abandonos em psicoterapia

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ABANDONOS EM PSICOTERAPIA
ESTUDO SOBRE A
EXPERIÊNCIA DE
ABANDONO
ABANDONOS EM PSICOTERAPIA
Conceito: É uma experiência onde o sujeito vive a falta do
companheirismo, da cumplicidade, e de estar junto; sente-se
só, necessita do sujeito e não conta com ele. Está vivendo
uma ameaça, uma experiência de desprezo, espera ser
protegido ou ajudado e experiência a ausência da ajuda ou
da proteção.
Esta experiência pode ser vivida por meio da percepção
adulta do sujeito ou pela percepção da criança que vive
dentro do sujeito.
A percepção adulta ao vivenciar o abandono leva em
consideração os elementos da realidade enquanto a
percepção da criança está relacionada à realidade psíquica
ou seja aos mecanismos inconscientes.
Professor Doutor Jorge Wohwey Ferreira Amaro
ABANDONOS EM PSICOTERAPIA
A experiência de abandono pode ser acionada por motivos
reais ou por motivos imaginários (fantasia inconsciente).
Mesmo que haja motivos reais que justifiquem a experiência
de abandono ela se mistura com a forma primitiva de
experenciar o abandono ou seja por meio da percepção da
criança (realidade psíquica).
Quando há munição de realidade o sujeito encontra um
ótimo álibi para justificar suas reações desproporcionais
frente a experiência de abandono.
É necessário ter-se em mente que a experiência de
abandono é vivida simultaneamente pela mente adulta e
pala mente primitiva cada qual com sua forma particular de
experenciar.
Professor Doutor Jorge Wohwey Ferreira Amaro
ABANDONOS EM PSICOTERAPIA
O alter ego do indivíduo ou do terapeuta tem por função
decodificar estas duas experiências e reduzi-las ao nível
proporcional da realidade e metabolizar as vivências
oriundas da mente primitiva.
Como sabemos todas as pessoas tem os seus núcleos
processuais parentais inconscientes ou seja o que Laing
chama de "família interna” que será acionado nas relações
de envolvimento emocional.
Dentro deste núcleo estão experiências de abandono
características daquela personalidade e que serão ativadas
por induções específicas.
Professor Doutor Jorge Wohwey Ferreira Amaro
ABANDONOS EM PSICOTERAPIA
Nestas condições a experiência de abandono é um fato
muito comum que ocorre em todas as relações de
envolvimento emocional.
As relações irão se deteriorando e se desgastando a medida
que estas experiências não forem sendo adequadamente
trabalhadas e elaboradas.
Nas terapias individuais, de grupo, de casal ou de família
observa-se com muita freqüência a ocorrência desta
experiência.
Professor Doutor Jorge Wohwey Ferreira Amaro
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Alguns mecanismos comuns utilizados pela mente primitiva
para defender-se da dor sentida pelo abandono:
1) Ataque ao objeto: sentido como mau
2) Ataque ao vínculo: desligamento das catexias, ilhamento,
retração libidinosa, retração narcísica.
3) Reforço do vínculo libidinoso: como fantasia de ligação
ou seja religação
Professor Doutor Jorge Wohwey Ferreira Amaro
ABANDONOS EM PSICOTERAPIA
No estudo dos abandonos e malogros na psicoterapia de grupo
impõe-se uma metodologia reduzindo o subjetivismo e
controlando as variáveis.
Há um número elevado de variáveis que interferem na
aproximação e no afastamento (abandono) de um indivíduo de
uma situação grupal.
Atribuir o abandono somente à transferência ou à contra
transferência será emprestar à psicanálise uma dimensão
omnipotente por meio da qual pela interpretação todos os
problemas deveriam ser solucionados.
Alguns trabalhos se preocuparam em pesquisar as causas de
insucessos e abandonos em psicoterapia de grupo.
No V congresso latino-americano de psicoterapia de grupo (São
Paulo, 1967) dedicou-se ao estudo das causas de insucesso e
abandonos em psicoterapia de grupo.
Professor Doutor Jorge Wohwey Ferreira Amaro
ABANDONOS EM PSICOTERAPIA
Nesta ocasião alguns autores declararam o índice de
abandono em seus departamentos de psicoterapia. O
Hospital do Servidor (42%); o Serviço de Psicoterapia do
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (41,9%).
Johnson em seu livro Group Therapy (40%). David
Zimmerman acusou 45,2% de abandonos dos pacientes do
ambulatório do hospital e 16,1% dos pacientes na clínica
particular.
O termo abandono pode ser considerado como uma falha?
É uma conseqüência inevitável ou evitável? É uma falha do
terapeuta no que se refere à sua contratransferência? É
uma falha nos critérios de seleção e agrupamento?
Autores já assinalavam que em um grupo fechado um
determinado paciente atuando como corpo estranho seria
levado ao abandono (estrutura psicodinâmica do grupo).
Professor Doutor Jorge Wohwey Ferreira Amaro
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Amaro propõe em sua tese de doutoramento, sobre abandonos
em psicoterapia, que se considere as seguintes variáveis:
1) Causas sócio-econômicas: dificuldades de compatibilidade de
horários; doenças orgânicas; mudança de cidade, etc.
2) Critérios de seleção
3) Contratransferência do terapeuta
4) A inclusão de determinado paciente em um grupo sem um
prévio e cuidadoso estudo da composição do mesmo.
5) O momento histórico do grupo
6) Motivação do paciente para psicoterapia.
7) Fraca capacidade de suportar angústias paranóides e
depressivas
8) Outros fatores.
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Amaro selecionou dois grupos que iniciara seu tratamento na
mesma época (1964). Dois grupos abertos, com uma sessão por
semana, de uma hora e quinze minutos de duração. Em ambos
os grupos a presença de um terapeuta e um observador.O grupo
foi observado durante o período de dois anos.
Os critérios de seleção e agrupamento foram os mesmos para os
dois grupos, a mesma técnica adotada de interpretações
psicanalíticas grupais evitando-se interpretações individuais no
grupo.Todos os pacientes eram de clínica particular.
Um dos grupos foi o grupo experimental onde haveria uma
variável não pertencente ao grupo de controle. Esta variável foi
psicoterapia individual concomitante ao tratamento grupal.
Os critérios de seleção por nós adotados foram: critérios de
exclusão e de inclusão
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Critérios de exclusão
1) critérios de personalidade
- Insuficiente contato com a realidade, sintomas com
desvios sociais, tipos extremos de conduta ilegal ou
socialmente proibida, caráter monopolista crônico, defesa
psicopática e impulsividade extrema.
2) Critérios ambientais - pacientes em crise no meio social
3) Critérios derivados da dinâmica do grupo
O momento histórico da vida de um grupo é fator de
exclusão.
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Os critérios de inclusão foram os seguintes:
1) Pacientes de ambos os sexos
2) Pacientes de diferentes ideologias políticas e
diversas concepções religiosas.
3) Pacientes de estado civil diverso (solteiro, casado,
desquitado, viúvo e amasiado)
4) Idade oscilando entre 18 e 50 anos
5) Pacientes com sintomas psíquicos, somáticos, sociais ou
mistos sem etiologia orgânica.
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6) Pacientes com horário de trabalho e
compatível com o horário de grupoterapia.
de
estudo
7) Condições financeiras compatíveis com o tratamento
grupal.
8) Pacientes com capacidade de suportar angústias
paranóides e depressivas, em geral mais elevadas no
ambiente grupal.
9) Pacientes dotados de diversos graus de inteligência,
dentro dos limites da normalidade, avaliados pela
entrevista clínica.
10) Nível de instrução diverso, tendo como limite inferior o
curso ginasial.
Professor Doutor Jorge Wohwey Ferreira Amaro
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As conclusões encontradas foram:
1) O grupo experimental apresentou um índice de abandono
menor que o grupo de controle.
2) Os pacientes submetidos à psicoterapia individual anterior
ao tratamento grupal e com o mesmo terapeuta
apresentaram um índice de abandono menor que os não
submetidos à psicoterapia individual anterior com o mesmo
terapeuta.
3) Os pacientes submetidos à associação de psicoterapia
individual concomitante (fase a) e a psicoterapia individual
anterior com o mesmo terapeuta acusaram um índice de
abandono menor que os pacientes submetidos somente à
psicoterapia individual anterior com o mesmo terapeuta.
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4) Pacientes não submetidos à psicoterapia individual anterior e
não submetidos à psicoterapia individual concomitante à terapia
grupal acusaram maior índice de abandono.
5) O grupo experimental (fase b) mesmo após a interrupção da
psicoterapia individual concomitante apresentou um índice de
abandono menor que o grupo de controle.
6) Os pacientes submetidos à psicoterapia individual anterior com
o mesmo terapeuta por mais de 6 meses de duração,
apresentaram um índice de abandono menor que os
submetidos à psicoterapia individual anterior com o mesmo
terapeuta por menos de 6 meses.
7) Os resultados propõem admitir que ligações binárias (vínculo
terapeuta-paciente) obtidas através da psicoterapia individual
(quer anterior quer concomitante) e com o mesmo terapeuta
favorecem
o
fortalecimento
do
vínculo
terapêutico,
possibilitando ao paciente suportar melhor os níveis oscilantes
de angústias paranóides e depressivas da situação grupal.
Professor Doutor Jorge Wohwey Ferreira Amaro
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