o vídeo no processo de ensino-aprendizagem - CEFET

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O VÍDEO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM:
PRODUÇÃO E APLICAÇÃO DE UM VÍDEO SOBRE O
AQUECIMENTO GLOBAL EM DUAS ESCOLAS DE BELO
HORIZONTE 1
Clarice de Paula Gouveia[1],
Flávia Alves Ramalho,
Ricardo Luis de Aguiar Assis,
Welerson Rezende Morais[2]
[1] Grupo de Pesquisas do Laboratório Aberto em Ciência, Tecnologia e Arte - LACTEA ,
Mestranda em Educação Tecnológica, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas
Gerais – CEFET-MG, Belo Horizonte, Brasil
[2] Grupo de Pesquisas em Analogias e Metáforas na Tecnologia, na Educação e na Ciência –
AMTEC, Mestrandos em Educação Tecnológica, Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais – CEFET-MG, Belo Horizonte, Brasil.
RESUMO: O aumento da população mundial, o advento da atividade não planejada da cultura e
tecnologia humana e a quantidade excessiva de poluentes despejados na atmosfera vêm
causando um desequilíbrio no processo de interação do homem com a natureza. A temperatura
da terra vem aumentando em função do aumento de CO2 na atmosfera, alterando o fenômeno do
efeito estufa. Com o objetivo de contribuir no processo de ensino-aprendizagem desse
fenômeno foi produzido um vídeo de animação, com imagens em movimento que têm o poder
de atrair a atenção, sobre o efeito estufa para auxiliar o professor dentro da sala de aula. Para
atingir os objetivos propostos, foi desenvolvida uma pesquisa quantitativa, através da escala de
Likert com resultados que demonstram diferença na apreensão dos conceitos sobre o
aquecimento global em uma escola pública secundária e uma escola técnica em meio ambiente.
PALAVRAS-CHAVE: Aquecimento Global; Ensino-Aprendizagem; Video, Animação.
1- Introdução
A atividade civilizatória tem-se mostrado desorganizada nos processos de
interação com a natureza. Os ciclos biogeoquímicos, durante centenas de milhões de
anos, reciclaram os materiais produzidos e consumidos pela biosfera. Agora, no entanto,
1
Trabalho realizado, em parte, com auxílio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior. CAPES – BRASIL – BR.
com o advento da atividade da cultura e tecnologia humana, por vezes não planejada,
vêm sistematicamente promovendo desequilíbrios ambientais. Desta forma, as
condições químicas, físicas e climáticas sofrem alterações profundas com conseqüências
ainda não bem compreendidas pelos cientistas podendo, até mesmo, tornar inevitáveis
as condições de vida no planeta. Assim, nos defrontamos com o aquecimento global,
cujos reflexos são inerentes à civilização humana.
Sendo assim, o presente trabalho surgiu do resultado da produção de um artefato
tecnológico desenvolvido na disciplina Laboratório Aberto de Ciência Tecnologia e
Arte (LACTEA) do Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG, no primeiro
semestre de 2007. Procuramos, então, abordar uma metodologia de ensino que envolva
um artefato tecnológico, nesse caso um vídeo, que auxilie no processo de ensinoaprendizagem sobre o aquecimento global.
Tendo como objetivo conscientizar os alunos a preservarem a natureza,
procurou-se desenvolver um vídeo, composto por animações, a fim de auxiliar o
professor a tratar de aspectos educacionais que envolvam o tema aquecimento global. A
escolha da animação se deu pelo fato de que, através do vídeo, é possível trabalhar com
elementos lúdicos e coloridos, com música, locução e com imagens em movimento que
têm o poder de atrair a atenção.
Este projeto de trabalho visou auxiliar no processo de desenvolvimento
cognitivo dos adolescentes, abordando a temática do efeito estufa e levando-os a refletir
sobre o fenômeno do aquecimento global e suas conseqüências presentes e,
principalmente, futuras na vida dos indivíduos no globo terrestre.
2- Efeito Estufa.
De acordo com Hinrichs e Kleinbach (2003), o efeito estufa é causado por gases
na atmosfera terrestre que absorvem a radiação infravermelha emitida pelo planeta que
iriam ser irradiados para o espaço exterior. A temperatura da Terra depende do
equilíbrio da energia solar que chega e da energia que é irradiada de volta para o espaço
do planeta. Sem esta estufa natural a temperatura média na Terra seria de -18oC e não de
15oC, como é atualmente (SANTOS, 2005). Este processo do efeito estufa mantém a
atmosfera terrestre mais quente aproximadamente 30oC (HINRICHS E KLEINBACH,
2003).
O dióxido de carbono (CO2) é um dos principais gases do efeito estufa. O
aumento da sua concentração na atmosfera produz maior aquecimento do ar na
superfície terrestre. O CO2 é produto de vários processos naturais que se desenvolvem
na Terra, como a respiração de seres vivos e emissões vulcânicas. As emissões de CO2 e
outros gases cresceram muito nos últimos 100 anos. Embora o planeta passe por ciclos
periódicos de aquecimento e resfriamento o fato é que existe um desequilíbrio neste
processo, causado por uma concentração exagerada de gases. Por conseqüência, há uma
elevação das temperaturas médias globais (COLIN, 2002). Os fatores mais
significativos para o aumento do CO2 são os desenvolvimentos industriais acelerado, a
explosão demográfica, a queima de combustíveis fósseis, e os grandes desmatamentos e
queimadas de florestas.
Segundo Santos (2005), as conseqüências de um aquecimento global de grandes
proporções parecem catastróficas: o derretimento de partes das calotas polares fará
aumentar o nível dos oceanos, modificações do clima, doenças tropicais e secas em
outras partes das regiões do planeta.
3- O artefato tecnológico.
Parte-se então do pressuposto de que um artefato tecnológico, nesse caso um
vídeo, composto por animações e fotografias e em um suporte no formato DVD, sobre o
aquecimento global, funcionaria como um instrumento de apoio nas escolas ao
aprendizado desse fenômeno. Em relação aos recursos audiovisuais que podem ser
utilizados no processo ensino-aprendizagem, Nélio e Ivone (1985) acreditam que:
(...) se bem produzidos e utilizados, os auxiliares audiovisuais podem criar uma atmosfera
que envolve emocionalmente o aluno, quase um pré-requisito para conseguir levá-lo a um
trabalho ativo e auto-iniciado. (PARRA, 1985).
Sendo que, os Recursos audiovisuais colocados aqui se encontram no Cinema
Educativo e na TV Educativa (PARRA & PARRA, 1985). Ainda neste contexto,
Ferreira (1975 apud PASSOS E MELO, 1992), acrescenta que:
Inseridos nas práticas educacionais estão os Recursos Audiovisuais - RAV, que ainda são
vistos como meios que facilitam o processo de comunicação em sala da aula (...)
entendemos RAV como “ aqueles recursos que estimulam os sentidos do Homem a fim de
oferecer contingências para a aprendizagem”.
É importante verificar que o processo ensino-aprendizagem se dá pela
comunicação entre aluno e professor. Que é um ponto também discutido por Nélio e
Ivone Parra. Para eles, existe uma identidade entre o processo da educação e a
comunicação porque os dois possuem uma mensagem, um público, canais e resposta.
(PARRA e PARRA, 1985).
O processo de comunicação é essencial à educação. Pode-se dizer que a
educação ocorre no processo comunicativo, ou seja, no diálogo. Como diz Freire (1980,
apud PASSOS E MELO, 1992): “A educação é comunicação, é diálogo, na medida em
que não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores e a
significação dos significados”.
Para a assimilação de uma mensagem, o professor pode escolher os outros
meios, além da leitura e da escrita, como, por exemplo, o Cinema e a TV Educativa.
Segundo Parra e Parra, (1985), a audição e a visão são responsáveis por 70% da nossa
comunicação diária e nesse contexto poderia ser usado o vídeo ou filme educativo, de
modo que favoreça uma contribuição efetiva à aula.
As representações visuais, mesmo as que não têm o objetivo de aprender ou
ensinar vêm sendo utilizada pelos seres humanos desde tempos imemoriais, (PFROMM
NETO, 2001) por meio de vários suportes como paredes, rochas, tecido, peles,
cerâmicas, madeiras, entre outros. Para Citelli (2002) os meios de comunicação na
sociedade moderna transformaram a forma como os grupos sociais se relacionam com a
informação e o conhecimento em função da influência das seqüências fragmentadas, da
rapidez e da linearidade e da presença marcante das imagens. E essas imagens
alcançaram o universo da escola. Para Duarte (2002) o homem do século XX jamais
seria o mesmo se não tivesse tido o contato com as imagens em movimentos,
independentemente da avaliação estética, política ou ideológica que se faça do que isso
significa.(Duarte, 2002)
O som e a imagem estão maciçamente presentes na vida do professor e do aluno,
seja pela televisão, cinema e nos últimos tempos na internet. Para Passos e Melo (1992),
o grande atrativo das imagens e do som é o poder de persuasão e o imediatismo das
mensagens, que constituem força que, sem dúvida, fascinam o espectador. Além disso,
para Pfromm Neto (2001), as imagens são captadas pelo ser humano de forma
deliberada e atenta do que os seus olhos observam “ao vivo” ou através de “meios
substitutivos” que lhe proporcionam experiências icônicas. Esses meios substitutivos
são os suportes nos quais as imagens são gravadas, desde o quadro de tecido, à tela de
cinema, passando pela tela da TV, do computador e do telefone celular. Essas
experiências icônicas abrangem desde imagens relativamente simples e estáticas até
representações complexas como aquelas que não são vistas, como movimentos de uma
ameba, uma mitose celular ou itens que representam o macrocosmo como planetas,
estrelas e cometas.
Nas modalidades audiovisuais (cinema, TV, vídeo, CD-ROM, computador), da
mesma forma que no uso conjugado de imagens fixas e sons, os componentes visuais se
articulam com os auditivos de maneira a enriquecer a experiência de aprendizagemensino tornando-a mais atraente, significativa e fecunda (PFROMM NETO, 2001).
4- Aspectos da maturação cognitiva para a melhor abstração do vídeo
A adolescência compreende entre, aproximadamente, 12 ou 13 anos até o inicio
dos 20 anos. Não há uma definição clara para seu ponto de inicio ou fim. Geralmente se
considera que a adolescência inicia na fase da puberdade, o processo que leva à
maturação sexual, ou fertilidade – capacidade de reprodução. (PAPALIA & OLDS,
1998). Assim a adolescência se estende até a entrada da fase adulta com o
amadurecimento físico e ou vocacional de uma profissão.
Neste período, os sujeitos se tornam capazes de raciocínio abstrato e julgamento
moral sofisticado, podem até ter planos mais realistas para o futuro. Segundo Piaget,
(apud PAPALIA & OLDS, 1998), os adolescentes ingressam no nível mais alto do
desenvolvimento cognitivo - operações formais - quando desenvolvem a capacidade de
pensamento abstrato. Esse desenvolvimento que ocorre na idade dos 12 anos, lhes dá
uma nova maneira de manipular a informação.
Segundo Goulart (2005), o adolescente ao tomar em consideração um problema,
é capaz de prever todas as relações que podem ser válidas e logo procura determinar,
por experimentação e análise, qual dessas relações possíveis tem validez real. Em lugar
de limitar-se a organizar o que lhe chega através dos sentidos, o adolescente tem a
capacidade potencial de imaginar o que poderia estar ali, já que sua capacidade de
entendimento ultrapassa o imediato. Pode-se observar dessa forma que o adolescente já
possuiu uma maturidade cognitiva hipotético dedutiva e também indutiva para abstrair a
realidade e lidar com problemas reais, sendo importante para a compreensão do vídeo
que se configura em linguagem abstrata sobre o efeito estufa.
5- Metodologia
A abordagem a ser empregada na pesquisa será a quantitativa, considerando que
a investigação implica mensurar dimensões relativas a dois estilos de liderança
(ALVES-MAZZOTTI, 1998). No que se refere à finalidade, o estudo será exploratório,
pois abordará aspectos definidos da realidade social, comparando situações análogas
sem necessariamente formular hipóteses, com o intuito de desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e idéias acerca da utilização do artefato tecnológico no processo de
ensino-aprendizagem. Quanto aos meios, a pesquisa terá o delineamento do tipo estudo
de casos, que é método adequado para abordar questões relativas à forma e às razões
pelas quais ocorre determinado conjunto contemporâneo de acontecimentos, sobre o
qual tem-se pouco ou nenhum controle (YIN, 2001). A escolha das escolas que
participarão do estudo foi intencional, em função das questões de interesse do estudo,
das condições de acesso e permanência no campo e de disponibilidade dos indivíduos
(ALVES-MAZZOTTI, 1998).
O acesso ao campo deverá ser obtido por meio de solicitação formal à direção
de cada uma das organizações, esclarecendo os objetivos, a amplitude e a relevância do
estudo a ser realizado, bem como eventuais benefícios institucionais decorrentes.
(ALVES-MAZZOTTI, 1998). Foi construído um escala do tipo Likert com questões
relativas a reflexões e informações que o artefato tecnológico sobre o aquecimento
global contribuiria “in put” no desenvolvimento cognitivo dos alunos. Para cada questão
os alunos optaram por uma alternativa, dentre as quatro, que compreendiam a seguinte
variação: concordo totalmente, concordo, concordo parcialmente, não concordo. Assim
a escala teria um caráter de analisar os processos superiores “out puts” no contexto de
ensino-aprendizagem.
O instrumento de analise foi aplicado em uma instituição e publica de ensino
médio e uma instituição técnica ambiental privada.
6- Resultados e Análise
Nesta etapa observamos se os conceitos sobre o efeito estufa e o aquecimento
global foram apreendidos ou não pelos alunos, através das animações contidas no vídeo,
bem como o potencial educativo do artefato tecnológico e a relação entre as duas
escolas pesquisadas.
De acordo com a pergunta do questionário: O aquecimento global não poderá
contribuir para grandes desastres ecológicos. Observamos que na escola particular
técnica, curso técnico de meio ambiente, todos os alunos responderam que não
concordam que o aquecimento global não contribui para os grandes desastres
ecológicos. Portanto, de acordo com a figura 01, alguns alunos do terceiro ano do
ensino médio, concordam que o aquecimento global não é responsável por desastres
ecológicos no nosso planeta.
Escola Pública
13%
Concordo
Não Concordo
87%
Gráfico 01: Arquivo nosso (2007)
Uma outra afirmativa do questionário envolve o conhecimento da importância
da camada de CO2 no planeta terra. Verificamos que todos os alunos do curso de meio
ambiente responderam que o aumento da camada de CO2 é o principal fator para o
aquecimento global e somente 10% dos alunos da escola pública responderam que não
concordam que o aumento da camada de CO2 na atmosfera é o responsável para o
aquecimento global. Podemos deixar claro no presente trabalho que o vídeo mostra de
forma clara conforme a figura 01 que o aumento da camada de CO2 é um fator
responsável para o aquecimento do planeta.
A questão dos desastres ecológicos foi abordada no vídeo, na forma de textos
animados na tela e com o reforço da locução, que apresenta o derretimento das calotas
polares, as inundação das cidades litorâneas, o fato das grandes regiões sofrerem com as
secas e os riscos de epidemias em função do deslocamento de mosquitos como desastres
ecológicos. Verificou-se, então, que esta mensagem foi bem apreendida ao se analisar a
categoria “não concordo” que O aquecimento global não poderá contribuir para
grandes desastres ecológicos, com média de 90%. Para Passos e Melo (1992) os
recursos áudio visuais (RAVS) são aqueles recursos que estimulam os sentidos do
Homem a fim de oferecer contingências para a aprendizagem. As RAVS compreendem
o cinema, a TV, o vídeo, as transparências em retro projetor e a tela do computador. No
nosso caso utilizamos o vídeo, que estimula a visão e a audição ao unir texto e locução,
imagem e som. No caso da afirmativa, O aumento da camada de CO2 é o principal
fator para o aquecimento global, a representação do gás carbônico – CO2 – foi utilizada
de forma animada seguida da locução.
O gráfico 02 mostra as respostas da afirmativa: O aumento das regiões que
sofrem com a seca não é conseqüência do aquecimento global. Os resultados mostraram
que novamente os alunos do curso técnico de meio ambiente concordam que o
aquecimento do planeta é responsável pela falta de chuva em algumas regiões.
Entretanto, 10% dos alunos do mesmo curso concordaram parcialmente que o
aquecimento do planeta poderá ser o responsável pela seca de algumas regiões,
existindo assim um outro fator que contribui pela falta de chuva.
Escola Particula - Técnico em Meio
Ambiente
10%
Concordo
Não Concordo
90%
Gráfico 02. Arquivo nosso (2007)
No vídeo, a informação sobre as regiões que podem sofrer com a seca são
representadas por uma imagens fotográfica de uma região árida mais a locução.
Continuamos a ressaltar, o que coloca Passos e Melo (1992) sobre as RAVS, no que
tange os sentidos da visão e da audição.
No vídeo, a informação: “Os raios refletidos voltam para a terra na forma de
radiações infravermelhas”, que se referem aos raios solares que são refletidos,
primeiramente pela terra em direção ao espaço sideral e depois refletidos pela camada
de CO2 de volta para a terra, foram dadas por meio da locução com o mesmo texto e da
animação de desenhos do sol, da terra, dos raios solares – representados por setas
amarelas – e pela camada de CO2 representada por um desenho de um círculo
acinzentado em volta da terra. na figura 01). Para Lucena Junior (2001) a animação tem
a capacidade representar coisas que não poderiam ser representadas por imagens
captadas ao vivo. A camada de CO2 e os movimentos de reflexo dos raios do sol não
são vistos pelo nosso olho, mas são demonstrados por meio da animação de imagens
que representam estes elementos.
Nesse caso ouve um bom apreendimento dos conceitos científicos na escola
técnica. Para a escola pública, o aproveitamento foi mediano, com 54,6%.
No caso das temperaturas, foram utilizadas a representação do planeta terra ao
lado de um termômetro que permanecia nos +15º C, temperatura média da terra com o
efeito estufa, até a locução indicar que a temperatura da terra cairia para -18º C sem o
efeito estufa, quando o termômetro indicaria este valor (figura3).
Neste item o resultado demonstrou uma discrepância, no entendimento deste
fenômeno por parte do aluno, entre as duas temperaturas apresentados no vídeo. No
primeiro caso a informação não foi muito bem apreendida já que apenas 23,7% dos
alunos da escola técnica particular responderam “concordo totalmente” e na escola
pública ouve menos apreendimento, em torno dos 9,1%. No segundo caso os resultados
foram melhores, 64,1% para a escola pública e 72,7% para a escola particular técnica.
Seguindo os conceitos de Pfromm Neto (2002) consideramos que as setas que
representam os raios solares, os círculos representando a terra e o sol e a camada de
CO2, são ícones. Os ícones, nesse caso, são imagens capazes de representar tanto os
microorganismos, como células e amebas, quanto o macrocosmo, como é o caso desse
artefato tecnológico. Para que esses ícones sejam entendidos é preciso que o aluno já
tenha um constructo no qual, essas experiências icônicas possam ser apreendidas, ou
seja, eles devem conhecer os ícones apresentados, os elementos que estão sendo
abordadas (planeta terra, sol, CO2, raios solares) e a relação entre eles.
Uma das afirmativas do nosso trabalho mais polêmica, comparando aqui com a
mídia, é se o derretimento das geleiras é considerado uma das conseqüências do
aquecimento global. O gráfico 03 mostra esta possível influencia da mídia no nosso
meio. As respostas dos alunos foram muito próximas, 7% dos alunos da escola pública
responderam que não concordam que o derretimento é conseqüência do aquecimento
global. Os alunos do técnico ambiental, 100% , acreditam que o derretimento das
geleiras é devido ao aquecimento do planeta.
Escola Pública
Escola Particular - Tecnico em Meio
Ambiente.
7%
0%
Concordo
Concordo
Não Concordo
93%
Não Concordo
100%
Gráfico 03. Arquivo nosso (2007)
O resultado desse item parece elucidar que o aquecimento global seria
responsável pelo derretimento das geleiras polares. O conhecimento, por parte dos
alunos, de que o calor faz o gelo derreter parece estar bem claro se somarmos os itens
“concordo” e “concordo totalmente”. Na escola pública o resultado foi de 93% e a
escola técnica particular foi de 100%.
A informação: O derretimento das geleiras é considerado uma das
conseqüências do aquecimento global, foi dada por meio de uma da locução com o
mesmo texto e por uma imagem fotográfica de uma geleira. Assim como alguns casos
anteriores foi utilizado imagem e som (na forma de locução). Para Parra (1985) a visão
e a audição são responsáveis por 70% na nossa comunicação diária e que o professor
deve aproveitar estes sentidos através de meios e procedimentos didáticos como a o
Cinema e a TV educativa. No nosso caso, o vídeo, neste item pareceu-nos conseguir
transmitir um dos conceitos sobre o efeito estufa e o aquecimento global.
7- Considerações finais
O aquecimento global consiste na composição de uma problemática séria, e por
possuir conseqüências de maior gravidade previstas a longo prazo, dá-se uma
dificuldade de conscientização do ser humano. Assim, por acreditar que uma das
melhores formas de conscientização é trabalhar com a juventude, pois seu processos
perceptivos e maturação biopsicossocial estão em formação, havendo uma maior
probabilidade de conseguir-se as mudanças reflexivas em relação ao tema alcançadas.
No que tange a utilização do artefato tecnológico, consideramos que, no geral, o
vídeo cumpriu o seu papel de informar sobre o efeito estufa, o aquecimento global, os
elementos que contribuem para o aquecimento e os possíveis danos que este fenômeno
pode causar. Por acreditarmos que as RAVs possam contribuir para o processo de
ensino-aprendizagem é que escolhemos produzir um vídeo composto por animações
como o nosso artefato tecnológico. Apoiados na idéia de que as imagens, sobretudo as
imagens em movimento, através da mídia eletrônica está presente na vida das pessoas e,
neste caso, na vida de alunos e professores consideramos que o vídeo, o cinema e a TV
devem ser encarados como possíveis auxiliares didáticos para os professores. Devem ser
utilizados com respeito, mas também com muito cuidado, pois não se pode usar tudo o
que se vê como material didático, como nos alertam Parra (1985), Citelli (2002) e
Pfromm Neto (2001)
Ao se referer à pesquisa de campo, nota-se um equilíbrio entre os respondentes
nas escalas de valor em sua globalidade em relação aos itens investigados. Conquanto,
este equilíbrio rompe-se ao se analisar os dados mais atentamente, pois aumentando o
reducionismo nota-se que a amostra referente a escola técnica possui maior segurança
nas respostas aos itens e um conhecimento maior sobre o aquecimento global no
tocante aos itens mais discriminativos, ou seja, de conteúdo mais aprofundados.
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