1 VALOR DO ELETROCARDIOGRAMA NO DIAGNÓSTICO CARDIOLÓGICO NO SÉCULO XXI Andrés Ricardo Pérez Riera & Edgardo Schapachnik Contatos Rua Sebastião Afonso, 885 CEP: 04417-100 – Jardim Miriam – São Paulo, Brasil Tel: (011) 5621-2390 – Fax: 011 5625-7278.E-mail: [email protected] O ECG é um dos três pilares básicos do diagnóstico cardiológico moderno: 1) Clínica, (Anamnese e exame físico); 2) ECG e 3) Ecocardiograma. Para a interpretação correta do ECG devemos ter informações de vários parâmetros da normalidade como idade, sexo, raça, biótipo e estado nutricional (massa corporal). Também é importante conhecer a eventual presença certos estados patológicos que ocasionem deformidades torácicas como o pectus escavatum, a síndrome das costas retas, mastectomia ou mamas volumosas e o do emprego de certas drogas com potencial de modificar o ECG como digoxina antiarrítimicos, antidepressivos tricíclicos, etc. Estes fatos devem ser anotados para a interpretação adequada. Em relação a outros exames complementares utilizados possui vantagens do baixo custo, ser não invasivo, permitir estudos seriados de fácil reprodução, ser independente da experiência do observador e da qualidade do equipamento. Insubstituível pela sua especificidade diagnóstica na caracterização das arritmias cardíacas onde é considerado padrão ouro. Igualmente incomparável no diagnóstico dos diversos quadros de isquemia miocárdica aguda para determinar a extensão e severidade da mesma assim como de grande utilidade nas modificações estruturais do miocárdio, o 1 2 efeito de drogas, nos distúrbios eletrolíticos doenças endócrino-metabólicas e em muitas doenças genéticas com ou sem cardiopatia estrutural1. 1) O valor do ECG nas arritmias (1A) Supraventriculares Além de permitir diferenciar em forma precisa todas as numerosas arritmias originadas nos átrios, possui especial valor nas síndromes de pré-excitação ventricular onde: 1) Pode identificar a origem e localização do feixe acessório e até determinar o circuito de eventuais taquiarritmias reentrantes permitindo o melhor tratamento definitivo pela radiofreqüência pela polaridade da onda delta e outros critérios determinados por diversos algoritmos2. Assim fora empregado a polaridade da onda delta, o SÂQRS no plano frontal e o padrão da transição da onda R nas precordiais3 e outros algoritmos4-5. Outros autores utilizam a orientação da onda delta e o complexo QRS nas precordiais direitas e no plano frontal com a presença ou ausência de SVE ou SVD6. Outros autores preconizam o mapeamento endocárdico na localização tricúspide e mitral (via seio coronário) durante o evento taquicárdico reentrante AV reciprocicante7. O ECG de 12 derivações é de grande valia para a localização da via anômala o WPW tipo A está quase invariablemente associado com via anômala no lado esquerdo e o tipo B pode ocorrer com qualquer localização desta via. (A polaridade da onda delta é o mais importante) para a localização da via anômala assim como a polaridade do complexo QRS na derivação V18. Rodrigues e col utilizando o ECG de 12 derivações determinaram as características do ECG quando a via acessória encontra-se na região médio septal, ântero-septal, póstero-septal e na parede livre do VD confirmado pela cirurgia ou a radiofreqüência. 2 3 Este estudo analisou o SÂQRS no PF; o eixo elétrico da onda delta no PF; o ângulo entre o QRS e a onda delta; a relação R/S na derivação DII, a negatividade da onda delta nas derivações inferiores e a relação R/S nas precordiais9. d' Avila et al10 analisando a polaridade do complexo QRS em cinco derivações teve um índice de concordância com a ablação de 92%. 2) Permite caracterizar o tipo de pré-excitação: 1) Pré-excitação clássica e Woff-Parkinson-White (WPW): São aqueles casos de pré-excitação ventricular nos quais existe um ou mais feixes acessórios em paralelo com a via normal nodo-hisiana, condicionantes da ativação precoce de uma parte da massa ventricular responsável pelo encurtamento do PR(<120ms), e o estimulo percorrendo mais lentamente o músculo banal ocasiona um alargamento inicial do QRS (onda delta) sendo a porção restante da despolarização ventricular resultante da fusão de dois frentes de onda: a procedente da via em paralelo e aquela da via normal (complexo de fusão). Como conseqüência da ativação ventricular aberrante, surgem alterações secundárias da repolarização ventricular. Reserva-se o termo de "padrão WPW" quando a circunstância descrita não está associada a taquiarritmias paroxísticas. 2) Pré-excitação aurículo-hisiana (intervalo PR curto (<120ms) associado a QRS de duração normal (sem onda delta.) Quando a pré-excitação aurículo-hisiana associa-se a surtos de taquiarritmias paroxísticas consideramos estar perante a síndrome e Long Ganong Levine). 3) Tipo Mahaim: Nestes casos existem vias acessórias (feixes anômalos) que partindo ora do Nó A-V ora do feixe de His ou seus ramos ou até desde a musculatura atrial terminam no miocárdio contrátil ventricular (CONEXÕES) ou se inserem nas fibras do tecido específico de condução (TRATOS) 3 4 particularmente no ramo direito do feixe de His. As fibras que se originam no sistema de condução após o nó A-V de condução lenta apresentam no ECG de superfície PR de duração normal e se terminam no músculo banal septal direito (conexões nó-ventriculares e fascículo-ventriculares) por ativar inicialmente em forma lenta o VD (onda DELTA) o padrão do QRS lembra o BCRE. Resumindo: Pré-excitação clássica e Woff-Parkinson-White (WPW): intervalo PR curto, QRS alargado (= ou > 100ms) e alterações secundárias da repolarização; Pré-excitação aurículo-hisiana: intervalo PR curto, QRS de duração normal; Pré-excitação Mahaim: intervalo PR normal e QRS que lembra BRE. 3) Permite em caso de surtos de taquicardia paroxística supraventricular (TPSV) presente em 40 a 80% dos casos na presença de pré-excitação o ECG determinar o tipo de circuito macro-reentrada utilizado: 1) Quando emprega como circuito em forma anterógrada o sistema His-Purkinje e retrogradamente o sistema em paralelo: TPSV com QRS estreito. (80% dos casos) ou; 2) Se o circuito processa-se em forma inversa, isto é, usando o sistema em paralelo em forma anterógrada e o His-Purkinje em forma retrógrada: TPSV com QRS largo.(20% dos casos). Observação: O ECG permite a localização do final atrial da via acessória analisando a polaridade da onda de P durante a taquicardia ortodrómica. Quando apenas um 4 5 caminho acessório está presente, o extremo atrial e ventricular devem estar localizados muito próximos (conhecido como “match”). Quando não estão na mesma área do anel AV (“a mismatch”) mais de um caminho acessório está presente11. 4) Permite observar os fatores que aumentam o grau de pré-excitação alargando o QRS e fatores que diminuem a mesma encurtando-o (efeito concertina ou fenômeno do acordeão de Oehnell). Alternância de um progressivo encurtamento do PR e concomitante alargamento do QRS e vice-versa em batimentos sucessivos. Obedece a uma progressiva maior ou menor percentagem de ativação ventricular pela via anômala em relação à via normal, traduzindo-se num complexo QRS com maior ou menor grau de fusão. O fenômeno ocorre e por variações na quantidade de músculo ventricular ativado precocemente pela via anormal em paralelo. As variações do tono vagal, aumentando ou diminuindo período refratário do nó A-V podem manifestar o efeito concertina alargando ou encurtando a duração do QRS. São circunstâncias que limitam a capacidade do ECG para predizer a localização do feixe anômala associação com outras cardiopatias estruturais que distorcem o QRS; presença de áreas eletricamente inativas, a existência de feixes múltiplos (4 a 15% dos WPW.); graus de fusão variáveis, onda delta superposta ao fim da onda P, mudanças da polaridade da onda delta; feixe anômalo de localização subendocárdica (habitual subepicárdica) ou septal profunda; feixe anômalo de condução retrógrada exclusiva e deslocamento do coração dentro do tórax. Ex: ausência de um pulmão. 5) Permite em caso de fibrilação atrial paroxística (FA) a segunda taquiarritmia mais freqüente encontrada no WPW (20 a 35% dos casos) habitualmente de curta duração, com alta taxa de resposta ventricular, (FV de 180bpm ou maior) conduzida aos ventrículos pela via em paralelo pelo que o complexo ventricular resultante é aberrante 5 6 e freqüentemente confundida com taquicardia ventricular (TV), porém, mostrando intermitência com condução normal e tipicamente resistente a digital na tentativa de diminuir a taxa de resposta ventricular. Os elementos eletrocardiográficos para diferenciar a FA da síndrome de WPW da TV são: 1) Irregularidade importante nos intervalos RR: > que 200 ms (1 quadrado grande); 2) Significativa mudança na largura dos QRS: > que 45 ms (1 quadradinho = 40ms); 3) Freqüência ventricular mais elevada: geralmente > que 180 bpm (TV < que 150bpm); 4) Freqüente identificação da onda DELTA em alguns complexos; 5) Freqüente presença de complexos aberrantes, intermediários de fusão e não aberrados num mesmo traçado; 6) Resposta paradóxica a digital (> da freqüência ventricular após sua administração). A digital aumenta o período refratário efetivo da via normal em nível do Nó A-V e diminui o da via anômala podendo ocasionar aumento da taxa de resposta ventricular com risco de FV e morte súbita. A rápida passagem do estímulo dos átrios aos ventrículos sem sofrer o retardo fisiológico da união A-V pode ocasionar chegada de estímulos no período vulnerável ventricular com o conseqüente risco de desencadear fibrilação ventricular e morte súbita. A morte súbita na síndrome de WPW é resultado da seguinte seqüência: freqüência ventricular rápida no curso de uma arritmia supraventricular ------deterioro hemodinâmico------TV------ FV. Portanto a TV nunca é uma arritmia primária na 6 7 síndrome de WPW, e surge sempre com conseqüência de um deterioro hemodinâmico por uma resposta ventricular rápida. Uma via anômala e tanto mais perigosa quanto maior seja sua capacidade de condução anterógrada e por tanto quanto mais curto seja seu período refratário. Sabe-se que existe uma relação direta entre o RR mais curto de uma FA e o período refratário da via anômala. Assim, quanto mais rápida a taxa de resposta ventricular numa FA da síndrome de WPW mais curto será em geral o período refratário da via anômala e mais curta o RR com maior perigo de degenerar em fibrilação ventricular. Consideramos curto um RR quando o menor existente numa FA não atinge os 250ms, e quando o período refratário da via anômala é menor que 270ms. (1B) Ventricular Permite determinar a origem das extra-sístoles pela morfologia tendo em conta o tempo de acoplamento, a largura do QRS do evento. Associação de acoplamentos variáveis (> do que 80ms), períodos interectópicos múltiples e presença de batimentos de fusão são indicativos de parasistolia Esta se manifesta geralmente de forma sustentada sendo causada por um foco de automatismo localizado geralmente nos ventrículos, porém, pode ser atrial ou juncional e com freqüência cardíaca mais baixa que o nó SA. O foco ectópico está protegido de ser despolarizado pela ação do marcapasso normal. Esta proteção explica-se por um bloqueio de entrada unidirecional que impede que o ritmo de base despolarize o foco parassistólico que por sua vez, pode sofrer graus variáveis de bloqueio de saída. Podem ser empregados diversos critérios pelo ECG no agrupamento das extra-sístoles: 1) Pelo seu local de origem 7 8 (1a) Sinusais ou para-sinusais. (1b) Atrias. (1c) Juncionais. (1d) Ventriculares. 2) Pelo seu acoplamento ou ligadura (2a) constante ou fixo. (2b) variável. 3) Pelo momento da ocorrência na diástole (3a) Precoces ou proto-diastólicas: fenômeno R sobre T. (3b) Meso-diastólicas. (3c) Tardias ou tele-diastólicas. 4) Pela pausa pós-extrasistólica. (4a) Com pausa compensadora completa. (4b) Com pausa compensadora incompleta ou não compensadora. (4c) Sem pausa ou ausente (interpolada). 5) Pela freqüência ou ocorrência. (5a) Isoladas. 8 9 (5b) Repetitivas em pares, pareadas, duplas ou acopladas: “couples” (5c) Em grupos: são aquelas que ocorrem com um padrão repetitivo durante o ciclo de base. Podem ser: (5c1) Bigeminadas. (5c2) Trigeminadas. (5c3)Tetrageminadas ou quadrigeminadas. (5c4)Pentageminadas. (5c5) Hexageminadas. Observação: três ou mais se considera surto de taquicardia ventricular (TV). 6) Pela duração do QRS (6a) Estreitas: QRS < 120ms. São benignas e não devem tratar-se. Nascem na porção penetrante do feixe de His, nos ramos ou nas divisões dos ramos: (6a1) Quando nascem da porção penetrante do feixe de His o QRS é normal. (6b1) Quando nascem do ramo direito a morfologia será de BIRE (6c1) Quando nascem do ramo esquerdo a morfologia será de BIRD com grau mínimo de BDASE. (6d1) Quando nascem da bifurcação entre a divisão ântero-superior e póstero-inferior a morfologia será de BIRD. (6e1) Quando nascem da porção inicial da divisão ântero-superiordo ramo esquerdo a morfologia será de BDPIE de grau mínimo. (6f1) Quando nascem da porção inicial da divisão da divisão póstero-inferior: morfologia será de BDASE de grau mínimo e morfologia de BIRD. (6g1) Se nascerem na divisão ântero-superior a morfologia será de BDPIE incompleto e BIRD. 9 10 (6b) Largas: QRS >120ms. Nascem na rede de Purkinje ou no miocárdio ventricular. (6b1) Morfolgia de BCRD: Nasce do VE (6b2) Morfologia de BCRE: Nasce do VD (extra-sístoles dos sujeitos sadios) (6b3) Morfologia de BCRD+BDASE (6b4) Morfologia de BCRD+ BDPIE (6b5) Se nascem da base dos ventrículos se denominam Wolffianas por apresentarem empastamento inicial (Wolffianas) que lembra a pré-excitação, o eixo da extra-sístole está desviado para a direita no PF e os complexos QRS são positivos em todas as precordiais (forças dirigidas para frente) (6b6) Quando nascem da ponta dos ventrículos registra-se complexos do tipo QS em todas as precordiais. Se nascerem da ponta do VD haverá padrão de BRE em V6 e QS ou Rs de V1 a V5. Se nascerem do da ponta do VE terão padrão de BRD em V1 e QS ou rS e V2 a V6. (6b7) Quando nascem do músculo papilares anteriores do VD a morfologia será de BCRE com eixo à direita em torno de + 1000 e forças iniciais empastadas em V1 com voltagem significativa pese a morfologia de BCRE. O ECG é fundamental na caracterização das taquicardias ventriculares (TV) definidas como todo ritmo originado abaixo da bifurcação do feixe de His com pelo menos três batimentos sucessivos e freqüência superior à própria dos focos de automatismo normal do coração e menor do que 270bpm (as TV polimórficas podem chegar a freqüências de 300bpm). O ECG nos permite distinguir as TV monomórficas (TV-M) ou típicas das polimórficas ou atípicas (TV-P). Assim, as primeiras são aquelas que apresentam complexos ventriculares consecutivos (QRS) semelhantes ou de uma mesma morfologia em cada uma das doze derivações no plano frontal e no horizontal com eventual exceção do 10 11 complexo inicial e/ou final. As TV-P são aquelas em que os complexos ventriculares apresentam pelo menos duas morfologias diferentes dentro de um mesmo evento taquiarrítmico, sendo eventualmente necessário à observação das doze derivações porque pode não ser possível detectar o polimorfismo apenas com uma derivação ou na derivação do monitor. Também o ECG nos permite distinguir pela duração as TV não sustentadas (TV-NS) das TV sustentadas (TV-S). As primeiras caracterizadas por mais de três despolarizações ventriculares consecutivas com freqüência acima de 100bpm e com duração menor do que 30 segundos. Será sustentada quando a duração do evento seja maior do que 30 segundos ou quando acarretam sintomas que obrigam a sua mediata interrupção. Finalmente a TV se considerará incessante quando ocorra durante mais de 50% do tempo de registro de 24h, tem caráter paroxístico (inicio e fim abruptos) e freqüência em geral menor do que as supraventriculares. Esta variedade, particularmente se apresenta freqüência elevada pode conduzir a taquicardiomiopatia. Finalmente o ECG nos permite com elevada segurança distinguir a TV da supraventricular com condução aberrante através de diversos algaritmos sendo o mais conhecido o de Brugada12. Este autor e seus colaboradores determinaram que a ausência de complexos QRS de tipo RS em todas as precordiais é específico de TV. Se o complexo RS em uma o mais precordiais possui o intervalo RS > 100ms é altamente específico de TV. 2) O valor do ECG na insuficiência coronária De primeira escolha nos pacientes com dor precordial sugestiva ou suspeita de insuficiência coronária por dar nos informações sobre o tamanho e a área de risco assim como da severidade e tipo de isquemia. 11 12 Nos infartos transmurais possui elevada sensibilidade. Permite com relativa facilidade diagnosticar a angina variante vasoespática pelo exclusivo supradesnivelamento do segmento ST que reverte com o uso sublingual de nitratos diferentemente do infarto de miocárdio. Esta variante de angina está caracterizada por dor que ocorre no repouso com elevação transitória do segmento ST e ocasionada por espasmo coronário com ou sem aterosclerose associada. Na ausência de substrato orgânico o prognóstico é bom porque são mais raros os surtos de taquicardia ventricular/fibrilação ventricular (TV/FV) que conduzem a morte súbita arrítmica13. Não se observa o aumento enzimático típico de IAM ou o aparecimento de onda Q de necrose no ECG (excepcionalmente pode existir onda Q). Em pacientes com espasmo da artéria descendente anterior refere-se inversão transitória freqüente da onda U durante o evento vasospástico por sua vez independente da magnitude da isquemia14. O tratamento requer dose elevada de antagonistas de cálcio, nitratos e antiadesivos plaquetários. Os casos que apresente FV mesmo no uso desta terapia o implante do cardiodesfibrilador automático pode estar indicado. Nos casos que desenvolvem elevado grau de bloqueio AV a indicação recai no implante de marcapasso DDD15-16. A obstrução da artéria coronária descendente anterior antes da primeira perfurante septal pode originar em forma transitória ou intermitente forças anteriores proeminentes no ECG/VCG (ondas R de voltagem aumentada in crescendo de V2 a V4) como resultado de bloqueio divisional ântero-medial do ramo esquerdo do feixe de His (BDAM)17-18-19-20. Nos acreditamos que o aparecimento do BDAM corresponde a uns dos componentes da chamada síndrome de Wellens descrito em 1982 pelo professor Hein JJ WELLENS 12 13 da Universidade de Limburg em Maastricht. Ele descrevera uma síndrome que mais tarde seria conhecida com o epônimo “Wellens Syndrome” indicativa de lesão crítica proximal na artéria descendente anterior21 caracterizado por: 1) Ondas T profundamente invertidas em V1 e V2; 2) Segmento ST sem elevação ou discretamente elevado; 3) Ausência da perda de voltagem da onda R; 4) Enzimas normais ou discretamente elevadas. Em nosso entender não só pode ser observada ausência da perda de voltagem da onda R como acontecer um aumento da voltagem correspondente claramente a isquemia transitória e distúrbio dromótropo secundário na divisão ântero-medial do ramo esquerdo pela artéria descendente anterior. A síndrome quando não identificada e pobremente tratada, conduz rapidamente em 8,5 dias a infarto anterior. Estes pacientes nunca deveriam ir ao teste ergométrico prévio e sim diretamente a cinecoronáriografia. O ECG pode indicar o local da obstrução na árvore coronária. Se for próximal na arteria coronaria descendente anterior antes da primeira rama perfurante septal e da primeira rama diagonal significa que uma parte muito grande do ventrículo esquerdo encontra-se em risco. Os critérios do ECG para diagnosticar o local da obstrução são de grande importância, porque permitem a escolha terapêutica, isto é, se angioplastia percutânea ou a terapia trombolítica além de permitir-nos tomar uma conduta mais invasiva no caso de fracasso da trombólise o se ocorreu re-oclusão. Estes critérios têm sido brilhantemente relatados pelo cardiologista Argentino/israelita Samuel Sclarovsky no livro22. 13 14 Contando os milímetros de desnivelamento (supra ou infradesnivelamento) do segmento ST e tendo como base à linha isoelétrica nas 12 derivações obtem-se uma estimativa do tamanho da área de risco. Quanto maior o desnivelamento do segmento ST maior a área comprometida23. 3) O valor do ECG nos pacientes com síncope e pré-sincope O ECG resulta indispensável na avaliação inicial de pacientes com clínica de síncope e pré-síncope. Ex. Quando secundário a hipersensibilidade do seio carotídeo a realização do ECG durante a massagem do seio pode ocasionar uma pausa longa a qual se atinge 5000 ms constitui-se num sinal altamente sugestivo de síndrome do seio carotídeo. Quando a síncope responde a assim chamada síndrome do nó sinusal doente ou “sick sinus syndrome” condição idiopática ou secundária mais freqüente em idosos onde se observa disfunção habitualmente de grande parte do sistema excito-condutor do coração. A entidade pode ocasionar múltiplas modificações no ECG como bradicardia sinusal, parada sinusal, bloqueio sino-atrial de diversos graus, surtos de fibrilação atrial ou flutter e alternância de bradiarritmias com taquiquiarritmias (síndrome bradi/taqui). Nestes casos a terapêutica recai no marcapasso dupla câmara que melhora os sintomas e diminui a incidência de fibrilação atrial, tromoembolia, insuficiência cardíaca (ICC) e mortalidade24. Quando a síncope é secundária a síndrome do QT longo congênita ou adquirida o ECG se reveste de uma importância impar porque nos permite analisar os intervalos QT e QTc, intervalo JT e JTc, características da onda U, dispersão do QT e outros parâmetros. Quando responde a sídrome de Brugada o ECG é o elemento chave de suspeita. (veja mais adiante). 14 15 4) O valor do ECG na avaliação da sobrecarga de câmaras ventriculares Para o diagnostico de sobrecarga das câmaras ventriculares é de aceitável especificidade e baixa sensibilidade. Assim, na sobrecarga ventricular esquerda (SVE) a sensibilidade estimada encontra-se entre 20 a 60%, Ex. apenas 3% da população geral e 5% dos hipertensos mostram SVE no ECG. Adicionalmente na concomitância de sobrecarga ventricular direita (SVD), áreas eletricamente inativas, distúrbio intraventricular de condução e durante o tratamento com certas drogas que modifiquem a despolarização e/ou repolarização ventricular ambos parâmetros estão comprometidos. Para ventrículo direito a especificidade dos critérios de sobrecarga ventricular direita (SVD) é muito mais elevada que a dos para SVE, porém, a sensibilidade é muita menor25. As alterações do segmento ST e da onda T são as mais freqüentes anormalidades encontradas no ECG, porém, as menos específicas. 5) O valor do ECG nas miocardiopatias. De grande utilidade no diagnóstico de estas entidades. Ex. Na miocardiopatia idiopática dilatada congestiva idiopática eventualmente observase ritmo de fibrilação atrial, (FA), os padrões de sobrecarga atrial esquerda (SAE), sobrecarga bi-atial (SBA), SVE, bloqueio completo do ramo esquerdo (BCRE), e bloqueio divisional ântero-superior esquerdo (BDASE), padrão de pseudo-infarto e 15 16 eventual baixa voltagem dos complexos QRS nas derivações do plano frontal respeitando as precordiais. O alargamento do complexo QRS é um indicador preditivo prognóstico nos pacientes em ICC e a presença de BCRE é um marcador de mau prognóstico em pacientes em ICC independente da idade, severidade da ICC e o tipo de drogas empregadas. Este dado torna racional a indicação de marcapasso ventricular resincronizado multisitio em pacientes com ICC e BCRE26. Também é de significado ominoso a associação de rimo de fibrilação atrial crônica a BCRE27. É elevada presença de arritmias. Na Cardiopatia chagásica crônica: sempre associado ao contexto clínico um ECG com associação de BCRD + BDASE + extra-sístoles ventriculares polimórficas em paciente de média idade ou jovem procedente de área endêmica é fortemente sugestivo da presença da entidade. Cardiomiopatia hipertrófica: SAE (20% a 50%), padrão de pseudo P pulmonale naqueles onde o septo obstrui a via de saída do ventrículo direito (síndrome de Berhaim), SVE padrão sistólico ("strain pattern"), com ondas R proeminentes nas precordiais intermediárias(forças anteriores proeminentes: FAP) por aumento do vetor septal, SVD ou bloqueio divisional ântero-medial do ramo esquerdo (BDAM). Ondas Q profunda e rápida nas derivações esquerda e/ou inferiores e nas formas familiares, em aproximadamente nos 50% dos casos encontramos padrão QS de V1 a V4 (nos casos esporádicos só 15% apresentam este padrão). Na forma apical podem ser observadas as típicas ondas T gigantes negativas entre V2 e V5 acompanhado de critérios de voltagem positivos. 16 17 Displasia arritmogênica do VD: Caracterizada por padrão de BIRD, com duração do QRS levemente aumentado de V1 a V3 (maior do que 110ms) supradesnivelamento do segmento ST tipo “coved” seguida de onda T negativa de V1 a V3 (característicos se presentes em menor de 12 a sem BRD) e a presença das chamadas ondas epsilon. Estas ondas, presentes em 30% dos casos, são resultado de potenciais tardios de baixa voltagem e curta duração, localizados ao final do QRS e inicio do segmento ST (ponto J) observados de V1-V3 e no plano frontal que traduzem demora na ativação do VD. É característica a tendência ao aparecimento de taquicardia ventricular monomórfica (TVM) com morfologia de BCRE e SÂQRS da TV encontra-se normal ou desviado para a direita entre + 900 e + 1200 (QRS tipo "qR" ou "QS" em DI). Nos raros casos com SÂQRS desviado para a esquerda, o foco de origem está no trato de entrada, ápice ou parede inferior do VD. Uma TV com morfologia de BRE e SÂQRS desviado para esquerda quase sempre indica doença cardíaca orgânica subjacente. Os câmbios eletrocardiográficos são fixos. A TVM são freqüentes perante esforços físicos ou estresse. 6) O valor do ECG no diagnóstico nas cardiopatias congênitas: 1) Padrão de BIRD ou BCRD é característico na comunicação interatrial ostium secundum (CIA-OS) presente em 97% dos casos; 2) Padrão de BIRD ou BCRD associado a extremo desvio do SÂQRS tipo BDASE e a sobrecarga bi-ventricular (SBV) é altamente sugestivo da CIA ostium primum (CIA-OP) ou defeito de coxim endocárdico; 17 18 3) A associação de SAD; SVE; BDASE e cianose em criança pequena é fortemente sugestivo de atresia tricúspide; 4) A presença de ondas P gigantes de sobrecarga atrial direita: P “Himaláyicas” e característico contraste com a pequena voltagem dos complexos QRS associado a BRD bizarro de baixa voltagem com onda q inicial na derivação V1 sugere anomalia de Ebstein. Nesta entidade, em 20% dos casos o intervalo PR encontra-se prolongado; 5) Isodifasimo amplo nas precordiais intermediárias de SBV sugere comunicação interventricular (CIV): Sinal de Katz-Wachtel; ) Onda Q > 40ms em criança observada em parede apical ou lateral sugere origem anômala da coronária na artéria pulmonar ou síndrome de White-Bland-Garland. Dificilmente em condições normais observa-se ondas Q em bebês normais em DI e aVL. As ondas Q costumam ser profundas, porém, não largas. 7) Onda P negativa em DI e positiva em aVR associado a ondas Q profundas em DI e aVL e complexos QRS progressivamente menores de V1 a V6 é fortemente sugestivo de dextrocardia verdadeira. 7) O valor do ECG no diagnóstico na detecção de distúrbios eletrolíticos (7A) HIPERPOTASSEMIA: caracterizada por ondas T apiculadas de base estreita: “em tenda no deserto”, intervalo QTc curto, alargamento difuso do complexo QRS e tardio desaparecimento da onda P ( ritmo sinovenricular); 18 19 (7B) HIPOPOTASSEMIA: depressão do segmento ST, achatamento da onda T e onda U proeminente; (7C) HIPERCALCEMIA: encurtamento do intervalo QT as custas do segmento ST; (7D) HIPOCALCEMIA: prolongamento do segmento do ST que ocasiona intervalo QTc longo e alterações da onda T; 8) O valor do ECG no diagnóstico na detecção de efeito de drogas (8A) AÇÃO DIGITÁLICA: aumento do intervalo PR, segmento ST infradesnivelado côncavo para cima “em colher”, encurtamento do QTc e onda U proeminente; (8B) INTOXICAÇÃO DIGITÁLICA: Bigeminismo, bloqueio AV, taquicardia atrial com bloqueio 2:1, dissociação AV, ritmo juncional acelerado ou taquicardia juncional não paroxística e TV bidirecional. (8C) TOXICIDADE POR QUINIDINA: prolongamento do intervalo QTc, onda T entalhada ou bifásica, aumento na voltagem da onda U, e na intoxicação intervalo QRS alargado e deversos graus de bloqueios AV; (8D) EFEITO DE AMIODARONA: Bradicardia sinusal atropino e isoproterenol resistente por diminuir o automatismo sinusal agindo em forma direta sobre as células P automáticas do nódulo, isto é, não mediado por estímulo ou efeito colinérgico por 19 20 afetar a velocidade de ascensão da fase 4. Na administração endovenosa rápida pode ocasionar taquicardia reflexa por queda da pressão arterial. Raramente, pode ocasionar bloqueio sino-atrial ou parada sinusal. Ocasiona prolongamento dos intervalos PR, QRS (pouco significativo e em freqüências elevadas), constante do intervalo QTc por bloqueio dos três tipos de canais retificadores de saída de potássio da fase 3 IKS, IKUR e IK1. Este efeito ocasiona alargamento e entalhe da onda T e aumento na voltagem da onda U( > 1.5mm). As alterações da repolarização ventricular põem-se de manifesto ao quarto dia de iniciado o tratamento e persistem por três semanas após ter sido interrompida as administrações da droga. Mesmo ocasionando constante e significatio prolongamento do inervalo QTc não ocasiona tendência ao aprecimento das temidas torsades de pointes ( TdP) por diminuir a heterogeneidade transmural na espessura da parede ventricular. Mesmo sendo considerada uma droga da classe III, possui efeitos das quatro classes de antiarrítmicos: 1) Como os fármacos da classe IB-like: bloqueia o canal de Na+ em estado inativado e de cinética rápida INa+; 2) Como fármaco da classe II, inibe a estimulação simpática: ação antiadrenérgica; 3) Como fármaco da classe III (principal efeito): bloqueia os três canais retificadores de saída de K+: IKS, IKUR e IK1 e... 4) Como fármaco da classe IV: bloqueia o canal lento de ICa++. (8E) ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS: porlongamento do intervalo QTc, eventual propensão ao aparecimento das TdP e alterações do segmento ST/T. 9) O valor do ECG na hipotermia 20 21 HIPOTERMIA: Neste estado clínico no ECG é freqüente oscilação da linha de base como conseqüência do artefato ocasionado pelo tremor muscular do paciente. Este fato só o encontra na fase inicial (de luta) quando a temperatura corporal encontra-se entre 36 e 320C. Ritmo: sinusal ou FA presente em 50 a 60% das instâncias quando a temperatura é menor que 320C28. Mais raramente pode ser encontrado, flutter atrial, ritmo juncional e até degeneração em FV. Estes eventos aparecem na segunda fase da hipotermia, (de esgotamento) quando a temperatura está entre 27 e 340C. Descreve-se ritmo idioventricular e bloqueio AV total. FC: na fase inicial pode existir taquicardia pela liberação de adrenalina e a seguir bradicardia sinusal presente em 30% dos casos nos pacientes desde a hipotermia em fase de luta. Caracterizada por ser de caráter progressiva com a intensificação da hipotermia29. Não existe correlação linear com a intensidade da queda da temperatura corporal. A bradicardia obedece a diminuição da rampa ascendente da fase quatro nas células P do nó sinusal (diminuição da despolarização diastólica, ritmicidade ou autmatismo) por reflexo vagal aumentado mesmo coexistindo aumento das catecolaminas circulantes. A hipotermia constitui uma das três causas de bradicardia metabólica crônica sendo as outras duas a icterícia obstrutiva (pelo efeito bradicardizante dos sais biliares sobre o nó sinusal) e o mixedema30. Por outra parte o hipotiroidismo é uma das causas da hipotermia metabólicas. Onda P: descreve-se diminuição na voltagem28. Intervalo PRi: tende ao prolongamento a medida que a temperatura corporal diminui31; 21 22 Complexo QRS: diminuição na voltagem e aumento na duração. Esta última pode erroneamente magnificar-se ao considerar, por equívoco, a onda J (veja-se item 7) como sendo pertencente ao QRS simulando um bloqueio de ramo ou distúrbio intraventricular do estímulo. A explicação para o alargamento do QRS está na diminuição do potencial de repouso e conseqüente da velocidade de ascenso da fase 0 e queda no dromotropismo. A onda J “per se”, não possui importância para o aparecimento de fibrilação ventricular (FV), sendo que, o prolongamento na duração do QRS constitui um sinal fidedigno para o aparecimento de FV. Quando hipotermia induzida rapidamente para cirurgia cardíaca ocasiona prolongamento do QRS ocasiona FV na quase totalidade dos pacientes32. Onda J de Osborn: Constitui o elemento eletrocardiográfico mais típico porém não patognomónico. Localizada no ponto onde finaliza o QRS (onda tardia) e inicio do segmento ST (ponto J), e parte do ST por tanto correspondente as fases 1 e 2 do potencial de ação. Hoje se sabe que a onda J obedece a densidade diferente na concentração de canais Ito na espessura do miocárdio ventricular (Fase 1): muito abundantes no subepicárdio e responsáveis pelo proeminente entalhe ou “nochet” em fase 1 e escassos ou ausentes no subendocárdio33. A primeira, nas células rápidas mostra um entalhe conhecido como “nochet” e a segunda uma estabilização ou meseta. A onda J apresenta as seguintes características: a) Polaridade: sempre positiva nas derivações esquerdas V5 e V6. b) Duração: inscrição lenta; c) Voltagem: maior nas esquerdas V5 e V6 e inversamente proporcional à severidade da hipotermia34 quanto menor a temperatura central maior voltagem na onda. 22 23 d) Momento do aparecimento: constante: na última fase da hipotermia, com temperaturas corpóreas inferiores a 250C (fase de esgotamento). Características ondas de Osborn no fim do QRS e início do segmento ST (ponto J) 35. Estas ondas, mesmo típicas não são patognomónicas da hipotermia. 9) O valor do ECG no diagnóstico e caracterização assim chamadas doenças dos canais ou canalopatías. 9A) Síndrome do QT longo herdofamiliares: Variante 1 da SQTL familiar: 1) Onda T de base larga.(“broad-based prolonged T waves” ); 2) Moderada dependência da frequencia cardíaca do intervalo QT Variante 2 da SQTL familiar: 1) Onda T entalhada e de voltagem reducida aplanada.(“T wave with low amplitude and a nochted appearance” ); 2) Moderada dependência da freqüência cardíaca do intervalo QT. 3) KCNH2 na mutação L413P eL559H estão associadas com onda T bífida no ECG. Variante3 da SQTL familiar: 1) Aparecimento tardio da onda T por prolongamento do segmento ST; 2) Significativa dependência da freqüência cardíaca do intervalo QT. (9B) Síndrome de Brugada 23 24 Caracterizada por um padrão eletrocardiográfico constituído de bloqueio de ramo direito (BRD) atípico, distúrbio de condução por este ramo (DCRD) ou bloqueio incompleto de ramo direito (morfologia de BIRD) associado a supradesnivelamento persistente, eventualmente transitório (ou flutuante) do ponto J e segmento ST que pode variar substancialmente no tempo. O ST típico é convexo para cima (“coved type”) e se observa nas derivações precordias V1 a V2 ou V3 correspondentes ao território ânteroseptal. Esta associação eletrocardiográfica (BRD + segmento ST supradesnivelado) constitui a chave para o diagnóstico se tem denominado com sinal de Brugada ( Onda J idiopática). Mais raramente pode ser observada na parede inferior. Existe grande tendência ao aparecimento de taquicardia ventricular polimórfica idiopática muito rápida (TVPI) e/ou FVI com elevada taxa anual de morte cardíaca súbita (MCS)36. 10) O valor do ECG no diagnóstico das cardiopatias oro-valvares: Ex: SAE com P bimodal entalhada com o segundo módulo mais alto que o primeiro e separados por 40ms ou > ou em platô (“P mitrale”) e plus minus em V1 com fase final negativa lenta ou ritmo de fibrilação atrial a qual, forma parte da história natural, associada a desvio do SÂQRS para a direita por SVD sugere estenose mitral reumática (EM). Se associada a estalido de abertura mitral, ruflar diastólico, sopro átrio sistólico (acentuação pré-sistólica), hiperfonese do primeiro ruido com característica honomatopéia "Rufftt ta ta". SVE com onda Q profunda e limpa nas derivações esquerdas, aumento da deflexão intrinsecóide e padrão diastólico de repolarização caracterizado por segmento ST supradesnivelado côncavo para cima seguido de onda T concordante positiva associado a sopro prodiastólico em decrescendo de tonalidade alta ou suave e sopro 24 25 sistólico de ejeção nos focos da base e PA diferencial aumentada sugere insuficiência Aórtica (I. Ao). Critérios de SVE com padrão sistólico de repolarização (stress pattern) associado a sopro sistólico de ejeção, "áspero, rude" com estalido protossistólico de ejeção e hipofonese 2º ruido aórtico (calcificação) sugere estenose aórtica (E. Ao.) 11) O valor do ECG no diagnóstico do enfisema e na embolia pulmonar aguda DPOC/Enfisema: O ECG é um método de grande valor para observar a evolução desta entidade pelas modificações posicionais e estruturais que ocorrem no coração e nas estruturas vizinhas37, P pulmonale: voltagem = ou > que 2,5mm nas derivações 0 inferiores com SÂP a direita de + 75 ( P negativa em aVL) presente no 10 a 15% dos casos. Onda P gótica: aspecto apiculado da onda P nas derivações inferiores sem atingir a voltagem de 2,5mm (presente em mais do 50% dos casos). Nesta entidade o SÂP, SÂQRS e SÂT no plano frontal podem encontrar-se em torno dos +90º, o que pode ocasiona na derivação DI um isodifasismo tipo rs (o afastamento do coração das derivações condicionado pelo enfisema origina um QRS de baixa voltagem) antecedido e seguido de linha isoelétrica: onda P e onda T perpendiculares a DI (sinal de Schamrot). SÂQRS a direita de + 900 no plano frontal (sensibilidade : 8%). O sinal se observa nos casos mais graves38 pseudo-extremo desvio à esquerda nas derivações dos membros, em torno dos -900 com rotação anti-horária. O fenômeno é conhecido com eixo ilusório. É característico o deslocamento da zona de transição para esquerda com persistência 25 26 da patente transicional R/S em V5-V6 por rotação horária do coração no eixo longitudinal: padrão de pseudo-infarto anterior e/ou inferior. Há importante deslocamento das forças finais da alça QRS para trás e a direita com mais de 20% da área localizada no quadrante posterior direito: SVD tipo vetorcardiográfico C ou especial; Embolia pulmonar aguda: O ECG pode ser normal, (15%), porém, as manifestações eletrocardiográficas costumam ser precoces, fugazes, transitórias e sempre conseqüência de um ou mais dos fatores a seguir relacionados: a) Hipertensão pulmonar aguda com sobrecarga sistólica do VD. b) Súbitas mudanças posicionais do coração: 1) rotação horária no seu eixo longitudinal: dextorrotação. 2) verticalização por descenso do diafragma. c) Sobrecarga diastólica do VD. d) Dilatação do AD: extra-sístoles atriais multifocais, fibrilação atrial aguda, flutter atrial, etc. e) Hipoxia e conseqüente isquemia e lesão miocárdica por espasmo coronário com aparecimento de arritmias tais como: diversos graus de bloqueios sino-auricular, ritmo nodal, dissociação A-V, parada sinusal, etc. O padrão eletrocardiográfico característico pode estar traduzido por: taquicardia sinusal ou fibrilação atrial aguda, BCRD + BDASE de instalação súbita, desvio do SÂQRS para direita e intermitente e eventual aparecimento do padrão de Mc Ginn White (S1-Q3-T3). Nas formas massivas, encontra-se em mais de 65% dos casos39. 26 27 Prolongação reversível do intervalo QT (QTc 456-521 ms) e inversão difusa e profunda da onda T, sendo assim, a embolia pulmonar aguda deve ser considerada uma das causas adquiridas de intervalo QT longo40. A embolia pulmonar aguda é uma das causas de supradesnivelamento do segmento ST que pode confundir com o infarto agudo41. As outras causas são: 1) Angina vasoespática de Prinzmetal; 2) Aneurisma de parede anterior; 3) Pericardite aguda; 4) Síndrome de Brugada. Realizando as derivações acessórias do lado direito V4R, V5R e V6R, se observou42: 1) Padrão de “strain pattern” de repolarização em V4R, V5R e V6R, que desaparece dentro de 24 horas; 2) Supradesnivelamento do segmento ST em V4R, V5R e V6R na ausência de alterações do lado esquerdo; 3) Padrão tipo qr ou qs em uma das três derivações antes citadas; 4) A derivação V3R em 90% dos casos mostra padrão rS. 12) O valor do ECG nas doenças do pericárdio: Pericardite aguda: Infradesnivelamento precoce do segmento PR. Este sinal de singular importância deve ser tido em conta para evitar terapia trombolítica43 supradesnivelamento do segmento ST extenso e pouco intenso44. 27 28 Em pacientes que sofreram infarto agudo, tratado com trombolíticos, a incidência de derrame pericárdico é menore conseqüentemente as alterações da repolarização decorrentes45. Onda T profundamente invertida e larga são mais características das chamadas ondas T não coronarianas, observadas em46: 1) Estágios tardios da pericardite; 2) SVE; 3) Miocardite aguda; 4) Síndrome de pré-excitação tipo WPW; 5) Embolia pulmonar aguda; 6) Acidente cérebro vascular; 7) Bloqueio de ramo. 13) O valor do ECG nas injurias agudas cerebrais ex: hemorragia subdural, subaracnoidea, intracerebral e encefalite. Ondas T negativas gigantes pseudo isquêmia subepicárdica (onda T cerebral), prolongamento do intervalo QTc, transitoriedade das alterações citadas. Recentemente Lorsheyd e col demonstraram que em pacientes que sofreram hemorragia subaracnóidea a prolongação do intervalo QTc é mais freqüente de observar em aqueles com maior mortalidade hospitalar por hemorragias mais severas. Adicionalmente, a presença de onda U proeminente mostrou-se mais freqüente nos 28 29 pacientes com comprometimento das artérias comunicante posterior e a cerebral média e o padrão de SVE em aqueles com aneurisma da artéria comunicante anterior47. 14) O valor do ECG no diagnóstico nas endocrinopatías: HIPOTIROIDISMO: Bradicardia, baixa voltagem dos complexos QRS ondas T achatadas ou invertidas. Há referências de síndrome de QT longo adquirido (> ou = 450 ms) no hipotiroidismo primário48. Discreta prolongação do intervalo QTc é relativamente comum em pacientes com hipotireoidismo, porém, sem associar-se a tendência a TV49. HIPERTIROIDISMO: Taquicardia sinusal em especial noturna (100%), fibrilação atrial (presente em 15% a 40% dos casos). Onda P com entalhe: 15% por transtorno de condução intraatrial. Arritmias supraventriculares como surtos de taquicardia paroxística supraventricular. Em idosos, a forma sub clínica de hipotireoidismo associa-se a elevada prevalência de doença arterial coronária e dislipidemia que podem afetar o ECG50. Pacientes com hipotireoidismo freqüentemente possuem neuropatia autonômica com maior nível de tono vagal que afeta a variabilidade do intervalo RR. Com a terapia substitutiva, estas alterações podem melhorar parcialmente51. 15) O valor do ECG no diagnóstico das distrofias musculares MIOPATIA DE DUCHENNE-ERB: Taquicardia sinusal, ondas R de grande voltagem em V1: Forças anteriores proeminentes por perda segmentar da parede dorsal ou dorso- 29 30 lateral, ondas Q profundas e limpas nas derivações esquerdas (DI, aVL, V5 e V6) e nas inferiores, tendência a arritmias supraventriculares e ventriculares e a morte súbita (MS) arrítmica. Há referências de aumento na dispersão do intervalo QT o que contribui para a maior arritmogênese52, porém, as alterações eletrocardiográficas e a presença de potenciais posteriores no ECG-AR não possuem valor prognóstico preditivo de mortalidade nestes pacientes53. Raramente descreve-se supradesnivelamento do segmento ST similar ao observado na fase aguda do infarto miocárdio, atribuído neste caso a apotose54. MIOTONIA DE STEINERT: Alterações na formação e na condução do impulso, tendo sido referido doença do nó sinusal ou síndrome bradi-taquicardica55. BCRD, BDASE, BCRE, tendência arritmias e bloqueios AV de diversos graus que podem conduzir a bloqueio AV total com síncope e morte súbita56; ATAXIA DE FRIEDERICH: A entidade é uma doença genética ocasionada por expansão instável de nucleótidos GAA no gene Frataxin: (FRDA ou X25). Esta alteração genética conduz a degeneração neurológica caracterizada por distúrbio progressivo ao caminhar, disartria, dismetria e alterações na coordenação dos movimentos. O ECG encontra-se alterado em 95% dos casos e a alteração eletrocardiográfica depende da presença ou não da alteração genética. Assim, os pacientes com expansão GAA apresentam alterações eletrocardiográficas em 100% dos casos e aqueles sem a expansão GAA apenas em 25%57. As manifestações mais características do ECG são: ondas R proeminentes em precordiais direitas, SVE, SVD, ondas T invertidas em muitas derivações, tendência a arritmias supraventriculares (FA e Flutter) e ventriculares: TV e MCS. 30 31 Esta entidade pode comumente associar se a cardiomiopatia hipertrófica58. Neste caso, está afetada a troponina T2 (TNNT2) com elevada incidência de MCS59. 16) O valor do ECG no diagnóstico da troca de posicionamento dos eletrodos dos membros ou precordiais e na detecção do efeito dielétrico A) Braços trocados entre si: DI negativo e aVR positivo; B) Eletrodo da perna direita trocada por um dos braços: amplitudes de onda pequena em DII (braço direito) ou DIII (braço esquerdo); C) Troca de eletrodos precordias: alteração da progressão normal da onda R de V 1 a V6. EFEITO DIELÉTRICO: Baixa voltagem do complexo QRS em todo o traçado: < 0,5 mV no PF e < 1,0 mV nas precordiais60. Referências 1) Wellens HJJ, Anton P, Gorgels AP The Electrocardiogram 102 Years After Einthoven. Circulaton 2004; 109: 562-564. 2) Wellens HJJ, Conover MB. The ECG in Emergency Decision-Making. Philadelphia, Pa: W.B. Saunders; 1992. 3) Lindsay BD, Crossen KJ, Cain ME. Concordance of distinguishing electrocardiographic features during sinus rhythm with the location of accessory 31 32 pathways in the Wolff-Parkinson-White syndrome. Am J Cardiol 1987; 59:10931102. 4) Milstein S, Sharma AD, Guiraudon GM, Klein GJ. An algorithm for the electrocardiographic localization of accessory pathways in the Wolff-ParkinsonWhite syndrome. Pacing Clin Electrophysiol 1987;10:555-563. 5) Lemery R, Hammill SC, Wood DL, Danielson GK, Mankin HT, Osborn MJ, Gersh BJ, Holmes DR Jr. Value of the resting 12 lead electrocardiogram and vectorcardiogram for locating the accessory pathway in patients with the WolffParkinson-White syndrome. Br Heart J 1987;58:324-332. 6) Frank R, Chandon E, Deschamps JP, Leclerc JF, Fontaine G. Revision of criteria for locating the accessory pathway by electrocardiogram in Wolff-ParkinsonWhite syndrome. A new algorithm Ann Cardiol Angeiol 1990; 39: 225-231. 7) Szabo TS, Klein GJ, Guiraudon GM, Yee R, Sharma AD. Localization of accessory pathways in the Wolff-Parkinson-White syndrome. Pacing Clin Electrophysiol 1989; 12:1691-1705. 8) Yuan S, Iwa T, Tsubota M, Bando H. Comparative study of eight sets of ECG criteria for the localization of the accessory pathway in Wolff-Parkinson-White syndrome. J Electrocardiol 1992;25:203-214. 9) Rodriguez LM, Smeets JL, de Chillou C, Metzger J, Schlapfer J, Penn O, Weide A, Wellens HJ. The 12-lead electrocardiogram in midseptal, anteroseptal, posteroseptal and right free wall accessory pathways. Am J Cardiol 1993; 72:1274-1280. 32 33 10) d'Avila A, Brugada J, Skeberis V, Andries E, Sosa E, Brugada P. A fast and reliable algorithm to localize accessory pathways based on the polarity of the QRS complex on the surface ECG during sinus rhythm. Pacing Clin Electrophysiol 1995; 18:1615-1627. 11) Bochoeyer A, Yang Y, Cheng J, et al. Surface electrocardiographic characteristics of right and left atrial flutter. Circulation. 2003; 108: 60–66. 12) Brugada P, Brugada J, Mont L, Smeets J, Andries EW. A new approach to the differential diagnosis of a regular tachycardia with a wide QRS complex. Circulation 1991; 83:1649-1659. 13) Costa J, Pereira MA, Correia A, Rebelo A, Araujo AO. Sudden death and variant angina. Rev Port Cardiol. 2002; 21:1305-13014. 14) Kodama-Takahashi K, Ohshima K, Yamamoto K, et al. Occurrence of transient U-wave inversion during vasospastic anginal attack is not related to the direction of concurrent ST-segment shift. Chest. 2002; 122:535-541. 15) Seniuk W, Mularek-Kubzdela T, Grygier M, Grajek S, Cieslinski A. Cardiac arrest related to coronary spasm in patients with variant angina: a three-case study. Intern Med. 2002; 252:368-376. 16) Ujhelyi E, Bohm A, Toth C, Preda I. Prinzmetal angina pectoris associated with 3rd degree atrioventricular block Orv Hetil. 2001; 142:1809-1811. 17) Nakaya Y, Murayama Y, Hiasa Y, Hashimoto E, Nagao T, and Mori H,.: A cause for prominent anterior QRS forces in ischemic heart disease. Jap Circ J 1977; 41 (suppl):83. 33 34 18) Tranchesi J, Moffa PJ, Pastore CA, de Carvalho Filho ET, Tobias NM, Scalabrini Neto A, Pillegi F, Grinberg M, Macruz R, Ebaid M, Del Nero Junior E, Decourt LV. Block of the antero-medial division of the left bundle branch of His in coronary diseases. Vectrocardiographic characterization. Arq Bras Cardiol 1979; 32:355-360. 19) Cesar LAM, Carvalho VB, Moffa PJ, et al. - Bloqueio da divisão ântero-medial do feixe de His e obstrução da artéria coronária descendente anterior. Correlação eletro-cinecoronariográfica. Rev Latina de Cardiol 1980; 1:57-63. 20) Moffa PJ, Ferreira BM, Sanches PC, Tobias NM, Pastore CA, Bellotti G. Intermittent antero-medial divisional block in patients with coronary disease. Arq Bras Cardiol 1997; 68:293-296. 21) Wellens HJJ, Gorgels APM, Doevendans PA. The ECG in Acute Myocardial Infarction and Unstable Angina: Diagnosis and Risk Stratification. Boston, Mass: Kluwer Academic Publishers; 2003. 22) Electrocardiography of Acute Myocardial Syndromes. London, UK: Martin Duntz, Taylor & Francis Books Ltd; 1999.Sclarovsky S. 23) Foerster JM, Vera Z, Janzen DA, et al. Evaluation of precordial orthogonal vector cardiographic lead ST-segment magnitude in the assessment of myocardial ischemia injury. Circulation. 1977; 55: 728–735. 24) Adán V, Crown LA. Diagnosis and Treatment of Sick Sinus Syndrome Am Fam Physician 2003; 67:1725-1732,1738. 34 35 25) Surawicz B. Electrocardiographic diagnosis of chamber enlargement. J Am Coll Cardiol. 1986; 8: 711-724. 26) Baldasseroni S, Opasich C, Gorini M, et al. Italian Network on Congestive Heart Failure Investigators. Left bundle-branch block is associated with increased 1year sudden and total mortality rate in 5517 outpatients with congestive heart failure: a report from the Italian network on congestive heart failure. Am Heart J 2002; 143:398-405. 27) Baldasseroni S, De Biase L, Fresco C, et al. Cumulative effect of complete left bundle-branch block and chronic atrial fibrillation on 1-year mortality and hospitalization in patients with congestive heart failure. A report from the Italian network on congestive heart failure (in-CHF database). Eur Heart J 2002; 23:1692-1698. 28) Okada M: The cardiac rhythm in accidental hypotermia. J. Electrocardiol 1984; 17:123-128. 29) Harumi, K.; and Chen, C. Y.: in COMPREHENSIVE ELECTROCARDIOLOGY, Theory and Practice in Heath and Disease. Volume1, Chapter 18 pag 687-688, pergamon press, inc. 1989. 30) Constant, J: ELECTROCARDIOGRAFIA. Curso de enseñanza programada. 2a edición. SALVAT EDITORES, 1984. 31) Emslie-Smith D, Sladden GE, Stirling GR.: The significance of changes in the electrocardiogram in hyphotermia. Br Heart J. 1959; 21:343. 35 36 32) Fleming PR, Muir FH. Electrocardiographic changes in induced hypothermia in man. Br Heart J. 1957; 19:59-66. 33) (Yan GX, Antzelevitch C. Cellular Basis for the Electrocardiographic J Wave. Circulation 1996; 93: 372 - 379. 34) Chou TC.: ELECTROCARDIOGRAPHY in CLINICAL PRACTICE. ADULT AND PEDIATRIC. Fourth Edition. W.B.Saunders Company. Chapter 24, pg: 547-552, 1996. 35) Trevino A, Razi B, Bellet BM.: The characteristic electrocardiogram of accidental hypotermia. Arch Intern Med 1971; 127:470-473. 36) Gussak I, Antzelevitch Ch, Bjerregaard P, Towbin JA, Chaitman BR: The Brugada syndrome: clinical, electrophysiologic and genetic aspects. J Am Coll Cardiol 1999, 33:5-15. 37) de Micheli A, Medrano GA, Iturralde P. On the clinical value of electrocardiogram. Arch Cardiol Mex. 2003; 73:38-45. 38) Incalzi RA, Fuso L. The prognostic role of electrocardiography in chronic obstructive pulmonary disease. Ital Heart J. 2001;2:78-80. 39) Yoshinaga T, Ikeda S, Shikuwa M, Miyahara Y, Kohno S. Relationship between ECG findings and pulmonary artery pressure in patients with acute massive pulmonary thromboembolism. Circ J. 2003; 67:229-232. 40) Punukollu G, Gowda RM, Khan IA, Wilbur SL, Vasavada BC, Sacchi TJ. QT Interval Prolongation with Global T-Wave Inversion: A Novel ECG Finding in Acute Pulmonary Embolism. Ann Noninvasive Electrocardiol. 2004;9:94-98. 36 37 41) Wang K, Asinger RW, Marriott HJ. ST-segment elevation in conditions other than acute myocardial infarction. N Engl J Med. 2003; 349:2128-2135. 42) Akula R, Hasan SP, Alhassen M, Mujahid H, Amegashie E. Right-sided EKG in pulmonary embolism. J Natl Med Assoc. 2003;95:714-717.) 43) Pedley DK, Brett C, Nichol N. P-R segment depression: an early diagnostic feature in acute pericarditis: a telephone survey of UK accident and emergency departments. Eur J Emerg Med. 2002;9:43-45. 44) Spodick DH. Acute pericarditis: classic electrocardiogram. Am J Geriatr Cardiol. 2003; 12:266. 45) Aydinalp A, Wishniak A, van den Akker-Berman L, Or T, Roguin N. Pericarditis and pericardial effusion in acute ST-elevation myocardial infarction in the thrombolytic era. Isr Med Assoc J. 2002; 4:181-183. 46) Hayden GE, Brady WJ, Perron AD, Somers MP, Mattu A. Electrocardiographic Twave inversion: differential diagnosis in the chest pain patient. Am J Emerg Med. 2002; 20:252-262. 47) Lorsheyd A, Simmers TA, Robles De Medina EO. The relationship between electrocardiographic abnormalities and location of the intracranial aneurysm in subarachnoid hemorrhage. Pacing Clin Electrophysiol. 2003; 26:1722-1728. 48) Kukla P, Szczuka K, Slowiak-Lewinska T, Bromblik A, Hajduk B, Kluczewski M, Lenard B, Przewor M. Acquired long QT syndrome with torsade de pointes in a patient with primary hypothyroidism. Kardiol Pol. 2003; 58:224-226. 37 38 49) Osborn LA, Skipper B, Arellano I, MacKerrow SD, Crawford MH. Results of resting and ambulatory electrocardiograms in patients with hypothyroidism and after return to euthyroid status. Heart Dis. 1999;1:8-11. 50) Mya MM, Aronow WS. Subclinical hypothyroidism is associated with coronary artery disease in older persons. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2002; 57:M658M659. 51) Xing H, Shen Y, Chen H, Wang Y, Shen W. Heart rate variability and its response to thyroxine replacement therapy in patients with hypothyroidism. Chin Med J. 2001; 114:906-908. 52) Finsterer J, Stollberger C. The heart in human dystrophinopathies. Cardiology. 2003;99:1-19. 53) Corrado G, Lissoni A, Beretta S, Terenghi L, Tadeo G, Foglia-Manzillo G, Tagliagambe LM, Spata M, Santarone M. Prognostic value of electrocardiograms, ventricular late potentials, ventricular arrhythmias, and left ventricular systolic dysfunction in patients with Duchenne muscular dystrophy. Am J Cardiol 2002; 89:838-841. 54) Politano L, Palladino A, Petretta VR, Mansi L, Passamano L, Nigro G, Comi LI, Nigro G. ST-segment displacement in Duchenne muscular dystrophy: myocardial necrosis or apoptosis? Acta Myol. 2003; 22:5-10. 55) Chagnon A, Vidal ME. Auricular arrhythmia in Steinert's myotonia. Apropos of a case with a familial study. Sem Hop. 1983;59:556-558. 38 39 56) Maloisel F, Wolff F, Chauvin M, Zimmerman C, Brechenmacher C. Steinert's disease and conduction disorders. Apropos of a familial study. Ann Cardiol Angeiol 1988;37:357-360. 57) Albano LM, Nishioka SA, Moyses RL, Wagenfuhr J, Bertola D, Sugayama SM, Chong AK. Friedreich's ataxia: cardiac evaluation of 25 patients with clinical diagnosis and literature review. Arq Bras Cardiol. 2002; 78:444-451. 58) Kadar K.Successful idebenone therapy of hypertrophic cardiomyopathy in Friedreich ataxia. Orv Hetil. 2003;144:1241-1244. 59) Cuda G, Mussari A, Concolino D, Costanzo FS, Strisciuglio P.Co-existence of frataxin and cardiac troponin T gene mutations in a child with Friedreich Ataxia and familial hypertrophic cardiomyopathy. Hum Mutat. 2002;19:309-310. 60) Diretrizes de Interpretação de Eletrocardiograma de Repouso. Arq Bras Cardiol 2003;80(SppII):1-18. 39