CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ - CEAP DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À ECONOMIA PROFESSOR: IVALDO DANTAS Capítulo 1 1 – A ECONOMIA E A NECESSIDADE DE ESCOLHA Este primeiro capitulo mostra ao leitor os problemas básicos da economia, isto é, os decorrentes da existência de recursos limitados ante as necessidades virtualmente ilimitadas. O petróleo, o trabalho, as máquinas, etc., estão disponíveis em quantidades limitadas; Com esses escassos recursos, produzem-se bens e serviços (alimentos, moradias, automóveis, saúde, educação, lazer, etc.), A escassez sempre existirá, já que os desejos são superiores aos meios disponíveis para satisfazê-los. 1.1 – O conceito de economia As pessoas necessitam alimentar-se, vestir-se, receber uma educação, etc.; para isso, há os recursos, mas a renda é insuficiente na hora de conseguir todos os bens e serviços desejados para satisfazer suas necessidades. A sociedade (conjunto de pessoas) tem também necessidades coletivas, tais como estradas, defesa, justiça, etc. O mesmo ocorre individualmente com as pessoas, que também têm mais necessidades do que meios para satisfazê-las. A economia se ocupa das questões relativas à satisfação das necessidades dos indivíduos e da sociedade. (Esquema 1.1). Necessidade humana: é a sensação de carência de algo unida ao desejo de satisfaze-la. Tipos de necessidades: Natural: por exemplo, comer. Social: decorrente da vida na sociedade; por exemplo, festa de casamento. Necessidades do Indivíduo -Segundo o requerente Necessidades da sociedade Coletivas: partem do indivíduo e passam a ser da sociedade; por exemplo, o transporte. Públicas: surgem da mesma sociedade; por exemplo, a ordem pública. Necessidades vitais ou primárias: destas depende a conservação da vida; por exemplo os alimentos. -Segundo sua natureza Necessidades civilizadas ou secundárias: são as que tendem a aumentar o bem-estar do indivíduo e variam no tempo, segundo o meio cultural, econômico e social em que se desenvolvem os indivíduos; por exemplo, o turismo. Esquema 1.1 Tipos de necessidades humanas. -Segundo sua natureza A satisfação de necessidades materiais (alimentos, roupas ou habitação) e não-materiais (educação, lazer, etc.) de uma sociedade obriga seus membros a se ocuparem de determinadas atividades produtivas. Por intermédio dessas atividades, produzem os bens e serviços de que necessitam, e que posteriormente se distribuem para seu consumo entre os membros da sociedade. Nesse processo de produção e consumo, surgem e são solucionados muitos problemas de caráter econômico: problemas nos quais se utilizam diversos mneios para se conseguir uma série de fins ou objetivos. Na produção, por exemplo, a empresa tem de decidir que bens vai produzir e que meios utilizará para produzi-los. No caso de uma empresa que produz automóveis, os gerentes têm de decidir o modelo de automóvel a ser lançado no mercado e irão produzi-lo com uma tecnologia robotizada ou com uma em que se empregue mãode-obra. Em relação ao consumo, as famílias têm de decidir como vão gastar a renda familiar entre os diferentes bens e serviços ofertados para satisfazer suas necessidades. Assim, uma família qualquer, na hora de decidir entre um televisor ou uma máquina de lavar, levará em conta suas necessidades, os preços de ambos os bens das próprias preferências, de forma que o resultado da escolha seja o mais apropriado. 1.1.1 – DEFINIÇÃO DE ECONOMIA A economia estuda a forma pela qual os indivíduos e a sociedade fazem suas escolhas, tomas decisões, para que os recursos disponíveis, sempre escassos, possam satisfazer da melhor maneira possível as necessidades individuais e coletivas da sociedade. A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribui-los para o ocnsumo entre os membros da sociedade. De forma intuitiva, pode-se dizer que a economia se preoculpa com a maneira como os indivíduos “economizam” seus recursos, isto é, como empregam sua renda de forma cuidadosa e sábia, de modo a obter o maior aproveitamento possível. Do ponto de vista da sociedade, em seu conjunto, a economia trata de como os indivíduos alcançam o nível de bem-estar material mais alto possível a partir dos recursos disponíveis. A economia somente se preocupa com as necessidades que são satisfeitas, os bens econômicos, ou seja, por elementos naturais escassos ou por produtos elaborados pelo homem. 1.1.2 – A MICRO E A MACROECONOMIA A microeconomia ocupa-se da análise do comportamento das unidads econômicas, como as famílias, ou consumidores, e as empresas. Estuda também os mercados em que operam os demandantes e ofertantes de bens e serviços. A perspectiva microeconômica considera a atuação das diferentes utilidades econômicas como se fossem unidades individuais. Assim, quando explicamos o aumento do preço do petróleo como conseqüência de aumento na demanda de energia, estamos fazendo uma colocação tipicamente microeconômica. A microeconomia é aquela parte da teoria econômica que estuda o comportamento das unidades, tais como os consumidores, as indústrias e empresas, e suas inter-relações. A macroeconomia, pelo contrário, ocupa-se do comportamento global do sistema econômico refletido em um número reduzido de variáveis, como o produto total de uma economia, o emprego, o investimento, o consumo, o nível geral de preço, etc. Se o Ministério da Fazenda, por exemplo, anuncia que a inflação caiu 2% em relação ao mês anterior e que o número de empregos aumentou, está destacando o que, em sua opinião, são os aspectos mais significativos da evolução global da economia. A macroeconomia estuda o funcionamento da economia em seu conjunto. Seu propósito é obter uma visão simplificada da economia que, porém, ao mesmo tempo, permita conhecer e atuar sobre o nível da atividade econômica de um determinado país ou de um conjunto de países. De qualquer forma, deve-se ressaltar que a microeconomia e a macroeconomia são dois ramos da mesma disciplina, a economia, e como tais se ocupam das mesmas questões, ainda que se fixem em aspectos distintos. 1.2 – O PROBLEMA ECONÔMICO: A ESCASSEZ O problema econômico por excelência é a escassez. Surge porque as necessidades humanas são virtualmente ilimitadas, e os recursos econômicos, limitados, incluindo também os bens. Esse não é um problema tecnológico, e sim de disparidade entre os desejos dos seres humanos e os meios disponíveis para satisfaze-los. A escassez é um conceito relativo, pois existe o desejo de adquirir uma quantidade e serviços maior que a disponibilidade. Existem países em que a população possui níveis de vida mais elevados do que em outros. Nesses países, há alimentos e bens materiais abundantes, enquanto em alguns países atrasados existem milhões de pessoas vivendo na mais absoluta pobreza, na qual muitos chegam a morrer de fome. Tendo em contas essa situação, parece estranho a economia abordar a escassez como um problema universal, isto é, como um problema que afeta as sociedades. Isso se deve em razão de a economia considerar o problema como de escassez relativa, uma vez que os bens e serviços são escassos em relação ao desejo dos indivíduos. 1.3 – AS NECESSIDADES, OS BENS ECONOMICOS E OS SERVIÇOS O conceito de necessidade humana, isto é, a sensação de carência de algo junto ao desejo de satisfaze-la é, como colocado no esquema 1.1, algo relativo, pois os desejos dos indivíduos não são fixos. O ditado popular “quanto mais se tem, mais se quer” parece refletir fielmente a atitude dos indivíduos em relação aos bens materiais. Assim, pois, o fato real que enfrenta a economia é que em todas as sociedades, tanto nas ricas como nas pobres, os desejos dos indivíduos não podem ser completamente satisfeitos. Nesse sentidos, bens escassos são aqueles que nunca se tem em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos indivíduos (esquema 1.2). Os bens econômicos caracterizam-se pela utilidade, pela escassez e por serem transferíveis. Os bens livres – como, por exemplo, o ar – são aqueles cuja quantidade é suficiente para satisfazer a todo o mundo. Quando buscam satisfazer suas necessidades, as pessoas procuram, normalmente fixar suas preferências. Assim, os primeiros bens desejados são os que satisfazem as necessidades básicas ou primárias, como a alimentação, o vestuário e a saúde. Satisfeitas as necessidades primárias, os indivíduos passam a satisfazer outras mais refinadas, como o turismo, ou buscam melhor qualidade dos bens que satisfazem suas necessidades primárias, como uma habitação melhor, roupas de determinada marca, etc. Por isso, pode-se dizer que as necessidades são ilimitadas ou, de outra forma, que sempre existirão necessidades que os indivíduos não poderão satisfazer, ainda que seja somente pelo fato de os desejos tornarem-se “refinados”. Bem: é tudo aquilo que satisfaz direta ou indiretamente os desejos e necessidades dos seres humanos. Tipos de bens: - Segundo seu caráter Livres: são ilimitados em quantidade ou muito abundantes e não são apropriáveis. Econômicos: são escassos em quantidade, dada sua procura, e apropriáveis. É o objeto de estudo da economia. - Segundo sua natureza: De capital: não atendem diretamente às necessidades. De consumo: destinam-se à satisfação direta de necessidades: -Duradouros: permitem uso prolongado -Não-duradouros: acabam com o tempo. - Segundo sua função: Intermediários: devem sofrer novas transformações antes de se converterem em bens de consumo ou de capital. Finais: já sofreram as transformações necessárias para seu uso ou consumo. Esquema 1.2 Tipos de bens. 1.3.1 – TIPOS DE ECONÔMICOS Além de econômicos e livres, os bens e serviços classificam-se em bens de consumo, quando se destinam à satisfação direta de necessidades humanas, e em bens de capital. Dentro de bens de consumo, pode-se falar em bens de consumo duráveis, que permitem uso prolongado, como, por exemplo, um eletrodoméstico, e bens de consumo nãoduráveis ou perecíveis, como os alimentos perecíveis. Por outro lado, os bens podem ser intermediários (o cimento é um exemplo), pois sofrem novas transformações antes de se converterem em bens de consumo ou de capital; ou bens finais, isto é, os que já sofreram essas transformações. A soma total de bens e serviços finais gerados em um período denomina-se produto total. Os bens podem ainda se classificar em privados e públicos. Bens privados são os produzidos e possuídos privadamente. Bens públicos ou coletivos são aqueles cujo consumo é feito simultaneamente por vários sujeitos, por exemplo, um parque público. 1.3.2 – OS SERVIÇOS O trabalho, quando não destinado à criação de bens, isto é, de objetos materiais, tal como o realizado por um agricultor ou um pedreiro, visa à produção de serviços. O trabalho de serviços pode estar relacionado com a distribuição de produtos, como o realizado por um agente de vendas ou um transportador; com atividades que satisfazem as necessidades culturais, como as realizadas por um professor ou um artista de cinema, um escritor ou um cantor; ou com outros tipos de atividades, tais como os serviços oferecidos por um barco ou uma companhia de seguros. Todas essas atividades constituem o que se denominam serviços. Os serviços são aquelas atividades que, sem criar objetos materiais, se destinam direta ou indiretamente a satisfazer necessidades humanas. 1.4 – RECURSOS OU FATORES DE PRODUÇÃO Para a satisfação das necessidades humanas é necessário produzir bens e serviços. Para isso, exige-se o emprego de recursos produtivos e de bens elaborados. Os recursos são os fatores ou elementos básicos utilizados na produção de bens e serviços. São denominados fatores de produção. Tradicionalmente, esses fatores se dividem em três grandes categorias: terra, tabalho e capital. a) Na economia, o termo terra é usado em sentido amplo, indicando não só a terra cultivável e urbana, mas também os recursos naturais que contém, como, por exemplo, os minerais; b) O fator trabalho refere-se às faculdades físicas e intelectuais dos seres humanos que intervêm no processo produtivo. No esquema 1.3, destacamos alguns pontos sobre o fator de produção trabalho e população. O trabalho é o fator de produção básico. Os trabalhadores se servem das matérias-primas obtidas na natureza. Com a ajuda da maquinaria necessária, transformam-nas até converte-las em matérias básicas, aptas a outros processos ou bens de consumo. c) O capital compreende as edificações, as fábricas, a maquinaria e os equipamentos, a existência de meios elaborados e demais meios utilizados no processo produtivo. Recebem essa denominação porque, nas economias capitalistas, o capital geralmente é de propriedade privada e especialmente dos “capitalistas”. A população é um conjunto de seres hmanos que vivem em área determinada. O fator produtivo trabalho é a parte da população que desenvolve as tarefas produtivas. - População: - População ativa: a que intervém no processo produtivo: - Empregados: - Empregados no sentido estrito: têm um trabalho remunerado ainda que estejam afastados por doença. - Empregados ativos marginais: fazem trabalhos periódicos. - Desempregados: reúnem as condições de idade e capacidade física e mental para trabalhar, mas não trabalham. População inativa: a que somente consome (aposentados, estudantes, donas de casa, pessoas que não trabalham e não procuram emprego, incapacitados para trabalhar. Esquema 1.3 Trabalho e população. OS BENS DE CAPITAL Enquanto os bens de consumo se orientam para a satisfação direta das necessidades humanas, os bens de capital, ou bens de investimento, não estão concebidos para satisfazer diretamente às necessidades humanas, mas para serem utilizados na produção de outros bens. Se dedicarmos certa quantidade de recursos para produzir bens de capital, eles nos satisfarão necessidades no futuro, quando forem utilizados na produção de bens de consumo. O capital empregado na produção pode dividir-se em capital fixo e capital circulante (esquema 1.4). O capital circulante consiste nos bens em processo de preparação para o consumo, basicamente matérias-primas e estoques de armazém. O capital fixo consiste em instrumentos de toda a espécie, incluindo os edifícios, maquinaria e equipamentos. - Tipos de capital: - Capital físico ou real: - Capital fixo: consiste em todo tipo de instrumentos empregados na produção, como edifícios e maquinaria. Dura vários ciclos de produção. - Capital circulante: consiste nos bens em processo de preparação para o consumo, basicamente matérias-primas e estoques. - Capital humano: educação, formação profissional e experiência, em geral, tudo o que eleva a capacidade produtiva dos seres humanos. - Capital financeiro: fundos disponíveis para a compra de capital físico ou ativos financeiros. Esquema 1.4 Tipos de capital. Em economia, a menos que se determine o contrário, o ter;mo “capital” significa capital físico, isto é, máquinas e edifícios, e não capital financeiro. Uma carteira de ações não constitui um recurso produtor de bens e serviços, e não é capital no sentido econômico. De forma similar, ao falarmos de investimento em economia, falamos de investimento real, isto é, da acumulação de máquinas e edifícios e não da compra de bens financeiros. Quando, por exemplo, se realiza a compra de ações já emitidas, não acontece um investimento real, pois ocorre somente uma mudança de prioridade das ditas ações (ver item 2.2.2). Do mesmo modo, em economia é necessário distinguir capital físico, ao qual nos referimos anteriormente, de capital humano, entendendo por este último a educação e a formação profissional supõem investimentos em capital, já que durante o período de aprendizagem e estudo existe um elemento implícito de espera. Esses gastos contribuem para incrementar a capacidade produtiva da economia, pois um trabalhador formado e educado (capacitado) geralmente é mais produtivo que um não-capacitado. 1.5 – A NECESSIDADE DE ESCOLHA E O CUSTO DE OPORTUNIDADE Na vida somos forçados a escolher continuamente. Quando optamos por algo, temos de renunciar a outras coisas. Como os recursos disponíveis são escassos, somente se pode satisfazer uma necessidade se deixarmos de satisfazer outra. Não há recursos materiais suficientes, trabalho e nem capital para produzir tudo o que as pessoas desejam. Por isso, é necessário escolher entre as diferentes opções que se apresentam. Esse problema é enfrentado pelos governos, famílias e empresas. Assim, por exemplo, os governos têm de decidir entre construir mais colégios ou comprar mais helicópteros para a polícia (Quadro 1.1). As famílias devem escolher entre comprar brinquedos para seus filhos ou gastar seus recursos em uma nova lavadora (Quadro 1.2). Do mesmo modo, as fábricas de brinquedos devem decidir entre gastar mais recursos em publicidade ou investir para renovar a maquinaria da fábrica. Quando decidem gastar ou produzir, governos, empresas ou famílias estão renunciando a outras possibilidades. A opção que se deve abandonar para poder produzir ou obter outra coisa se associa, em economia, ao conceito de custo de oprotunidade. O custo de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou serviços a que se deve renunciar para obtê-lo. Quadro 1.1 As decisões econômicas Custo de oportunidade desde a perspectivla do gasto, tanto para um indivíduo como para um Estado, fica claro nas alternativas que aparecem. O que se pode comprar com R$ 10,00* O que se pode comprar com R$ 10 milhões 10 refrigerantes 12 bibliotecas públicas 10 passes de ônibus 02 parques infantis 02 revistas 08 helicópteros para a polícia 03 hamburgueres 05 colégios 01 camiseta (*) Dados aproximados, de acordo com os preços de março de 2001. Quadro 1.2 Orçamento da família Silva. No caso da família Silva, o conceito de custo de oportunidade se manifesta assim: quando se destina parte dos gastos a determinado bem, não se pode canaliza-la em outros bens. Gastos R$ Alimentação Transporte Roupas Lazer e cultura Outros Total 1.200 300 250 300 220 2.270 Assim, suponhamos que os fatores (de produção) utilizados para se extrair uma tonelada de ferro poderiam ser empregados para cultivar dez alqueires de milho. O custo de oportunidade de uma tonelada de ferro é, pois, os dez alqueires de milho que poderiam ser produzidos. Ao extrair o ferro, perde-se a oportunidade de obter milho. Capítulo 2 2 – OS AGENTES ECONÔMICOS Os agentes econômicos - as famílias, as empresas e o setor público – são os responsáveis pela atividade econômica. Em relação ao seu comportamento, supõe-se que são coerentes quando tomam decisões. 2.1 – A ATIVIDADE ECONÔMICA E OS AGENTES ECONÔMICOS A atividade econômica concretiza-se na produção de ampla gama de bens e serviços, cujo destino último é a satisfação das necessidades humanas. Os homens, mediante sua capacidade de trabalho, são os organizadores e executores da produção. As atividades produtivas numa sociedade contemporânea realizam-se por meio de numerosas unidades de produção ou empresas, cada uma das quais emprega trabalho, capital e recursos naturais, procurando obter bens e serviços. Por meio das unidades de produção se faz possível o fenômeno da divisão do trabalho. A organização dos fatores produtivos (terra, trabalho e capital) dentro das empresas, assim como a direção de suas atividades, recaem sobre pessoas ou grupos de caráter privado ou público. Na economia, os diversos papéis que desempenham os agentes econômicos, isto é, as famílias ou unidades familiares, as empresas e o setor público, podem ser agrupados em três grandes setores (Esquema 2.1). O setor primário abrange as atividades que se realizam próximas às bases dos recursos naturais, isto é, as atividades agrícolas, pesqueiras, pecuárias e extrativas. O setor secundário inclui as atividades industriais, mediante as quais são transformados os bens. O setor terciário ou de serviços reúne as atividades direcionadas a satisfazer necessidades de serviços produtivos que não se transformam em algo material. Setores Econômicos: - Primário: agricultura, pesca e mineração - Secundário: indústria e construção - Terciário: serviços, comércio, transporte, bancos, etc. Esquema 2.1 Os setores econômicos 2.2 AS EMPRESAS Nas sociedades modernas, as empresas produzem e oferecem praticamente a totalidade dos bens e serviços, como o pão, os automóveis, os sapatos, as agências de turismo, etc. A empresa é a unidade de produção básica. Contrata trabalho e compra fatores com o fim de fazer e vender bens e serviços. Nas sociedades primitivas, contudo, a produção era individual e artesanal. Hoje, as empresas são as maiores responsáveis pela produção, já que só elas são capazes de obter as vantagens da produção em massa. Somente as empresas podem reunir grandes quantidades de recursos financeiros e físicos necessários para construir as instalações e os equipamentos que a atualidade exige. Além disso, somente as empresas têm capacidade de organizar os complexos processos de produção e distribuição exigidos pelas sociedades modernas. Assim, or exemplo, para produzir automóveis de maneira eficiente o tamanho da fábrica deveria ser tal eu pudesse produzir um mínimo de 250.000 automóveis ao ano. 2.2.1 – TIPOS DE EMPRESAS SEGUNDO SUA NATUREZA JURÍDICA O esquema 2.2 apresenta os diferentes tipos de empresas segundo sua natureza jurídica. Os dois tipos mais representativos são analisados a seguir. - Individual: trata-se de empresas que pertencem a um só indivíduo e são dirigidas por ele. - Social : a propriedade não corresponde a um só indivíduo - Limitada: o capital social deve estar totalmente desembolsado em um movimento de constituir a sociedade. O capital está dividido em partes iguais, chamadas cotas. Nestas empresas os sócios não respondem pessoalmente a dados sociais, somente com o capital aplicado. - Sociedades Anônimas ou S.A ‘s somente se pode ser sócio investindo dinheiro. O capital está dividido entre os acionistas. A responsabilidade dos sócios se limita ao capital aplicado. As ações são eventualmente negociadas na bolsa. - Cooperativas as sociedades cooperativas são associações criadas para satisfazer as necessidades comuns dos associados que compartilham de iguais riscos e benefícios. Esquema 2.2 Tipos de empresas segundo as natureza jurídica. A EMPRESA INDIVIDUAL A empresa individual é de propriedade individual e é a forma mais simples de se estabelecer um negócio. Esse tipo de empresa pertence a um indivíduo e é dirigida por ele. Uma banca de jornal ou um borracheiro seriam exemplos típicos. A SOCIEDADE ANÔNIMA Sociedade anônima ou simplesmente S.A é a forma de organização empresarial mais comum. Em uma sociedade anônima, o capital está dividido em pequenas partes iguais, chamadas ações, que servem para facilitar a união de grandes capitais. Cada sócio acionista tem uma responsabilidade limitada, respondendo apenas pela sua parte do capital. Ele não se responsabiliza pelas dívidas sociais da empresa. Ao limitar as responsabilidades dos proprietários,a sociedade proporciona menor proteção legal aos credores, a quem ele deve dinheiro. Nas sociedades anônimas, especialmente nas grandes empresas, existe uma clara separação entre a propriedade – que é dos acionistas – e a direção – que é exercida pelo Conselho Administrativo. É esta que geralmente contrata técnicos especializados para as diversas áreas da empresa. A forma de organização empresarial mais comum é a sociedade anônima. O capital da S.A está dividido em ações. 2.2.2 – O FINANCIAMENTO DA EMPRESA As sociedades podem conseguir fundos para seu crescimento do mesmo modo que os proprietários individuais, isto é, obtendo empréstimos ou créditos de instituições financeiras ou reinvestindo os lucros, isto é, autofinanciando-se (esquema 2.3). O financiamento pode ser diferenciado entre crédito e empréstimo. No caso do empréstimo, a empresa recebe de imediato o total do financiamento concedido, apesar de em alguns casos haver descontos dos juros. Ao contrário, a empresa que recebe um crédito retira, dentro do limite máximo combinado, o capital necessário, podendo realizar várias retiradas e pagamentos, de maneira que somente pague os juros relativos ao capital utilizado. A forma típica de instrumentar os créditos é por meio de títulos. - Autofinanciamento: recursos financeiros gerados pela própria empresa. - Financiamento externo: empréstimos, créditos e obrigações (para grande volume de dinheiro). Esquema 2.3 O financiamento da empresa. Excluindo o crédito e o financiamento, as sociedades anônimas podem também emitir ações e obrigações. Quando uma sociedade “vende” participações em forma de ações, potencialmente aceita um novo sócio, já que cada ação representa uma fração da propriedade e da sociedade. As ações conferem direitos políticos – o principal destes é votar nas assembléias-gerais dos acionistas – e econômicos. O principal direito econômico é o de participar na repartição dos lucros (dividendos), caso se produzam. Por isso as ações são títulos de renda variável e integram o que se denomina o capital de risco, pois sofrem, conforme o caso, as perdas ou as reduções de lucros. O outro direito econômico é o de participar em todo o patrimônio da empresa, que não pode ser utilizado até sua liquidação, pois origina o direito preferencial ao subscrever a emissão de novas ações. Alternativamente, a empresa pode obter fundos mediante a venda de bônus e obrigações, com os quais não se aumentará o número de novos acionistas. Uma obrigação representa uma dívida para a empresa, pois de fato é uma parte proporcional de um empréstimo ou um empréstimo concedido à empresa emissora e supõe para esta uma obrigação legal expressa de pagar juros periódicos e de devolver o valor da emissão principal ao portador, quando acontecer o vencimento. Uma obrigação muito comum emitida pelas empresas brasileiras são as debêntures. Outra forma de obrigação é o Commercial Paper, que está crescendo de importância no Brasil. 2.3 AS FAMÍLIAS OU UNIDADES FAMILIARES Os diferentes agentes econômicos (esquema 2.4) podem ser divididos em privados e públicos. Os agentes privados básicos são as famílias e as empresas. - Tipos de agentes econômicos: - Setor privado: famílias (unidades familiares) e empresas. - Setor público. Esquema 2.4 Os agentes econômicos As funções das famílias consistem em, por um lado, consumir bens e serviços; por outro, oferecer seus recursos, isto é, trabalho e capital às empresas. Entretanto, as famílias que pretendem maximizar a satisfação obtida no consumo são limitadas pelo orçamento de que dispõem. As famílias ou unidades familiares consomem bens e serviços, e oferecem seus recursos – fundamentalmente trabalho e capital – às empresas. Comportamento similar ao das famílias é o dos indivíduos, grupos esportivos, culturais, associações beneficentes e religiosas, etc. A atividade econômica desses grupos atrai sujeitos com intenção mercantil ou empresarial. 2.4 – O SETOR PÚBLICO Entende-se por setor público mais do que somente o Estado-Nação das organizações políticas atuais. Os órgãos e administrações públicas que compõem o setor público têm ao menos três níveis de governo (esquema 2.5). Setor público privado Setor Público Administração Pública Empresas estatais Financeiras Não-financeiras Unidades Territoriais Estados Municípios Territórios Previdência social Sistema de previdência social; Outras administrações Administração central Autarquias Estados Esquema 2.5 Estrutura do setor público brasileiro a) – As administrações locais: as prefeituras. b) – As administrações estaduais. c) – A administração central, isto é, governo da União, ministérios e demais organismos de caráter nacional. Feita essa descrição, a partir de agora, para abreviar, os sujeitos públicos serão denominados indistintamente de Estado ou setor público. 2.5 – O DESENVOLVIMENTO DO SETOR PÚBLICO Em qualquer sociedade moderna, seja qual for sua configuração política, o setor público realiza funções econômicas de fundamental importância. Até o início do século XX, era freqüente afirmar que o governo deveria cuidar fundamentalmente da segurança e defesa dos cidadãos e de seus direitos de propriedade. Ainda, deveria garantir as condições para que as atividades puramente econômicas se desenvolvessem sem obstáculos. Em síntese, acreditava-se que a função do Estado consistia no estabelecimento de uma marco jurídico-institucional, sendo porém os indivíduos e grupos privados os verdadeiros responsáveis pela atividade econômica do sistema. Ao longo do século XX, as funções públicas ampliaram-se e diversificaram-se em setores como saúde, educação, transportes, etc. O Estado deixou de ser mero guardião do bom desenvolvimento da atividade econômica para se converter em um verdadeiro agente econômico. Com freqüência, o setor público atua como empresário e oferece certos bens, os bens públicos. Bens públicos são bens proporcionados a todas as pessoas a um custo que não é maior que o necessário para fornecimento a uma só pessoa. Um exemplo típico de bem público são os serviços de defesa nacional. Esses serviços não podem ser oferecidos por empresas privadas; portanto, devem ser providos pelo Estado. O setor público, ainda, coordena e regula o mercado e, às vezes, estabelece a política econômica, tentando alcançar objetivos gerais, tais como: crescimento estável do produto nacional; pleno aproveitamento dos recursos e eficiente alocação dos mesmos; estabilidade dos preços; e distribuição de renda justa. O setor público estabelece um marco jurídico-institucional no qual se desenvolve a atividade econômica. É responsável também pelo estabelecimento da política econômica.