"no novo"

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Literatura
Joanina
Curso de Teologia. 2009 - Indaiatuba - SP
Senhor,
ensina-nos
a rezar!
SALMO 86 (85) (ODJ,Geraldo Leite Bastos)
1. Senhor, me escuta e responde, sou
fraco e necessitado, me salva, sou teu
amigo,teu servo em ti confiado.
2. Tu és meu Deus, tem piedade, o dia
todo te invoco, alegra meu
coração,pra ti, Senhor, eu me volto.
3. Tu és perdão e bondade, acolhes aos
que te imploram, atende agora esta
prece, no meu sofrer me consola.
4. Na angústia chamo por ti, pois tu
respondes, Senhor. Que Deus faria o
que fazes? Ninguém te iguala em
amor.
5. Os povos todos virão louvar a tua
majestade; tu fazes grandes
prodígios, só tu és Deus de verdade.
6. Me ensina o caminho certo, pra
andar em tua verdade, reúne
meu coração, que siga tua
vontade.
7. De coração agradeço tão grande
amor tens por mim, tiraste-me
do abismo, assim te louvo, sem
fim.
8. Furiosos se levantaram, querendo
me derrubar; contigo não se
incomodam, altivos querem
matar.
9. Mas tu, Senhor de ternura,
paciente, cheio de amor, de mim
tem pena, ó Deus, atento a teu
servidor.
10. Me dá tua força, Senhor, teu
servo vem libertar, e aqueles que
me odeiam calados hão de ficar.
11. Ao Pai, Senhor, demos glória. A
Jesus Cristo também, Ao
Espírito-Mãe de amor, Deus uno
e santo. Amém!
Introdução:
Cinco livros do Novo Testamento são
atribuídos ao apóstolo João: O
Evangelho de João, o Apocalipse e as
chamadas Epístolas de João. Estes cinco
livros, conhecidos como literatura
joanina, contém três tipos de literatura
encontrada no Novo Testamento:
história, epístolas e apocalíptica. As três
Epístolas estão incluídas no grupo de
escritos neotestamentários denominados
Epístolas Gerais.
Existem diferenças entre o evangelho
e a epístola de João, mas isso não
constitui base sobre a qual
fundamentar uma teoria de autoria
diferente , uma vez que o autor tinha
propósitos diferentes ao escrever
cada uma dessas obras. Ele escreveu
o evangelho para incrédulos e a
epístola para crentes. No evangelho
os inimigos são judeus incrédulos,
na epístola, os inimigos são cristãos
professos.
Evangelho
Segundo
João
1- Autor – A tradição o atribuiu a
João, filho de Zebedeu. Nada
há, no próprio Evangelho, o que
contradiga esta tradição. Ela
vem desde Ireneu de Lião (180
d.C.), que identifica o discípulo
amado com João. A introdução
a este Evangelho, na Bíblia do
Peregrino, afirma que hoje é
muito difícil manter esta
opinião.
A maioria dos comentaristas considera este
Evangelho como obra de um discípulo de João,
uma geração mais tarde, mas profundo
conhecedor do judaísmo e do Primeiro
Testamento. Certamente ele coletou toda a
memória e a vivência das comunidades joaninas.
Naturalmente este Evangelho, como os
sinópticos, é fruto do trabalho de toda uma
comunidade.
Sinópticos...Os exegetas chamam evangelhos
sinópticos aos de Mateus, Marcos e Lucas; desde
que a exegese começou a ser aplicada à Bíblia ainda
no século XVIII que os especialistas se aperceberam
que, dos quatro evangelhos, os três primeiros
apresentavam grandes semelhanças em si, de tal
forma que se colocados em três grelhas paralelas donde vem o nome sinóptico, do grego συν, "syn"
(«junto») e οψις, "opsis" («ver») -, os assuntos neles
abordados correspondiam quase inteiramente.
Por parecer que quase teriam ido beber as suas
informações a uma mesma fonte, como os primeiros
grandes exegetas eram alemães, designaram essa
fonte por Q, abreviatura de Quelle, que significa
precisamente «fonte» em alemão.
Quanto ao quarto evangelho, o de João, relata
a história de Jesus de um modo
substancialmente diferente, pelo que não se
enquadra nos sinópticos.
Enquanto que os evangelhos sinópticos
apresentam Jesus como uma personagem
humana destacando-se dos comuns pelas
suas acções milagrosas, já o Evangelho de
João descreve um Jesus como um Messias
com um carácter divino, que traz a redenção
absoluta ao mundo.
2 - Língua — Grego, com um estilo
cheio de conotações semíticas
(judaicas).
3 - Data — É um dos últimos livros do
Segundo Testamento, escrito pelos
anos 95-100 d.C.
4- Local — Muitos opinam que ele tenha
sido escrito na Síria, talvez em
Antioquia, que era um grande centro.
Outros apontam Éfeso, pois, segundo a
tradição, o apóstolo João aí viveu.
5 - Fontes — Os ensinamentos do discípulo amado e as
condições de vida da comunidade joanina, que estava
em meio a muitos conflitos e precisava então de
ensinamentos e sinais, para “crer que Jesus é o Cristo,
o Filho de Deus, e para que, crendo, tenha a vida em
seu nome” (20,31).
João “viu e creu” (20,8) e quer confirmar a fé dos que
“não viram e creram” (20,29). Este Evangelho é fruto
de longa e profunda vivência de comunidades fiéis ao
espírito de Jesus, que sempre se voltavam à sua pessoa
e mensagem.
6 - Circunstâncias — João parece ter
sofrido muito a influência de uma
corrente de pensamento em voga em
seu tempo, o gnosticismo, que dava
grande importância ao conhecimento
(gnose). Isto levou João a adotar em
sua linguagem certo dualismo: luz e
trevas, verdade e mentira, luz do
mundo e cegueira do mundo, bem e
mal, anjo da luz e anjo das trevas. Este
Evangelho não é tanto biográfico, mas
é mais teológico e contemplativo,
carregado de símbolos.
7 – Esquema
• Prólogo ou introdução: 1,1-18.
• O livro dos 7 sinais: 1,19-12,50: 2 em Caná,
4 em festas judaicas, 1 em Betânia, que é o
que o conduz à morte.
• O livro da comunidade: 13,1- 17,26: é o
grande testamento e a grande despedida no
cenáculo.
• O livro da realização: 18,1-20,31: a paixão,
morte e ressurreição.
• Epílogo: 21,1-25, que é um acréscimo
posterior.
8 - Pontos fortes — Neste Evangelho
alguns pontos são mais fortes:
O sentido do novo — Em Caná,
em uma festa de casamento,
aparece o primeiro sinal, que
vai despertar a fé dos
discípulos (2,11). Jesus dá um
primeiro sinal da novidade da
Aliança. As talhas que
serviam para os antigos ritos
de purificação, agora se
enchem com a abundância do
vinho novo, muito melhor que
o primeiro.
Em Jerusalém, Jesus
propõe destruir o velho
Templo, para
reconstruir em três dias
um novo Templo:
passar do sistema
opressor para uma nova
forma de convivência
social, da qual seu
corpo Ressuscitado será
a pedra fundamental
(2,19).
Para Nicodemos, Ele diz que é preciso nascer
de novo (3,3- 8). Para o novo germinar, é
preciso que, como o grão de trigo, ele morra
(18,24).
Jesus nos dá um novo
mandamento (13,34).
Na cruz, Ele sela uma
nova e definitiva Aliança
com a humanidade.
Os conflitos — Aparecem desde o início: “O
Verbo veio para os seus e estes não o
receberam” (1, 11). A partir do capítulo 5,
os conflitos entre a vida e a morte são
muitos: a cura do paralítico aumenta a
perseguição a Jesus (5,8-18). E esta
continua pelo Evangelho afora. A promessa
de Jesus se fazer pão não é entendida, e a
multidão se afasta (6,60-66). Há o conflito
de origem:
“Quem és tu?’ e os judeus recusam-se a
aceitar que Ele seja Filho de Deus
(8,19.23.25.41-44; 9,16.28-33).
A liderança dos fariseus parece decrescer (9 e
10) e Jesus a enfrenta na parábola do bom
pastor (10,1-21), na qual traça o retrato do
autêntico líder.
Aos conflitos provocados
pelos fariseus acrescem os
certa mente mais
dolorosos para Jesus, que
foram os provocados pelos
próprios discípulos: Pedro
o nega, Judas o trai, todos
o abandonam.
A ressurreição de Lázaro foi
o ponto alto da libertação
de Jesus. A “vida que era a
luz dos homens” (1,4),
agora restitui a luz da vida
a seu amigo, morto há 4
dias (11).
A presença das mulheres também é grande em
João. Maria, Mãe de Jesus, é quem lhe pede
o primeiro milagre, que vai suscitar a fé dos
discípulos (2,3-11).
A samaritana é a primeira mulher a quem Jesus dirige a
palavra e que Ele transforma em apóstola de seus
compatriotas, que levam Jesus para passar dois dias com
eles e crêem nele (4,1-42).
A mulher adúltera é perdoada por Jesus, que,
com isso, contraria a Lei (8,1-11).
Marta e Maria acolhem-no em Betânia, na
ressurreição de Lázaro (11,1-45). Os três
irmãos, Marta, Maria e Lázaro, representam
a comunidade joanina, cheia de amor fraterno.
Maria unge os pés de Jesus e enxuga-os com
seus cabelos (12,1-8), demonstrando assim seu
grande amor e sujeitando-se a ser alvo de
recriminação. Marta faz a profissão de fé mais
perfeita feita por alguém nos evangelhos: “Eu
creio que és o Messias, o Filho de Deus que
devia vir ao mundo” (11,27). Julgamos esta
profissão de fé mais perfeita que a de Pedro
(Mt 16,16), porque Pedro acreditava em um
Messias glorioso (Mt 16,2 1-23) e Marta em
um Messias pleno de humanidade.
Junto à cruz de Jesus estavam Maria, Mãe de
Jesus, sua irmã, Maria de Cléofas, e Maria
Madalena (19,25). Foi à sua Mãe que Ele
entregou o discípulo amado e, nele, toda a
humanidade (19,27).
Maria Madalena foi, após a morte
de Jesus, procurá-lo no túmulo
(20,1), viu-o e dele recebeu a
missão de anunciar aos
discípulos que Ele ressuscitara
(20,11-18).
Fonte: Introdução ao
Segundo Testamento –
ITEBRA – Paulus
Montagem: Renato,SJ 2009
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