TRANSTORNOS ALIMENTARES E FAMÍLIA Psicóloga: ALDENIRA BARBOSA CAVALCANTE E-mail: [email protected] Contato: 9618-5407 2016 QUANDO A ALIMENTAÇÃO SE TRANSFORMA EM UM PROBLEMA? TRANSTORNOS ALIMENTARES Diversidade das dores psíquicas 1. 2. 3. 4. 5. 6. Clínica do Vazio; Buracos psíquicos nunca preenchidos; Da Angústia; Da não existência; Da ordem do não ser; Luta entre o amor e o ódio com a impossibilidade de separação; 7. Mãe e filha ficam fusionadas e separadas . Distúrbios psiquiátricos graves que acometem principalmente adolescentes e mulheres jovens. É a mais letal de todas as doenças psiquiátricas TA não são escolhas. Estes distúrbios têm em comum: a. a preocupação obsessiva com o peso e a forma corporal; b. a avaliação distorcida da imagem do próprio corpo; c. o comportamento alimentar absolutamente inadequado; d. uso de métodos purgativos com o intuito de emagrecer; e. prática de atividades físicas claramente excessivas, com o intuito de perder peso (ou de não ganhar peso). f. Todas as raças = Todos os estratos sócioeconômicos. Etiologia Multifatorial Genéticos Físicos Psicológicos Sociais Culturais Integração várias estratégias no tratamento do TA: Orientação nutricional, Psicoterapia, Psicofármacos, Psicoeducação, Terapia familiar e grupo, Avaliação neuropsicológica, Avaliação médica (psiquiatra, neurologista, ginecologista, endocrinologista, gastroenterologista, etc...). A dinâmica do TA... DSM-V (2013): Critérios diagnósticos Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa, Pica, Transtorno de Ruminação, Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo e TCAP . TASOE :Transtorno Alimentar Sem Outra Especificação, TANE :Transtorno Alimentar Não Especificado,Síndrome do Comer Noturno (SCN), Vigorexia, Ortorexia, Drunkorexia, e Fatorexia... ETIOLOGIA MULTIFATORIAL PICA – Ingestão de: papel, sabão, tecido, cabelo, fios, terra, giz, talco, tinta, cola, metal, pedras, carvão vegetal ou mineral, cinzas, detergente ou gelo. O termo não alimentar está incluso porque o diagnóstico de pica não se aplica à ingestão de produtos alimentares com conteúdo nutricional mínimo. Geralmente não há aversão a alimentos em geral. A. Ingestão persistente de substâncias não nutritivas, não alimentares, durante um período mínimo de um mês. B. O comportamento alimentar não faz parte de uma prática culturalmente aceita. C. Se o comportamento alimentar ocorrer no contexto de outro transtorno mental (p. ex., deficiência intelectual,transtorno do desenvolvimento intelectual, transtorno do espectro autista, esquizofrenia) ou condição médica (incluindo gestação), é suficientemente grave a ponto de necessitar de atenção clínica adicional. Transtorno de Ruminação: Regurgitação repetida de alimento depois de ingerido durante um período mínimo de um mês. O alimento previamente deglutido que já pode estar parcialmente digerido é trazido de volta à boca sem náusea aparente, ânsia de vômito ou repugnância. O alimento pode ser remastigado e então ejetado da boca ou novamente deglutido. A regurgitação no transtorno de ruminação deverá ser freqüente, ocorrendo pelo menos várias vezes por semana, em geral todos os dias. Critérios Diagnósticos 307.53 (F98.21) A. Regurgitação repetida de alimento durante um período mínimo de um mês. O alimento regurgitado pode ser remastigado, novamente deglutido ou cuspido. B. A regurgitação repetida não é atribuível a uma condição gastrintestinal ou a outra condição médica (p. ex., refluxo gastroesofágico). C. A perturbação alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso de anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar ou transtorno alimentar restritivo/evitativo. A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos: 1. Ingestão, em um período de tempo determinado (p. ex., dentro de cada período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes. 2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está ingerindo). B. Comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes a fim de impedir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos; uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos; jejum; ou exercício em excesso. C. A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem, em média, no mínimo uma vez por semana durante três meses. D. A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e pelo peso corporais. E. A perturbação não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa. BULIMIA NERVOSA :Métodos Purgativos Indução ao vômito por 90% dos Bulímicos: - Causa alivio pelo desconforto físico causado pelo episódio da compulsão e reduz o medo de ganhar peso. - Usa os dedos da mão para induzir o vômito, e após certo tempo consegue vomitar bebendo apenas líquidos ou apenas pressionando o abdômen. - Laxantes – 20 a 30 comprimidos; - Supressores de apetite (anfetaminas); - Jejum e Exercitar-se compulsivamente. O curso da Bulimia pode ser crônico ou intermitente, com alternância de períodos de remissão e recorrência de compulsão. FAMÍLIA E BULIMIA NERVOSA -A organização familiar na BN caracteriza-se por um nível elevado de conflitos como: regras, fronteiras e comunicação entre os membros. -Há uma frequência de conflitos familiares na BN, relacionados à natureza de abuso sexual na infância que geram dificuldades no controle dos impulsos, sentimentos depressivos, culpa e baixa tolerância à frustração e ansiedade (NUNES, 2014). FAMÍLIA E BULIMIA NERVOSA Nas famílias de BN, são observados níveis elevados de tensão em ambos os papéis parentais. Exigência em relação aos filhos, rivalidade entre irmãos, rigidez em suas regras com excessiva distância emocional. - A característica na BN é de estabelecer relações superficiais, onde conseguem manter os sintomas em segredo por muito tempo. 1. Ingestão, em um período determinado (p. ex., dentro de cada período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes. 2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está ingerindo). B. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes aspectos: 1. Comer mais rapidamente do que o normal. 2. Comer até se sentir desconfortavelmente cheio. 3.Comer grandes quantidades de alimento na ausência da sensação física de fome. 4. Comer sozinho por vergonha do quanto se está comendo. 5. Sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em seguida. C. Sofrimento marcante em virtude da compulsão alimentar. D. Os episódios de compulsão alimentar ocorrem, em média, ao menos uma vez por semana durante três meses. E. A compulsão alimentar não está associada ao uso recorrente de comportamento compensatório inapropriado como BN e AN. TCAP É desencadeada normalmente por estados de humor disfóricos, estressores interpessoais, fome após dietas altamente restritivas, sentimentos desagradáveis em relação ao peso, à forma do corpo e aos alimentos em geral. São precedidas por: Perda de controle e sentimentos de culpa, remorso e vergonha, e muito medo de ganhar peso. Ocorrem às escondidas e são solitários. ANOREXIA NERVOSA (AN) Etimologia: o termo anorexia deriva do grego "an", deficiência ou ausência de, e "orexis", apetite. A AN caracteriza-se por uma perda de peso acentuada, resultante de uma restrição calórica voluntária do paciente devido a um temor exacerbado de engordar e a uma busca implacável da magreza. Alguns pacientes apresentam quadro de AN com sintomas bulímicos ou alternância entre episódios de AN e BN ao longo dos anos ESTIMATIVAS 20% das anoréxicas falecem em razão das complicações próprias da doença e do suicídio; 30% a 40% têm recuperação completa não voltando a apresentar mais os sintomas da doença e; os outros 30% a 40% têm uma evolução intermediária, oscilando entre períodos de melhoras e agravos da doença, Estudos apontam a incidência de pessoas cada vez mais jovens: -12-14 anos para - 7-8 anos. DIAGNÓSTICO CID-10(1993) AN é um transtorno caracterizado por perda de peso intencional, induzida e mantida pelo paciente. O transtorno ocorre, comumente, numa mulher adolescente ou jovem, mas pode igualmente ocorrer num homem adolescente ou jovem, como numa criança próxima à puberdade ou numa mulher de mais idade até na menopausa. A doença está associada a uma psicopatologia específica, compreendendo um medo de engordar e de ter uma silhueta arredondada. Existe, comumente, desnutrição de grau variável que se acompanha de modificações endócrinas e metabólicas secundárias e de perturbações das funções fisiológicas. Os sintomas compreendem uma restrição das escolhas alimentares, a prática excessiva de exercícios físicos, vômitos provocados e a utilização de laxantes, anorexígenos e de diuréticos. CO-MORBIDADES Alterações ósseas e do crescimento. Alterações hematológicas. Alterações físicas. Alterações visuais:Catarata, atrofia do nervo óptico e degeneração da retina. Emocionais. Cardiológicas. Gastrintestinais Diabete insípido. TRATAMENTO Etiologia:Os conceitos atuais relacionam a manutenção dos transtornos alimentares, entre eles a AN, a um modelo multifatorial, em que aspectos socioculturais, psicológicos, familiares e biológicos interagem entre si. Terapia cognitivo-comportamental. Terapia psicodinâmica. Terapia familiar. Arte-terapia. Terapia do movimento. Terapia da imagem corporal. Treinamento preventivo de recaída. Terapia em grupo. Grupo multifamiliar. Grupo psicoterapêutico para paes. Ortorexia: Preocupação exagerada com tipo ou procedência = obstinados na escolha, compra e preparo do alimento isolamento social. Vigorexia: Prática de exercícios físicos de forma contínua e exagerada valorização do corpo e da performance física (fanatismo). Drunkorexia: Anorexia alcoólica. Fatorexia: Oposto a AN a pessoa está obesa, mas se vê muito magra. 21 Dada a alta morbidade e mortalidade dessas patologias, a detecção precoce é fundamental. Co-morbidades mais comuns encontradas em TA: 1. 50 a 75% apresentam Depressão e Distimia; 2. 4 a 6% apresentam Transtorno Bipolar associado; 3. Até 25% apresentam Transtorno Compulsivo Obsessivo; 4. 30 a 37% com BN têm associado abuso de substâncias e 12 a 18% com AN ; 5. Transtorno de Ansiedade é comum nos TA; 6. 20 a 50% referem-se terem sido acometidos de abuso sexual na infância. DIAGNÓSTICO Além de determinar o diagnóstico segundo o DSM-V OU CID-10, temos que verificar a avaliação inicial do paciente: 1. Antecedentes que poderiam ter um papel causal; 2. Evidências de uma sensibilidade com a aparência e ou peso; 3. Severidade do distúrbio, preferencialmente antes do advento das complicações ou da deterioração social; 4. Ocorrência prévia de transtorno afetivo; 5. Ocorrência prévia de traços anormais da personalidade. DIAGNÓSTICO Diferenciar de doenças debilitantes crônicas: 1. Tumores cerebrais; 2. HIV; 3. Transtornos intestinas; 4. Esquizofrenia, Fobia social; A mortalidade aumenta com o tempo atingindo 20% dos pacientes: Metade por complicações clínicas ; e Metade por suicídio. SINAIS DE ALARME... Pessoas com comportamento retraído; Inabilidade p/ se relacionar com a família e amigos; Portadores de doenças psiquiátricas; Envolvimento com álcool ou drogas; Mudanças do jeito de ser da pessoa; Sentimentos de ódio, raiva, culpa ou vergonha; Pessoas com baixa-estima e sentindo-se sem valor ou vazias; Sentimentos de solidão, impotência e desesperança. COMPREENDENDO FAMÍLIAS Como as famílias se comportam? Como as famílias se desenvolvem? Qual a diferença entre as famílias saudáveis e as famílias patológicas? Qual o relacionamento entre o sintoma de um membro da família e o modo de atuar da família? Como podem as famílias mudar o modo como elas comportam? Porquê as famílias às vezes resistem a dar passos óbvios em direção à melhora? O que sentimos quando encontramos alguém que fala em TA? 1. Antipatia 2. Impotência 3. Raiva 4. Hostilidade 5. Menosprezo 6. Indiferença 7. Medo 8. Desesperança 9. Tédio 10.Malícia Família e Transtornos Alimentares A família é vista pela abordagem sistêmica como o lócus privilegiado de desenvolvimento e crescimento dos seus membros, contexto de saúde ou de adoecimento. Nos casos de transtornos alimentares e obesidade, estudos têm mostrado que a dinâmica familiar, ou seja, a forma como se dão as interações no interior da família está diretamente relacionada ao surgimento, manutenção e o sucesso ou não do tratamento desses transtornos. Não só fatores genéticos e individuais podem ser identificados na etiologia dos transtornos alimentares e da obesidade, mas fatores familiares e sociais também são importantes e devem ser levados em consideração no tratamento dos mesmos. TRATAMENTO Participação dos familiares no tratamento: considerar a sobrecarga emocional que as famílias vivenciam ao terem, entre seus membros, uma pessoa que apresenta uma psicopatologia tão grave GRUPOS DE APOIO; GRUPOS DE ORIENTAÇÃO; GRUPOS MULTIFAMILIARES. São propostos como estratégias que poderiam favorecer o apoio mútuo entre os familiares 1. a troca de experiências sobre modos eficazes de enfrentamento da doença; e 2. orientações com relação a como os pais podem modificar seus comportamentos, de modo a prevenir o aparecimento dos TA Autores constataram que as famílias com TA apresentam determinados padrões de interação comuns: 1)Aglutinação; 2)Superproteção; 3)Rigidez; 4)Fraca resolução de conflitos ou evitamento de conflitos e; 5) Triangulação do paciente (que pressupõe o envolvimento do filho no conflito parental). Este modelo de família psicossomática integra três condições necessárias para o desenvolvimento e manutenção dos sintomas psicossomáticos (a diabetes e a asma), na criança: um padrão de organização familiar específico, uma vulnerabilidade fisiológica da criança e o envolvimento desta nos conflitos parentais o que, por sua vez, reforça o sintoma. O ciclo do adoecer Familiar nos TA Os sintomas são incrementados nas interações familiares e podem estar fortemente relacionados com a sobrecarga da doença na família (“burden”), podendo haver um processo circular em que a doença do filho é a causa da deterioração da relação dos pais que, por sua vez, tem efeitos negativos sobre o jovem, já que pode inibi-los de fornecer o devido apoio aos filhos. O “Paciente Identificado” Membro no qual a família considera que está a fonte de seus problemas Sente que seus problemas se resolveriam se o indivíduo sintomático mudasse A sintomatologia individual dá a pista de zonas disfuncionais dentro das relações internas da família. O sintoma pode constituir uma expressão de uma disfunção O que FAZER!?? Ouvir, mostrar empatia e ficar calmo... Ser afetuoso, empático e dar apoio... Levar a situação a sério... Perguntar sobre tratamentos anteriores... Ganhar tempo – faça um contrato... Identifique formas de dar apoio emocional... Explore outras saídas... Interagir com a família... Tome atitude, conte a pessoas próximas... Consiga uma ajuda profissional... Se o risco é grande, fique junto à pessoa... Se o risco é grande, considere uma internação domiciliar... O quê vocês já fazem ? ???????????? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. American Psychiatric Association (APA). DSM-V: manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Trad. 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