7. A morte como enigma

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CENTRO EDUCACIONAL MARIA AUXILIADORA
REDE SALESIANA DE ESCOLAS
2015 - Ano da Paz.
Nome:
Profº. (a): Marcos
Disciplina: Filosofia
Série:
EM
Data:
/
Turma:
/
Nota:
Ciente do Responsável:
TEXTO PARA APROFUNDAMENTO
A MORTE COMO ENIGMA
A morte é o destino que não temos escolhas e que todos nós os seres vivos, teremos que enfrentar.
Tendo consciência da sua própria morte, por ser finito, questiona-se então sobre o que poderá
acontecer após a morte. Não aceitando o fato do seu destino, no qual não viverá para sempre e que
tudo vai virar um nada, começamos a acreditar na imortalidade, na vida após a morte, ou, um plano
espiritual em que nós supostamente iríamos ao morrer, e essa crença caracteriza a recusa da sua
própria morte e o desejo insaciável pela eternidade. O culto aos mortos, identificados em primórdios
de nossas civilizações, estar relacionada ao aparecimento das primeiras angústias metafísicas, ou
seja, a morte vem se mostrando desde o início uma barreira que não significa apenas o fim da vida,
porém o começo de outra realidade que é obscura e assustadora e estimulante para o
conhecimento. Ter a certeza em que um dia iremos morrer, serve de estimulo na existência da
imortalidade. O que fez tornar-se a fé religiosa uma cultura, que modera o temor diante de tal
enigma que é a morte. E daí veio os conceitos de como guiar-se pela vida, para garantir melhor
destino à alma. O temor e a angústia pela morte, fez levar a humanidade à acreditar na imortalidade
e aceitar o sobrenatural, o sagrado e o divino.
FILOSOFIA e MITO
Que a saúde se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8)
Considerados há muito tempo como antagônicos, mito e filosofia protagonizam atualmente uma
(re)conciliação. Desde os primórdios, a Filosofia, busca do saber, é entendida como um discurso
racional que surgiu para se contrapor ao modelo mítico desenvolvido na Grécia Antiga e que serviu
como base de sua Paideia (educação). A palavra mito é grega e significa contar, narrar algo para
alguém que reconhece o proferidor do discurso como autoridade sobre aquilo que foi dito.
Assim, Homero (Íliada e Odisseia) e Hesíodo (Teogonia e Dos trabalhos e dos Dias) são
considerados os educadores da Hélade (como se chamava a Grécia) por excelência, bem como os
rapsodos (uma espécie de ator, cantor, recitador) eram tidos como portadores de uma verdade
fundamental sobre a origem do universo, das leis etc., por reproduzirem as narrativas contidas nas
obras daqueles autores.
Foi somente a partir de determinadas condições (navegações, uso e invenção do calendário e da
moeda, a criação da democracia que preconizava o uso da palavra, bem como a publicidade das leis
etc.) que o modelo mítico foi sendo questionado e substituído por uma forma de pensar que exigia
outros critérios para a confecção de argumentos. Surge a Filosofia como busca de um conhecimento
racional, sistemático e com validade universal.
De Aristóteles a Descartes, a Filosofia ganhou uma conotação de ciência, de conhecimento seguro,
infalível e essa noção perdurou até o século XIX, quando as bases do que chamamos Razão sofreu
duras críticas com o desenvolvimento da técnica e do sistema capitalista de produção. A crença no
domínio da natureza, da exploração do trabalho, bem como a descoberta do inconsciente como o
grande motivador das ações humanas, evidenciaram o declínio de uma sociedade armamentista,
excludente e sugadora desenfreada dos recursos naturais. A tendência racionalista fica, então,
abalada e uma nova abordagem do mundo faz-se necessária.
O que era tido antes como pré-cientifico, primitivo, assistemático, ganha especial papel na formação
das culturas. As noções de civilização, progresso e desenvolvimento vão sendo substituídas
lentamente pela diversidade cultural, já que aquelas não mais se justificam. A releitura de um dos
pensadores tidos como fundadores do idealismo racionalista preconiza que já na Grécia o mito não
foi meramente substituído nem de forma radical, nem gradual pelo pensamento filosófico. Os textos
de Platão, analisados não somente pela ótica conceitual, mas também dramática, nos proporciona
compreender que um certo uso do mito é necessário onde o lógos (discurso, razão, palavra) não
consegue atingir ainda seu objeto, ou seja, aquilo que era apenas fantasioso, imaginário, ganha
destaque por seu valor prático na formação do homem.
Que a saúde se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8)
Dito de outro modo, embora o homem deseje conhecer a fundo o mundo em que vive, ele sempre
dependerá do aperfeiçoamento de métodos e técnicas de interpretação. A ciência é realmente um
saber, mas que também é histórico e sua validade prática depende de como foi construído
argumentativamente. Interessa perceber que Filosofia é amor ao saber, busca do conhecimento e
nunca posse, como define Platão. Então, nunca devemos confundi-la com ciência, que é a posse de
um saber construído historicamente, isto é, determinado pelas condições do seu tempo. Portanto,
Mito, Filosofia e Ciência possuem entre si não uma relação de exclusão ou gradação, mas sim de
intercomplementaridade, haja vista que um sempre sucede ao outro de forma cíclica no decorrer do
tempo.
Fontes:
ARANHA Maria L. e MARTINS, Maria H., Filosofando, Editora Moderna, São Paulo, 2014.
CHAUI, Marilena, Introdução à História da Filosofia – dos Pré-Socráticos a Aristóteles, Companhia
da Letras, 2ª edição, São Paulo, 2002.
Coleção Os Pensadores, Os Pré-socráticos, Abril Cultural, São Paulo, 1.ª edição, vol.I, agosto 1973.
DURANT, Will, História da Filosofia - A Vida e as Ideias dos Grandes Filósofos, São Paulo, Editora
Nacional, 1.ª edição, 1926.
FERRY, Luc, Aprender a Viver – Filosofia para os novos tempos, Editora Objetiva, 2007.
FRANCA S. J., Padre Leonel, Noções de História da Filosofia.
LALANDE, André, Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia, Martins Fontes, São Paulo, 1999.
MONDIN, Batista, Curso de Filosofia, Volume 1, 2 e 3. Editora Paulus, 3ª edição, 1977.
PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Luís, História da Filosofia, Edições Melhoramentos, São
Paulo, 10.ª edição, 1974.
REALE, Giovanni e ANTISERE, Dario, História da Filosofia I, II e II, Paulus, São Paulo 1997.
VERGEZ, André e HUISMAN, Denis, História da Filosofia Ilustrada pelos Textos, Freitas Bastos, Rio
de Janeiro, 4.ª edição, 1980.
Site: http://www.mundodosfilosofos.com.br
João Francisco P. Cabral
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestre em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Que a saúde se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8)
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