Análise de Conjuntura do Controle Social no SUS

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Análise de Conjuntura do
Controle Social no SUS
Profª Clair Castilhos Coelho
Departamento de Saúde Pública
UFSC
SAÚDE PÚBLICA EM TEMPOS
DE NEOLIBERALISMO
Marca dos nossos tempos - domínio
do neoliberalismo nos principais
fóruns econômicos, políticos e sociais
dos países capitalistas desenvolvidos
e nas agências internacionais que
estes influenciam –
FMI,
Banco
Mundial, OMC e as agências técnicas
das
Nações
Unidas,
como
a
Organização Mundial de Saúde entre
outras.
(Vicente Navarro,in“A luta de classes em escala mundial”)
Para a América Latina foi o
Consenso de Washington.
A ideologia neoliberal foi a
resposta
das
classes
dominantes
às
substanciais
conquistas
das
classes
trabalhadoras entre o fim da
Segunda
Guerra
Mundial
e
meados da década de 70.
Conjuntura resultante do Consenso
de Washington
O enorme aumento das
desigualdades é o resultado
direto do crescimento do
rendimento das classes
dominantes, conseqüência das
políticas públicas de classe.
MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL
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O processo de exportação do
modelo dos EEUU aos países latinoamericanos.
Reformas impulsionadas pelos
organismos financeiros
internacionais, em especial o BIRD.
As transformações operadas em
nível ideológico — os de
inexorabilidade das reformas
Os conceitos vigentes no contexto
das reformas
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eficácia,
custo/benefício,
livre escolha
descentralização,
MODERNIDADE
CUSTO-BRASIL
eficiência
E o Sistema Único de Saúde?
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A Reforma Sanitária brasileira é
construída na contra corrente
das tendências hegemônicas de
reformas dos Estados, nos anos
80, e sua implementação nos
anos 90 se dá em uma
conjuntura bastante adversa.
Organismos Multilaterais de Crédito
Exigem:
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a contenção de gastos público,
o controle da expansão
monetária,
a reforma de estado.
abertura da economia aos
capitais internacionais
privatizações, diminuição de
gastos — em especial os sociais.
A ditadura do Capital
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privatização de serviços
beneficiou os 20% mais ricos à
custa do bem-estar daqueles
que dependem dos serviços
públicos;
promoção do individualismo e
do consumismo, prejudicando a
cultura da solidariedade;
Brasil: um país capitalista
DESIGUALDADE
DEVE INDIGNAR
MAS NÃO SURPREENDER
ESTADO X MERCADO
MERCADO - antítese da equidade e da
democracia
ESTADO – garantia das políticas
equânimes e universalizantes ?
Realidade Brasileira: alguns dados
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10% da população detém 2/3 da
riqueza nacional desde o Século
XVIII
População: 180 milhões
Pobreza: 55 milhões = 1/3
Economia nacional – mais de ¼ de
século de semi-estagnação produtiva
Subdesenvolvida – 85ª posição do
ranking mundial
PIB – variação de 2,7% ao ano
Fonte: Atlas de Exclusão Social – UNICAMP/USP
Realidade Brasileira: alguns dados
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Década de 90
Crescimento das ocupações precárias
Desemprego – média anual de mais de
13%
Ocupações informais - aumento médio
de 2,4% ao ano
Brutal perda de participação dos
salários na renda nacional – 45% para
35%
Carga fiscal – 1/3 a cada ano
comprometido com o pagamento do
endividamento público
Fonte: Atlas de Exclusão Social – UNICAMP/USP
Realidade Brasileira: alguns dados
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2000 a 2005
Desempregados – aumento
médio anual de 3,5%
Remuneração – queda de 3,5%
abaixo da verificada em 2000
Padrão asiático de mão-de-obra
– pequena remuneração,
intensa rotatividade e elevada
jornada de trabalho
Fonte: Atlas de Exclusão Social – UNICAMP/USP
Realidade Brasileira: alguns dados
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Dos 5507 municípios brasileiros,
apenas 200 apresentam padrão
de vida adequado.
86% dos municípios com maior
índice de exclusão social: da
Bahia ao Acre.
42% dos municípios (21% da
população) estão em situação
de exclusão social.
Fonte: Atlas de Exclusão Social – UNICAMP/USP
Realidade Brasileira: alguns dados
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2007
Desemprego + subemprego da
população adulta, percebendo
remuneração menor que um
salário mínimo = 27%
8 em cada 10 empregos criados
são de remuneração = a um
salário mínimo
Fonte: Marcio Pochmann
Financiamento do SUS
•
O Ministro Temporão foi à luta e conseguiu
“arrancar” da Fazenda R$ 2 bilhões que
estavam congelados no Orçamento da União.
•
A contenda para liberar esse recurso demorou
duas semanas em uma situação de calamidade
social.
•
O recurso será destinado para atualizar a
tabela de consultas do SUS e para a compra de
remédios.
•
Especialistas afirmam, todavia, que o dinheiro
liberado atenua a crise, mas ela vai continuar.
(Portal Vermelho – 6/9/2007)
Emenda Constitucional - 29
Apenas 9 Estados cumprem o 12% de repasse
obrigatório para a saúde.
Minas Gerais e Rio Grande do Sul estão bem
abaixo disso.
São Paulo e Distrito Federal estão no limite.
Governo pretende regulamentar a Emenda
Constitucional 29 que, justamente, obriga os
estados a aplicar 12% da arrecadação dos
impostos com a saúde.
MAS...
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... é preciso apresentar ao governo federal
um questionamento.
O “superávit primário” (economia que o
governo faz para pagar os juros e outros
custos da dívida) atingiu nesse mês o
montante de R$106, 9 bilhões, o que
corresponde a 4,37% do Produto Interno
Bruto (PIB).
Valor acima da meta que é de 3,8% do PIB.
Por que exceder a meta fixada do superávit
primário que já é elevada?
Acaso não se sabe o custo social, humano,
que isso representa?
ARMADILHA DO DISCURSO
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A cartilha da Fundação Estatal
recentemente divulgada repete o
mesmo palavreado, vejamos:
...”com o passar dos anos, o modelo
de
administração
pública
direta
mostrou-se incapaz de acompanhar
as constantes demandas...”
Como? Sem dinheiro? Sem PCCS?
Sem investimento?
A ditadura do capital
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desenvolve retórica e discurso
teórico que homenageia os
mercados enquanto oculta
aliança entre as transnacionais
e o Estado em que estão
baseadas;
discurso da abertura,
modernidade;
A ditadura do capital quer...
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ESTADO MÍNIMO PARA O
SOCIAL
ESTADO MÁXIMO PARA O
CAPITAL
E AGORA?
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É
POSSÍVEL
GARANTIR
DIREITOS HUMANOS?
OS
PERGUNTA AOS DELEGADOS E
DELEGADAS
O PODER DO ESTADO
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Pela primeira vez na história da economia
mundial os Estados perdem poder.
O poder das multinacionais
substituiu o poder dos Estados
Autores de esquerda como Susan George e
Eric Hobsbawm consideram a globalização
como a causa das crescentes desigualdade
e pobreza do mundo.
CONTROLE SOCIAL
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O QUE É?
O QUE FAZER?
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É POSSÍVEL?
RELAÇÃO ESTADO X SOCIEDADE
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Há gastos do Estado, gastos
sociais, que não são feitos no
sentido da reprodução do
capital. São gastos
determinados pela luta de
classes, com finalidades sociais.
(Chico de Oliveira,1995)
Controle Social : conceito
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É a possibilidade de a sociedade
organizada intervir nas ações do
Estado, no gasto público,
redefinindo-o na direção das
finalidades sociais, resistindo à
tendência de servir com
exclusividade à acumulação de
capital. (Maria Valéria Costa Correia, 2000)
Controle Social
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O Controle Social no SUS está
garantido pela Constituição da
república de 1988, pela lei nº
8080/90 e principalmente na lei
nº 8142/90.
É exercido mediante a
participação da sociedade
organizada nas Conferências e
Conselhos de Saúde.
SOBRE AS PALAVRAS
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Para garantir o Controle Social
para o lado da sociedade é
necessário entender o
verdadeiro significado das
palavras e dos discursos.
O Neoliberalismo travou essa
luta e,por enquanto, ganhou.
A arte de rotular
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César Benjamin, no artigo “A
arte de rotular” (revista Caros
Amigos, Novembro/2005)
analisa e exemplifica a forma
predominante de controle
ideológico. Identifica que a
dominação se faz pela
capacidade de nomear e não
mais pelo ocultamento dos
fatos, como ocorria no passado.
EXEMPLOS
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"lei de responsabilidade fiscal"
define que os recursos públicos
devem
ser
prioritariamente
usados para pagar juros ao
sistema
financeiro,
em
detrimento de todos os demais
gastos do Estado,
"disciplina" ou "austeridade" é a
prática de cortar esses mesmos
gastos essenciais, necessários
para formar um "superávit"
denominado”superávit primário”.
EXEMPLOS
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"abertura" é o desmonte dos
mecanismos de defesa de uma
economia periférica e frágil
Os meios de comunicação
difundem esses chavões e, pela
repetição, os incorporam à
linguagem comum.
Feito isso, não há mais debate
possível.
REFLEXÃO
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Quem pode ser contra
"responsabilidade", "disciplina",
"austeridade", "abertura",
"superávit", coisas tão boas, tão
virtuosas?
Quem se habilita a defender, a
sério, "irresponsabilidade",
"indisciplina", "gastança",
"fechamento" e "déficit"?
Guerra Ideológica
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Quase ninguém tem acesso
aos conteúdos das questões.
Tudo fica paralisado nos
rótulos, usados para
bloquear sistematicamente o
pensamento.
CONCLUSÃO
Dinheiro para pobre é gasto,
dinheiro para rico é
investimento!!
O Papel das Palavras
A escolha das palavras está
longe de ser inocente. São
escolhas fardadas, fardadas
para a guerra ideológica.
Modernidade ou “Crime de lesa-pátria”?

O principal símbolo do governo
Fernando Henrique Cardoso foi
a privatização que, segundo
apregoavam suas lideranças,
era fundamental para inserir o
país na modernidade. O
resultado é bem conhecido!!
Discurso dos anos 90
Expressões
que
tiveram
livre
e
entusiasmado trânsito na década de 90
como
• “estado mínimo”,
• “privatização”,
• “livre jogo dos mercados”,
• “globalização”
TIVERAM QUE SER SUBSTITUÍDAS.
Maquiagem Conceitual
As derrotas políticas e
econômicas de tais expressões e
seus significados obrigaram
seus formuladores a mudá-las.
Outras palavras, outros
significados?
“choque de gestão”
“corte de gastos correntes”
“melhorar o gasto público”
“o governo gasta muito e gasta mal”
“redução das despesas do governo”
“redução das despesas com pessoal”
O que mudou?
Nada! Apenas as palavras, a casca.
As MESMAS idéias com uma roupagem
diferente.
Mudou o esforço para ocultar o que
elas de fato significam.
A lógica desse esforço é a lógica da
máscara, do disfarce.
Por que a preferência pelo uso da
palavra
“gasto”
ao
invés
de
“investimento”?
Gastos e Investimentos
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Algum gestor propõe a diminuição
de “investimentos públicos”?
No entanto, “corte de gastos” é
apontado como índice de
modernidade.
Onde terminam, afinal, os gastos e
começam os investimentos?
Gastos x investimentos
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Quando compramos café, arroz, feijão,
alface e iogurte, isso é gasto ou
investimento?
Comprar livros é gasto ou
investimento? E ir ao cinema?
“Cortar gastos públicos correntes”
costuma ser “cortar investimentos em
educação, saúde e assistência social”.
PACTOS...
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Os pactos de gestores não serão
mais uma maquiagem
conceitual?
Uma luta de palavras?
As ações e procedimentos
pactuados serão as mesmas do
receituário do Banco Mundial?
É preciso CONFERIR –
CONFERÊNCIA !!
Realidade Política Brasileira
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Inorganicidade
Desinformação
Descrédito nas instituições
Demanda por ilegalidade
Distanciamento das lutas
transformadoras
Apatia, opacidade, desesperança
TEORIA E PRAXIS
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“OS FILÓSOFOS SE LIMITARAM
A INTERPRETAR O MUNDO DE
DIFERENTES MANEIRAS; O QUE
IMPORTA É TRANSFORMÁ-LO”.
(KARL MARX – Teses sobre Feuerbach)
A integralidade dialética
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“Transformar a saúde de um negócio
particular em problema público; enriquecer o
ato sanitário, ou seja, a relação bilateral
entre doente e terapeuta, com todas as
implicações sociais e políticas; reconhecer
na doença, além do sofrimento pessoal e do
desvio biossocial, o sinal de um conflito
histórico
entre
homem,
natureza
e
sociedade;
intervir
para
resolver
positivamente não somente o caso clínico,
mas também o fenômeno sanitário total”...
(BERLINGUER, G., 1983)
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