Caracterização Mineralógica e Tecnológica de Minérios Métodos e Propriedades de Separação Separação em Meio Denso Introdução A concentração gravítica pode ser definida como um processo no qual partículas de diferentes densidades, tamanhos e formas são separadas uma das outras por ação da força de gravidade ou por forças centrífugas Os principais mecanismos atuantes no processo de concentração gravítica são os seguintes: a) aceleração diferencial; b) sedimentação retardada; c) consolidação intersticial; d) velocidade diferencial em escoamento laminar. e) ação de forças cisalhantes. Aceleração diferencial • A equação de movimento de uma partícula sedimentada em um fluido viscoso de densidade ρ é: m = massa do mineral; m’ = massa do fluido deslocado; a = aceleração; R = resistência do fluido ao movimento da partícula; g = aceleração da gravidade; Para Vo = 0 tem-se: dv/dt = (1- ρ/d)g Sedimentação Retardada • O movimento em queda impedida é caracterizado pelo movimento de uma partícula numa polpa. D1/D2 = [(d2-1)/(d1-1)]m D1 = Diâmetro da partícula 1 D2 = Diâmetro da partícula 2 d1 = Densidade da partícula 1 D2 = Densidade da partícula 2 O expoente m varia de 0,5 para partículas pequenas (<0,1mm) obedecendo à lei de Stokes, a 1, para partículas grossas (>2mm) obedecendo à lei de Newton. Consolidação Intersticial • As partículas grosseiras, ao se depositarem primeiramente, deixam entre si espaços vazios (interstícios) que serão percorridos por partículas menores até que fiquem retidas nestes interstícios. • Este fenômeno é denominado consolidação intersticial. Velocidade Diferencial em escoamento laminar O movimento de partículas dentro de um fluido em escoamento livre e laminas é afetado pela inclinação da superfície onde ocorre o movimento, pela espessura da camada de fluido, pelo coeficiente de atrito entre as partículas e pela rugosidade da superfície. Considerando-se partículas com a forma de prismas, quanto maior o seu número de lados, menor será o seu coeficiente de atrito, o que implicará numa maior tendência ao rolamento. Ação de forças cisalhantes • O esforço de cisalhamento pode surgir de uma polpa fluindo sobre uma superfície inclinada ou ser produzido pelo movimento da superfície ou, ainda, pela combinação dos dois. • A força (FB), originada desde efeito, que atua na partícula é proporcional ao quadrado do seu raio. FB = krp2 FB = força de Bagnold (N); k = constante; rp = raio da partícula (m). Se FR = 0 então: FB = Fg = 4/3 πrp2 dg Fg = força da gravidade (N); g = aceleração da gravidade (m/s2); d = densidade absoluta da partícula (t/m3). Se FB > Fg FR = k1rp2 (1 – k2 rp d) K1 e k2 são constantes SEPARAÇÃO EM MEIO DENSO Para estudos de laboratório são utilizados líquidos densos e/ou soluções de sais inorgânicos e, mais raramente, suspensões para o fracionamento de minerais de densidades diferentes, com os seguintes objetivos: • estudo do grau de liberação dos minerais a serem separados; • investigar a viabilidade técnica de utilização de métodos de separação gravítica em desenvolvimento de processos; • controle de ensaios de concentração gravítica; • levantamento de curvas de partição, envolvendo os principais parâmetros para projetos de separação em meio denso; • avaliação qualitativa de produtos de separação gravítica; • avaliação de desempenho de equipamentos de separação gravítica (curva de Tromp). SEPARAÇÃO EM MEIO DENSO SEPARAÇÃO EM MEIO DENSO Existem 2 métodos básicos de separação: • • • Separação estática é feita em suspensões onde atuam somente forças gravitacionais Separação dinâmica é caracterizada pelo uso de separadores que empregam forças centrífugas, Granulometria aplicada: > 1 mm a < 6 mm. Este limite máximo é determinado, normalmente, em função dos equipamentos de separação a serem usados no projeto e das facilidades de manuseio de material na usina. SEPARAÇÃO EM MEIO DENSO Em meio dinâmico (p. ex. ciclone de meio denso), a aceleração da gravidade é substituída pela aceleração centrífuga. Portanto, tem-se a seguinte equação para a separação dinâmica. Fc = força centrífuga; Mf = massa do fluido deslocado; Mp = massa da partícula; r = raio do ciclone. v = velocidade tangencial de entrada da alimentação; TIPOS DE MEIOS DENSOS Principais características: formar suspensão ou solução estável, não ser corrosivo, possuir baixa viscosidade, não ser tóxico, ser passível de recuperação, ter fácil ajuste de densidade e ter baixo custo. Base aquosa Densidade máxima Nomes comerciais 1,8 Solução de cloreto de zinco 2,2 Solução de cloreto de sódio 2,9 Politungstato de sódio, matatungstato de sódio, SPT 3,0 Metatungstato de lítio, LMT 3,0 Heteropolitungstato de lítio, LST Observações Dissolução do cloreto muito exotérmica. Usado basicamente para carvão. Usado basicamente para carvão Viscosidade de 7cP, a densidade é 2,5 e de 28cP para densidade de 2,8 Densidade regulável por adição de H2O, ou sua eliminação por evaporação a baixa temperatura Poucas informações disponíveis, provavelmente similar ao LST Viscosidade de 5cP a densidade 2,5 ; 10cP para densidade de 2,8; e de 12,5 para densidade 2,9. Densidade regulável por adição de H2O, ou sua eliminação por ebulição TIPOS DE MEIOS DENSOS Base orgânica Densidade máxima Nomes comerciais 2,89 Bromofórmio, tribromometano 2,96 Tetrabromoetano, TBE, tetrabrometo de acetileno 3,32 Iodeto de metileno, diiodometano Observações Solvente mais comum, etanol. Alta pressão de vapor, exige capela, muito tóxico para o fígado, degrada com luz. Solvente mais comum, etanol. Alta pressão de vapor, exige capela, mutagênico e carcinogênico, degrada com calor, decompõem plásticos e borrachas. Solvente mais comum, etileno ou acetona. Baixa pressão de vapor, porém capela é indicada. Toxicidade muito baixa, excelente molhabilidade de partículas, degrada com luz. OBSERVAÇÕES Líquidos em base aquosa: • são muito pouco tóxicos (considerando-se manuseio responsável); • densidades relativamente mais baixas; • alta viscosidade (problema operacional sério). Líquidos orgânicos: • operação bem mais simples e eficiente; • podem ser muito tóxicos; • exigem capela e equipamento de proteção individual bem dimensionado. o Iodeto de metileno: maior densidade, viscosidade baixa, excelente molhabilidade das partículas, e é relativamente menos tóxico do que o bromofórmio e o TBE. o Bromofórmio: D = 2,81 a 2,90 – Separação do quartzo e feldspato (D = 2,5 a 2,7); bem mais barato que o iodeto. DENSIDADE DO MEIO • Dp- densidade da suspensão; • Ds - densidade do sólido; • C - concentração (% peso) do sólido na suspensão. o Limite da concentração de sólidos das suspensões: 70 a 86% em peso; o Podem ser usados os minerais barita, argilas, quartzo moído, magnetita moída, e ainda ferro-silício (moído ou atomizado) e chumbo atomizado. EQUIPAMENTOS Funil de Separação • • Líquidos Orgânicos; Se há um grande predomínio de partículas mais leves ou mais pesadas, uma pré-separação num Becker ou outro frasco de boca larga, com recolhimento do flutuado com uma peneira com haste, pode melhorar o desempenho. EQUIPAMENTOS Afunda-Flutua (Sink and Float) • • • • • • • • Suspensões; Granulometria > 0,6mm; 2 compartimentos cilindro-cônicos (se comunicam por meio de uma calha); Peneiras no fundo da parte cilíndrica (escoamento do líquido denso); Bombeamento posterior do líquido; Alimentação: compartimento maior; Flutuado: Por transbordo na calha, fica retido na peneira do compartimento menor; Afundado: É separado no fundo do cone do compartimento maior. Equipamento da Denver Laboratory Company EQUIPAMENTOS Magstream • Gradientes de densidade pela atuação de campo magnético sobre uma suspensão coloidal com partículas ferromagnéticas (“líquidos magnéticos”), associados ou não à centrifugação. • Componentes: armação estrutural, um magneto estacionário permanente, um sistema rotacional controlado por meio de um motor, um conjunto de correias em V e polias. • Alimentação: Ducto longo, anular e rotativo; • Ações de forças centrífuga e magnética: Deslocamento radial das partículas • A força centrífuga irá proporcionar um deslocamento radial, para fora, das partículas, de acordo com seus tamanhos, massas e densidades. • Partículas menos densas, com menor força centrífuga, serão dirigidas para o centro do tubo separador, enquanto as de maior densidade, com maior força centrífuga, se encaminharão para as paredes do Esquema do processo Magstream CONTROLE E AVALIAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE SEPARAÇÃO EM MEIO DENSO Para um bom desempenho das operações em meio denso: • Boa preparação da alimentação; vazão de alimentação adequada ao equipamento; controle da densidade de corte; controle granulométrico do material usado no meio denso; controle das pressões (separação dinâmica) • Cálculo da eficiência da separação metalúrgica: E(s) = eficiência da separação; rv = recuperação metalúrgica do mineral útil; rg = recuperação metalúrgica da ganga. CONTROLE E AVALIAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE SEPARAÇÃO EM MEIO DENSO Curva de Tromp: Separação Magnética Introdução Pode ser empregada, dependendo das diferentes respostas ao campo magnético associadas às espécies mineralógicas individualmente, no beneficiamento de minério e na remoção de sucata. Susceptibilidade magnética: propriedade de um material que determina sua resposta a um campo magnético. 3 Tipos de susceptibilidade: – Ferromagnéticos: minerais que são atraídos fortemente pelo campo. Ex.: Magnetita; – Paramagnéticos: minerais que são atraídos fracamente pelo campo. Ex.: Hematita; – Diamagnéticos: minerais que são repelidos pelo campo. Ex.: Quartzo, magnesita, calcita, etc; Fundamentos Teóricos Eq. 1 Densidade do fluxo magnético (T) Intensidade do campo magnético (T) Permeabilidade magnética do meio Eq. 2 Indução Magnética do material (T) Fundamentos Teóricos Eq. 3 Magnetização do material (T) Substituindo-se a eq. 3 na eq 2 tem-se: Eq. 4 Logo, a susceptibilidade magnética “k” é dada por: Materiais Paramagnéticos: k = constante positiva e de baixo valor (< 10-3) Eq. 5 Materiais Diamagnéticos: k = constante negativa (<-10-5) Fundamentos Teóricos Para materiais ferromagnéticos: Eq. 6 Permeabilidade magnética Das equações 4, 5 e 6 tem-se: PARTÍCULAS MINERAIS SUBMETIDAS À AÇÃO DE CAMPO MAGNÉTICO Fenômenos que governam a separação: • O comportamento das partículas minerais diferentes quando expostas a um mesmo campo magnético • As forças magnéticas atuantes. PARTÍCULAS MINERAIS SUBMETIDAS À AÇÃO DE CAMPO MAGNÉTICO PARTÍCULAS MINERAIS SUBMETIDAS À AÇÃO DE CAMPO MAGNÉTICO PARTÍCULAS MINERAIS SUBMETIDAS À AÇÃO DE CAMPO MAGNÉTICO GRADIENTE DE CAMPO MAGNÉTICO Quando um campo magnético uniforme é aplicado a uma partícula, as forças que atuam sobre dois pólos da mesma são iguais e opostas, portanto a resultante dessas forças é nula. Se o campo aplicado nas duas extremidades, difere em intensidade resultará numa força agindo sobre a partícula. O campo aplicado possui variação especial que é função das dimensões do material magnetizado. MATRIZES FERROMAGNÉTICAS 2 formas de se produzir gradiente magnético: • Construção de um pólo de eletroímã com a área bem menor que a do pólo oposto; • Utilização de matrizes entre os pólos do eletroímã o gradiente máximo de campo; o área superficial de captação por unidade de volume da zona da matriz; o capacidade de limpeza da matriz (retiradas das partículas magnéticas) com rapidez para manter o sistema de fluxo contínuo; o porosidade da matriz para permitir a vazão da polpa, caso ela tenha um valor muito baixo, é necessário maior pressão para obter a vazão ideal sem obstrução; o o material usado na fabricação das matrizes deve reter o mínimo de magnetização. EQUIPAMENTOS DE SEPARAÇÃO MAGNÉTICA DE LABORATÓRIO Separadores a Seco e a Úmido: • Baixa e Alta Intensidade A. SEPARADOR MAGNÉTICO A ÚMIDO DE ALTA INTENSIDADE – Operado a Úmido; – Utilização de matrizes; – Partículas Paramagnéticas; EQUIPAMENTOS DE SEPARAÇÃO MAGNÉTICA DE LABORATÓRIO EQUIPAMENTOS DE SEPARAÇÃO MAGNÉTICA DE LABORATÓRIO EQUIPAMENTOS DE SEPARAÇÃO MAGNÉTICA DE LABORATÓRIO B. Separador Magnético Isodinâmico Frantz Componentes: – – Calha vibratória com inclinações variáveis nos seus sentidos longitudinal e transversal; Dois eletroimãs de corrente regulável, que definem a densidade de fluxo do campo magnético A separação dos minerais é função do: – – – – – Campo Magnético; Inclinação lateral (15°) e longitudinal (25° ) da calha; Velocidade de escoamento das partículas; Vibração da calha de escoamento; Massa de material alimentado no funil. EQUIPAMENTOS DE SEPARAÇÃO MAGNÉTICA DE LABORATÓRIO B. Separador Magnético Isodinâmico Frantz Parâmetros: – – – – Fluxo magnético: de 0 até 20 kG; Tamanho: de 0,833 mm a 74 μm Material Seco Relação Corrente (A) x Campo (G):