EC e Economia experimental Arquivo

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Economia comportamental e economia experimental
EAE 350
Leituras Orientadas
Profa. Ana Maria Bianchi
2016
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Economia comportamental e economia experimental
lado a lado
Não são sinônimos, não
são redutíveis uma à
outra, mas grande
interface.
O termo mais amplo é o
primeiro, por vezes e por
alguns autores rotulado
de Psicologia Econômica,
Psicologia Cognitiva.
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Economias comportamental e experimental
Convergências:
a) Questionamento da concepção tradicional de racionalidade.
Estudos experimentais testam hipóteses de desvios
idiossincráticos da teoria econômica tradicional.
b) Canal de retroalimentação entre teoria e observação sob
condições controladas.
c) Reencontro da economia com a psicologia.
d) Tendência à inter/multi/transdisciplinaridade.
e) Em alguns casos, questiona-se individualismo metodológico.
Ex: escolhas feitas a partir de compromissos.
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Economia experimental
Ceticismo em relação à experimentação (Mill,
Friedman). No entanto, economia experimental
baseada em teoria dos jogos desenvolveu-se muito
como ferramenta desde os anos 1970.
Experimento = situação artificial que simula certos
aspectos do mundo.
 Grupo experimental, grupo de controle.
 “Sujeitos”, cuja reação a estímulos é medida.
 Na economia, incentivos monetários.
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Economia experimental
3 levas de estudos pioneiros:
1. Estudos para testar teorias de escolha individual,
iniciados por Thurstone em 1930. Curvas de indiferença
de M. Allais, pessoas preocupam-se com dispersão de
payoffs.
2. Estudos estimulados por Von Neumann e Morgensten,
Teoria dos Jogos, 1944. Pesquisa da Rand Corporation,
1950, primeira formulação do "dilema do prisioneiro".
3. Organização industrial, Chamberlin, 1948, experimentos
de oligopólio.
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Economia experimental
Final da década de 1960, programa + sedimentado,
ambientes + controlados, regras do jogo + claras.
Termo “economia experimental” empregado desde
1967, mas como ramo da economia só nos últimos 30
anos.
Espaço em periódicos consagrados (AER,
Econometrica, EJ e IJGT), periódico específico (JEE).
Linguagem bastante formalizada.
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Alguns exemplos de experimentos
Dilema dos prisioneiros
Jogos de bens públicos
Tipos
de jogos
Jogos de ultimato
Jogos de ditador
Jogos de punição de terceiros
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Alguns exemplos de experimentos
Carter & Irons, Are economists different, and if so, why?
JEP 1991.
Jogo de ultimato, sujeito A deveria dividir $ 10 entre ele e
sujeito B. Oferta mínima = $ 1.
Se B recusasse oferta, ambos sairiam sem nada. Se aceitasse, $
seria dividido na proporção definida por A.
Quantia média ofertada
Carter & Irons
$ 4,40
Bianchi
$ 4,50
Castro & Ribeiro
$ 4,33
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Alguns exemplos de experimentos
Economistas se comportam diferente. Por que?
Auto-seleção
Aprendizado
Resultados empíricos:
Carter & Irons: aprendizado
Castro & Ribeiro: aprendizado
Bianchi: nenhum
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Bens Públicos e Efeito Carona
G. Marwell & R. Ames, “Economists free ride,
does anyone else?”, Journal of Public Economics
1981
Pegar carona = comportamento oportunista. Beneficiar-se mais
de um bem público (externalidade positiva) do q contribuir para o
mesmo.
Experimento com duas possibilidades de aplicação, conta
pública e conta particular.
$ investido na conta pública é multiplicado por um fator K,
maior do que 1 mas menor do que n.
Predição da teoria econômica: sujeitos pegarão carona.
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Dilema da Cooperação
Bens Públicos – 2 possibilidades de aplicação de $
recebido:
Conta privada –
devolvido 100%.
Conta pública – rende juros
k, total apurado é dividido
entre todos os jogadores.
Ponto de vista coletivo, melhor solução = todos aplicarem
na conta pública. Ponto de vista individual, todos menos eu.
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Resultado típico em jogos de rodada única: 40 a
60% de contribuição para bem público.
Estudantes de economia – 20% na conta pública.
Média de todos os participantes = 49% na conta
pública.
Em outros experimentos: jogos repetidos, taxa de
cooperação declina.
Tit-for-tat. Altruísmo recíproco. Norma de
cooperação.
Conversa aumenta cooperação. Identidade de
grupo.
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  Por quê   
Você se preocupou com justiça? Qual seria uma %
justa para aplicar na conta pública?
Não-economistas
75% disseram metade ou +
25% disseram tudo.
Economistas
> 1/3 se negaram a responder o que seria justo ou
respostas não codificáveis.
maioria dos que responderam disseram “nenhum” ou
“pouco”.
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Desafios e impasses
Laboratório = situação artificial. Retrata mundo real?
Controle pode ser maior do que nas pesquisas de campo
tradicionais, mas não é absoluto.
Alto custo de implementação, em geral envolvem
estudantes.
Mais recentemente, experimentos de campo = intervenções
em ambientes que ocorrem naturalmente. Maior realismo mas
dificuldade de controle das condições de teste.
Randomized control trials = pessoas são alocadas
aleatoriamente entre grupo experimental e de controle.
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De volta aos fundamentos da EC: revolução científica?
Acho que uma noção geral sobre a EC pode ser a
seguinte: se eu quiser viajar de Chicago para o Fenway
Park – digamos que eu queira assistir a um jogo dos Red
Soks contra os Yankees – a teoria neoclássica me deixará
em Cambridge. Mas preciso que a EC me leve de
Cambridge até a minha cadeira na 25ª fileira do Fenway
Park. Isso significa que a EC é importante para explicar
comportamentos no plano individual. Mas se quisermos
chegar às vizinhanças da resposta correta, a economia
neoclássica pode nos levar até lá, e a EC faz um trabalho
muito bom apontando com precisão e nos ajudando a
refinar nossa resposta.
John List, Guia
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As cinco lições
1) Limitação das teorias disponíveis.
2) Anomalias devem ser bem-vindas e seriam/
encaradas.
3) Abrir a mente e não buscar apenas teorias
simples; uma teoria pode ser perfeitamente
adequada, mas precisamos ficar atentos à
extensão de seu terreno.
4) Capacidade da EC de gerar novas questões.
5) EC pode ser útil na orientação de políticas
(medir preferências, entender o comportamento
do consumidor, elaborar nudges).
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Apoio bibliográfico (parcial)
C. Franceschini e F. A. Araújo. Preferências sociais, jogos
econômicos e o método experimental. Guia, 2015.
A. M. Bianchi e G. Silva Filho. Economistas de avental branco: uma
defesa do método experimental em Economia. Revista de Economia
Contemporânea 5 (2): 129-154, 2001.
M. A. Magalhães. Laboratório versus campo? 2015, in:
economiacomportamental.org.
J. Andreoni. (1988). Why free ride? Strategies and learning in
public goods experiments. Journal of Public Economics, 37(3), 291–
304.
Carter, J. R., & Irons, M. D. (1991). Are economists different, and if
so, why? Journal of Economic Perspectives, 5(2), 171–177.
Fehr, E., & Leibbrandt, A. (2011). A field study on cooperativeness
and impatience in the Tragedy of the Commons. Journal of Public
Economics, 95(9), 1144–1155.
J. List, Guia.
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