Cardioativos

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Disciplina de
FARMACOGNOSIA I
AULA 13:
Glicosídeos cardioativos
Profa. Nilce Nazareno da Fonte
O que são glicosídeos cardioativos?
• compostos caracterizados pela ação altamente específica,
homogênea e potente que exercem sobre o músculo cardíaco
 medicamentos de escolha na insuficiência cardíaca.
• glicosídeos esteroidais C23 e C24  genina derivada do
núcleo fundamental tetracíclico
ciclopentano-per-hidrofenantreno.
anel lactona
porção aglicona
(genina)
porção açucarada
(glicona)
Estrutura química:
2 tipos de genina, conforme ligante em C 17, b (a é inativo):
• cardenólido (C23): anel lactona com 5 membros (a, b
insaturado)
• bufadienólido (C24): anel lactona com 6 membros (duplamente
insaturado)
cardenólido
bufadienólido
Estrutura química (contin.):
Devem possuir :
• OH secundária em 3 b e terciária em 14 b;
• configuração A/B e C/D cis e C/D trans.
cis
trans
A/B , C/D cis
B/C trans
Estrutura química (contin.):
configuração
cis / trans / cis
= molécula ativa
configuração
toda trans =
molécula
praticamente
inativa
Estrutura química (contin.):
Estrutura química (contin.):
Em relação à glicona :
• ligada à genina pelo C3, b;
• geralmente oligossacarídeos (2 a 4 oses) unidos por
ligação b (1 4);
• açúcares muito específicos (deoxihexoses);
• quando há glucose, se situa no extremo da molécula;
• permite a classificação em glicosídeos primários e
secundários.
Relação estrutura - atividade:
Glicona não atua diretamente, e sim modula a atividade
(aumenta a solubilidade e poder de fixação no miocárdio).
Atividade cardioativa  genina. É fundamental:
• anel lactona em C 17, b ;
• configuração cis / trans / cis dos ciclos;
• substituintes: OH em C 3 e C 14 b.
Propriedades físico-químicas:
• mais ou menos solúveis em água dependendo do no de OH
na parte glicídica  define a farmacocinética;
• solúveis em álcool e pouco solúveis em clorofórmio;
• insolúveis em solventes orgânicos apolares
(benzeno,éter);
• as agliconas livres são insolúveis em água e solúveis em
álcool e clorofórmio;
• o anel lactona confere sabor amargo e instabilidade em
meio básico (se hidrolisam facilmente em meio básico e o
anel se abre).
Métodos laboratoriais:
Reações por coloração
• identificação dos açúcares (Keller-Kiliani, xantidrol);
• identificação do núcleo esteroidal (LiebermannBurchard);
• identificação do anel lactona (Kedde, Baljet);
Reações de fluorescência ao ultravioleta (Pesez)
Cromatografia em CCD.
Ações farmacológicas e uso:
Indicados no tratamento da insuficiência cardíaca
crônica (congestiva), ICC:
• doença de progressão lenta, caracterizada pela incapacidade
dos ventrículos em bombear quantidades adequadas de sangue
para manter as necessidades periféricas do organismo.
• é acompanhada de sintomas de cansaço aos esforços,
retenção hídrica e redução da expectativa de vida.
• na tentativa de aumentar o débito cardíaco surgem
mecanismos compensatórios, como o aumento da freqüência
cardíaca, da pressão diastólica final e da massa ventricular.
• principal causa de hospitalização do idoso e de mortalidade
cardiovascular.
Mecanismo de ação:
inibição da enzima Na+K+ ATPase
estímulo da troca Na+/Ca++
aumento da força de contração do músculo cardíaco
K+
Na+
célula
interstício
Na+
Ca++
Mecanismo de ação (contin.):
aumento no influxo de Ca++ intracelular
estímulo da ligação entre actina e miosina
aumento da força de contração do músculo cardíaco
miosina
tropomiosina
Ca++
Ca++
troponina C
actina
Efeitos:
• aumento da força de contração miocárdica (efeito
inotrópico positivo);
• aumento do débito cardíaco (esvaziamento mais completo
do coração);
• diminuição do tamanho do coração;
• diminuição da pressão venosa;
• diminuição do volume sangüíneo;
• diminuição da freqüência cardíaca;
• aumento da diurese (efeito indireto)  alívio do edema.
Intoxicação e efeitos secundários:
A margem terapêutica é bastante pequena  intoxicações
são bastante comuns (20% dos pacientes).
Fatores que acentuam o risco: hipopotasemia, isquemia
miocárdica, idade avançada, hipotireoidismo, uso de
antiarrítmicos etc.
São efeitos secundários e/ou sinais de intoxicação:
• ritmo cardíaco anormal que produz tontura, palpitação, falta
de ar, sudorese ou desmaio;
• alucinações confusão e alterações mentais (ex. depressão);
• cansaço ou debilidade anormais;
• problemas de vista: visão borrada, dupla, percepção de
auréolas amarelas, verdes ou brancas;
• perda de apetite ou náuseas etc.
Interações medicamentosas:
• medicamentos antiarrítmicos (ex. quinidina), b-bloqueadores,
b-estimulantes;
• medicamentos depletores de potássio: diuréticos de tiazida,
mineralocorticóides etc.;
• sais de cálcio ou alimentos com cálcio absorvível;
• certos antibióticos e antifúngicos;
• certos ansiolíticos;
• medicamentos para o estômago ou úlceras; antiácidos;
• medicamentos para diarréia (que contenham difenoxilato);
• certos medicamentos contra o câncer;
• medicamentos para a colite;
• certos redutores do colesterol, especialmente a colestiramina.
Principais drogas - cardenólidos:
DEDALEIRA
folhas
SCROPHULARIACEAE
de
Digitalis
purpurea
L.,
DEDALEIRA
 comum no continente europeu.
 possue 3 glicosídeos primários principais que, após
secagem e hidrólise, fornecem os glicosídeos secundários
digitoxina, gitoxina e gitaloxina.
 a secagem deve ser rápida, em temperatura baixa, com
ventilação intensa.
DEDALEIRA GREGA - folhas de Digitalis lanata L.,
SCROPHULARIACEAE
DEDALEIRA GREGA
possui +/- 70 glicosídeos derivados de 5 geninas
(lanatosídeos A a E): 3 = D. purpurea + digoxigenina (
digoxina) e diginatigenina.
 glicosídeos primários são acetilados.
 digoxina é o digitálico + usado no mundo na ICC.
Principais drogas - bufadienólidos:
CILA - bulbos de Urginea maritima (L.) Baker (Drimia
maritima), LILIACEAE
CILA
 é mediterrânea; possui 2 variedades: branca (Itália) e
vermelha (Espanha) .
 contém cerca de 12 glicosídeos cardioativos, entre eles
cilareno (ou cilarina) A e B.
 usada como expectorante e emética.
 a variedade vermelha é raticida.
Chega por hoje?
Então... Até a próxima aula!
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