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Arranjos Produtivos Locais
e a ação do Governo Federal
no Fomento às
Pequenas Empresas
Glauco Arbix
Presidente do IPEA
Desafio do governo atual

Fomentar o desempenho e competitividade
da indústria, incentivando à inovação para
promover o desenvolvimento econômico e
social sustentável.
 O que o governo deve fazer para incentivar
à inovação? Fomentar apenas grandes
empresas em setores de ponta? Pequenas
empresas são capazes de inovar e se
tornarem competitivas?
Contexto Histórico

Grandes vs. pequenas empresas: No
passado, o foco das políticas públicas era a
formação de grandes empresas. As políticas
de fomento às pequenas empresas tinham
caráter assistencialista.

O fomento às pequenas empresas era visto
muito mais como uma necessidade social do
que uma opção viável de desenvolvimento.

O conceito de economia de escala limitou as
políticas públicas de apoio às pequenas
empresas.
O que mudou?

Nas décadas de 70 e 80, vários estudos
mostraram que muitas regiões não baseavam
seu desenvolvimento em grandes empresas.

No centro e no nordeste da Itália, pequenas e
médias empresas estavam crescendo e
exportando produtos tradicionais, onde
supostamente ganhos de escala seriam
importantes.
Como as empresas pequenas
cresciam?




Empresas pequenas que estavam
crescendo não atuavam de forma isolada
 aglomeração de empresas.
Essas empresas atuavam na mesma
atividade produtiva ≠ aglomerações de
empresas em setores diferentes.
A busca de cooperação entre essas
empresas era ativa ≠ ganhos passivos de
aglomeração (externalidades de Marshal).
As Empresas cooperavam e competiam.
Como evoluiu a discussão?
O
foco das políticas de promoção de
pequenas empresas passou do fomento
à empresas individuais e isoladas para
a promoção de grupos de empresas:
Arranjos Produtivos Locais (APLs).
O
que caracteriza os APLs?
APLs: Principais características

Empresas mais ou menos iguais:
aglomerações formadas por empresas
pequenas e médias em uma mesma
atividade econômica, que utilizam mão de
obra qualificada, sem hierarquia rígida das
relações de trabalho.

Troca de informações e cooperação: existe
um forte fluxo de informações entre
empresas do cluster e forte cooperação
horizontal (subdivisão do trabalho entre
empresas).

Cultura comum: existência de cultura comum e
uma relação de confiança entre as empresas
participantes, o que facilita o processo de
cooperação.

Apoio Institucional: existência de instituições
locais públicas e privadas que atuam, em
conjunto, para dar suporte ao desenvolvimento
dos APLs. Essas políticas englobam, por
exemplo, treinamento conjunto de mão de obra,
concessão de crédito, incentivos à inovação,
despesas conjunta em marketing, promoção de
feiras etc.
Ensinamentos

A competição entre empresas não é baseada apenas no
custo da mão-de-obra (Itália é um grande exportador de
produtos tradicionais com preço prêmio.

Muitas experiências mostram ser falsa a dicotomia entre
os chamados produtos “tradicionais” (calçados,
confecção, têxtil etc.) e produtos “dinâmicos” de alto
conteúdo tecnológico. O foco das políticas públicas deve
ser grupos de empresas e não empresas individuais.
A essência do APL está na presença
simultânea de três confianças : a autoconfiança, a confiança mútua e a
confiança nas instituições públicas por
parte dos empreendedores
Ensinamentos


O fortalecimento dos APLs é vital para as indústrias
intensivas em mão-de-obra, que caracterizam-se por
uma forte heterogeneidade estrutural. Trabalham
com um amplo leque de tecnologias e com enormes
diferenciais de produtividade de trabalho.
Cabe incentivar o diálogo entre essas empresas
para identificar e aproveitar todas as oportunidades
de densificação em empregos e auto-empregos.
Desafio é o Emprego: incentivar a criação de
empreendimentos de pequeno porte e ajudálos a sair da informalidade, proporcionandolhes condições de acesso a uma
competitividade genuína , baseada nos
conhecimentos, na organização, na escolha de
nichos de mercado, na especialização, na
flexibilidade no atendiemento dos clientes.
Bases para uma política do
Governo Federal

O governo atual incorporou a idéia de
fomento à grupos de empresas pequenas
(promoção de APLs).

Praticamente todos os Ministérios têm
programas no PPA de apoio à APLs.

O governo criou um Grupo Interministerial
para aumentar a coordenação dos vários
Ministérios e agências não governamentais
envolvidos na promoção de APLs.
Superar o dilema das grandes vs.
as pequenas

O dilema atual não é mais grande vs.
pequena empresa, mas sim descobrir de que
forma o setor público pode ser mais eficiente
no fomento à inovação, independente do
porte da empresa.
 A PITCE, embora tenha o foco em quatros
setores estratégicos, incentiva a busca de
competitividade nos setores tradicionais em
que predominam micro, pequenos e médios
empreendimentos.
Políticas diferenciadas

Calçados: Vale dos Sinos (RS) vs. Birigui (SP)
 APLs do mesmo setor, mas em estágios
diferentes do processo produtivo. O desafio
principal dos produtores no Vale dos Sinos é
como exportar marcas próprias, controlando
design e comercialização.
 Desafio
dos produtores de calçados em Birigui é
melhorar a qualidade e aumentar a
produtividade, tornando-se mais competitivo no
mercado interno.
Outro exemplo

Confecções no Agreste Pernambucano vs.
Confecções em Nova Friburgo (RJ).
 O desafio dos produtores em Nova Friburgo
é como aumentar a cooperação para
aumentar as exportações.
O
desafio no Agreste Pernambucano é como
melhorar a qualidade dos produtos,
facilitando assim a transição para uma maior
formalização.
O IPEA e os APLs

O IPEA, em conjunto com o MCT, foi pioneiro na
promoção de uma rede de pesquisa sobre
APLs, a partir de sua busca de uma política
nacional de emprego e renda;
 O IPEA participa ativamente na coordenação do
Grupo Interministerial de APLs;
 Está desenvolvendo pesquisas em parcerias
com instituições acadêmicas para subsidiar
novas políticas em APLs.
 Assessora o MDIC na definição de critérios para
os novos programas direcionados à promoção
de pequenas empresas em APLs (Projeto
Extensão Industrial Exportadora (PEIEx)
Conclusões

O fomento à arranjos produtivos (APLs) não deve ser
entendido como um modelo superior (ou inferior) a
promoção de grandes empresas.
 Há diferentes variações de arranjos produtivos e
cabe aos governos (Federal, Estadual e Municipal)
identificar essas variações e atuar de forma
adequada para solucionar problemas específicos.
 O governo deve estimular a a cooperação entre
empresas e incentivar grupos de empresas (e não
empresas isoladas).
 O incentivo à firmas em APLs deve seguir a mesma
lógica das políticas industriais bem sucedidas 
princípio da reciprocidade: “nada é dado de graça”.
A especificidade dos arranjos
produtivos faz com que uma política
de promoção de APLs envolva,
necessariamente, instituições e
atores locais, de modo a criar
condições para a cooperação e a
geração de emprego e renda.
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