Semântica Estilística - Bem Vindo À Letras Unip 2010

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Semântica Estilística
Semântica Formal
Figuras
Enunciação
Semântica formal

Princípio: é preciso conhecer as condições de verdade
de uma sentença para sabermos o seu significado

signo linguístico:
referência (aquilo do que se fala)
sentido (o modo de apresentação do objeto)

significado de uma sentença: condições de verdade,
circunstâncias em que a sentença pode ser considerada
verdadeira ou falsa.
Referência
constitui o modo de se referir ao objeto a
que se refere
 Possibilidades vão além do uso do léxico
com contribuição das regras sintáticas
 (a) João ama Maria.
agente
 (b) Maria ama João.
paciente

Referência
Maneiras de se referir a indivíduos no mundo
Ex.: jogador de futebol: “Ronaldinho”, “o fenômeno”, “o
gorducho”


formas definidas reconhecidas por nós devido às
condições que as tornam verdadeiras

a verdade não está relacionada ao que é inerente ao ser
referido, mas à construção dela no contexto social em
que o referido se encontra
Referência e sentido

Referência
todas as expressões apontam
para o mesmo indivíduo no mundo, ao jogador
de futebol que se chama Ronaldo

Sentido
cada uma das expressões tem um
sentido diferente, pois elas nos informam que o
indivíduo Ronaldo pode ser encontrado no
mundo por caminhos diferentes
Acarretamento
No nível da palavra, quando temos a
hiponímia e a hiperonímia, observamos
que há o significado de uma palavra
contido no significado de outra
 Pode-se, então, transferir essa noção para
o nível da sentença para se chegar à
noção de acarretamento

Acarretamento
(a) João continua fumando.
(b) João fuma desde adolescente.
A informação no enunciado (b) está
contida em (a),
 (b) é hipônimo de (a), isto é, a afirmação
em (a) acarreta a afirmação em (b)

acarretamento
se estabelece exclusivamente entre
referências: as ações de “ continuar
fumando” e “fuma desde adolescente”
estão associadas a mesma referência
“João”
 uma sentença acarreta outra se a verdade
da primeira garante a verdade da segunda
ou a falsidade da segunda garante a
falsidade da primeira

acarretamento
Duas sentenças estabelecem relação de
acarretamento se:
 A sentença (a) for verdadeira, a sentença
(b) também é verdadeira;
 A informação da sentença (b) está contida
na informação da sentença (a);
 A sentença (a) e a negação da sentença
(b) são sentenças contraditórias
Pressuposição
vai além do conteúdo informacional da
sentença, está relacionada às condições
de uso determinadas pelo discurso
 uma informação é pressuposta quando ela
se mantém mesmo que seja negada
O João parou de fazer caminhada.
pp: João tinha o hábito de fazer caminhada.

Pressuposição
O João parou de fazer caminhadas.
 O João não parou de fazer caminhadas.
 Se o João parou de fazer caminhadas...
 O João parou de fazer caminhadas?

pp implica uma família de implicações:
declaração afirmativa, negação,
interrogação e condição antecedente
Pressuposição
a) Maria sabe que Pedro tem o costume de
dormir na aula.
Pp: Pedro tem o costume de dormir na aula.
Família:
Maria não sabe que Pedro tem o costume...
Maria sabe que Pedro tem o costume...?
Se Maria sabe que Pedro tem o costume...,
Acarretamento e pressuposição



Noções como implicações ou inferências
Acarretamento: relação entre 2 sentenças, de tal
modo que a verdade da 2ª decorre da verdade
da 1ª; é exclusivamente a partir da sentença
proferida que podemos inferir alguma verdade
Pressuposição: conhecimento compartilhado
por falante/ouvinte, prévio à sentença proferida;
envolve uma família de implicações
Ambiguidade

ocorre quando se pode atribuir mais de um sentido ao que
foi dito. Podemos observar a ambiguidade em relação ao
significado das palavras, construção sintática da sentença
ou, até mesmo, pela forma como se faz referência no texto.
Vejamos estes dois exemplos:
1.
Joana pegou a caixa vazia do presente que estava em cima
da cama.
O que estava em cima da cama? A caixa ou o presente?
Retirando a ambiguidade: Joana pegou a caixa vazia do
presente a qual estava em cima da cama.
Ambiguidade
2.
Sentado na calçada , o menino avistou um
mendigo.
Quem estava sentado na calçada: o menino
ou o mendigo?
Retirando a ambiguidade: O menino avistou
um mendigo que estava sentado na calçada.
Paráfrase

A paráfrase ocorre com base no mesmo princípio
da sinonímia (equivalência de sentido entre
palavras) só que no nível da sentença. Vejamos o
exemplo:
a)
João encontrou o caminho.
b)
O caminho foi encontrado por João.
Há uma equivalência de sentido: a informação é a
mesma, porém na alternativa (a) João é o “tema” e
“caminho” é o rema. Na alternativa (b), mudamos o
foco.
linguagem figurada




Metáfora
“O homem era um touro”.
Símile
“O homem era forte como um touro”.
Quatro elementos explícitos:
1. comparado ou termo real (homem)
2. comparante ou termo irreal, imaginário, metafórico
(touro),
3. análogo, que explicita o ponto comum entre os dois
termos (forte)
4. e o nexo gramatical “como”
linguagem figurada



Metonímia: substantivo que designa uma
realidade A é substituída por outra palavra que
designa uma realidade B, em virtude de uma
relação de vizinhança
“ter um teto para morar”, “o pão nosso de cada
dia”
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê (Chico & Gil)
Sinédoque

É a troca de palavras com significado de
diferente extensão,havendo entre elas
uma relação de inclusão.
Estilística da frase
Objeto: combinação das regras estabelecidas pela norma
gramatical e desvios expressivos na ordem da sintaxe
Frases: exprimem um sentido e são classificadas em:
1.
declarativas (expressão de um fato – uso de ponto final);
2.
exclamativas (expressão de sentimentos variados - ponto
de exclamação);
3.
imperativas ( expressão de um fato desejável ou ordem) ;
4.
interrogativas (expressão de um fato emotivo ou
apelativo).
Estilística da frase: exemplos de desvios da
norma como recurso expressivo
1.
Predicativo do sujeito em alternância com advérbio.
Por exemplo: “A neve caia levemente” e , no
mesmo poema, “ A neve caia desfeita e branca” O
predicativo “desfeita e branca” assume a
expressividade do advérbio “levemente”;
2.
Pausa entre sujeito e predicado: “O menino,
brincava.” O uso da vírgula separando sujeito e
predicado é inadmissível no uso da norma
gramatical, porém ao utilizá-la, agregamos
expressividade ao ato de brincar;
Estilística da frase: exemplos de desvios da norma
como recurso expressivo
3.
Elipse ( algo que se deixou de dizer) : “Mulher
perguntou se ele queria beber gol, se doente
estava.”;
4.
Pleonasmo (redundância): “” estavam sem saber
como voltar para suas casinhas deles.” (Manuelzão
- G.Rosa) ;
5.
Anacoluto é redundância com quebra de
construção:”Eu, que era sorridente e leve, eis-me
pesada e triste”
Estilística da frase
Segmentação: frequentemente, acompanhada de uma
inversão e de um pleonasmo: “Ele é interessante, esse
livro.”
 Elipse: brevidade da expressão resultante de alguma
coisa que se deixou de dizer, ou por se ter dito em outra
frase, oração ou sintagma
Ex.: Os mangues da outra margem jogam folhas
vermelhas na corrente. Descem como canoinhas. Param
um momento ali naquele remanso” (Guimarães Rosa)
 Anacoluto: quebra de construção

de realce ou espontaneidade, ou ainda
expletivas: certas partículas destituídas de
valor nocional e sintático, mas portadoras de
valor expressivo
Exemplos:
 “- E vocês também não me voltem mortos.
Quero-os bem vivinhos e perfeitos” (M. Lobato)
 “Vocês são brancos, lá se entendam”

Relação entre as orações

1.
2.
Coordenação: relação entre as orações
pode ser estabelecida sem dependência
uma da outra.
Assindética: sem o elemento de ligação,
o nexo ou conjunção.
Sindética: com elemento de ligação, o
nexo ou conjunção.
Estilística da frase: a relação entre as
orações

Nas orações com relação por coordenação:
utilizados elementos de ligação (conectivos) ou
conjunções

a ausência da conjunção (assíndeto) pode
representar a espontaneidade da “fala” na escrita

o uso repetido de uma mesma conjunção
(polissíndeto) destaca as orações.

exemplo: “E cheios de ternura e graça forma para
a praça e começaram a se abraçar e ali
dançaram“
Relação entre as orações

Subordinação: relação de dependência ou
regência, e a oração subordinada equivale
a um substantivo, adjetivo ou advérbio
que tem valor de termo subordinante.
Frase estilística



Há escritores que preferem períodos mais curtos;
outros, períodos mais longos, dependendo do gosto
pessoal, do estilo da época ou do gênero de
composição do texto.
A epopeia, por exemplo, caracteriza-se por ser
constituída de períodos longos em que se encadeiam
enumerações, além de ser rica de modulações,
atendendo à grandiosidade desse estilo.
Já em textos do tipo crônica ou em outros de cunho
didático, o período breve está mais de acordo com a
simplicidade, com a espontaneidade das manifestações
emotivas ou com a vivacidade dos diálogos, bem como
o tom despretensioso.
Frase incompleta
Frases de dois membros (dirremas)

“Bonita, sua blusa” exprime o mesmo fato da frase
completa: Esta blusa é bonita.

“Cada macaco em seu galho” exprime o mesmo que:
Cada macaco deve ficar em seu galho.
b) Frases de um só membro (monorremas)

ocorrem em casos de informações sumárias, avisos,
anúncios

exemplos: “Fechado para almoço”; “Rua sem saída”.
a)
Estilística da frase: a ordem dos termos

De modo geral, o adjetivo (valor apreciativo) é
colocado antes do substantivo para realçar a
qualidade atribuída ao sujeito. Exemplo:” Uma
comovente cena”; o adjunto preposicionado pode
estar anteposto ao substantivo para realçar um
aspecto relacionado ao sujeito. Exemplo: “ Do teu
perfil, os tímidos, incertos Traços indefinidos (...)”;

A inversão da ordem no uso do verbo auxiliar
enfatiza o verbo principal. Exemplo: “ Fugir você não
pode”;
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