1 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ CURSO DE DIREITO 3ºDIV-1, 3ºDIV-2 E 3ºDIN-1, 3ºDIN-2 Disciplina: Filosofia Geral e Jurídica Professora: Adirleide Greice Carmo de Souza RESUMO DA 1ª , 2ª e 3ª AULA Apresentação do plano de ensino Noções introdutórias de Filosofia Filosofia (terminologia): O termo filosofia vem do grego: philia, que quer dizer amizade; philos, amigo ou amante; e do grego sophia, que significa sabedoria, conhecimento, saber; sophós, por sua vez, significa sábio. O filósofo seria o amigo da sabedoria; a filosofia indicaria o amor ao saber. Origem: Hoje há certa segurança em afirmar que a Filosofia nasceu entre o fim do século VII e o início do século VI a. C., na Grécia Antiga. A Grécia Antiga vivia um momento de auge de sua cultura. O comércio com outros povos trouxe conhecimento. A produção artística era muito ativa. Havia os jogos olímpicos. A linguagem, moeda e tecnologia (de arquitetura e militar) também marcaram esse período. Entretanto, naquele momento iniciou-se uma nova tentativa de responder os questionamentos sobre a existência. Se, para alguns, as narrações fantásticas da mitologia serviam para explicar o mundo, suas catástrofes, seu clima, sua organização, sua origem; outras pessoas começaram a procurar respostas fora dos mitos. Tales de Mileto (624-5 – 556-8 a.C.) é considerado o primeiro filósofo. Os fragmentos que restaram de seus escritos nos mostram a tentativa dele em explicar sobre o que forma o mundo. Para ele, existe um elemento material que forma todas as coisas, a água. Podemos encontrar água em todos os locais. Ao furar o solo, se nos cortamos, dentro 2 do tronco das árvores, nas rochas das nascentes dos rios. Se a água está em tudo, é porque ela forma tudo. Esta maneira de explicar o mundo, usando a razão, é que irá diferenciar a filosofia da mitologia. Porém, Tales nunca se chamou filósofo. A palavra “filósofo” apareceu anos mais tarde, com um homem chamado Pitágoras (570-1 – 496-7 a.C.). Ele, famoso hoje pelo teorema matemático que leva o seu nome, é que se considerou um “amigo da sabedoria”, o pai da Filosofia. EM SUMA: A Filosofia surge quando se descobriu que a verdade do mundo e dos humanos não era algo secreto e misterioso, que precisasse ser revelado por divindades a alguns escolhidos, mas que, ao contrário, podia ser conhecida por todos, através da razão, que é a mesma em todos; quando se descobriu que tal conhecimento depende do uso correto da razão ou do pensamento e que, além da verdade poder ser conhecida por todos, podia, pelo mesmo motivo, ser ensinada ou transmitida a todos OBJETO DE ESTUDO: O conhecimento DEFINIÇÕES: É possível defini-la como a ciência dos princípios e das causas (CHAUI, 2012). A corrente positivista tem afirmado que a Filosofia constitui a intenção de racionalizar todos os aspectos que afetam a vida do homem que, em função da época cronológica, não podem ser tratados cientificamente. CONDIÇÕES HISTÓRICAS PARA O SURGIMENTO DA FILOSOFIA O que tornou possível o surgimento da filosofia aos arredores da Grécia no final do século VII e no início do século VI antes de Cristo? Quais as condições materiais, isto é, econômicas, sociais, políticas e históricas que permitiram o surgimento da filosofia? Podemos apontar como principais condições históricas: 1. AS VIAGENS MARÍTIMAS: que permitiram aos povos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que os mitos diziam habitadas por monstros e seres fabulosos não possuíam nem monstros nem seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a desmitificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação 3 sobre a origem, explicação que o mito já não podia oferecer; 2. A INVENÇÃO DO CALENDÁRIO: que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova, ou uma percepção do tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível; 3. A INVENÇÃO DA MOEDA: que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização; 4. O SURGIMENTO DA VIDA URBANA: com predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e para quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio da aristocracia de terras e de sangue (as linhagens constituídas pelas famílias), fez com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos, favorecendo um ambiente onde a filosofia poderia surgir; 5. A INVENÇÃO DA ESCRITA ALFABÉTICA: que, como a do calendário e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas — como, por exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses — supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a idéia dela, o que dela se pensa e se transcreve; 6. A INVENÇÃO DA POLÍTICA: que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da filosofia: a) a idéia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesmo o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da cidade — servirá de modelo para a filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como mundo racional; b) o surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, o poeta-vidente, que recebia das deusas ligadas à memória, uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses a que eles deveriam obedecer a cidade 4 política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa. A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional, valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica; c) a política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios sagrados, mas que procuram, ao contrário, serem públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A idéia de um pensamento que todos podem comunicar e transmitir é fundamental para a filosofia. OS PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA 1. Filosofia antiga/Grega (séc. VI a.C. ao séc. VI d.C) Estuda-se, em Filosofia Antiga, o surgimento da Filosofia e seu desenvolvimento pelos gregos, especialmente, e pelos romanos. Em geral, ela é repartida, tomando-se Sócrates como referência. Assim, há o período pré-socrático e o pós-socrático. Corresponde ao período compreendido entre os séculos VI e V a.C. Suas figuras de destaque são Platão e Aristóteles, além de outros de quem se sabe menos, como Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Parmênides, Empédocles e Demócrito. A transição entre esta etapa e a Filosofia Medieval não é muito nítida. Ela se dá quando o cristianismo ganha status e recorre ao pensamento grego, para dar fundamento teórico a suas teses. Em termos cronológicos, esse período coincide aproximadamente com a queda de Roma, no século V. 2. Filosofia patrística (séc. I ao séc.VII) Inicia-se com as epístolas de Paulo e o Evangelho de São João e termina no séc. VIII, quando teve início a filosofia medieval. É conhecida como Patrística pois teve intensa participação de Paulo e João, mas também dos chamados Padres da Igreja, os primeiros dirigentes espirituais e políticos do Cristianismo, após a morte dos apóstolos. Visava conciliar a nova religião – cristianismo com o pensamento filosófico dos gregos e romanos. A filosofia Patrística tem a tarefa religiosa da evangelização e à defesa da religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos. Foi de alguma forma obrigada a introduzir ideias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a ideia de criação do mundo a partir do nada, 5 de pecado original do homem e etc. Com Santo Agostinho e Boécio, a ideia de “homem interior”, isto é, da consciência moral e do livre-arbítrio da vontade, onde o home escolhe entre o bem e o mal. Para impor essas concepções, foram criados os decretos divinos, dogmas. Que seriam verdades irrefutáveis e inquestionáveis. Com isso, surge uma distinção, desconhecida pelos antigos, entre verdades reveladas ou da fé e verdades da razão ou humanas, ou seja, entre verdades sobrenaturais e verdades naturais. Obs.: Desta forma, o grande tema de toda a filosofia Patrística é o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar a razão com a FÉ. 3. Filosofia medieval (séc. VIII ao séc. XIV) Abrange pensadores europeus, árabes e judeus. É um período em que a igreja romana dominava a Europa, ungia e coroava reis, organizava Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as primeiras universidades ou escolas. E, a partir do século XII, por ter sido ensinada nas escolas, a filosofia medieval também é conhecida com o nome de escolástica. 4. Filosofia da Renascença (séc. XIV ao séc. XVI) É marcada pela descoberta de obras de Platão desconhecidas na Idade Média e de novas obras de Aristóteles, que passam a ser lidas em grego e a receber novas traduções latinas, mais acuradas e fiéis. A época também se dedica à recuperação das obras dos grandes autores e artistas gregos e romanos e à imitação deles. 5. Filosofia moderna (séc. XVII a meados do séc. XVIII) Conhecido como o Grande Racionalismo Clássico. Tenta vencer o Ceticismo. Para vencer o ceticismo e restaurar o ideal filosófico da possibilidade do conhecimento racional verdadeiro e universal. Este período nasce procurando vencer um ambiente de pessimismo teórico, o ceticismo, a atitude filosófica que duvida da capacidade da razão humana para conhecer a realidade exterior ao homem. As guerras de religião, as descobertas de outros povos diferentes dos europeus, as disputas filosóficas e teóricas criaram um ambiente em que o sábio já não podia admitir que a razão humana é capaz de obter o conhecimento verdadeiro. Os principais pensadores desse período foram: Franciis Bacon, Descartes, Galileu, Pascal, Hobbes, Espinosa, Newton, dentre outros. 6. Filosofia da Ilustração ou Iluminismo (séc. XVIII ao começo do séc. XIX) 6 Nesse período também crê nos poderes da razão, chamada As luzes. Nesse período há grande interesse pelas ciências que se relacionam com a ideia de transformação progressiva. Há igualmente grande interesse e preocupação com as artes, na medida em que elas são a expressão por excelência do grau de progresso de uma civilização. Os principais pensadores do período foram: Hume, Voltaire, Rouseau, Kant entre outros. 7. Filosofia Contemporânea Abrange o pensamento filosófico que vai de meados do século XIX e chega aos nossos dias. Por ser o mais próximo de nós, torna-se mais complexo, mais difícil de definir, pois existem várias correntes. CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO OBJETO: CONHECIMENTO Além disso... Origem do mundo; Causas da transformação da natureza; Questões humanas; Ética e Política; Os critérios da verdade e da ciência. PARA QUE FILOSOFIA? Dentre várias utilidades, os conhecimentos na área da Filosofia são importantes para que você consiga associá-los à concepção de uma educação para a liberdade, proporcionando-lhe uma formação de um ser pensante e autônomo, dotado de uma identidade social única. (CHAUI, 2012) CONCEPÇÃO ATUAL DE FILOSOFIA Entendida como aspiração ao conhecimento racional, lógico, demonstrativo e sistemático da realidade natural e humana.... Formação complementar critica. BIBLIOGRAFIA DISPONÍVEL NA BIBLIOTECA DO CEAP CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2012.