
Vivendo entre nós, sofrendo pelo presença do pecado e finalmente, morte de cruz: o
Estado de Exaltação, que diz respeito á situação após a ressurreição e subida aos céus;
d) Soteriologia:- A Obra da Salvação é estudada pela Teologia desde o momento em que a
pessoa houve o Evangelho, até o momento da morte no senhor, estudando a justificação
dos pecados e a santificação e glorificação do fiel em Cristo.
O Metodismo ensina que a salvação do homem se dá mediante a graça de Deus, por meio da
fé. Esta graça se apresenta da seguinte maneira:
d.1.- Graça Preveniente:- O homem caído, rebelde, que ainda não se arrependeu de seus
pecados, é assistindo pela graça que o convence do pecado, dirigindo-o ao arrependimento;
d.2.- Graça Justificadora:- É o ato de Deus, pagando em Jesus todos os pecados, resgatando a
dívida de cada um, pela propiciação dos pecados por meio do sangue de Cristo derramado;
Justificados, ou seja, tornados justos perante Deus;
d.3.- Graça Santifacadora:- Purificando e separando, promove o crescimento espiritual do
crente, por meio da regeneração ou novo nascimento, através de obras de piedade e
misericórdia, com vistas à plenitude ou a perfeição da vida Cristã.
O Metodismo reconhece como meios de graça, ou meios para crescer na comunhão com
Deus, a Igreja, os Sacramentos, o estudo da Bíblia, jejuns e, caridade, oração e as ordens
presbiterial e diaconal. Reconhece o princípio da Reforma do Sacerdócio Universal, ou seja, a
possibilidade que cada fiel tem de ir diretamente a Deus, sem intermediários humanos.
e) Eclesiologia:- É o capítulo que estuda a origem da Igreja, a natureza e a função da mesma,
bem como seu governo e os sacramentos instituídos por Jesus.
f) Escatologia:- É o estudo que se findarão o Plano de Deus, com a volta de Jesus Cristo, o
arrebatamento da Igreja, a ressurreição dos mortos e o Juízo Final sobre toda a
Humanidade.
Observações:15
a) Todas estas doutrinas compõem o conteúdo da Bíblia de forma sistematizada,
possibilitando aio fiel o conhecimento organizado e compreensível dos temas das
Escrituras;
b) A Introdução à Teologia Dogmática preocupa-se em fundamentar conceitos com relação à
Bíblia como o instrumento de conhecimento de Deus e seu Plano. É assim que se estuda a
doutrina da Revelação, possibilitando ao Cristão colocar a Bíblia no seu verdadeiro ;lugar,
ou seja, de autoridade suprema, a Palavra de Deus revelada ao homem num ato de
misericórdia desse mesmo Deus.
Parte V
OS SACRAMENTOS
O artigo 16 dos Vinte e Cinco Artigos de Religião do Metodismo, dentre outras coisas, nos
ensina que os Sacramentos são somente dois, a Santa-Ceia e o Batismo.
a) Santa-Ceia:- É o sacramento que renova o pacto feito com Cristo. É o momento que , ao
tomar o pão, símbolo do corpo partido de Cristo, e do vinho, símbolo do sangue
derramado, confirmamos nossa disposição de participar com Ele de seu sofrimento e
também de sua glorificação (Rm. 8. 17). É o seu sacramento da celebração da fraternidade
porque exige do participante a confissão dos pecados, arrependimento, e nova disposição
de vida no Senhor. Quem não come e nem bebe, não tem parte no Reino de cristo.
Batismo
O batismo é um ritual que, quando praticado na criança, a introduz na Igreja, devendo este ato
de fé dos pais, ser ratificado no período da razão através da Profissão de Fé. Quando da idade
adulta, o batismo simboliza a purificação que o Espírito Santo realiza no coração do converso.
É símbolo da lavagem que o sangue de Cristo faz, perdoando os pecados cometidos; é a morte
para uma vida pecaminosa e a ressurreição para a nova vida em Cristo.
Existe uma controvérsia entre as igrejas sobre a forma do batismo. Devemos salientar que se
essa fosse relevante, Jesus teria deixado algo explicito sobre o assunto. No entanto, porque a
Igreja Metodista, Anglicana, Presbiteriana e outras, batizam por aspersão ou efusão? Existem
motivações teológicas e históricas para essa prática. Abaixo, relacionamos algumas razões
pelas quais a Igreja optou pelo modo da aspersão, ou efusão.
Sobre a forma do batismo:
1. A palavra grega baptizo nem sempre significa imergir. Há muitos passos no Novo
Testamento onde não pode Ter essa significação como em Lc 11.38; Mc 7.4; 1 Co 10.2 e
Hb 9.10. Além disso, não se encontra, em todo o NT, uma só passagem em que o
vocábulo baptizo tenha necessáriamente a significação de imergir.
2. Os batismos tradicionais dos judeus eram feitos por aspersão, como prova um estudo
criterioso de Lc 11.37-41 e Mc 7.1-13.
3. Os vários batismos cerimoniais a que se refere Hb 9.10 eram geralmente feitos por
aspersão, como se verifica das seguintes passagens: Hb 9.13, 20,21; Êx 24.8; Lv 1.5; 8.19;
14.7,16,51; Nm 8.7; 18.17; 19.4,13,20,21.
16
4. É provável que João Batista tendo recebido um mandamento para batizar com água para o
arrependimento, tivesse adotado o costume judaico já em uso, aspergindo ou derramando
a água sobre as cabeças dos batizandos. Com isso concordam as gravuras mais antigas do
batismo de Jesus, visto como, o representam em pé no rio Jordão, enquanto João Batista
derrama-lhe água sobre a cabeça.
5. O batismo de Paulo não foi por imersão, por ser realizado em pé. Ananias mandou que se
levantasse (At 22.16) e ele levantando-se, foi batizado (At 9.18).
6. Os batismos dos três mil no dia de Pentecostes não podiam Ter sido por imersão, porque
não havia água suficiente em Jerusalém para imergir essa multidão de gente. Os tanques e
reservatórios que existiam em Jerusalém não estavam à disposição dos apóstolos.
7. As circunstâncias dos batismos de Cornélio e do carcereiero de Filipos são desfavoráveis à
imersão. No caso de Cornélio, a Escritura nos dá a entender que a água devia ser trazida
para o quarto onde estavam os convertidos e não os convertidos levados à água (At 10.47).
8. O simbolismo do batismo exige preferivelmente o derramamento e não imersão. O
batismo cristão com água representa o batismo do Espírito Santo. Este, que é derramado,
produz a regeneração é derramado sobre os que recebem essa graça (Jl 2.28,29; At
2.17,33; 10.45; Tt 3.6). A água é um símbolo do Espírito Santo (Jo 7.38,39) que é
derramado sobre os escolhidos de Deus para a purificação. O Espírito Santo sendo
derramado sobre o pecador para a purificação dos seus pecados e para produzir nele uma
nova vida, de igual modo, deve ser a água batismal derramada sobre o indivíduo, símbolo
da ação purificadora do Espírito Santo. O batismo com o Espírito Santo que foi o batismo
com água, quanto ao seu modo não deve ser diferente do batismo com o Espírito Santo
que foi por derramamento.
9. As expressões sepultados juntamente com Ele no batismo e ressuscitados por meio da
vossa fé (Cl 2.12) representam realidades espirituais, resultantes da nossa fé, e não uma
imersão em água. Se fosse pela imersão em água que ressuscitamos para uma nova vida,
seria isso a regeneração batismal, condenada por todas as igrejas evangélicas. Paulo diz
também: “Tantos quantos fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo” (Gl 3.27).
Esse revestimento de Cristo não é físico e não ensina nada sobre o modo do batismo
(comparar Cl 3.8-10). Paulo emprega muitas figuras com referência ao modo de aplicar ao
batizando o símbolo da sua nova vida em Cristo. O grande apóstolo fala em sermos
crucificados com Cristo, revestidos de Cristo, sepultados com Cristo, plantados com
Cristo, ressuscitados com Cristo. A interpretação razoável dessas figuras é que
representam realidades espirituais e nada dizem sobre o modo físico do símbolo da nossa
nova vida espiritual.
10. O modo bíblico de administrar o batismo é a aspersão ou a efusão, como provam as
passagens que temos citado. Não há nem um só caso provado de imersão no Novo
Testamento e, no entanto, o modo de batizar é uma questão secundária sobre a qual há
divergência de opinião entre cristãos sinceros e esclarecidos. Uma vez que se empregue
água, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, aplicando-a ao batizando, o rito
deve ser aceito como válido. Qualquer que seja o modo de batizar adotado pelas diversas
igrejas evangélicas, devemos reconhecer os seus batismos como legítimos e não devemos
condenar como desobedientes a Cristo aquelas pessoas que não interpretam as Escrituras
como nós as interpretamos, com referência a esse ponto secundário. O nosso lema deve
ser: “No essencial, unidade; no não essencial, liberdade; em tudo, caridade”.
Observações:
a) A Igreja Metodista administra os dois elementos aos que se acercam da mesa Eucaristia,
pão e vinho. Assim como no Antigo Testamento as crianças eram admitidas na festa da
17
Páscoa; e no Novo Testamento não há proibição para que os infantes comam e bebam a
Ceia do Senhor, a Igreja Metodista não incentiva a participação de crianças no
Sacramento da Ceia. No entanto, não proibe essa participação, visto que o reino de Deus é
das crianças. Orienta no sentido de que os pais sejam criteriosos na educação de seus
filhos, com a finalidade de ensiná-los na reverência, e o significado do ato de participar do
Sacramento da Ceia do Senhor.
b) A Igreja Metodista, quanto à forma de batismo, aplica preferencialmente o método da
aspersão. No entanto, reconhece como válidos, e ocasionalmente pratica, as outras formas,
qual seja de efusão ou derramamento, e a imersão. No batismo, o que importa é o seu
significado. A forma, é irrelevante para a fé.
Parte VI
ESTUDOS BIBLICOS
Introdução:
Achamos interessante acrescentar à formação do novo metodista, alguns rudimentos com
relação á Trindade e ao Espírito Santo. Nosso objetivo é introduzir o assunto, sugerindo
caminhos para um posterior aprofundamento, dentro das normas da liberdade e do seu
equilíbrio que devem nortear nossa vida com Deus e com os nossos semelhantes.
Sempre houve muita curiosidade e desejo, por parte da Igreja, de entender a Trindade e, por
sua vez, vivenciar experiências com o Espírito Santo. No entanto, o que se percebe desde os
tempos bíblicos (I e II Coríntios) é que essa caminhada tem causado situações conflitantes,
tais como divisões no corpo de Cristo, frustrações e incompreensões. É claro que não
devemos esquecer que o Espírito Santo provocou, provoca e sempre provocará a renovação e
o ravivamento da Igreja, independente do nosso querer.
A Terceira Pessoa da Trindade, assim como os Profetas de Israel, não se enquadra em
fórmulas estabelecidas. Ela está presente na vida da Igreja, justamente para desestabilizar a
nossa racionalidade e manipulação, deixando claro ao Senhorio de Jesus Cristo, arejando e
reavivando o compromisso com a Construção do Reino.
A Trindade.
A Doutrina da Trindade nos ensina de forma organizada e sistemática, alguns princípios que
nos ajudam a compreender aquilo que as Escrituras nos revelam do Ser de Deus.
a) Há no ser divino uma só essência individual:- Ou seja, não existem três seres que tenham
essência, substância, diferente. Sua constituição é única, e não tripartite, sendo apenas um;
b) Neste ser divino, há três pessoas (indivíduo racional) ou subsistências individuais, Pai,
Filho e Espírito Santo:- Ainda que de uma mesma essência, possuem subsistência
individual, embora sendo o mesmo ser indivisível Ser Divino; A essência de Deus, plena,
não fragmentada, pertence por igual a cada uma das três pessoas. A Pessoa Divina
distingue-se da dos animais. Também não há subordinação, tratando-se da essência do ser,
e nenhuma diferença em dignidade pessoal.
c) A subsistência e operação das três pessoas do ser divino estão marcadas por uma segura e
definida ordem. O Pai não é gerado nem procede de nenhuma das três pessoas: o Filho é
eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo procede do Pai e do Filho desde a eternidade.
d) Esta ordem não tem qualquer classificação de tempo, senão como ordenamento lógico de
derivação.
18
Atributos externos da Trindade.
Entendemos esta expressão como a maneira que Deus se dá a conhecer, suas qualidades,
como Ele se apresenta a nós.
O Pai é o eterno arquiteto – Planejou todas as coisas;
O Filho é o executor do Plano – Toda a obra da criação foi executada por ele;
O Espírito Santo é o conservador do plano – Sua função é manter todas as coisas criadas e
auxiliar a Igreja;
Há certos atributos pessoais que por meio dos quais se distinguem as três pessoas: A Criação,
do Pai; a Redenção, do filho; a Santificação do Espírito Santo. Porém, em todos os momentos,
a Trindade participa una e conjuntamente da obra.
Algumas citações da Bíblia sobre a Trindade.
Mat. 3.16-17.- O Evangelhista, quando do Batismo de Jesus, nos faz perceber a atuação da
trindade: na voz que proclama a filiação divina de Jesus; no aparecimento no aparecimento e
posse que o Espírito Santo faz de Jesus, tornando a forma de pomba;
Mat. 28.19.- A Grande Comissão, que se inicia com a expressão “...Indo...”, deixa claro que o
Evangelho de Jesus deve: fazer discípulos (proclamação); ensinar (doutrinação); batizar
(selar). Todos estes momentos devem ser executados em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Vemos, de forma inequívoca a ação conjunta da Trindade!
I Pe. 1.2.- Pedro, dirigindo-se aos Cristãos de todas as partes, chama-os “...eleitos...” segundo
a presciência do Pai; a Santificação do Espírito; para a obediência e aspersão do sangue de
Jesus Cristo. Existe a preocupação de sempre relacionar a Trindade com a vida e missão
cristã, quer pessoal, quer comunitária!
A Pessoa do Espírito Santo.
O Espírito santo é uma pessoa, com igual poder, glória e natureza, das outras pessoas da
Trindade.
A Expressão Espírito santo, tem sua ocorrência na Bíblia através dos seguintes termos:
a) Ruah Qadosh:- No A.T., era assim que se designavam as manifestações invisíveis, mas
sentidas de Javé. Este termo tem significado de “ar em movimento – brisa suave, e num
sentido mais amplo, simboliza o nada, a inexistência. É a força vital do indivíduo, a vida
(sopro: distinto de nefesh: alma – garganta).”
b) Pneumatos agios:- Pneo significa respirar, emitir fragrância, irradiar calor, ira, coragem,
benevolência. Com o sufixo – ma, denota o resultado da ação descrita, colocando em
movimento o ar, a brisa, o hálito. Agios, é santo, separado, puro, perfeito.
c) Parakletos:- Expressão que só ocorre nos escritos joaninos, e que designa também Jesus
(Jo.14.16.;Jo.2.1); significa o ajudador, intercessor, conselheiro de defesa, consolador
(Jo.16.2). Seu equivalente no A.T. é Mênahâmim. Tem todas as características de ser o
substituto na função exercida com os discípulos por Jesus, inclusive de mestre.
d) Ocorrências que autenticavam sua personalidade própria:- investiga; ordena; revela; empenha-se; cria; realiza; intercede; ressuscita mortos;
- Textos:- Gen. 1.2; 6.3; Lc 12.12; Jo.14.26; Atos 8.29; 13.2; I Co. 2.4;10.11;
- Relação com as Outras Pessoas:- Mat.2.19; II Co.13.13; I Pe.1.1-2; Judas 20-21.
Conclusão:19
É impossível obter do Cristianismo uma visão clara, excluindo a Trindade. O Deus que
cremos não é compartimentalizado; exige uma fé equilibrada e genuína para suas
manifestações.
a) Quando damos ênfase apenas na expressão do Ser Divino revelado pelo Pai, corremos o
risco de transformar a práxis cristã em uma postura conservadora, judicial, produzindo
uma ética repressora, intolerantes e repressivos, negando o corpo e suas necessidades,
produzindo e estabelecendo o império das verdades sem bondade;
b) Quando damos ênfase apenas na expressão do Ser Divino representado pelo Filho, nos
revelamos indulgentes, amorosos, pacíficos, arriscando-nos a perder de vista o caráter
Judicial. Nosso cristianismo tende a ser pietista, sem ser piedoso; ou ainda, reduzimos a
ação de Jesus no mero envolvimento político/ideológico, tornando-nos, na prática,
excessivamente críticos, radicais, revoltados e nacionalistas. A ética sofre o perigo da
permissividade, visto que só o amor e a paciência do Jesus dos Evangelhos se torna a
expressão de vida cristã; transformamos a fé no amor sem justiça, alegria sem
discernimento, reducionismo da eficácia do Evangelho (Só dos pobres!), ativismo sem
adoração, ação sem reflexão;
c) Quando damos ênfase apenas na expressão do Ser Divino revelado pelo Espírito Santo
tendemos a viver a vida cristã na ótica de um misticismo descontrolado; buscamos os dons
e os transformamos em motivo de “status” na comunidade; o texto bíblico vai perdendo
sua força, e em contrapartida, ganham as “revelações, atos portentosos, louvores e etc.”;
tornamo-nos alienados da realidade, ignorantes do sofrimento e da fome, reduzindo a vida
cristã à mera celebração litúrgica, bem regada a emocialismos e cerimoniais chocantes,
valorizando expressões como o choro ou o riso.
A vida cristã equilibrada e eficiente para a Construção do Reino de Deus precisa ter: bondade,
amor, justiça, paz, consciência, edificação pela palavra, respeito á autoridade, emoção,
alegria, prazer, aceitação do outro, indulgência, responsabilidade, liberdade, realização,
aceitação dos de fora, celebração, compromisso com o sofrimento e a miséria, trabalho e
disposição. E isto só se consegue cultivando-se uma fé no Deus Trino, no Ser Divino
completo, Pai, Filho e Espírito Santo.
Tema: A missão do Espírito Santo
Texto: Jo. 16.1-15
O termo usado no evangelho é Paracletos: ajudador, mestre, conselheiro.
A missão do Espírito é explicitada por Jesus. Sua atuação permanece com a Igreja inicia-se
com a ascensão de Cristo; o texto é a parte final do Mestre, procurando preparar seus
discípulos para a sua morte, ressurreição e ascensão.
A promessa de outro “parácleto” concretizada, viabiliza a continuidade da obra. Qual a sua
missão?
a) Convencer o mundo – vs. 8-11:Esta expressão é importante porque nos coloca diante do fato de que não é nossa a
responsabilidade de convencer. Esta se limita a proclamar e fazer discípulos: A conversão
do Kosmos é do “parácleto”. Ele cumpre a missão mediante nosso anúncio, por palavras e
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ações. A pregação do Evangelho não é uma mera construção verbal. Tem de vir
acompanhada de frutos, de sinais do Reino. O “Kosmos”, então, será vencido:
a.1.- do pecado.- pecado é errar o alvo, desobedecer a lei de Deus, e entristecer o Espírito.
No caso, o pecado já vem explicitado: “... do pecado, porque não crêem em mim ...” v.9.
A expressão “Pistis”, que é usada para fé, denota compromisso com Jesus. Não
comprometer-se com ele é pecado, é colocar-se contra a vontade de Deus e Seu Plano;
a.2.- da justiça.- O “Kosmos” jas no maligno. Todo homem está destituído da graça e
dominado pelo príncipe deste mundo. Ninguém pode, por suas obras e atos, ser achado
puro perante Deus. Não há justiça humana que produza a recompensa, mas Jesus é a
justificação. Ele paga a nossa dívida, e de uma vez por todas. No A.T., o cordeiro morria e
pagava os pecados cometidos naquele ano em que era oferecido. No seguinte, outro animal
precisaria morrer. Porém, Jesus é aquele que é sacrificado e depois ressuscita,
transformando a justificação em algo eterno; a justiça é o homem justificado, dívida paga
por Jesus, de uma vez por todas. É missão do “parácleto” convencer o “Kosmos” desse
ato de Deus em Jesus. Não haverá mais sacrifício. Só tem a posse da redenção quem ouve
o “parácleto”.
a.3.- do juízo.- É o “parácleto” que convence o homem de que não existe outro senhorio, a
não ser o de Jesus. O príncipe foi julgado. Ainda não cumpriu a pena, mas foi julgado e
condenado. Seu império não existe mais sobre a vida humana; Jesus já nos livrou da
condenação, do domínio e nos livrará da presença do pecado. O “parácleto” tem a função
de proporcionar ao cristão os meios para que ele vença a presença do pecado.
b) Guiar à verdade – v.13.
Por quê tem ele a faculdade de “guiar à verdade”? porque não falará de si mesmo; dirá
tudo que tiver ouvido; anunciará as coisas que hão de vir. Tem compromisso com a Missão
do Pai, realizada no Filho e mantida por Ele.
O que é a verdade? Jesus, no capítulo 8.31 nos ensina que a verdade é o caminho da
liberdade. A verdade é a capacidade da VER. Numa outra palavra, consciência. Quando a
possuo, deixo de ser escravo; existem pessoas que preferem ficar inconscientes, para não
Ter que escolher. A escolha própria produz responsabilidade. Ser discípulo de Jesus, não é
apenas ouvir sua palavra: É reconhecer a Verdade. Para que ela liberte. A missão do
“parácleto” é nos levar à consciência e, por conseguinte, à liberdade.
Partindo do fato que é do Espírito a verade, ninguém a tem. Todos temos de buscá-la, e
dela só possuímos fragmentos. Só a alcança aquele que se dispõe a conhecer, estudar,
pesquisar e cultivar intimidade com Deus mediante a Palavra. Atingir a verdade é para
aqueles que se reconhecem necessitados de aprender!
A compreensão do fato acima, acaba com o desejo de ser dono da verdade; desestimula as
imposições, as formas estereotipadas e os preconceitos. Ninguém tem a verdade; ela é do
“parácleto”, que orienta aqueles que desejam a liberdade...
c) Glorificar a Cristo – vs.14-15
Interessante que não é para Ele se glorificar. Por quê? Porque Jesus morreu na cruz e
conquistou o Nome que está acima de todo nome. Glorificará porque também receberá o
fruto da obra de Jesus. E anunciará que a honra e a glória pertencem a Jesus. Devemos
louvar o espírito? Sim, porquanto é a terceira Pessoa da Trindade. Mas, o próprio
“parácleto” nos é conhecido pelo Filho!
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Isto nos ensina que devemos ser humildes. Se na Trindade, o Espírito se dispõe a glorificar
a Jesus, devemos afastar de nós a tendência de acharmo-nos superiores uns sobre os outros.
Devemos aprender que a glorificação de quem tem direito é mais importante e
exemplificada na Missão do Espírito: glorificarão Filho e anunciar Sua Glória.
Conclusão:Qual a Missão do Espírito? Fazer sua parte para que o plano de Deus se cumpra na
humanidade. Portanto, convencer do pecado, guiar à verdade e glorificar a Cristo.
Ser um verdadeiro discípulo do “parácleto”, manifestar seus dons, sentir a Sua presença é
aprender a lição do compromisso, da fidelidade e da humildade. Conhecer a Deus e ser
conhecido por Ele, exige tornar nossa a Sua Missão, que é construir o Reino, certos de que
não seremos os únicos cidadãos, nem os mais espirituais!
Tema: Critérios da ação do Espírito Santo na Igreja
Texto; I Co. 12.1-11
A ação do Espírito Santo na Igreja, obedece critérios. Nó possuímos a tendência de achar
que a ação do Espírito é casual e sem planejamento. Em nome da liberdade de ação,
ignoramos que tudo o que acontece está cuidadosamente previsto e é executado
perfeitamente.
Quais os critérios, então, da ação do Espírito?
a) Coerência – v.1-3
Por coerência entendemos que não pode haver ação do Espírito sem que esteja de
conformidade com as exigências e expectativas do Pai e Filho, com relação à Igreja.
a.1.- “...não quero que sejais ignorantes...”v.1.- A ignorância dos dons não favorece a
construção do Reino, pois eles são necessários. A ignorância, pelo contrário, favorece a
confusão, e consequentemente, a perda da coerência. É preciso estudar, conhecer a
vontade de Deus 4e sua orientação sobre os dons;
a.2.- “...deixaveis conduzir aos ídolos imundos...”v.2.- A coerência se prejudica quando
não existe liberdade. A presença do vocábulo “eídola” (ídolo) demonstra a condução,
manipulação, escravidão, prisão, e perda da vontade própria. É mais fácil ser conduzido
do que gerir o próprio destino. Erich Fromm (Medo à Liberdade) denuncia o desejo,
motivado pelo medo, do homem deixar suas escolhas para outros fazerem, abdicando da
liberdade, e consequentemente, passando a responsabilidade da vida para outros! Somos
conduzidos, e gostamos disso! É para pensar: O Espírito tem sido usado como desculpa
para não enfrentarmos a nós mesmos e as escolhas que devemos fazer na vida. Sermos
humanos nos aproxima da divindade! A coerência necessita da liberdade;
a.3.- “... ninguém que fala pelo Espírito de Deus, fala: Anátema Jesus!” v.3.- A
coerência pressupõe comunhão e harmonia. Não podem haver duas orientações!
Bendizer o Espírito e amaldiçoar o próximo, negando o Filho, é inconcebível. Ao fazer
acepção de pessoas classificando uns de espirituais e outros de carnais, negamos a
mensagem do filho!
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A comunhão é primordial para a manifestação da divindade! Np A.T. quando alguém
pecava, quebrava a comunhão e liberava o mal dentro da comunidade. Enquanto
pecador não fosse eliminado, nenhuma oração ou cerimonial era aceito por Javé. O
pecado fazia separação de fato e de direito. Comunhão pressupõe inteireza de coração,
pureza de atos, honestidade no relacionamento e amor uns pelos outros. A perfeita
harmonia entre as pessoas da Trindade é primordial para a manifestação da divindade e
um exemplo para nós.
b) Necessidade- vs.4-6
b.1.- “...os dons são diversos ... o Espírito é o mesmo...” v.4.- Há uma relação entre
Karismatonn e Pneuma. A Igreja precisa dos dons. São qualificações, aptidões que o Espírito
dota aos que são chamados por Jesus, e afim de que, por meio da graça, coloquem suas
qualificações em favor e à disposição do corpo;
b.2.- “há diversidade nos serviços ... mas o senhor é o mesmo...” v.5.- A Igreja necessita que
estes dons se traduzam em serviço. Existem muitas coisas, necessidades, trabalhos, que
precisam ser detectados e desenvolvidos. A Igreja não foi chamada senão para ser o Corpo de
Cristo, ou seja, a própria presença de Jesus no mundo, curando, apoiando, ajudando,
perdoando, encaminhando. Para isto acontecer, é preciso meditar: serviços (diakonion) está
em relação direta com Senhor (Kyrios); o servo em relação com quem tem a atribuição de
mandar. Há necessidade de que nos disponhamos a desempenhar os serviços. Os dons são
para atender aos serviços que se fazem necessários;
b.3.- “...diversidade nas realizações ... mas o mesmo Deus é quem opera...” v.6.- A Igreja
necessita dos ministérios. Energematon, (realizações, ministérios, trabalhos, atividades,
ação/execução), está em relação com Theos, expressão que substitui Pater e designa o Pai.
Ele é quem capacita para que o ministério possa ser exercido. São diversos e, naturalmente,
dependem da aptidão do Espirito, o Dom, para serem assumidos pela Igreja;
É interessante notar que no critério da necessidade, Paulo aplica no seu conceito a percepção
de que a Ação do Espirito não é isolada e que a Igreja depende do Ser Divino: Dons, Pneuma,
serviços, Kyrios; ministérios, Theos. Na Igreja não existe ação isolada do Espírito! Existe
uma harmoniosa manifestação do Ser Divino!
c) Objetividade.-v.7
A manifestação do Espírito tem objetivo. Não é para satisfazer o ego, desejos,
sublimações ou frustrações pessoais ocultas; “visa um fim proveitoso”. Outra coisa: é
dado a cada um; não há a obrigatoriedade de dar o mesmo Dom a diversas pessoas; é
individual e único! Com que finalidade? De completar o Corpo e fazer com que
pratiquemos a interdependência, para não ocorrer o que Paulo descreve no verso 21
“Não podem os olhos dizer á mão: não precisamos de ti...” Na multiplicidade de dons e
ministérios preserva-se a unidade da Igreja! Não cabem, portanto, as exigências de que
o irmão tenha a mesma experiência para ser-lhe concedido o “status” de espiritual”, ou a
preocupação de possuir todos os dons!
d) Especificidade. Vs.8-11
Paulo especifica as manifestações do Espírito:
1) Palavra de sabedoria (logos sofias): Uma palavra sábia, que ensina o melhor meio de se
atingir um fim. Experiência de vida.
2) Palavra de conhecimento (logos gnossos): Uma palavra de ciência, de conhecimento e de
ensino, que se esclareça. Conhecimento das coisas.
3) Fé (Pistis): Confiança na eficácia do poder de Deus; compromisso com o Reino.
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4) Curar(Iamaton): Dar saúde; restaurar a saúde. Não precisa ser necessariamente por meio
de um milagre. Pode ser a capacidade de ver o mal e receitar o remédio correto. Tanto
físico quanto espiritual.
5) Operação de milagres (dinamen): Poder; a capacidade de fazer acontecer coisas que não
se explicam racionalmente. Precisamos estar atentos, pois coisas estranhas podem ser
explicadas pelo poder da mente, do maligno ou de Deus.
6) Profecia (profeten): É a comunicação da Palavra de Deus. Não significa previsão de
futuro; é a comunicação do pecado, da justiça, do juízo e do perdão. É a pregação
exortativa da Palavra. No A.T ., o profeta era o porta-voz de Javé. Ocasionalmente,
previa-se o futuro. Mas, não é este o primordial objetivo da profecia.
7) Discernimento de Espíritos (diakriseis pneumaton): É a capacidade de perceber e
distinguir espíritos e caráteres. Capacidade de ver, julgar e agir.
8) Variedade de línguas (gene glosson): Capacidade de falar outros idiomas, de outras gens.
Em Atos, temos a manifestação deste Dom, que em sua ocorrência, apresenta uma
curiosidade: aponta para uma universalização do derramamento do Espírito. Se não,
vejamos:
a) Atos 2.5-13.- Aos judeus da Diáspora; ouviram o Evangelho nas próprias línguas;
b) Atos 8.14-17.- Os samaritanos recebem o Espírito; devemos notar que era um grupo que
sofria o preconceito dos judeus;
c) Atos 10.44-48.- Os gentios recebem o Espírito; outro grupo distinto; também
discriminado pelos judeus, que a eles se dirigiam chamando-os de “cães”;
d) Atos 19.3-7.- Os discípulos de João Batista; batizados para o arrependimento, recebem o
Espírito Santo.
Estes textos ensinam que o fenômeno das línguas não era Dom exclusivo dos judeus. Depois
disso, não há mais nenhum registro de ocorrências desse Dom na Igreja, com exceção de
Corinto.
9)Interpretação (ermeneya glosson): Interpretar: a capacidade de entender e decifrar o sentido
das palavras; está em relação com a manifestação anterior. É curioso que hoje seja feito isto,
por meio de dicionários, léxicos epistemológicos, enciclopédias e etc.
Conclusão:É sempre bom lembrar que Paulo recomenda que se procure sempre os melhores dons; que,
ao crermos em Cristo, já somos batizados com o Espírito Santo, que nos sela (Ef. 1.14); a
Igreja de Corinto não pode ser tida como modelo de espiritualidade, visto que algumas
dificuldades sérias ocorriam nela, tais como dissensões (Ico. 3.1-9) e pecados terríveis
(ICo.5.1-2), além de ser uma cidade mergulhada no misticismo, na prostituição e na idolatria.
Via de regra, o misticismo traz consigo o descontrole emocional, social e ético, um fenômeno
já estudado por muitos e comprovado! É o império do desequilíbrio.
O Espírito age na Igreja? O Ser Divino age na Igreja! E sua ação não é sem critérios. Existem
formas e meios, e nada está ao acaso, dependendo de nosso humor! Obedece um Plano Eterno
que se cumprirá a despeito de nós!
Tema:- O Amor: Dom supremo da Vida Cristã
Texto:- Ico.13.1-13
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Apóstolo Paulo depois de trabalhar os dons, os ministérios e a idéia da Igreja como um Corpo,
deixando clara a interdependência que há entre os diversos membros, passa a ensinar que
existe um caminho (‘odon), uma via, por onde devemos andar.
O termo amor, no grego, possui quatro expressões básicas:
a) phileo:- amar ou considerar com afeição.- philos: gostar de; denota a atração de pessoas
entre si, dentro ou fora da família; sentir afeição. Ex.: Philipos: amor aos cavalos.
b) stergo:- sentir afeição. Especialmente usado entre filhos e pais. No N.T ., usa-se para
expressar a ligação fraternal entre os cristãos. É o amor de um povo por seu governante ou
o amor de um deus por seus adoradores e até dos cães por seus donos. É menos comum
para designar amor entre cônjuges.
c) Erao: o amor entre o homem e a mulher. Denota o anseio, anelo, desejo ardente.
Aplicado também em sentido mais ritual, significa a união maior entre o participante dos
cultos místicos e a divindade. Daí, as relações sexuais dos participantes com as
sacerdotisas ou sacerdotes. Platão entendeu este termo como o esforço em prol da retidão,
do autodomínio, da sabedoria e o caminho para se atingir a imortalidade.
d) Agapao: No hebraico, não há distinção existente entre eros e agapao. Este denota o
relacionamento dos seres entre si, e o relacionamento de Deus com o homem. É uma
expressão sinônima de eros e phileo. Possui a idéia de preferência. É usada mais
freqüentemente no N . T . para designar o amor de Deus para o homem e vice-versa. É o
agapen que separa, que escolhe. No N . T . adquire conteúdo cultural. Esta é a palavra
mais usada por Paulo, inclusive no texto que analisamos
A preocupação do apóstolo é fazer ver que o amor na vida cristã é a essência, o mais
importante, a razão de ser da relação com Deus. Por quê?
a) Por sua necessidade- vs.1-3
a.1.- O Dom de línguas:- É chamado aqui como exemplo. Ainda que tenha o poder de me
comunicar nos idiomas conhecidos e desconhecidos, sem a presença do amor, me torno como
o bronze que soa; o som, que retorna, sem comunicar nada, ininteligível, incapaz de falar. A
língua é o órgão do corpo mais apto para a comunicação. Ora, sem amor, nada mais faz do
que produzir sons sem significado: INÚTIL!
a.2.- ainda que profetize:- O profeta era considerado um homem importante no Oriente.
Quando passava pelas ruas, as pessoas se curvavam em respeito, pois ele falava com os
deuses e deles, emanava poder e vontade. Ao profeta atribuíram-se poderes e conhecimentos.
Sem amor, nada serei: SEM IMPORTÂNCIA!
a.3.- ainda que dê os bens ou o próprio corpo:- sem amor não há proveito nem sentido, pois
feito sem significado. Não há recompensa. Bens lembram economia, ganho, lucro. Pois bem:
sem amor, dar os bens ou o próprio corpo produz PREJUIZO!
A salvação é um ato divino motivado pelo amor (Jo.3.16); a comunhão com Ele só se faz por
meio do amor (I Jo.4.20); Sua exigência em relação aos seus servos é de que
amem(Mat.22.34-40); e o discípulo de Cristo é identificado como tal, se amar (Jo.13.34-35).
O místico, estudioso, poderoso, filantropo e desprendido não tem qualquer chance com Deus,
sem o amor. Nada destas coisas possuem qualquer valor sem a presença e a vigência da Lei
do Amor. A vida Cristã distingue-se das outras religiões, pela necessidade do amor como
princípio de comunhão.
b) Por sua práxis.- vs. 4-7
O amor não se expressa por meio de sentimentos; é um erro pensar que amar seja sentir;
ele se expressa por meio de atitudes práticas e corretas. Paulo, ao defini-lo, apresenta-os
a nós como:
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a.1.- paciente:- capacidade de aceitar as dificuldades e imperfeições;
a.2.- benigno:- compromisso com o bem e não com o mal;
a.3.- não arde em ciúmes:- É zeloso, mas não sufoca, inibindo e matando o amor. O ciúmes
é essencial para a preservação do amor; seu ardor, no entanto, sufoca e queima;
a.4.- não se ufana:- não se enche de si mesmo ou da própria vontade;
a.5.- não se esnobece:- não trata com indiferença, com superioridade, com sentimentos
menores de paternalismos e indignidades;
a.6.- não se conduz inconvenientemente:- não se torna desagradável, explorador,
lascivo, desrespeitador da vontade e das necessidades do outro;
a.7.- não procura seus próprios interesses:- o amor exclui o egoísmo e o egocentrismo;
a.8.- não se exaspera:- não se torna violento, usando a força para submeter. Não há perda
da docilidade, gentileza, educação, amabilidade e afabilidade;
a.9.- não se ressente do mal:- o amor perdoa. Deixa sem vingança a ofensa recebida;
a.10.- não se alegra com a injustiça:- não se compraz com o aviltamento do direito do
outro, subvertido ou subtraído; não aceita a usurpação;
a.11.- regozija-se com a verdade:- o amor é fiel; não se satisfaz com um relacionamento
feito de subterfúgios, meias verdades e mentiras;
a.12.- Tudo sofre; tudo crê; tudo espera; tudo suporta:- O amor dispõe a pessoa
positivamente diante das dificuldades causadas pelo sofrimento, descrédito, ansiedade e
dor;
Praticar o amor! Não há aqui, a preocupação com sentimentos, mas com um estilo de vida
diferente, dirigido pelo amor. Não é sem propósito que o amor é fruto do Espírito
(Gl.5.22).
c) Por sua Maturidade- vs. 8-13
O amor é essencial à vida cristã, por que esta carece de maturidade. Sua presença revela
que somos maduros e vivemos a realidade da comunhão com Deus.
Paulo nos diz que o amor jamais acaba! Ele é eterno, assim como o próprio Deus, visto
que é a fonte.
No entanto, os dons, que hoje preocupam tanta gente, desaparecerão e passarão. A
ciência e o conhecimento cessarão. A vigência do amor torna desnecessária qualquer
outra forma de comunhão com Deus. É a maturidade espiritual.
Enquanto crianças na fé, necessitamos de dons que satisfaçam nossa sede de aceitação,
de crescimento, de poder; no entanto, ao crescer, o cristão não precisa de outra coisa,
senão do amor.
O que permanece, que possui características de eternidade, é o dom perfeito, o amor, É
por este fato que Paulo sugere que se procurem os melhores dons (I Co.12.31) e que no
juízo sejamos maduros (I Co.14.20). Para a maturidade é que devemos caminhar- Ela
nos tornará uma Igreja Viva e Eficaz!
Conclusão:A ausência do amor compromete a Igreja, porque ameaça a liberdade, a justiça, a vida e a
comunhão. Amar é manter o canal entre o homem e Deus aberto, de onde fluem a
maioridade espiritual, o compromisso e o desejo de Sua Presença.
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Amar é melhor do que manifestar portentos;
Amar é melhor do que estar em êxtase;
Amar é melhor do que sentir o espírito;
Amar é melhor porque significa que o espírito está em nós e seu fruto nos toma e domina,
fazendo-nos agentes do Ser Divino e seus cooperadores na construção do Reino.
Amemo-nos uns aos outros!
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BIBLIOGRAFIA
HEITZENRATER, R. – Wesley e o povo chamado Metodista – Editeo; São Paulo:
1996.
KLAIBER, W. – MARQUARDT, Manfred – Viver a Graça de Deus – Editeo;
São Paulo: 1999.
REILY, D. – Wesley e sua Bíblia - Editeo; São Paulo: 1997.
STOKES, Mack B. – O Espírito Santo na Herança Wesleyana – Imprensa Metodista:
1995.
SALVADOR, José G. – História do Metodismo no Brasil – Imprensa Metodista; São
Paulo:1982.
WESLEY, J- Trechos do Diário de João Wesley – Imprensa Metodista; São Paulo, 1965.
WESLEY, J. – Sermões de Wesley – Imprensa Metodista; São Paulo: 1954.
VVAA – Ensaios: História, Metodismo, Libertações – Editeo; São Paulo: 1990.
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ÍNDICE
Introdução
Parte I - Religião e Profissão de Fé
Religião: Isto é Importante? ....
A Admissão do Novo Membro......
Parte II- A Bíblia: Uma Visão Global
Introdução......
Antigo Testamento....
Novo Testamento...
Observações Gerais...
Parte III - Esboço Histórico do Metodismo
O metodismo na Inglaterra....
O metodismo nos EUA....
O metodismo no Brasil...
Parte IV - Princípios Gerais de Doutrina
Introdução....
O Credo Apostólico...
Os 25 Artigos...
Princípios Gerais de Doutrina...
Parte V - Os Sacramentos
Santa Ceia....
O Batismo...
Observações...
Parte VI - Estudos Bíblicos
Introdução...
A Trindade...
A Missão do Espírito Santo...
Critérios da Ação do Espírito Santo na Igreja.....
O Amor: Dom Supremo da Vida Cristã...
BIBLIOGRAFIA.....
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