+ Infecções do Trato Urinário na Pediatria Internato em Pediatria-6ª Série Apresentação: Huri Brito Pogue Orientadora: Dra Carmen - www.paulomargotto.com.br Brasília, 25 de novembro de 2015 + Conceito Multiplicação bacteriana em qualquer segmento do trato urinário Segunda infecção bacteriana mais comum em crianças Otite média aguda é a primeira 50% dos encaminhamentos à Nefrologia Pediátrica Mak RH Current Opinion in Pediatrics + Importância Bacteremia Oculta Vacinação contra Haemophilus influenza tipo B e Pneumococco diminuiu sua prevalência Diminuição de bacteremia e meningites Trato urinário passa a ser o local mais comum de infecções bacterianas sérias Se envolve o rim, pode causar cicatriz renal, levando à hipertensão arterial secundária, insuficiência renal crônica Lactentes tem maior risco Diagnóstico correto é importante Permite identificação, tratamento e avaliação de crianças em risco para dano renal Envolve repetidas consultas, uso de antimicrobianos, exposição a radiação e custos Pediatrics 2011;128(3):595-610 + Epidemiologia Prevalência ao redor de 5% Raça branca Pico de incidência geral ao redor dos 3-4 anos Mais comum no sexo feminino (1-3% das meninas) 1º Pico 1 ano meninos anomalias 2º Pico meninas controle esfincteriano (muito tempo sem urinar) 3º Pico meninas atividade sexual Maior proximidade da uretra com o ânus Menor comprimento da uretra Uso de roupas apertadas Limpeza errada: de trás para frente Reinfecções: 30% nas meninas no primeiro ano após a ITU 50% no período de 5 anos + Epidemiologia Meninos Não circuncisados: 10-20:1 Mais comum nos primeiros 6 meses de vida Primeiro surto geralmente antes de 7 anos de idade 30-50% das crianças com ITU associação com refluxo vésicoureteral Destas, 50% terão nefropatia do refluxo Avanços no diagnóstico por imagens das anomalias urinárias detectam crianças em risco de dano renal + Etiologia Geralmente causadas por enterobactérias Infecções virais, em sua maioria por adenovírus, também podem ocorrer causam cistite hemorrágica Sexo feminino E. coli - 1ª mais comum – fímbrias fazem adesão no uroepitélio Klebsiella - importante em neonatos, segundo mais importante em meninas Proteus (no 1º ano de vida pode ser a mais comum) Converte uréia em amônia alcalinização da urina cálculos de estruvita Pseudomonas – manipulação do trato urinário Estáfilos saprofiticos – mulheres sexualmente ativas Sexo masculino E. coli e proteus mais comuns Enterococcus colonizam prepúcio masculino + Etiopatogenia Infecções por via ascendente, hematogênica, linfática (rara) Bexiga é estéril 1/3 distal da uretra colonizados por bactérias colônicas Meninos tem prepúcio colonizado As fímbrias (pili), presentes na superfície das bactérias, se encarregam de fixá-las às célulasalvo das vias Bactérias podem alcançar o rim e causar pielonefrite Infecção renal também ocorre por disseminação hematogênica (menos comum) + Fatores de Risco Virulência bacteriana Presença de P fimbria Produção de hemolisinas Produção de aerobactinas Presença de porinas Presença de ilhas de patogenicidade Do hospedeiro ITU materna ao nascimento Aleitamento artificial Sexo feminino Meninos não circuncisados Refluxo vésico-ureteral, disfunção miccional, uropatia obstrutiva Higiene inadequada Constipação Antibioticoterapia prévia repercussão na flora intestinal normal Zorc JJ cols Pediatrics 2005; 116:644-8 + Localização + Diagnóstico Idade Antecedentes familiares Hábitos urinários Hábitos intestinais Controle esfincteriano Uso prévio de antibióticos + Diagnóstico Idade História Clínica Antecedentes familiares Hábitos urinários e intestinais Uso prévio de antibióticos + Manifestações Clínicas Período neonatal insuficiente ganho de peso, vômitos diarréia, dificuldade de sucção, irritabilidade, icterícia, letargia, convulsão, pele acinzentada, hipotermia, septicemia (mais em recém nascidos) Lactentes ganho pondero-estatural insatisfatório, palidez, hiporexia, diarréia, vômitos, dor abdominal, febre Pré-escolares febre, calafrios, dor nos flancos, urgência miccional, disúria, polaciuria, incontinência urinária, urina fétida e turva Escolares disúria, polaciúria, urgência, hematúria, febre, dor no flanco + Manifestações clínicas Meninos Pensou em febre, pensou em pielonefrite Meninas Raça não branca Raça branca Temp >39C Temp > 39C Febre > 24 hrs Febre > 24 hrs Ausência de local de infecção Idade < 12 meses Ausência de local de infecção Pediatr Emerg Care: 2003;19(3): 162-164 + Manifestações clínicas + Refluxo Vesico-Ureteral Implantação obliqua do ureter impede refluxo Dx: urocistografia miccional Geralmente se resolve nos 1os 5 anos Grau I e II não precisa mais de profilaxia Mais comum: congênito/idiopático Comitê internacional do refluxo (5 graus) + Diagnóstico Diagnóstico adequado Detecta crianças com maior risco de comprometimento renal progressivo Coleta de urina: Crianças sem controle enfincteriano Punção supra-púbica Cateterismo vertical Crianças com controle esfincteriano Jato médio Saco coletor não deve ser utilizado Válido apenas para exclusão de ITU + Diagnóstico Cateterismo (> 50.000) e jato médio (>100.000) Saco coletor Desprezar o primeiro jato Uretra distal é colonizada Alta taxa de falso-positivo Válido quando negativo Sempre coletar antes de iniciar o tratamento Urina esteriliza rapidamente Quantitativos de urina Urocultura com contagem de colônias Único exame para confirmação de ITU Falso positivo de 85-99% com saco coletor Can Fam Physician 2001:47:1603-8 Pediatrics 2011: 128(3): 595-610 + Diagnóstico + Diagnóstico Qualitativo de urina Sedimento Urinário (EAS, urina tipo 1) Leucocitúria (> 5-10 leucócitos por campo / > 10.000) Bacteriúria (Presença de bactérias no gram) Testes rápidos Nitrito Bactérias entéricas Gram-neg desdobram nitrato em nitrito Necessário urina permanecer 4 hrs na bexiga Crianças urinam mais frequentemente Quando posivito auxilia, negativo não exclui Esterease leucocitária Marcador de piúria Diferencia bacteriúria assintomática de ITU Falsos positivos são comuns (doenças estreptocócicas, Kawasaki, exercícios intensos) + Tratamento Objetivos Eliminar infecção aguda Prevenir a urosepsis Reduzir chance de dano renal (quanto mais precoce, menos lesão) Via de Administração Oral Terapia de troca parenteral, depois oral Lactentes maiores de 1 mês que estão toxêmicos, sem condições de tratar via oral Parenteral Lactentes com menos de 1 mês e pacientes sem condições de tratar via oral Duração: 7 a 14 dias Evitar antibióticos com alta excreção intestinal alteração de flora Resistência elevada ampicilina sulfametoxazol-trimetoprim cefalexina Pediatrics 1999:103(4):843-52 Pediatrics 2011:128(3):595-610 + Tratamento + Tratamento Sociedade Brasileira de Pediatria – ITU confirmada < 2 anos: USG + UCM > 2 anos: USG Cistite • 3-5 dias • ambulatorial • sulfametoxazol + trimetoprim • nitrofurantoína (não alcança parenquima renal) Pielonefrite (Hospitalar) • 7-14 dias • se < 1 mês ou grave • Ampicilina e aminoglicosídeo (genta) • Ceftriaxona (não é bom em enterococco) Pielonefrite (Ambulatorial) • • • • 7-14 dias ceftriaxona IM cefixima VO ciprofluoxacino quando há chance de pseudomonas (>17 anos) + Tratamento Crianças com febre Usar antibióticos que atinjam concentração sanguínea Pielonefrite e urosepsis Não usar ácido nalidíxico, nitrofurantoína Ceftriaxona • 75 mg/kg a cada 24 hrs Cefotaxime • 150 mg/kg/dia em 3-4 doses Ceftazidime • 100-150 mg/kg/dia em 3 doses Aminoglicosídeo • Gentamicina • Dose única diária + Investigação por imagens Identificar anormalidades estruturais Repercussão da ITU sobre o rim Obstrução, litíase, refluxo vesico-ureteral Agudas e crônicas Avaliar fisiologia da micção Atenção: pielonefrite pode ocorrer sem RVU Profilaxia para ITU em pts com RVU não é efetiva Pensar se vale a pena pedir exames com muita radiação Excluir constipação + Investigação por imagens Ultrassonografa Cintilografia renal com DMSA Urocistografia miccional • Descarta hidronefrose e abscessos renais • Avalia tamanho renal • Pode evidenciar pielonefrite aguda • Detecta 30% das cicatrizes renais (diferença entre rins > 1cm) • Detecta apenas 40% dos casos • Padrao ouro para diagnóstico de pielonefrite • Mais sensível e precisa para detectar cicatrizes • Crianças < 2 anos na segunda infecção • Alterações na ecografia (dilatações, obstruções, cicatrizes renais) ou DMSA (áreas com baixa captação) • ITU recorrente febril • Exame com muita radiação + Investigação por imagens Urocistografia miccional (UCGM) 1/3 de enchimento: observar ureterocele, que pode ser obscurecida com enchimento completo Oblíqua D e E (quase cheia): ver ureter distal Cheia, urinando: ver uretra Miccional: ver refluxo Pós-miccional : ver resíduo + Investigação por imagens + Quimioprofilaxia Paciente com RVU grau V Está sendo questionada por efeito colateral e resistência das bactérias Dados recentes de literatura recomendam retirada mais rápida de quimioprofilaxia sem aparente piora/dano renal Nitrofurantoína •1 mg/kg/dose, 1-2x/dia Ácido nalidíxico Sulfametoxazoltrimetroprim Cefalexina • 20mg/kg/dia, 1-2x/dia • 0,5 mL/kg/dia • 25 mg/kg/dia + Conclusões A ITU em crianças é um sinal de estase de urina Toda criança com ITU deve ter o trato urinário investigado por imagens Quanto mais nova a criança (<2 anos), maior o risco de anomalia do trato urinário e lesão renal Novos estudos são necessários para: Definir melhor a investigação Definir o tempo de profilaxia + Estudos Futuros Probióticos Estudo genético de pacientes com refluxo Componente familiar importante Ensaio clínico randomizado para pacientes com RVU em andamento + Obrigada! + Referências Bibliográficas Current Pediatrics 2015 Diretriz de ITU Pediátrica – Santa Casa de SP Nelson Textbook of Pediatrics Mak RH Current Opinion in Pediatrics Pediatrics 2011;128(3):595-610 Pediatrics 1999:103(4):843-52 Pediatrics 2011:128(3):595-610