Cenário da Saúde no Brasil por Esther Grizendi

Propaganda
Tópicos Especiais em Economia
e Gestão da Saúde
Residente Esther Grizende Garcia
Economista, pós-graduada em Gestão,
Acreditação e Auditoria Hospitalar.
Residência em Economia e Administração
[email protected]
Tel. 4009-5172
Aula de Hoje:
1.1 Cenário da Saúde no Brasil
1.2 Conceito e mensuração da saúde
1.3 Panorama geral da saúde
1.3.1 Elevação dos gastos na saúde
1.3.2 O sub-financiamento do SUS
1.3.3 Uso irracional dos recursos
1.4 Conceito de Economia da Saúde
1.5 Ciências Econômicas X Ciências da Saúde
Cenário da Saúde no Brasil
O Brasil tem hoje dois sistemas de saúde, um
público (Sistema Único de Saúde) e um privado
(sistema de seguro), que não se comunicam
adequadamente.
Cenário da Saúde no Brasil
Os governos federal, estaduais e municipais são
responsáveis por apenas 42% dos gastos com
saúde no país, enquanto as famílias e
instituições sem fins lucrativos respondem pelos
58% restantes. Segundo dados de 2009, os mais
recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), os gastos públicos em saúde
representaram 3,6% do Produto Interno Bruto
(PIB), enquanto os gastos privados alcançaram
4,9%.
Cenário da Saúde no Brasil
Mudanças:
1) Epidemiológica: aumento das doenças
crônicas
Além dos problemas sanitários (morbidade e
mortalidade
crescentes),
as
repercussões
econômicas são enormes: estima-se que a perda de
renda nacional devido às doenças cardiovasculares
e diabetes atingirá, até 2015 a 558 bilhões de
dólares na China e 49,2 bilhões de dólares no Brasil
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005).
Cenário da Saúde no Brasil
2) Nutricional: Mudanças na alimentação e
redução da atividade física
Nunca
se
comeu
tanto
e
tão
mal.
De um lado o consumo excessivo de alimentos com
alto teor de: sal, açúcar, gorduras saturadas animais.
De outro o baixo consumo de frutas, verduras e
legumes.
Cenário da Saúde no Brasil
3)Demográfica: Envelhecimento populacional
acelerado
Segundo a SVS:
Fecundidade: de 4,4 em 1980 para 1,9 filhos
por mulher em 2010.
População de idosos: de 8,6% em 2000 para
10,8% em 2010.
Crianças e adolescentes até 14 anos: de 29,6%
em 2000 para 24,1% em 2010.
Mortalidade infantil : de 62 / mil nascidos vivos
em 1990 para 14 / mil em 2012.
Cenário da Saúde no Brasil
4) Transição Tecnológica
Incorporação desordenada de novas tecnologias, por vezes
sem critérios científicos. Por exemplo: Procedimentos:
(transplantes
–
cirurgias
minimamente
invasivas...).
Imagens: RX, US, TOMO, RM, PETSCAN. Novos exames:
bioquímicos e hematológicos. Medicamentos: mudanças
de radicais e novas descobertas. Acomodações: novas
condições e exigência da Vigilância Sanitária. Lembrando:
na saúde o novo não aposenta o velho, mas o sobrepõe.
Cenário da Saúde no Brasil
5) Transição Cultural
Cultura de prescrição e cultura de consumo. Mais
informação.
Mais
propaganda.
Mais desejos e necessidades de consumo de serviços de
saúde. Mais acesso a ações e serviços de saúde.
Cenário da Saúde no Brasil:
Envelhecimento Populacional
1980
1980
2025
2000
2050
Panorama Geral da Saúde
Proporção de crianças e idosos na população total –Brasil, 1900 – 2020
Conceitos de Saúde
A saúde é um estado complexo que depende da
interação de inúmeros fatores sociais,
econômicos, culturais, ambientais, psicológicos
e biológicos. Os níveis de renda, nutrição,
saneamento básico, e educação são também
determinantes do estado de saúde de uma
população (Piola et al, 2002).
Conceitos de Saúde
A saúde afeta diretamente a capacidade produtiva
dos indivíduos (pode reduzir a renda individual);
Condições epidemiológicas podem gerar barreiras
ao comércio internacional;
Embora possa ser explorada pelo setor privado de
forma eficiente, a saúde pode e deve ser produzida
pelo setor público para evitar que as populações de
baixa renda sejam privadas de seu consumo
(importância social).
Mensurando a Saúde
Como medir a saúde de uma população?
1) Expectativa de Vida ao Nascer
Indicador de eficiência sintético do quadro de saúde
de uma população;
Visão Econômica: > expectativa de vida (estrutura
demográfica mais madura) > volume de poupança >
nível de investimento > crescimento econômico;
Panorama Geral da Saúde
Elevação nos gastos com saúde:
A partir dos anos 60 e 70, os gastos públicos com
saúde nos países desenvolvidos passam a crescer
em largas proporções:
Anos 40: gastos de 2 a 3% do PIB
Anos 70: gastos de 6 a 8% do PIB
Panorama geral da saúde
 Situação da saúde nos EUA:
Gastos em saúde:
◦ 2,4 vezes a média dos outros países membros da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE);
◦ No entanto, a Organização Mundial de Saúde os
coloca em 37º lugar em desempenho geral de
sistemas de saúde.
Dados de 2009
PAÍS
Gasto com saúde (% do PIB)
Estados Unidos
16
México
14
Bélgica
12
Cuba
12
Finlândia
12
Portugal
11
Suíça
11
Áustria
11
Canadá
11
Países Baixos
11
Suécia
10
Espanha
10
Noruega
10
Nova Zelândia
10
Argentina
10
Israel
10
Japão
9
Brasil
9
Austrália
9
Chile
8
Santa Lúcia
8
Alemanha
8
Grécia
7
Bolívia
5
Angola
5
China
5
França
4
Síria
3
Emiratos Árabes
3
Paquistão
3
Índia
2
Coreia do Norte
2
Fonte: Index Mundi
Panorama geral da saúde
Panorama geral da saúde
Fonte: Faculdade de Saúde Pública da USP
Panorama geral da saúde
Cirurgia de coluna
2001: R$ 14.300
2008: R$ 60.000
Aumento de 320%
SUS: R$ 2.781,70
Desobstrução de artérias
2001: R$ 9.400
2008: R$ 55.000
Aumento de 485%
SUS: R$ 2.309,34
Cirurgia de joelho
2001: R$ 1.900
2008: R$ 10.000
SUS: R$ 150,30
Panorama da saúde no Brasil
Diária de
unidade de
cuidados
intermediários
em neonatologia
SUS: R$ 137,20
Diária de
unidade de
terapia
intensiva adulto e
pediátrica
SUS: R$ 478,72
Panorama da saúde no Brasil
Defasagem da tabela
SUS: remuneração
dissociada do custo
Desde a implantação do
Plano Real, em 1994, as
tabelas SUS tiveram um
reajuste somente de 46,52%
(IGP-M aumentou 450,67%);
A média geral de defasagem
no período é de 67%;
A defasagem se concentra
na assistência de baixa e
média
complexidade,
ficando acima de 110%.
Na alta complexidade, os
procedimentos são bem
remunerados. (competição e
estímulo à especialização)
Panorama da saúde no Brasil
Causa da inflação na saúde:
aumento do uso de tecnologias de alto custo;
aumento do consumo desnecessário por serviços
de saúde;
envelhecimento da estrutura etária da população:
transformações na estrutura de morbidade e
mortalidade com aumento das doenças crônicodegenerativas;
Panorama da Saúde no Brasil
Os recursos empregados na saúde são bem gastos?
Há falta de leitos nos hospitais brasileiros?
Panorama geral da saúde
Necessidade de um método para auxiliar:
no processo de escolha entre alternativas disponíveis;
mensurar o benefício para cada unidade de custo;
estimar o retorno para a sociedade na incorporação de
novas tecnologias;
identificar formas de incentivo para que os participantes do
sistema atuem com mais eficiência na utilização dos
recursos.
ECONOMIA DA SAÚDE
Histórico da Economia da Saúde
A onda neoliberal se alastrou na teoria econômica e na
política dos países centrais ao longo dos anos 70 e 80,
trazendo como consequência cortes nos gastos
governamentais, especialmente, nos programas sociais.
É neste contexto em que a Economia da Saúde surge para
tornar mais racional a alocação de recursos nesta área
(Piola et al 2002).
Economia da Saúde: Conceito
A ES é a aplicação da ciência econômica aos fenômenos e
problemas associados ao tema da saúde;
ES estuda as condições ótimas de distribuição dos recursos
para assegurar à população a melhor assistência à saúde,
levando em consideração os recursos limitados;
Enquanto a área das ciências da saúde concentra-se
fundamentalmente na ética individualista, segundo a qual a
saúde não tem preço e uma vida salva justifica qualquer
esforço; a ES fixa-se na ética social e do bem comum; (tradeoff)
Conflitos entre economistas e profissionais da saúde dizem
respeito à gestão eficiente dos recursos (Vianna e Mesquita,
2003).
Economia da Saúde
A ES não se trata de mais uma forma de conter
custos, mas de alocar os recursos escassos de
forma racional para maximizar os benefícios para
a sociedade.
Importância:
Contribuições do setor saúde para o totalda
economia;
Preocupações com políticas nacionais;
Nº de problemas de saúde: elemento
econômico substancial.
Economia da Saúde
Economia da Saúde integra as teorias econômicas, sociais,
clínicas, epidemiológicas a fim de estudar os mecanismos e
fatores que determinam e condicionam a produção, a
distribuição, o consumo e o financiamento dos bens e
serviços de saúde.
A ciência econômica busca se associar a área médica para
entender as relações entre os custos e os benefícios das
ações de saúde.
Economia da Saúde
Economia da Saúde
Em 1989: a ES foi institucionalizada com a criação da ABRES
(Associação
Brasileira
de
Economia
da
Saúde)
http://www.abresbrasil.org.br/
ES corresponde a 0,3% do total dos grupos de pesquisa e 1% dos
grupos de pesquisa da área da saúde
Área de concentração:
Gestão hospitalar;
Financiamento;
Eficiência alocativa e equidade na distribuição de recursos.
Perfil dos pesquisadores:
65% graduados em ciências da saúde – predominância de
médicos;
35% graduados em ciências sociais aplicadas – predominância de
economistas.
Pesquisa em Economia da Saúde
Distribuição de grupos de pesquisa por instituições no Brasil
Questões:
1) Explique o viés da visão comum de que
os gastos de saúde estão somente
relacionados com o envelhecimento da
população.
2) Qual é a diferença ética na atuação dos
profissionais do campo da saúde e dos
economistas?
Download