Déficit de Repertório em Adultos: da Identificação ao

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Conceito de Regras e Comportamento
Modelado pelas Contingências e sua
Aplicação na Clínica
Patrícia Piazzon Queiroz
Instituto de Análise Aplicada de
Comportamento – IAAC
Comportamento Modelado por Contingências
E
Comportamento Governado por Regras
“Na relação que se estabelece entre
resposta e conseqüência, reside o conceito
de comportamento operante, que é aquele
que opera no ambiente e produz
conseqüências que alteram a sua
probabilidade de ocorrência futura,
fortalecendo-o ou enfraquecendo-o. Ou
seja, a ocorrência de uma conseqüência
depende da ocorrência de uma resposta.”
“a descrição do comportamento operante
envolve pela menos duas relações: a relação
entre a resposta e sua conseqüência e a relação
entre a resposta e os estímulos que a antecedem
e estavam presentes na ocasião em que a
resposta foi reforçada” (Sério, Andery, Gioia e
Michelleto, 2002, pág. 10).”
De Souza (1997b) apontou ainda que, se
a relação resposta-reforço fosse a única
fonte de determinação do comportamento,
isto seria caótico, pois o comportamento
teria que ocorrer diante de quaisquer
circunstâncias.
Comportamento Modelado pelas
Conseqüências
Nosso comportamento é selecionado pelas
consequências que produz. No entanto, nós não
precisamos sermos capazes de descrevê-las (ter
consciência) para responder a elas (ou agir).
Aprendendo a Seguir Regras
“Estabelece-se essa relação quando uma
resposta emitida produz uma conseqüência
reforçadora (que aumenta a probabilidade
de que seja novamente emitida), fazendo o
evento que antecede a emissão dessa
resposta adquirir controle sobre novas
emissões dessa resposta (Skinner, 1994).”
A Função do S Antecedente
O antecedente “não suscita, então, a
resposta, como ocorre num reflexo;
simplesmente aumenta a probabilidade de
ela vir a ocorrer novamente.” (Skinner,
1974, pág. 76).
“As regras são particularmente valiosas
quando as contingências são complexas, pouco
claras ou, por qualquer outra razão, pouco
eficazes.” (Skinner, 1974, p.110)
“Em geral, regras podem ser aprendidas mais
rapidamente do que comportamento modelado
pelas contingências que descrevem.” (Skinner,
1974, p. 109)
Diferenças entre Seguir Regras e
Contingências
“Uma pessoa que esteja seguindo uma
orientação, aceitando um conselho, prestando
atenção, a um aviso, obedecendo as leis e regras,
não se comporta exatamente da mesma maneira
que outra que tenha sido exposta diretamente às
contingências, porque uma descrição das
contingências nunca é completa ou exata
(usualmente é simplificada para poder ser ensinada
ou compreendida com facilidade) e porque as
contingências de apoio raras vezes são mantidas
plenamente.(...)” (Skinner, 1974, p. 110)
“Guiar um automóvel de acordo com
instruções difere do comportamento finalmente
modelado pelo movimento do carro numa
rodovia. Falar uma língua com o auxílio de um
dicionário e de uma gramática não é o mesmo
que falá-la em virtude de exposição a uma
comunidade verbal. Os sentimentos associados
com as duas espécies de comportamento
também são diferentes, mas não explicam a
diferença dos comportamentos.” (Skinner,
1974, p.110)
Estão as regras nas contingências?
“Não precisamos descrever as contingências
de reforço a fim de sermos afetados por elas.
Os organismos inferiores presumivelmente não
o fazem, nem tampouco a espécie humana antes
de ter adquirido o comportamento verbal. Uma
pessoa que é modificada por um reforço
operante não “aprendeu uma probabilidade”;
aprendeu a responder numa certa velocidade
por causa de uma dada freqüência de reforço.”
(Skinner, 1974, p. 111)
As Conseqüências Estão Sempre
Presentes
“Todo comportamento é determinado, direta
ou indiretamente, pelas conseqüências, e os
comportamentos do cientista e do leigo são
modelados por aquilo que realmente existe,
mas de maneiras diversas.” (Skinner, 1974, p.
111).
Formas de Regras
Orientações
“Uma pessoa dá a outra orientações mencionando ou
implicando uma conseqüência reforçadora, descrevendo
um comportamento que tenha essa conseqüência e,
especialmente, descrevendo o ambiente controlador.
“Para chegar a Boston, siga a rodovia 93 até o
cruzamento com a 495, vire à esquerda na rodovia 90...”
A orientação para o uso de uma máquina de vender
descreve uma série de atos que devem ser executados na
ordem indicada: “Para fazê-la funcionar coloque uma
moeda na fenda e puxe o êmbolo sob a mercadoria
desejada”. As orientações não transmitem conhecimento
nem comunicam informação: descrevem o
comportamento a ser executado e expõem ou implicam
conseqüências.” (Skinner, 1974, p. 106)
Instruções
As instruções são ideadas para tornar
desnecessárias orientações ulteriores. Uma pessoa
que esteja aprendendo a dirigir automóveis responde
ao comportamento verbal da pessoa sentada a seu
lado: dá a partida, freia, muda de marcha, faz sinais,
etc., quando lhe dizem para fazê-lo. Esses estímulos
verbais podem no começo ser orientações, mas
tornam-se instruções se o auxílio verbal for prestado
só quando necessário. Mais tarde, eventualmente, as
contingências naturais não-verbais, de dirigir
Instruções
um carro, controlarão o comportamento do condutor.
Aprender a dirigir simplesmente por exposição a tais
contingências exigiria tempo muito longo. O futuro
motorista teria de descobrir o que ocorre quando
movimenta a alavanca de câmbio, gira a direção,
aperta o acelerador, põe os freios e a assim por
diante, tudo isso com grande perigo para si mesmo.
Com seguir as instruções, ele evita expor-se a muitas
dessas contingências e eventualmente comportar-se
com o próprio instrutor se comporta.” (Skinner,
1974, p. 106)
Folclore, Máximas e Provérbios
“Algumas formas de instrução podem ser
transmitidas de geração a geração porque as
contingências que descrevem são duradouras.
Uma máxima como “Para perder um amigo,
empreste-lhe dinheiro”(*) descreve um
comportamento (emprestar dinheiro) e uma
conseqüência (perder um amigo).”
(*) A forma usual no Brasil é “Amigos, amigos;
negócios à parte!”(N.T.) (Skinner, 1974, p.107)
Folclore, Máximas e Provérbios
O folclore, as máximas e os provérbios são,
muitas vezes, assaz eficazes porque inúmeras
vantagens do comportamento que fortalecem
são longamente postergadas e não funcionam
bem como reforços.” (Skinner, 1974, p. 107)
Leis Governamentais e Religiosas
“Quando as pessoas começaram a viver
juntas em grupos, surgiu um ambiente social
marcado por certas práticas. Aqueles que se
comportavam de maneiras prejudiciais aos
outros, por exemplo, eram punidos por aqueles a
quem prejudicavam.” (Skinner, 1974, p.107)
Leis Governamentais e Religiosas
“As contingências se tornaram mais
poderosas quando foram codificadas em
advertências religiosas e governamentais, em
orientações e instruções chamadas leis.
Obedecendo à lei, a pessoa evita punição.”
(Skinner, 1974, p.107)
Regras ou Valores Familiares
O ambiente familiar é uma micro-cultura. E
como tal têm suas regras e padrões de conduta e
sentimentos. Neste ambiente repertórios de
comportamentos e sentimentos são instalados e
mantidos. Assim os eventos adquirem funções
específicas daquele grupo e influenciarão as
outras relações que vierem ser estabelecidas.
Muitas vezes, quando as regras não são
seguidas, sentimentos de culpa, vergonha etc.
acompanham os comportamentos.
As Leis da Ciência
“Com aprender as leis da ciência, uma
pessoa se torna apta a comportar-se de forma
eficaz nas contingências de um mundo
extraordinariamente complexo. A ciência a leva
para além de sua experiência pessoal e da
deficiente amostragem da natureza, deficiência
inevitável na duração uma só vida. A ciência
também a coloca sob controle de condições que
não poderiam desempenhar qualquer papel no
sentido de formar-lhe e manter-lhe o
comportamento.” (Skinner, 1974, p. 109)
A Magia do Comportamento Modelado
pelas Contingências
“O controle exercido por orientações,
conselhos, regras ou leis é mais ostensivo do que
o exercido pelas próprias contingências, em parte
porque é menos sutil, enquanto o outro, por isso
mesmo, parecia significar maior contribuição
pessoal e valor interno. Fazer o bem porque se é
reforçado pelo bem de outrem merece maior
apreço do que fazer o bem porque a lei assim
exige. No primeiro caso, a pessoa se sente bem
disposta; no segundo, pode sentir pouco mais do
que o medo de ser punida.” (Skinner, 1974, 110).
“O trabalho planejado ou bem executado
pode tornar-se suspeito da mesma forma que
qualquer comportamento premeditado. O
matemático intuitivo parece ser superior àquele
que tenha de avançar passo a passo. Fazemos
naturalmente objeções ao amigo calculista que
aprendeu como fazer amigos e influenciar
pessoas. É possivelmente por isso que, às
vezes, às contingências deixam de ser
examinadas ou relatadas; uma descrição lhes
destruiria algo do efeito.” (Skinner, 1974,
p.111)
Patrícia Piazzon Queiroz
[email protected]
www.iaac.com.br
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