Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem

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11. – Jesus Cristo: Verdadeiro Deus e
Verdadeiro Homem
«É preciso confessar
(…) um só e mesmo
Cristo, Filho, Senhor,
Monógeno,
reconhecido em duas
naturezas sem
confusão nem
mudança sem divisão
nem separação»
Concílio de Calcedónia
(451)
Encontros de Formação Cristã
Paróquia de Santa Maria de
Carreço
11ª sessão – Jesus Cristo: Verdadeiro Deus e
Verdadeiro Homem
Sumário:
1.
A divindade de Jesus Cristo: a
relação de Jesus com Deus
1.1 – O reconhecimento da divindade
de Jesus Cristo
1.2 – A Tradição sinóptica
1.3 – O reconhecimento da divindade
de Jesus nos escritos joaninos
1.4 – A divindade de Jesus nos
escritos paulinos
1.5 – A divindade de Jesus nos
primeiros Símbolos da Igreja e
nos santos Padres
2. A humanidade de Jesus Cristo: a
relação de Jesus connosco
2.1
– A realidade da natureza
humana de Jesus Cristo
3. A relação entre a divindade e a
humanidade de Jesus Cristo
3.1 – A unicidade da pessoa de Jesus
Cristo
3.2 – A dualidade das naturezas
3.3 – Consequências da união hipostática
3.4 – Grandes concílios cristológicos e
trinitários e respectivos dogmas
4.
Objecções contra a divindade de
Cristo: o exemplo das T.J.
4.1 – O que nos diz a Bíblia
4.2 – O que nos diz a Tradição
4.3 – Objecções contra a divindade de
Cristo
5. Bibliografia recomendada (E.F.C. 3)
1. A divindade de Jesus Cristo: a
relação de Jesus com Deus
1 – O reconhecimento da
divindade de Jesus Cristo
Jesus na Tradição de Israel. Do Jesus histórico ao Cristo da fé.
1ª fase – Cristologia mais funcional, concreta, tipicamente hebraica: o que
significa Jesus Cristo para nós?
2ª fase – Cristologia mais ontológica, virada para o ser de Jesus: quem é
Jesus em si-mesmo? Esta Cristologia ontológica, em ligação com a Teologia da
Trindade, culmina nos grandes Concílios Cristológicos de Niceia (325), Éfeso (431) e
Calcedónia (451).
À luz da ressurreição de Jesus
Cristo e do Pentecostes, a
Primitiva Comunidade Cristã
começa a reflectir sobre a
Pessoa de Jesus Cristo;
deste esforço nascem
os escritos do NT (Evangelhos,
cartas…);
o reconhecimento da sua divindade
é progressivo; utilizam temas,
categorias, profecias, etc. do AT,
o que comporta diversos
títulos a Jesus.
O título principal é o de
MESSIAS (em grego, o
Cristo, em português, o
Ungido).
A
este
juntam-se outros: Rei
de Israel, Filho de
David, Servo de Javé,
Filho do Homem e Filho
de Deus. O Messias
virá
no
Fim
dos
Tempos, será o Ungido
de Deus, será o Novo
Moisés, o Salvador de
Israel,
e
será
o
Mediador da Nova e
Eterna Aliança.
2 - A Tradição sinóptica
Jesus, o Messias, Filho de Deus
A vida pública de Jesus, a proclamação do Reino de Deus, no seu conjunto, é uma
manifestação do poder de Jesus, acompanhado pelos milagres, gestos extraordinários e
salvíficos que constituem uma confirmação, embora provisória da reivindicação da Sua
autoridade; dá também aos apóstolos o poder de operarem milagres em Seu nome (cf. Mt 10,
1.8…).
DOIS MOMENTOS IMPORTANTES NO EVANGELHO DE S. MATEUS PARA RECONHECER JESUS
COMO O CRISTO:
1º
Primeira confissão de fé da
Comunidade Cristã em Jesus
como o Cristo, o Messias, o Filho
de Deus.
«E vós, quem dizeis que Eu sou? Tomando a
palavra, Simão Pedro disse: Tu és o
Messias (o Cristo), o Filho de Deus vivo.
E Jesus respondendo disse: Feliz és tu, Simão,
filho de João, porque não foi a carne nem o sangue
que te revelou isto, mas sim Meu Pai que estás nos Céus»
Mt 16, 13-20
2º
O Sumo Sacerdote disse-lhe:
«Intimo-te, pelo Deus vivo,
que nos digas se és o Messias, o Filho de Deus.»
Jesus respondeu-lhe: «Tu o disseste.
E Eu digo-vos: Vereis um dia o Filho do Homem
sentado à direita do Todo-Poderoso e
vindo sobre as nuvens do céu.»
Mt 26, 63-64
Jesus pelos Seus sinais e Palavra, Se dá a conhecer como o Messias esperado, mas um
Messias diferente…
2 - A Tradição sinóptica
Do Messias, Filho de Deus, a Deus-Filho
Jesus pretende ser um Messias maior do que o esperado, o Filho de Deus. Jesus,
progressivamente, vai fazendo evoluir a concepção judaica de Messias, não só um Messiashomem, mas um Messias que sem deixar de ser homem, é divino, não só um Filho de Deus, mas
o Filho de Deus, Deus-Filho.
Este longo processo, realiza-se nos sinópticos, por dois modos distintos, mas
relacionados:
1º
Pela Sua acção e gestos, realiza acções «exclusivas» de Deus,
apresentando-Se como Senhor absoluto, em pé de igualdade
com Deus:
Jesus é Senhor: dos corpos e da vida (cura, ressuscita…), dos demónios
(expulsa-os, ordena-lhes…), do pecado, do mal (perdoa os pecados, em pé
de igualdade com a Lei e Deus), da Natureza (sossega as tempestades,
multiplica os pães…), dos Homens (exige a fé nele e um amor que tudo
ultrapassa, o que só pode ser exigido por Deus).
2º
Jesus atribui-Se títulos do AT, que superam a concepção de um Messias humano, alguns só
aplicados a Deus:
Filho, mas Senhor de David (descendente
De David, conforme a promessa, mas
sentado à
Direita do pai, isto é, em igualdade com
Maior que Moisés, Jonas, Salomão e Elias.
Senhor do Sábado, da Lei e do Templo
Juiz universal (retratado pelo «Filho do Homem)
3 - O reconhecimento da
divindade de Jesus nos
escritos joaninos
Corresponde a um estrato posterior e mais elaborado, explora a relação de Jesus
com Deus, seu Pai, quer através de títulos e funções como os sinópticos, quer
através de afirmações explícitas da divindade de Jesus, da sua igualdade e
comunhão de natureza com o Pai, como seu Filho e Revelador.
JESUS AFIRMA-SE EXPLICITAMENTE IGUAL A DEUS PAI:
«Quem me vê, vê o Pai»
Primeira confissão de
fé, explícita e
integral, na divindade
de Jesus: «Meu
Senhor e meu Deus!»
(Jo 20, 28)
Jo 14,
10-11
«Eu estou no Pai e o Pai em Mim»
Jo 14, 10
«As palavras que Eu vos digo não as falo de Mim mesmo; o
Pai que habita em Mim, faz as suas obras»
Jo 14, 10
«Tudo o que o Pai faz, também o faz o Filho igualmente»
Jo 5, 19
«A fim de que todos honrem o Filho como honram o Pai»
Jo 5, 23
«Saí do Pai e vim ao Mundo; de novo deixo o Mundo e vou
para o Pai»
Jo 13, 14
«Quem Me glorifica é o meu Pai, de Quem dizeis que é o
vosso Deus»
Jo 8, 53
«Os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a
ouvirem, viverão. Assim como o Pai tem a vida em Si
mesmo, assim também concedeu ao Filho ter a vida em Si
mesmo»
Jo 5, 1922; 2528
«Eu e o Pai somos um só»
Jo 10, 30
«Eu Sou», etc, etc.
Jo 8,
4 - A divindade de Jesus
nos escritos paulinos
Hino cristológico na Carta aos Filipenses:
«5Tende entre
vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus: *Ele, que é de
condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; 7*no
entanto, esvaziou-se a si mesmo,tomando a condição de servo. Tornando-se
semelhante aos homens sendo, ao manifestar-se, identificado como homem,
8*rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte
e morte de cruz. 9*Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo
e lhe concedeu o nome
que está acima de todo o nome,
10*para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seresque
estão no céu, na terra e debaixo da terra; 11e toda a língua proclame: «Jesus
Cristo é o Senhor!», para glória de Deus Pai». Fl 2, 5-11
S. Paulo exprime algumas vezes a sua fé na divindade de Jesus, chamando-O directamente
Deus; por exemplo: Tito 2, 13: «aguardando a bem-aventurada esperança
e a gloriosa
manifestação do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo». Hb 1, 8: «a respeito do Filho, diz:
O teu trono, ó Deus, permanece pelos séculos dos séculos e ceptro de justiça é o teu ceptro
real». Cl 2, 9: «Porque é nele que habita realmente toda a plenitude da divindade,» Etc, etc.
S. Paulo chama a Jesus de Kyrios (Senhor); era a tradução grega dos nomes divinos hebraicos,
Adonai e Javé, nome aplicado para designar o Deus de Israel, único Deus verdadeiro. É mais
importante este facto do que chamar directamente «Deus» a Jesus dada a pouca estima que os
deuses tinham no mundo greco-romano de Paulo (deuses cruéis, vingativos, ao sabor das
paixões…).
S. Paulo reconhece a filiação
divina de Jesus; por exemplo:
«é n’Ele e por Ele que tudo foi
criado… e tudo n’Ele subsiste»
(Cl 1, 15-17).
S. Paulo reconhece a divindade de
Jesus, sobretudo centrado nos títulos
de «Senhor» e de «Filho».
5 - A divindade de Jesus
nos primeiros Símbolos da
Igreja e nos Santos Padres
Muito antes das definições dogmáticas dos grandes concílios
do séc. IV e V, já os Credos cristãos declaram decididamente a
divindade de Jesus Cristo.
SÍMBOLOS
CRISTÃOS
Um exemplo é o símbolo «QUICUMPE» do séc. II, que afirma: «é portanto fé ortodoxa,
que acreditamos e confessamos que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e
homem. Deus, gerado antes de todos os séculos da substancia do Pai, e homem nascido no
tempo, da substância da mãe, perfeito Deus e perfeito homem».
PADRES
APOSTÓLICOS
A Didaché confessa Jesus Cristo como Senhor, como Deus
de David.
S. Clemente de Roma (96) dá a Jesus o título de Senhor e prestalhe culto divino.
Santo Inácio de Antioquia (107) designa Jesus como Deus, considera-O
criador do mundo e reconhece-Lhe atributos divinos e a verdadeira
filiação divina.
SANTO INÁCIO
DE ANTIOQUIA
Também encontramos isso na Epístola de Barnabé, Carta S.
Policarpo aos Filipenses, etc.
PRIMEIROS
APOLOGISTAS
Os apologistas do séc. II e III ensinam também a préexistência e divindade de Jesus Cristo, socorrendo-se do
conceito de Logos – Verbo – do Pai (S. Justino, Santo
Hipólito, Orígenes, Tertuliano, etc.).
2. A humanidade de Jesus Cristo:
a relação de Jesus connosco
2.1 - A realidade da natureza
humana de Jesus Cristo
A fé cristã ortodoxa sobre a Humanidade de Jesus Cristo, pode condensar-se em três
afirmações:
1ª- Jesus Cristo era dotado de um verdadeiro corpo e não da simples aparência de um corpo
(contra o docetismo e gnósticos);
2ª - Era dotado de alma racional (ou espiritual), sublinhando-se a integridade humana
(contra arianos e apolinaristas);
3ª - Jesus foi realmente concebido e nasceu de mulher, filha de Adão, a Virgem Maria,
sendo portanto igual à nossa natureza adâmica, verdadeiramente humana.
1ª A afirmação de seu corpo.
Desde o início, a Igreja afirmou a realidade do corpo humano de Cristo, afirmações patentes
nos mais antigos credos cristãos, que se referem expressamente aos diversos acontecimentos
da vida terrestre de Jesus (concepção, nascimento, paixão e ressurreição) e no termo de
longas polémicas consagrada no CONCÍLIO DE CALCEDÓNIA (451), que chama a Jesus
Cristo, «verdadeiro Deus e verdadeiro homem».
HERESIAS
CRISTOLÓ
-GICAS:
DOCETISMO (fim séc. I, início II) – difundida por Marcião, Valentim, etc. O corpo
humano de Jesus, a sua carne, era apenas uma aparência de corpo. MANIQUEISMO
E PRISCILIANISMO. Consideram o corpo como sede do mal: uma união de Deus com
corpo humano seria impensável|
Tanto S. João nas suas cartas (1 Jo 4, 2) como S. Inácio de Antioquia (morreu em 107) lutam contra
este erro; Jesus é verdadeiro homem que come, bebe, cansa-se, caminha, chora, admira-se... Jesus
caminhou pelas estradas oeirentas de Israel... Jesus viu com os seus olhos, crianças inocentes,
homens doentes, fariseus complicados... Jesus também amou com coração humano.
2.1 - A realidade da natureza
humana de Jesus Cristo
2ª A afirmação da sua alma.
A Igreja sempre afirmou em Jesus Cristo, além da realidade do seu corpo, a realidade da sua
alma racional (ou espírito).
HERESIAS
CRISTOLÓ
-GICAS:
ARIAMISMO (doutrina difundida por Ario, séc. IV): para ele, o Logos divino tinha
assumido um corpo sem alma; defendeu ainda, como veremos, em termos
trinitários, que o Logos e o Pai não eram da mesma essência, que o Filho era uma
criação do Pai e que houve um tempo em que o Filho ainda não existia (primeira
criatura do Pai, pelo que inferior a Ele). NOTA: esta doutrina continua hoje em
dia; por exemplo, as Testemunhas de Jeová seguem o arianismo.
APOLINARISMO (doutrina difundida por Apolinário de Laodiceia, séc. IV): Jesus não tinha alma
humana, porque esta seria pecaminosa, mas a alma espiritual era substituída pelo Logos divino.
SANTO
ATANÁSIO
Foi condenado num Sínodo de Alexandria presidido por Santo Atanásio
(362), declarado heresia no I Concílio de Constantinopla (381) e no
Concílio de Calcedónia (451), diz-se: «Ele é perfeitamente…na sua
humanidade… um homem verdadeiro, composto de uma alma racional e de
um corpo… É semelhante a nós pela sua humanidade».
Em que se baseia a Igreja para afirmar a alma racional de Jesus, da integridade da sua
humanidade? 1º – expressões de Jesus em que fala da sua alma ou espírito: «a minha alma está
triste até à morte» (Mt 26, 38); «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23, 46), etc. 2º Na vida e conduta de Jesus que manifestam n’Ele, inteligência, vontade e liberdade
(características da espiritualidade da alma): Jesus entristece-Se, alegra-Se, chora, pede,
agradece, admira-Se, etc. A sua vontade é distinta da do Pai: «Não se faça a minha vontade, mas
a Tua» (Lc 22, 42). Se não é dotado de corpo e alma racional, então a sua natureza não é a nossa,
não seria assumida por Deus e por isso não estaríamos salvos!
2.1 - A realidade da natureza
humana de Jesus Cristo
3ª A origem adâmica da natureza humana de Cristo.
Jesus foi concebido e nascido de uma verdadeira mulher, a
Virgem Maria, filha de Adão, isto é, da nossa estirpe e raça
humana.
O NT teve o cuidado de realçar o carácter adâmico de Jesus Cristo:
-As genealogias de Mateus e Lucas, sublinhando a sua descendência de
Abraão e David; Fazem descender Jesus de «situações irregulares»:
amor incestuoso de Judá por sua nora Tamar, da prostituta Raab, que
acolhe os exploradores israelitas, do homicídio e adultério de David,
com a «esposa de Urias», da qual nasceu Salomão;
-Nos relatos da concepção e nascimento de Maria, há a preocupação
de «através de maria» se tornar nossa irmão de verdade, da nossa
carne… «Maria, da qual nasceu Jesus» (Mt 1, 16), «nascido de
mulher» (Gl 4, 4), etc. A inserção e inclusão salvadora de Jesus na
verdadeira humanidade, é feita através de Maria («nasceu da Virgem
Maria»).
«…natum est ex Maria Virgine…»
3. A relação entre a divindade e a
humanidade de Jesus Cristo
3.1 - A unicidade da pessoa
de Jesus Cristo
Doutrina ortodoxa da Igreja Católica: a natureza divina e a natureza humana estão,
em Jesus Cristo, unidas entre si, hipostaticamente, isto é, na unidade da pessoa
divina (afirmação de Calcedónia).
Em Jesus Cristo há uma única pessoa, a pessoa divina do Logos (ou Filho) e duas
naturezas (a divina e a humana), sustentadas por essa única pessoa divina.
HERESIAS
CRISTOLÓ
-GICAS:
SÃO CIRILO
DE
ALEXANDRIA
NESTORIANISMO: heresia difundida no século V por Nestório,
patriarca de Constantinopla: o filho da Virgem Maria é diferente do
Filho de Deus; em Cristo há duas pessoas, uma divina e outra humana;
o que pensaríamos de um homem que tenha duas pessoas ou duas
personalidades incorporadas no seu ser? Qual seria a que mandava?
Que luta dentro do mesmo ser!
Contra Nestório, S. Cirilo de Alexandria lança os seus anátemas, reconhecidos
mais tarde pelos concílios como doutrina católica:
- Jesus Cristo, com o corpo que lhe é próprio, é uma só pessoa, ao mesmo
tempo Deus e homem;
-Jesus Cristo não é apenas portador de Deus, mas verdadeiro Deus;
- Os predicados humanos (nascimento, sofrimento, morte, etc) e divinos
(criação, omnipotência, eterni9dade, etc)
mencionados nas Escrituras não
devem ser repartido por duas pessoas o homem-Cristo e o Logos divino; mas foi
o Logos que Se fez carne, o único Cristo, que sofreu, foi crucificado, morto e
ressuscitou na carne;
-A Virgem Maria é Mãe de Deus (theotókos), gerou da sua carne o Logos divino
que Se fez homem.
3.1 - A unicidade da pessoa
de Jesus Cristo
ADOPCIONISMO: heresia difundida no século VIII e IX com Elipando, arcebispo
de Toledo e Félix, bispo de Urgel, segundo a qual haveria em Jesus uma dupla
filiação: como Deus, era Filho natural de Deus; como homem, o filho adoptivo de
Deus; Jesus foi adoptado por Deus como seu Filho; isto equivale a duas pessoas
em Jesus Cristo, o que desembocaria no Nestorianismo.
«quod non erat assumpsit; quod erat permansit»: assumiu o que não era
(humanidade) e permaneceu o que era (pessoa e natureza divina).
COMEÇO E DURAÇÃO DA UNIÃO HIPOSTÁTICA:
Iniciou-se no momento da sua concepção: «Desde o
instante em que começo a ser homem, é Deus também»;
não havia alma espiritual humana unida ao Verbo antes da
Encarnação, como dizia Orígenes.
Só o Filho encarnou (a Segunda Pessoa da
Santíssima Trindade), mas o acto da união
hipostática foi obra de toda a Trindade em
comum,
como
veremos
em
próximos
encontros.
A União hipostática jamais foi
interrompida, mesmo na morte de
Jesus: a divindade não se separou da
sua humanidade, não cessará jamais;
Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro
Homem, permanece também agora e
eternamente, ressuscitado, glorioso,
no
céu,
permanece
verdadeiro
Homem.
3.2 - A dualidade das
naturezas
HERESIAS
CRISTOLÓ
-GICAS:
MONOFISISMO: heresia difundida no século V por Eutiques, que sustentava
uma única natureza em Cristo, a divina, anulando a humana; contra esta heresia
levantou-se o Concílio de Calcedónia (451), pois em Cristo há duas naturezas,
uma humana e uma divina; se Cristo não tivesse natureza humana, a verdadeira
humanidade de Jesus desaparece com ela a obra da Redenção; se não fosse
humano, não realizaria as actividades humanas relatadas nos Evangelhos!
MONOTELISMO: heresia difundida no século VII por Sérgio, patriarca de Constantinopla,
que sustentava uma só vontade de Cristo, a divina; mas, o que é uma natureza humana sem
vontade humana própria? O monotelismo contradiz aas Escrituras: «Não o que Eu quero mas o
que Tu queres (Mt 20, 39), «não a minha vontade mas a Tua» (Lc 22, 42), etc. No III
Concílio de Constantinopla a Igreja deu resposta (680-681): «há n’Ele duas vontades físicas e
dois modos físicos de acção», «estas duas vontades não são oposto0s uma à outra». A
vontade humana submete-se, sem oposição, com amor, à vontade divina.
PERICORESE (OU CIRCUMINCESSÃO) CRISTOLÓGICA
É
o
nome
que
se
dá
à
compenetração mútua das duas
naturezas de Cristo, mantida pela
força da natureza divina; elas
existem uma na outra e não lado a
lado, unidas uma à outra (algo
semelhante acontece na Trindade,
como veremos).
X
NATUREZA
HUMANA
+
NATUREZA
DIVINA
NATUREZA
NATUREZA
DIVINA
HUMANA
Mas
continuam
distintas
entre si…
3.3 - Consequências da
união hipostática
A ADORAÇÃO DE JESUS CRISTO.
Jesus Cristo,
Deus e homem, deve ser honrado com um só culto, o
culto absoluto de latria (adoração) que pertence
exclusivamente a Deus: «que todos honrem o Filho como
honram o Pai» (Jo 5, 23). A humanidade de Cristo é
objecto de adoração, não por ela mesma, mas por causa
da união hipostática indissolúvel. O culto é prestado à
pessoa e não á natureza: em Cristo, há só uma pessoa, o
Logos divino, que Se fez carne.
Porque é legítimo adorar a totalidade da natureza humana de Jesus
Cristo, unida indissoluvelmente ao Verbo, pela mesma razão é legítimo
adorar partes distintas da sua humanidade: chagas, precioso sangue,
Sagrado Coração, etc. Nessas partes ou mistérios o Amor redentor de
Cristo se expressa de particular significado.
A «COMUNICAÇÃO OU
TROCA DE IDIOMAS OU
PREDICADOS». Cedo se
colocou
o
problema
de
atribuição
dos
diferentes
predicados, uns divinos outros
humanos, à pessoa e às
naturezas.
Em Jesus Cristo, o Filho do homem não é
pessoalmente distinto do Filho de Deus;
Em virtude da união hipostática, há comunicações
de idiomas, isto é; denominações, propriedades e
acções das duas naturezas em Jesus Cristo, que
podem ser atribuídas à sua pessoa, de modo que
se pode dizer: Deus morreu por nós, Deus salvou
o mundo, Deus ressuscitou…
3.3 - Consequências da
união hipostática
O MISTÉRIO DA UNIÃO HIPOSTÁTICA: CONCLUSÃO.
1º
É um mistério de fé que não pode ser conhecido pela Razão Natural sem a
Revelação, mesmo depois da Revelação, não pode ser totalmente
compreendido; estando para lá da Razão, não está contra esta, mas supera-a.
2º
Nada impede que uma pessoa divina tenha assumido uma natureza humana,
pois não é contrário à imutabilidade divinas. Não acrescentam nada a Deus;
a única mudança verifica-se na natureza humana, na criatura.
3º
A natureza humana de Cristo não é uma pessoa humana porque foi
introduzida na pessoa divina do Logos; em Cristo, não há duas pessoas, mas
apenas uma.
4º
Nada impede que uma natureza humana e uma divina se
unam, não se trata de uma mistura ou simbiose:
impossível unir as naturezas numa só. Segundo
Calcedónia,
permanecem
distintas
e
em
plena
integridade. Deus, dada a infinitude divina do Logos, tem
a capacidade de possuir, além da natureza divina, a
natureza humana; a natureza humana, em razão do seu
carácter espiritual, inteligência e vontade e consequente
abertura á Verdade e ao Bem Infinitos, tem a capacidade
de ser elevada à subsistência de uma pessoa divina.
3.4 - Grandes Concílios
cristológicos e respectivos
dogmas
Os 4 primeiros concílios ecuménicos (universais):
1. Niceia (325) 2. Constantinopla (381) 3. Éfeso (431) 4. Calcedonia (451)
3.4 - Grandes Concílios
cristológicos e respectivos
dogmas
Os primeiros concílios ecuménicos (do total de 21):
Nº
Papa
s
Designação
Ano
Tipo
Contra…
(heresias)
Decretos e definições (dogmas)
1
São
Silvestr
eI
NICEIA I
325
Trinitá
rio e
Cristol
ógico.
Arianismo.
Adopcionismo.
Docetismo.
Símbolo ou Credo de Niceia. Igualdade da
natureza do Filho com o Pai.
2
São
Dâmaso
I
CONSTANTINOPL
A I
381
Trinitá
rio e
cristol
ógico.
Macedonianos.
Apolinarismo.
Credo Niceno-constantinopolitano credo da
Missa). Divindade do Espírito Santo.
3
São
Celestin
oI
ÉFESO
431
Cristol
ógico.
Nestorianismo /
Pelagianismo
A heresia de Nestório. Maria como Mãe de
Deus.
4
São
Leão I,
Magno
CALCEDÓNIA
451
Criskto
lógico
Monofisismo /
Eutiquianismo…
Duas naturezas na única pessoa de Cristo:
união hipostática.
5
Papa
João II
CONSTANTINOPL
A II
533
Trinitá
rio e
cristol
ógico.
Nestorianos.
Condenação dos «Três capítulos» dos
Nestorianos.
6
Santo
Agatão
CONSTANTINOPL
A III
680/
681
Cristol
ógico
Monotelismo.
Concenação da doutrina da única vontade
de Cristo.
4. Objecções contra a divindade
de Cristo: o exemplo das T.J.
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
CRENÇA DAS T.J.: Jesus Cristo não é Deus, não é o Deus eterno, não é criador
de tudo; não é omnisciente e todo-poderoso; é somente um deus (com
minúscula), assim como o é Satanás; Cristo é o arcanjo Miguel; é apenas a
primeira criatura criada por Deus, mas à qual Deus deu mais poder.
Segundo a Bíblia, Cristo é Deus e não um deus; Ele é adorado
como Deus e não como um deusa Tradução do Novo Mundo das Escrituras
Sagradas (VNM) traduz erradamente muitas passagens, especialmente aquelas que se
referem à divindade de Cristo, como veremos, em alguns exemplos.
As T.J. negam, não a divindade de Jesus, mas a Sua plena divindade, é um deus,
não é Deus. A teologia das T.J. é politeísta (Jeová, Cristo, diabo, anjos); há um
Deus maior e outros menores!
DEUS
Cristo tem títulos no NT que só se aplicam a Deus:
«Antes de mim, não foi formado nenhum deus e depois de mim também não haverá» (Is
43, 10). Aqui diz-nos que só há um Deus e não mais do que um.
Rom 9, 5: «O Cristo segundo a carne, o qual é Deus bendito»
«Cristo segundo a carne: Deus que é sobre todos, (seja) bendito para sempre» (VNM)
Fil 2, 6: «Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação
ser igual a Deus».
«Cristo Jesus, o qual, embora existisse em forma de Deus, não deu
consideração a uma usurpação, a saber, que devesse ser igual a Deus» (VNM)
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
«aguardando a bem-aventurada esperança e a gloriosa manifestação do
nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo».
Tito 1, 3-4
A frase é tão evidente que as T.J. tiveram de introduzir uma palavra que não existe
para truncar o significado: «ao passo que aguardamos a feliz esperança e a gloriosa
manifestação do grande Deus e (do) nosso Salvador Cristo Jesus».
Hb 1, 8: «a respeito do Filho, diz: O teu trono, ó Deus, é eterno»
«Mas, com referência ao Filho Deus é teu trono para sempre» (VNM)
«Pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo»
«Pela justiça do nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo» (VNM)
(Esta tradução é vergonhosa e sem escrúpulos, adequa a Bíblia às doutrinas deles; de
facto, mais adiante em 2Pd 1, 11 já traduz bem: «De facto, assim vos será ricamente
suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo»; aqui como
não une o nome de Cristo a Deus já traduzem bem!!)
«No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era
Deus. No princípio Ele estava em Deus.».
Jo 1, 1-4
A passagem era tão evidente de Jesus Cristo como verdadeiro Deus, que a alteraram
para: 1 No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era
[um] deus. 2 Este estava no princípio com o Deus. com letra minúscula. Ao afirmarem
um Deus maior e um menor, as T.J. caem no erro monstruoso do politeísmo.
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
«Tomé
respondeulhe: «Meu
Senhor e
meu
Deus!»
Se Cristo não fosse Deus, devia tê-lo
advertido e aos presentes, pois ao calar-Se,
induzia-os em erro; pelo contrário, afirmou
que as suas palavras foram um acto de fé:
«Porque Me viste, acreditaste» (v. 29).
Jo 20, 28
«Bem sabemos também que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento
para conhecermos o Verdadeiro; e nós estamos no Verdadeiro, no seu
Filho, Jesus Cristo. Este é o Verdadeiro, é Deus e é vida eterna».
1 Jo 5, 20
«Mas, sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu capacidade intelectual para
podermos obter conhecimento do verdadeiro. E nós estamos em união com o
verdadeiro, por meio do seu Filho Jesus Cristo. Esse é o verdadeiro Deus e a vida
eterna» (VNM)
1 Jo 5, 20
«JEOVÁ»
(o certo é
JAVÉ)
A Cristo são aplicadas as profecias do AT, referentes a Javé:
Cristo é Javé vendido por 30 moedas de prata (cf. Zc 11, 1213);
Cristo é Javé precedido de João Baptista (cf. Is 40, 3);
Cristo é Javé trespassado (cf. Zc 12, 10).
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
Porquanto um menino nasceu para nós, um filho nos
foi dado; tem a soberania sobre os seus ombros, e o
seu nome é: Conselheiro-Admirável, Deus herói, PaiEterno, Príncipe da paz.
Is 9, 5
SALVA
-DOR
«Eu sou Javé e fora de mim não há salvador» (Is 43, 11)
«e agora revelada na manifestação do nosso Salvador, Cristo
Jesus, que destruiu a morte e irradiou vida e imortalidade, por
meio do Evangelho» 2 Tim 1, 10
AS T. J. têm então de concluir que há dois salvadores: Jesus
Cristo e Javé!
«EU SOU»
Como se explica que Jesus empregasse para falar de Si, as
mesmas palavras que Deus empregou no deserto para dizer a
Moisés o Seu nome?
«Eu Sou» Ex 3, 14
«Mostrarei ser» (VNM): a ligação era tão evidente que a
alteraram!
Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo:
antes de Abraão existir, Eu sou!» Jo 8, 58
OUTROS TÍTULOS: PRIMEIRO E ÚLTIMO, O
CRIADOR, O SENHOR, etc.. Por falta de tempo,
ficaremos por aqui.
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
«Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6)
«Eu Sou a Ressurreição e a Vida (Jo 11, 25)
«Eu sou o pão vivo descido do céu» (Jo 6, 48)
«Eu sou a luz do mundo» (Jo 8, 12)
«Filipe, quem me vê, vê também o pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o
Pai? Não acreditais que estou no Pai e o pai está em mim?» (Jo 14, 811)…
Jesus é adorado como Deus; os judeus sabiam que só a
Deus se adora:
«Quando o viram, adoraram-no; alguns, no entanto, ainda duvidavam».
Mt 28, 17
Então, exclamou: «Eu creio, Senhor!» E prostrou-se diante dele. Jo 9, 38
Jesus não o repreendeu!
Compare-se com: «Na altura em que Pedro entrava, Cornélio foi ao seu
encontro e, caindo-lhe aos pés, prostrou-se. Mas Pedro levantou-o,
dizendo: «Levanta-te, que eu também sou apenas um homem.» Act 10,
25-26
Todo aquele que nega o Filho fica sem o Pai; aquele que
confessa o Filho tem também o Pai.
1 Jo 2, 23
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
«Aproximando-se deles, Jesus
disse-lhes: «Foi-me dado todo o
poder no Céu e na Terra».
Mt 28, 18
Jesus também é todo-poderoso.
para que, ao nome de Jesus, se dobrem
todos os joelhos, os dos seres que estão
no céu, na terra e debaixo da terra;
e toda a língua proclame: Jesus Cristo é
o Senhor!», para glória de Deus Pai.
Fil 2, 10-11
«Embora Jesus tivesse realizado diante deles tantos sinais portentosos, não criam
nele, 38*de modo a cumprirem-se as palavras do profeta Isaías … Jo 12, 36-42
A passagem a que se refere é Is 6, 1-10, e que Isaías viu o próprio Javé; João
identificou a glória de Cristo com Javé. Enganou-se João ou enganaram-se as T.J.?
«Vendo Jesus a fé daqueles homens, disse ao
paralítico: «Filho, os teus pecados estão
perdoados.» Ora estavam lá sentados alguns
doutores da Lei que discorriam em seus
corações:
7«Porque
fala
este
assim?
Blasfema! Quem pode perdoar pecados senão
Deus?»
Mc 2, 5-7
JESUS PERDOAVA OS PECADOS: Ele bem sabia que na
Bíblia afirma bastantes vezes que só Deus é que pode perdoar
pecados (Ex 34, 7; Sal 32, 5; Is 43, 25, etc.)
4.1 - O que nos diz a
Bíblia
«Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43*E donde me é
dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?»
Lc 1, 42-43
Para os Judeus, o Senhor era Deus; Jesus é Filho de Deus e Maria é
Mãe de Jesus, que é Deus.
Jesus ouviu dizer que o tinham expulsado e, quando o
encontrou, disse-lhe: «Tu crês no Filho do Homem?» 36Ele
respondeu: «E quem é, Senhor, para eu crer nele?»
37*Disse-lhe Jesus: «Já o viste. É aquele que está a falar
contigo.» 38Então, exclamou: «Eu creio, Senhor!» E
prostrou-se diante dele.
Jo 9, 38
Cristo deixa que O adorem; Cristo não contrariou o cego de
nascença, mas admitiu aquele acto.
Responderam-lhe os judeus: «Não te queremos apedrejar
por qualquer obra boa, mas por uma blasfémia: é que Tu,
sendo um homem, a ti próprio te fazes Deus.»
Jo 10, 33
Os próprios fariseus reconheceram que a reivindicação de Jesus
era absolutamente divina!
4.2 - O que nos diz a
Tradição
O cristianismo primitivo tinha a certeza absoluta que Cristo era Deus e
assim o proclamou. Vejamos alguns exemplos:
Inácio de Antioquia (séc. I): «Há um médico, na carne feito
Deus, Filho de Maria e Filho de Deus, Jesus Cristo».
Segunda Epístola de Clemente (séc. II): «Devemos sentir
de Jesus Cristo, que é Deus, que é o juiz dos vivos e dos
mortos».
INÁCIO DE
ANTIOQUIA
Justino, mártir (séc. II): «Cristo pré-existe como Deus
antes dos séculos».
Atenágoras, de Atenas (2ª metade do séc. II):
«Admitimos um só Deus… Deus Pai e Deus Filho e Deus
Espírito Santo que mostram a Sua potência na unidade
e a Sua distinção na ordem».
JUSTINO
4.3 - As objecções contra a
divindade de Cristo
OS «CAVALOS DE BATALHA» DAS T.J.: a pobreza dos argumentos contra a divindade de
Cristo é evidente, nas poucas expressões que utilizam; ao invés, a quantidade de expressões
a atestar que Cristo é Deus superabundam!
«Quanto a esse dia ou a essa hora, ninguém os conhece: nem os anjos do Céu,
nem o Filho; só o Pai.»
Mc 13, 32 (ou Mt 24, 36)
«Ouvistes o que Eu vos disse: 'Eu
vou, mas voltarei a vós.' Se me
tivésseis amor, havíeis de alegrarvos por Eu ir para o Pai, pois o Pai
é mais do que Eu». Jo 14, 28
Jesus, que foi feito por um pouco inferior
aos anjos, coroado de glória e de honra,
por causa da morte que sofreu, a fim de
que, pela graça de Deus, experimentasse
a morte em favor de todos. Heb 2, 9
Conclusão das T.J.: Logo, Cristo não era Deus,
porque não era omnisciente e porque o Pai era maior
que Ele.
Incapacidade de distinguir entre a natureza humana e a divina de Cristo; Jesus, como
homem, cansava-se, tinha sede, etc; mas como Deus, era omnisciente: «Senhor, Tu sabes
tudo» (Jo 21, 17); «para que tenham ânimo nos seus corações, vivendo bem unidos no
amor, e assim atinjam toda a riqueza, que é a plena compreensão, o conhecimento do
mistério de Deus: Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do
conhecimento» (Col 2, 2-3)… Jesus não estava privado da omnisciência. A sua natureza
humana era inferior aos Anjos e infinitamente menor que a do Pai! Mas ambas as pessoas
divinas, a do Filho e a do Pai, são iguais. «…fazendo-se igual a Deus» (Jo 5, 18-19).
4.3 - As objecções contra a
divindade de Cristo
«Visto que Jesus orou a Deus, pedindo que fosse feita a vontade de Deus,
não a sua, os dois não poderiam ser a mesma pessoa» (Poderá viver para
sempre no Paraíso na Terra, pág. 39).
Isto mostra um desconhecimento do Mistério da Santíssima Trindade; de facto, Pai e
Filho são duas pessoas diferentes!
A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigénito, que é Deus e está no seio do
Pai, foi Ele quem o deu a conhecer. Jo 1, 18
Conclusão das T.J. se a Deus ninguém O viu, então Cristo não é Deus,
porque ele foi visto!
Está claro que Cristo só foi visto Encarnado, como homem, a sua natureza humana; a
Sua natureza divina não foi vista!
«É Ele a imagem do Deus
invisível, o primogénito de toda
a
criatura;
porque foi nele que todas as
coisas foram criadas, no céu e
na
terra,
as visíveis e as invisíveis, os
Tronos e as Dominações, os
Poderes e as Autoridades, todas
as coisas foram criadas por Ele
e
para
Ele.
Col 1, 15-16
Para as T.J. e outras seitas, primogénito é «primeiro
criado»; em grego, protótokos em grego, é diferente de
primeiro criado em grego (protiktos); se Paulo quisesse
expressar que Cristo era um ser criado, teria empregue o
verbo «criar», o que não fez; «primogénito» significa não só
o primeiro que nasceu, mas aquele que tem certos direitos
de herança, de realeza (David foi o primogénito, embora
fosse o mais pequeno; Efraim era o primogénito, embora
Manassés fosse o mais velho; Ex 4, 22: o primogénito é
Israel, que não é a primeira nação criada! Por fim, o
contexto diz que Cristo é o criador e não um ser criado.
5. Bibliografia recomendada
(E.F.C. 11)
Cap. 11
Caps. XVI,
XVII
Cap. V
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