A ABORDAGEM ESTRUTURAL EM TERAPIA FAMILIAR 1 PUC/SP Salvador Minuchin (1923 ) Neto de imigrantes judeus russos nasceu na Argentina. Filho mais velho de 3. Cresceu numa cidade pequena onde tinha muitos parentes ao redor. Universidade de medicina em Córdoba. Suas atividades anti-peronistas o levaram para a prisão (3 meses). Terminou medicina em residência em Pediatria. 1946. Fez 2 1948 - Vai para Israel como médico servir o exército. 1950 - Estados Unidos para estudar Psiquiatria. Trabalha com Lauretta Bender em Nova Iorque. Trabalho com crianças com sérios distúrbios psiquiátricos. 1951 - Casa-se e muda para Israel. Co-diretor de 5 residências para crianças com distúrbios graves. 1954-1958 Volta para EUA. Faz sua Formação em Psicanálise. 1958 – Trabalha na Philadelphia com Montalvo, Jay Haley, Rosman, atendendo 3 crianças. Minuchin e seus colaboradores ressaltaram a importância de um estudo mais aprofundado da relação entre o sistema social mais amplo e o sistema familiar dos grupos socialmente menos privilegiados. A partir daí, desenvolve a abordagem Estrutural no trabalho clínico e classifica as famílias como aglutinadas e famílias desligadas. 4 Escola de Terapia Estrutural Propõe uma abordagem mais ativa, voltada para a resolução de problemas no contexto de famílias disfuncionais. Enfatiza as questões de hierarquia. Objetivos: corrigir hierarquias disfuncionais colocando os pais no seu papel de cuidar das crianças e diferenciar os subsistemas dentro das famílias. A terapia geralmente envolve mudar a estrutura familiar através da modificação do modo como as pessoas se relacionam umas comas outras. 5 1. Na família aglutinada, há grande proximidade entre os membros que a integram, interagem intensamente, mas há falta de diferenciação entre eles. 2. Já nas famílias desligadas, não há conexões fortes entre seus membros, que se relacionam muito pouco entre si. 6 A Terapia Estrutural de família é definida por Minuchin, como sendo uma terapia de ação, para modificar o presente e não para explorar ou interpretar o passado. O objetivo da intervenção terapêutica é o Sistema Familiar, ao qual ele se une, utilizandose a si mesmo para transformá-lo, pois ele se pergunta: “O que há no sistema que implica no surgimento do sintoma”. Mudando a posição (Simbólica ou Concreta) dos membros da família no sistema, o terapeuta modifica as exigências subjetivas de cada membro. 7 A família é um sistema que opera por meio de padrões transacionais. Essas transações repetidas reforçam o sistema familiar. O sistema familiar diferencia-se e executa suas funções subsistemas. Cada através de seus indivíduo pertence a subsistemas onde tem diferentes níveis de poder. 8 Como e quem participa desse sistema é dado pelas fronteiras. A função das fronteira é proteger a diferenciação do sistema, e para que o funcionamento da família seja adequado ela (fronteira) deve ser nítida. (Cada um tem que saber o lugar que ocupa). Pai Marido Filho X X X Mãe Mulher Irmão Funções diferentes Desenvolver fronteira e subsistema. 9 O Terapeuta obterá dados unindo-se com a família e analisando o campo transacional. O Terapeuta - Faz observações; - Coloca questões; - Determina padrões transacionais; - Estabelece fronteiras; e - Levanta hipóteses sobre quais padrões são disfuncionais. Mapa Familiar Para ter Objetivos Terapêuticos, pois pode verificar o que é funcional e o que é disfuncional. 10 Terapia Estrutural Hierarquias: poder, ciclo vital Fronteiras: limites estabelecidos pelas pessoas que se relacionam (flexíveis, difusas, rígidas) Regras: formas de (explícitas e implícitas) comunicação Seqüências: mostram o processo de comportamento da família. 11 Fronteiras São as regras que definem quem participa e como. Protegem a diferenciação do sistema. Fronteiras difusas: famílias emaranhadas Fronteiras rígidas: famílias desligadas Fronteira rígida muita autonomia Fronteira nítida autonomia Fronteira difusa pouca autonomia 12 Subsistemas Subsistema conjugal: dois adultos com propósito de formarem uma família. Tarefas: complementariedade e acomodação, interdependência mútua. Subsistema parental: acomodar a chegada de um filho. Processo de socialização: proteger, nutrir, guiar, controlar, reprimir. Subsistema fraternal: laboratório social. Crianças de diferentes idades tem diferentes habilidades cognitivas. 13 Funções do Terapeuta 1. 2. O terapeuta se une a família, desempenhando papel de líder. Descobre e avalia a estrutura familiar. 3. Cria circunstâncias, que vão permitir a transformação dessa estrutura. As mudanças terapêuticas, são provocadas pelas operações reestruturadas, que podem ser: a) Efetivação de padrões transacionais da família; b) Delimitação das fronteiras; c) Escalonamento de estresse; d) Distribuição de Tarefas; e) Utilização dos Sintomas; f) Manipulação do humor e g) Apoio ou orientação. 14 A teoria de terapia familiar esta fundamentada no fato de que o homem não é um ser isolado. Ele é um membro ativo e reativo de grupos sociais. O que experiencia como real depende tanto de componentes internos como externos. A família é um fator altamente significante neste processo. É um grupo social natural, que governa respostas de seus membros dentro e fora dela. 15 Sua organização e estrutura selecionam e qualificam as experiências de seus membros. Tem uma intensa influência em seus membros, e isto já foi verificado até mesmo experimentalmente ao se investigar as doenças psicossomáticas de crianças, onde se verificou que a criança responde ao estresse que afeta a família e mantém um papel importante na manutenção da Homeostase familiar. 16 Como é Visto o Sintoma Desorganização do Sistema O que há no sistema familiar que provoca o aparecimento do Sintoma? A patologia pode estar dentro do paciente, em seu contexto social ou no feedback entre eles. O indivíduo influencia o seu contexto e é por ele influenciado, em seqüências constantemente recorrentes. de ação 17 O indivíduo que vive numa família é um membro de um sistema social, ao qual deve se adaptar. Suas ações são governadas pelas características desse sistema e estas características incluem os efeitos de suas próprias ações passadas. O indivíduo responde ao estresse em outras partes do sistema, às quais se adapta, e pode contribuir para estressar outros membros do sistema. 18 O indivíduo pode ser encarado como um subsistema ou como parte do sistema, mas o todo deve ser levado em conta. Um Terapeuta que está trabalhando dentro da estrutura familiar, vê o sintoma de um membro individual, como uma expressão de um problema contextual. Por isso vai combater a tendência da família de se concentrar no portador de sintomas, pois geralmente a família é levada para terapia pelo desvio ou sofrimento de um de seus membros. 19 Eles vão em busca do terapeuta, para que ele modifique essa situação, sem pensar em mudar seus padrões transacionais preferidos. Na realidade, a família está solicitando o retorno à situação como era antes dos sintomas do PI tornarem-se incontroláveis. Entretanto o Terapeuta considera o paciente identificado meramente como um membro da família, que está expressando, do modo mais visível, um problema que afeta o sistema inteiro. O PI pode necessitar de atenção, mas a família toda deve ser Terapêuticas. Alvo das Intervenções 20 Terapia Diagnóstico: Alargar a conceitualização do problema, incluindo as interações familiares. Avalia a estrutura, flexibilidade da família para a reestruturação, ressonância do sistema familiar (emaranhamento/desligamento), contexto de vida, desenvolvimento do ciclo vital e tarefas, como sintoma é utilizado na manutenção dos padrões transacionais. 21 Contrato terapêutico: mudar o PI sem mudar a família. Mas mudança No PI fatalmente mudará a família. Terapeuta amplia o foco. Terapeuta e família devem chegar a um acordo sobre a natureza do problema e os objetivos de mudança. 22 Técnicas de intervenção Questionamento do sintoma: nódulo do estresse familiar. Reenquadrar, dramatizar, focalizar, intensificar. Questionamento da estrutura familiar: observar e intervir em díades ou subsistemas. Fixação de fronteiras, desequilibramento e complementariedade. Questionamento da realidade familiar: questionar as concepções que os membros das famílias criaram ao longo da sua história, revelam sua visão da realidade. 23 Distribuição de tarefas Tarefas criam estrutura dentro da qual os membros da família devem funcionar. Dentro da sessão: indicar como e com quem se comunicar. Manipulação de espaço. Dramatizar as transações familiares. Terapeuta como promotor de regras. Fora da sessão: levam o terapeuta para casa. Chamam a possibilidades. atenção para novas 24 Como Ocorrem as Mudanças As mudanças numa estrutura familiar, contribuem para uma mudança no comportamento e nos processos psíquicos internos dos membros desse sistema. Quando um Terapeuta trabalha com pacientes, ou com a família de um paciente, seu comportamento se torna parte deste contexto. 25 O Terapeuta e a família se associam para formar um sistema terapêutico novo, e este sistema passa a governar o comportamento de seus membros. A família é sujeita à pressão interna, que provem de mudanças evolutivas nos seus próprios membros e subsistemas, e à pressão exterior, proveniente das exigências para se acomodar às instituições sociais significativas, que tem um impacto sobre os membros familiares. 26 Responder a estas exigências, tanto de dentro como de fora, requer uma transformação constante da posição dos membros da família, em relação um com o outro, de maneira que possam crescer, enquanto o sistema familiar mantém continuidade. Os estresses de acomodação a novas situações são inerentes a este processo de mudança e continuidade. A função do Terapeuta familiar é ajudar o PI e a família, facilitando a transformação do sistema familiar. 27 Para isso o Terapeuta precisa se unir à família numa posição de liderança, descobrir e avaliar a estrutura familiar subjacente e criar circunstâncias que permitirão a transformação dessa estrutura. Como resultado da terapia, a família é transformada. As mudanças são efetuadas num conjunto de expectativas que dirigem o comportamento dos seus membros. Em conseqüência, a mente “extra-cerebral” de cada membro da família é alterada e a própria experiência do indivíduo muda. Esta transformação é significativa para todos os membros da família, principalmente para o PI que é liberado da sua posição desviante. 28 Formas de Diagnosticar As fronteiras de um subsistema são as regras que definem quem participa e como participa. A função das fronteiras é de proteger a diferenciação do sistema. Cada subsistema familiar tem funções específicas e faz exigências específicas de seus membros. 29 Para o funcionamento apropriado da família, as fronteiras dos subsistemas devem ser nítidas e essa nitidez possibilita avaliar o funcionamento da família. Existem dois extremos de comunicação das famílias, ou muito rígido ou muito difuso. Nas Fronteiras Rígidas a comunicação é chamada de Desligada e nas Fronteiras Difusas a comunicação é chamada de Emaranhada. ___________/---------/...................... Desligadas-Rígidas F. Nítidas Difusa Emaralhadas-F. 30 Em Minuchin temos as seguintes nomenclaturas: Fronteiras Nítidas ---------Fronteiras Difusas ............ Fronteiras Rígidas ________ Superenvolvimento Associação Conflito - Coalizão } Desvio 31 MAPEAMENTO Um mapa familiar organizacional. é um esquema O Mapa Familiar é um recurso de simplificação poderoso, que permite ao Terapeuta organizar o material diverso que esta obtendo. O mapa lhe permite formular hipóteses a respeito de áreas, dentro da família, que funcionam bem e quanto a outras áreas que podem ser disfuncionais. O mapa familiar também o ajuda a determinar os objetivos terapêuticos. 32 Patologia Patologia conota uma dificuldade persistente na resolução da negociação das pressões internas e externas a que a família está sujeita. Famílias que frente ao stress aumentam a rigidez de suas pautas de transação e de suas fronteiras, e evitam explorar alternativas desenvolvem patologia. 33 Patologia de fronteiras O sistema emaranhado se caracteriza pela extrema facilidade de resposta de seus membros uns aos outros e ao seu subsistema direto. A distância interpessoal é pequena, a tensão em um reverbera rapidamente por todo o sistema. No sistema desligado, há excessiva distância interpessoal, fronteiras são rígidas e é pequeno o potencial de reverberação. 34 Patologia de alianças Podem ser: desvio de conflitos ou designação de um bode expiatório e coalizões entre gerações que sejam inadequadas. Desvio: pais s/ conflito -> filho bode expiatório Coalizão: mãe força o filho a junto com ela criticar o pai 35 Patologia de triângulos Patologias de coalizações desviadoras e intergeracionais são formas específicas de triangulação. Sempre são 2X1. Pode haver trocas nos grupos. São instáveis. Triangulação: pais em conflito,união com filho Coalização: progenitor-filho X progenitor Triângulo atacador: pais X filho Triângulo assistidor: pais superprotetores-filho enfermo 36 Patologia de hierarquias Inversão das hierarquias de poder pode ser a força com maior poder destruidor para a estrutura da família. Pai perde emprego. Mãe trabalha fora e coordena casa. Filho casa. com poder executivo dentro da 37 REESTRUTURAÇÃO DA FAMÍLIA As operações reestruturadoras são as intervenções terapêuticas que confrontam e desafiam uma família, numa tentativa de forçar mudança terapêutica. As operações reestruturadoras são os focos da terapia. São as intervenções dramáticas que criam o movimento na direção dos objetivos terapêuticos. 38 Em resumo, uma Terapia de Família de Abordagem Estrutural faz: 1. Usa o ciclo vital da família (nascimento de filhos, entrada na escola, entrada na universidade, saída de casa, casamentos,...etc.). 2. O sintoma mantém e é mantido pelo Sistema. 3. O tratamento é pragmático, focalizado no presente. O passado interessa apenas como explicação do que está acontecendo agora. 4. Querem modificar a seqüência. 5. Vê o funcionamento da família como um todo. 6. Valoriza o processo mais do que o conteúdo. 39 7. Faz diagnóstico de como funciona a família e intervém no que esta acontecendo. 8. É muito planejada e espera feedback. 9. Estão sempre junto com a família a procura da solução dos problemas. 10.Usam tarefas, dentro e fora da sessão. 11.Não dão importância ao insight, pois não interpretam. 12.Não promove a transferência e não se lida com a Contratransferência. 13.Dá muitos poderes aos pais. 14.Se utiliza de paradoxo, embora atualmente use pouco. 15.Tem sempre uma conotação positiva da família, não culpam os pais. 16.Vão direto ao Problema e não se prendem ao40 Sintoma. Em resumo, uma Terapia de Família de Abordagem Estrutural faz: 1. Usa o ciclo vital da família (nascimento de filhos, entrada na escola, entrada na universidade, saída de casa, casamentos,...etc.). 2. O sintoma mantém e é mantido pelo Sistema. 3. O tratamento é pragmático, focalizado no presente. O passado interessa apenas como explicação do que está acontecendo agora. 4. Querem modificar a seqüência. 5. Vê o funcionamento da família como um todo. 6. Valoriza o processo mais do que o conteúdo. 41 A Pessoa do Terapeuta O Terapeuta se torna um ator no drama familiar, entrando em coalizões transacionais, a fim de regular o sistema e desenvolver um nível diferente de homeostase. Os dados do Terapeuta e seus diagnósticos são alcançados experiencialmente no processo de união com a família. 42 Ele ouve o que os membros da família contam-lhe a respeito da maneira pela qual eles funcionam, experenciando a realidade. Observa a maneira pela qual os membros da família se relacionam com ele e entre si. O terapeuta analisa o campo transacional, em que ele e a família se encontra, a fim de fazer um diagnóstico estrutural. 43 O Terapeuta faz a si mesmo um certo número de perguntas. Por exemplo, “Quem é o porta voz da família, o que isso significa, quem se relaciona para fazer a apresentação da família, quem se relaciona com quem, como se relaciona, quando se relaciona. etc.”. O Terapeuta da família considera a si mesmo como um membro agente e reagente do sistema terapêutico. A fim de se unir à família, enfatiza os aspectos de sua personalidade e experiência, que são sintônicos com os da família, mas também conserva a liberdade de ser espontâneo em suas investigações experenciais. 44