Caroço-da-terra: ensaios agroecológicos A REDUNDÂNCIA COMO FUNCIONALIDADE ECOLÓGICA Luiz Paulo Letti [email protected] Redundância, em uma linguagem, é um atributo ou característica que se baseia na utilização de diferentes palavras para expressar um mesmo pensamento ou ideia. Da mesma forma, em um ecossistema, onde todos os seres vivos são interligados, a redundância se encaixa de maneira que muitas espécies tenham a mesma função e respondam de forma semelhante a variações ambientais. Redundância Funcional é a composição de diferentes espécies que constituem um habitat, possuindo as mesmas funções, isto é, exercem o mesmo efeito sobre a produtividade do ecossistema. Fixação de nitrogênio, ciclagem de nutrientes e sequestro de carbono são alguns exemplos dessas funcionalidades. Isso permite que se alguma espécie venha a ser extinta, o funcionamento total não seja afetado, pois outras espécies assegurariam sua continuação. Desta maneira, observa-se que cada espécie pode ser classificado em um grupo funcional e que a diversidade funcional quantifica esses grupos. Por tanto, a redundância funcional difere do conceito de biodiversidade, visto que todas as espécies são funcionais do mesmo modo. A redundância pode ser afetada de diferentes modos, a perda de uma espécie pode afetar ou não uma comunidade, tal que nem todas as espécies fazem parte do mesmo grupo funcional, assim se retirarmos duas espécies de um mesmo grupo funcional, esta comunidade seria mais afetada do que se retirarmos duas espécies de grupos funcionais diferentes. Dessa forma quanto maior o grupo funcional, maior a estabilidade do meio, pois muitas espécies podem exercer a mesma função (Joner, 2007). O contrário também pode ocorrer. Inexistência de redundância funcional devido á competição entre espécies, torna-as muito diferente uma das outras em relação ao uso de recursos, ou seja, são muitas espécies que pela alta competição por recursos, diferem-se muito uma das outras e não formam um grupo funcional. Neste caso, a diversidade funcional é maior que a redundância pois as espécies são muito diferentes uma das outras e acabam não possuindo semelhanças para formar um grupo, o que aumenta a diversidade funcional e diminui a redundância. Por exemplo, uma pirâmide comum contém vários níveis de altura. Quanto mais embaixo, maior a área para abranger muitas espécies. Isto gera muita diversidade e redundancia funcional, pois existem muitas espécies que possuem o mesmo papel no ecossistema. Há também, espécies que não se correlacionam, conforme sobe o nível da pirâmide, o numero de espécies diminui, sua diversidade funcional é maior e menos espécies participam da redundancia, ou seja, será menos estável. No topo, onde apenas uma espécie atua de certa forma no ecossistema, não haverá outra para repor sua função caso deixe de existir, afetando irreversivelmente sua função no ecossistema. Nos dias atuais, as extinções sucessivas de espécies se tornou algo tão comum que não há uma reflexão real em consideração ao verdadeiro impacto que isto causa para o funcionamento do ecossistema. O impacto gerado pela extinção de uma espécie, depende das características da mesma e das funções das demais sobreviventes, pois estão diretamente relacionadas.Há maior impacto quando a espécie pertence a um grupo funcional que possui menor redundância de espécies. Devido às extinções, o ser humano tem estudado mais as comunidades em relação à riqueza de espécies e à riqueza funcional, esta última definida como número de grupos funcionais de uma comunidade. (BRITTO, 2012). Segundo Tilman (1997) “Verificou-se que o número de grupos funcionais é mais importante que o número de espécies na determinação de diversos parâmetros ecossistêmicos, como biomassa, nitrogênio de solo, amônio e nitrato”. Segundo Fonseca & Ganade (2001) em um gráfico onde a curva de como a extinção de um número crescente de espécies determina a diminuição de grupos funcionais é extremamente sensível á diferentes parâmetros relacionados á redundância funcional. Sendo assim, quando a riqueza de espécies for menor e houver uma má distribuição do numero de espécies em um grupo funcional há maiores perdas de grupos funcionais em comunidades virtuais afetadas por extinções aleatórias. Além disto, demonstrou-se que comunidades com maior número de grupos funcionais estão suscetíveis a maiores perdas de grupos funcionais para uma determinada riqueza de espécies. O modelo teórico de Fonseca & Ganade (2001) assume que a probabilidade de extinção é igual para todas as espécies, entretanto as interações ecológicas no meio podem favorecer ou prejudicar a sobrevivência de algumas espécies, influenciando de certo modo no modo de vida destas. As interações positivas como o mutualismo podem aumentar as chances de sobrevivência de uma espécie nas comunidades ecológicas, favorecendo sua sobrevivência no meio. Todavia as interações negativas, como a competição de alguma forma pode eventualmente aumentar a chance de extinção (Hacker & Gaines, 1997). Para que uma espécie sobreviva em uma comunidade, esta torna-se dependente das varias características ecossistêmicas moduladas pelos grupos funcionais, já que, um determinado grupo funcional pode afetar positivamente, negativamente ou simplesmente não ter relação com a chance de permanência de todos os grupos funcionais. Por exemplo, a presença de um grupo funcional de plantas fixadoras de nitrogênio afetam diretamente plantas pioneiras e plantas com desenvolvimento lento (Jackson, 2003). Também a presença de árvores de grande porte acumuladoras de carbono afeta diretamente a probabilidade de permanência de ervas e gramíneas (Jackson, 2003). Com esse estudo pode-se concluir que a redundância funcional é de suma importância para a correlação existente entre os indivíduos de um ecossistema e sua sobrevivência mútua. Deste modo os indivíduos tem diferentes capacidades de responderem ás mudanças em um habitat diante de perturbações, podendo assim voltarem ao seu estágio inicial. Estas capacidades estão relacionadas intimamente com a redundância funcional e a diversidade de resposta (como funcionalmente espécies semelhantes respondem de forma diferente à perturbação) sendo necessário seu estudo por meio de métodos cartesianos para uma melhor compreensão do assunto. Julho de 2016 Referencias: CIANCIARUSO, M.V., SILVA, I.A. & BATALHA, M.A. Diversidades filogenética e funcional: novas abordagens para a Ecologia de comunidades. Biota Neotrop. 9(3): http://www.biotaneotropica.org.br/v9n3/pt/abstract?article+bn0130 9032009 BRITTO, Igor Galvão. A perca de grupos funcionais em comunidades virtuais: efeito das interações entre espécies e grupos funcionais. Natal 2012 JONER, F.,BLANCO, C.C., SOSINSKI, E.E., MULLER, S.C., PILLAR V.D. Riqueza, Redundância Funcional e Resistência de Comunidades Campestres Sob Pastejo Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre , jul. 2007 http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/15810/0006823 76.pdf?...1 https://limnonews.wordpress.com/2013/08/15/diversidadefuncional/ https://www.academia.edu/11296277/Influ%C3%AAncia_da_redund %C3%A2ncia_funcional_na_estabilidade_de_comunidades_de_plantas_ sob_diferentes_regimes_de_manejo