Algumas Considerações sobre Experiência e Lógica André de Jesus Nascimento* * Professor Assistente de Filosofia da Universidade de Feira de Santana e mestre em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) ________________________________________________________________________________ No Tractatus, a independência das proposições elementares equivale à indiferença lógica entre os valores de verdade das proposições. Da verdade ou falsidade de uma proposição elementar não se pode inferir a verdade ou falsidade de outra. Da mesma forma, a ocorrência ou não de um estado de coisas não implica logicamente a ocorrência ou não de outro estado de coisas. Nada mais é preciso para que a contraparte ontológica do princípio de independência das proposições elementares instale a contingência no domínio dos fatos. De outro lado, toda impossibilidade, tanto quanto toda necessidade, é apenas lógica. A exclusão é, portanto, um indício: desde que duas proposições se excluam, elas não são elementares. Neste sentido, a atribuição de cores diferentes a um mesmo ponto no campo visual expressa uma impossibilidade lógica, o que é sintomático da necessária complexidade dos enunciados. A conclusão é inevitável: enunciados sobre cor não devem constituir exemplos de proposições elementares, sendo possível traduzi-las, sem perda do poder expressivo da linguagem, em proposições nas quais expressões para cor deixam de ocorrer, substituídas por articulações de proposições elementares. Assim, tal como outras qualidades, cores não introduzem qualquer novidade lógica. Tudo que é preciso para chegar a elas está dado antecipadamente na combinação de proposições elementares. Aqui, trata-se de investigar as exigências lógicas que conduzem a análise da linguagem a um conjunto único e determinado de proposições logicamente independentes. Em particular, cuidaremos de oferecer especial atenção à redução do qualitativo a expressões verifuncionais.