XXII – HISTÓRIA DO CONSTITUCIONALISMO NO BRASIL (RESUMIDO) Anterior a independência, o Brasil passou por várias ordens institucionais diferentes, sob o regime Colonial e o Imperial-Monárquico. Vejamos alguns períodos: Quando do regime Colonial, o sistema brasileiro se integrou no de Monarquia absoluta portuguesa. Na oportunidade, embora o regime local de governo evoluiu do fracassado sistema de capitanias hereditárias (em 1532), passou à categoria de Reino, unido ao de Portugal (em 1815). No período de 1532 a 1815, passou o regime Colonial. Em 1549 a 1640, pelo regime de governos-gerais, intercalado com períodos de governos-duais (1572 a 1577 e de 1608 a 1613) e pelo governo autônomo do Estado do Maranhão (1621 a 1775). De 1640 em diante foi o Estado do Brasil um Vice-Reino, constituindo a circunstância, entretanto, mais uma dignidade atribuída a alguns dos capitãesgenerais que exerceram o governo-geral do que, mesmo, diferente estruturação política. Tanto o Estado do Maranhão como o do Brasil, cuja sede se transferiu da Bahia para o Rio de Janeiro (em 1763), eram divididos em Capitanias-gerais e Capitanias-subalternas, governadas respectivamente, por Capitães-generais e Capitães-moves e das quais se originaram os atuais Estados federados. Cada capitania tinha o seu ordenamento institucional estabelecido por um Regimento Especial ou Carta Régia, delimitadores das funções e poderes dos respectivos governos. Tomé de Souza, em 17 de dezembro de 1548, recebeu o primeiro Regimento. O Regimento datado de 23 de janeiro de 1677, foi a verdadeira Carta Política do Vice-Reino, até 1808, ano em que a Corte foi transferida para o Rio de Janeiro, com a abertura dos portos, liberdade industrial, e outras medidas administrativas, transformava-se a Colônia em Reino do Brasil, categoria política que lhe viria ser oficialmente concedida com a Carta de Leis de 16 de dezembro de 1815, passando a constituir, com a antiga metrópole, o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algavares, situação em que perdurou até 1822, com a Independência. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES: 1ª = Sabemos todos nós, que o Brasil passou (viveu) desde a sua descoberta até a presente data, pelos seguintes períodos: PRÉ-COLONIAL = Do seu descobrimento em 22 de abril de 1500, até a expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa, em 1530. COLÔNIA = Da expedição de Martim Afonso de Souza, ocorrida em 1530, até a proclamação da Independência, em 07 de setembro de 1822, por Dom Pedro I. IMPERIAL = Da proclamação da Independência, em 07 de setembro de 1822 até a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889; e o REPUBLICANO = Que iniciou com a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889 e se mantêm até os dias de hoje. Esse período em primeira e segunda República. A primeira é a chamada era Vargas (Getúlio Dornelles Vargas) que se manteve desde a proclamação até a revolução de 1930. Podemos chamar essa fase, também, de República Velha. A segunda compreende o período do Regime Militar (1945 a 1964) e a redemocratização, cujo período inicia com o fim do regime militar, em 1985. 2ª = Dom Pedro I, nasceu em Lisboa, em 12 de outubro de 1789, quarto filho de Dom João VI e o segundo na ordem sucessória. Veio para o Brasil, em 1808, com sua família e aqui contrai matrimônio, em primeiras núpcias, com a princesa Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo Lorena, e em segundas núpcias, após a morte de Maria Leopoldina, com a princesa alemã Amélia Augusta Eugênia Napoleão de Lenchtemberg. Dom Pedro I teve nos dois matrimônios oito filhos, sendo: cinco mulheres e três homens, e de todos sendo: sete filhos com a primeira e uma filha com a segunda esposa. O curioso é que Dom Pedro I teve mais cinco filhos, sendo três mulheres e dois homens, com sua amante, somando, assim, 13 filhos. Dom Pedro I, não só exagerou em fazer filhos, mas, também em seu nome: Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon. 3ª = O Brasil passou a ser sede da Monarquia Portuguesa, no final de 1807, quando o príncipe regente de Portugal, Dom João VI, acompanhado da família e de aproximadamente 15.000 pessoas, para cá vieram. 4ª = Surgiu o Constitucionalismo, no Brasil, com a Independência. Vejamos algumas datas e ou períodos que foram (acontecimentos) importantes na vida (histórica-constitucional) do Brasil. Em 03.06.1822 Atendendo à representação do Conselho de Procuradores Gerais das Províncias, decretava Dom Pedro I a convocação de uma (a primeira) Assembléia Constituinte e legislativa (com a finalidade da elaboração do Código Fundamental do Império). Eleição foi realizada pelo sistema indireto (eleitos pelo povo os eleitores de paróquia, e por estes, os deputados, em número de cem). EM 07.09.1822 Separação política entre a colônia do Brasil e a metrópole portuguesa, declarada oficialmente no dia sete de setembro de 1822. O processo de independência começa com o agravamento da crise do sistema colonial e se estende até a adoção da primeira Constituição brasileira, em 1824. As revoltas do fim do século XVIII e começo do XIX, como a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana e a Revolução Pernambucana de 1817, mostram o enfraquecimento do sistema colonial. A Independência dos Estados Unidos da América (EUA) e a Revolução Francesa (1789) reforçam os argumentos dos defensores das idéias liberais e republicanas. Cresce a condenação internacional ao absolutismo monárquico e ao colonialismo. Aumentam as pressões externas e internas contra o monopólio comercial português e o excesso de impostos numa época de livre comércio. (·) Corte Portuguesa – A instalação da Corte Portuguesa no Brasil contribui para a separação definitiva das duas nações. A abertura dos portos e a criação do Reino Unido do Brasil praticamente cortam os vínculos coloniais e preparam a independência. Com a Revolução do Porto, em 1820, a burguesia portuguesa tenta fazer o Brasil retornar à situação de colônia. A partir de 1821, as Cortes Constituintes – o Parlamento Lusitano – obrigam Dom João VI a jurar lealdade à Constituição por elas elaborada e a retornar imediatamente a Portugal. No Brasil fica Dom Pedro como Regente, para conduzir a separação política, caso fosse inevitável. Pressionado pelas Cortes Constituintes, Dom João VI chama Dom Pedro à Lisboa. Mas o Príncipe Regente resiste às pressões, que considera uma tentativa de esvaziar o poder da Monarquia. Forma-se em torno dele um grupo de políticos brasileiros que defende a manutenção do “status” do Brasil no Reino Unido. Em 29 de dezembro de 1821, Dom Pedro recebe um abaixoassinado que não deixe o Brasil. Sua decisão de ficar é anunciada no dia nove de janeiro do ano seguinte, num gesto enfático. O episódio passa à história como o dia do fico. (·) Articulações Políticas – Entre os políticos que cercam o regente estão os irmãos Antônio Carlos e José Bonifácio de Andrade e Silva, e o Visconde de Cairu, José da Silva Lisboa. Principal Ministro e conselheiro de Dom Pedro, José Bonifácio, luta num primeiro momento pela manutenção dos vínculos com a antiga metrópole, resguardando o mínimo de autonomia brasileira. Convencido de que o rompimento é necessário, passa a ser o principal ideólogo da independência política do Brasil, sendo conhecido desde então como Patriarca da Independência. Fora da Corte, outros líderes liberais, como Joaquim Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa, atuam nos jornais e nas lojas maçônicas. Fazem pesadas críticas ao colonialismo português e defendem total separação da metrópole. Em 3 de junho de 1822, Dom Pedro recusa fidelidade à Constituição portuguesa e convoca a primeira Assembléia Constituinte Brasileira. Em 1º de agosto, baixou um Decreto que considera inimigas as tropas portuguesas que desembarcarem no país. Cinco dias depois, assina o Manifesto às Nações Amigas, redigido por José Bonifácio. Nele, Dom Pedro justifica o rompimento com as Cortes Constituintes de Lisboa e assegura “a independência do Brasil, mas como Reino irmão de Portugal”. (·) Independência – Em protesto, os portugueses anulam a convocação da Assembléia Constituinte Brasileira, ameaçam com o envio de tropas e exigem o retorno imediato do Príncipe Regente. No dia sete de setembro de 1822, numa viagem a São Paulo, Dom Pedro recebe as exigências das Cortes. Irritado Dom Pedro reage proclamando a Independência do Brasil. Em 12 de outubro de 1822, é aclamado imperador pelos pares do Reino e coroado pelo Bispo do Rio de Janeiro em 1º de dezembro, recebendo o título de Dom Pedro I. No início de 1823, realizam-se eleições para a Assembléia Constituinte da primeira Constituição do Império Brasileiro. A Assembléia é fechada em novembro, por divergências com Dom Pedro I. Elaborada pelo Conselho de Estado, a Constituição é outorgada pelo imperador em 25 de março de 1824. Com a Constituição em vigor e vencidas as últimas resistências portuguesas nas províncias, o processo da separação entre colônia e metrópole está concluído. Contra o liberalismo de setores das elites brasileiras, triunfa o espírito conservador e centralizador de José Bonifácio. Ele pregava a Independência sem mudança de regime, ou seja, sem a proclamação da República, e sem nenhuma mudança social importante, como a abolição da escravatura. A Independência, entretanto, só é reconhecida por Portugal em 1825, quando Dom João VI assina o Tratado de Paz e Aliança entre Portugal e Brasil. Em 03.05.1823 Instalou-se no Brasil a histórica Constituinte através da Assembléia Constituinte de 1823. As sessões são abertas em 04 de maio de 1823, apesar de a Constituinte ter sido convocada por Dom Pedro I no ano anterior (em 1822). Tem a duração de apenas seis meses. Em 06.05.1823 Com a Assembléia Constituinte já abalada, iniciaram os debates mais (tumultuados) violentos. Em 12.11.1823 Dom Pedro I (tendo em vista os conflitos estabelecidos) dissolveu de maneira abrupta a Assembléia Constituinte. Foi um ato violento e afrontoso à Soberania Nacional. Manda prender os constituintes. Dom Pedro I nomeou um Conselho de Estado, sob sua orientação pessoal, para elaborar a Constituição do Império que foi outorgada em 25 de março de 1824. A atitude de menosprezo à Soberania da Nação, assumida por Dom Pedro I, motivou uma série de reações, até com armas, principalmente a Revolução Pernambucana (em 1824 – que proclamou a Confederação do Equador –). Em 25.03.1824 É outorgada por Dom Pedro I a primeira Constituição (imperial) do Brasil. Além do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do Poder Judicial (ário), cria como o quarto poder, o Poder Moderador. Esse (moderador) exclusivo do imperador. Estabelece um Governo Monárquico, Hereditário, Vitalício e Constitucional representativo. Em 25.06.1824 Os Estados Unidos da América do Norte foram o primeiro País a reconhecer a Independência do Brasil com base na doutrina Monroe, que pregava: “América para os Americanos”. Em 02.07.1824 Criou-se a Confederação do Equador, de inspiração republicana, tendo em vista que Pernambuco não aceitava a nova Carta Constitucional (Constituição do Império do Brasil). Em 16.12.1830 Surgiu o Código Criminal do Império, com 313 artigos. Em 1831 Em conseqüência da abolição de Dom Pedro I, passara o Governo a ser exercido por uma Regência, a princípio Trina e posteriormente Una. Em 1831 (REGÊNCIA) Período imediatamente posterior à abdicação de Dom Pedro I, durante o qual, em função da menoridade de Dom Pedro II (então com cinco anos), políticos governam o Brasil em nome do Imperador. Essa fase vai de abril de 1831 a julho de 1840. Acontecem quatro Regências consecutivas: a Regência Trina Provisória (1831), a Regência Trina Permanente (1831-1835), a 1ª Regência Una (1835-1837) e a 2ª Regência Una (1837-1840). Nesse período, o país passa por uma grande agitação social e política, mas consolida as bases do império. Entre as principais questões discutidas estão a unidade territorial do Brasil, a centralização ou não do poder e o grau de autonomia das províncias. As duas primeiras regências são marcadas pelas divergências entre os liberais moderados (chimangos), os liberais exaltados (farroupilhas) e os restauradores (caramurus), que querem o retorno de Dom Pedro I ao poder. A Regência Trina Provisória é composta por um Senador restaurador, um Moderado e um Membro da Oficialidade conservadora. Ela sobrevive pouco mais de dois meses. Em 07.04.1831 O Imperador pressionado e (quase) sem nenhum apoio (prestígio), tendo em vista a repressão aos confederados e a perda da Província Cisplatina, decidiu abdicar (o governo) em favor do filho Pedro. Na oportunidade, estabelecia o texto constitucional que, para o caso de vacância do trono a ocupação seria pelo parente mais próximo do Soberano. O parente mais próximo do Soberano, na época contava apenas com cinco anos e alguns meses de idade. Tal situação provocou a formação de uma tríplice Regência Provisória. Em 07.04.1831 Instalada a Regência Trina Provisória, que busca (como objetivo maior) o equilíbrio político tentando reunir em um mesmo governo, representantes das facções políticas mais importantes, e logicamente antagônicas. Fusão de interesses. Em 07.04.1831 Como decorrência da abdicação do Imperador (do governo) recrudesceram as iniciativas de reforma da primeira Constituição (imperial) do Brasil. Em 17.06.1831 Integrada por vários segmentos sociais (deputados, brigadeiros, marqueses) eleitos por Assembléia Geral, compõe-se a Regência Trina Permanente. Essa Regência promulgou o Código de Processo Criminal. Transfere a Justiça para o poder local. Essa Regência foi substituída pela Regência Una. Em 18.08.1831 Foi instituída a Guarda Nacional. Em 12.09.1831 Estoura no Maranhão, no quartel de Ourinhos, a revolta nacionalista que exigia a expulsão dos padres franciscanos e dos portugueses. A revolta ganhou o nome de “a setembrada”. A situação foi controlada, mas no ano seguinte nova rebelião eclode, exigindo deslocamento da força naval para por termos ao movimento. Em 15.11.1831 Estoura em Pernambuco, levante militar apoiado por liberais radicais e republicanos federalistas. Exige o desarmamento dos portugueses e a expulsão dos solteiros. Tropas legalistas dominam os rebeldes. A revolta ganhou o nome de “a novembrada”. Em 14.04.1832 Inicia uma nova revolta em Pernambuco e em Alagoas, desta feita exigindo a restauração de Dom Pedro I. Tal rebelião (rebeldes, escravos, camponeses e índios) só foi controlada após três anos e com a participação do bispo João da Purificação. Essa revolta recebeu o nome de “a abrilada”. De 1831 a 1840 Nesse período acontece a segunda fase do império, chamado de período regencial. Nesse período regencial, dois grandes acontecimentos: o primeiro, se consolidam as bases jurídicas e institucionais do país; no segundo, iniciam as grandes divergências político-partidárias. Em 03.10.1832 Foi criadas a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e a Faculdade de Medicina da Bahia. Em 29.11.1832 Complemento do Código Criminal do Império, ou seja, o Estatuto do Processo Criminal. Em 12.08.1834 Através de Ato Adicional, suprimiu o Conselho de Estado. Criou as Assembléias Legislativas Provinciais e o cargo de Presidente de Província (eleito pelo Chefe da Nação). Instituiu a Regência Una, quadrienal e eletiva e atenuou o centralismo administrativo (um passo importante e largo para o sistema federativo). Em 19.09.1837 Eleito pela Câmara dos Deputados, Pedro de Araújo Lima, passa a exercer a Segunda Regência Una, que durou aproximadamente três anos. No seu governo, ganha força a campanha da maioridade de Dom Pedro II. Em 12.05.1840 É aprovada a lei de interpretação do Ato Adicional (como regulamentador), que restringia o poder provincial e fortalecia o poder central do Império. Em 12.05.1840 A Lei denominada de 12 de maio de 1840 teve por escopo interpretar o Ato Adicional. Tinha por base dois preceitos constitucionais: o primeiro, o artigo 15; o segundo, o artigo 178. Todos os dois artigos da Constituição (imperial) do Brasil. Em 23.07.1840 Intensificada a campanha pública para a antecipação da maioridade legal de Dom Pedro II, tendo na oportunidade a Assembléia Geral, no paço da Câmara Pública, proclamando-a quando não tinha ainda quinze anos de idade (poderse-ia dizer: emancipação). De 1842 a 1848 Nesse período, ocorreu o confronto político entre a Monarquista Centralista e a Liberal Republicana. A polarização, abafada pelo golpe da maioridade de Dom Pedro II, manifesta-se nas revoltas ocorridas no período, retomando posição em 1870 e domina o debate político até a proclamação da República. De 23.07.1840 a 15.11.1889 Nesse período, ocorre o segundo reinado. Fase de consolidação das instituições nacionais e de desenvolvimento econômico. O país reorganiza-se inteiramente, com a repressão e a anistia aos movimentos rebeldes e separatistas. Em 1871 A jurisdição plena da primeira Instância, no Cível, passava inteiramente para os Juízes Municipais, que eram temporárias e amovíveis, obedecendo assim, o princípio (um dos) constitucional da vitaliciedade dos magistrados. Em 20.09.1871 O Ministério Rio Branco promulgou a Lei nº 2.033 de 1871, regulamentada pelo Decreto nº 4.824 do mesmo ano, acabando com o policiamento exagerado, separou a Justiça da pública, criando o Inquérito Policial. Em 28.09.1871 O Governo conservador do Visconde do Rio Branco promulga a Lei do Ventre Livre, que liberta os filhos de escravos nascidos a partir de então, permanecendo sob tutela dos senhores até completar vinte e um anos de idade. Em 1880 criou-se a Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Associação Central Abolicionista. Rui Barbosa foi um dos Ilustres integrantes. Em 13.05.1888 Apresentado por João Alfredo, na época governo conservador, a princesa Isabel assina a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no País. Em 15.11.1889 Extinção da Monarquia pelo golpe de Estado. A abolição da escravatura, a crise econômica, a crise política, a aristocracia rural descontente, o conflito do Governo Imperial com o Clero e o Exército, foram os motivos que levaram a crescer (em muito) o número de adeptos ao Partido Republicano. Em 15.11.1889 As forças militares, sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca, proclamaram a República do Brasil (Governo Provisório baixou o Decreto nº 1, instituindo a República Federativa). Proclamação do Governo Provisório – Concidadãos: O Povo, o Exército e a Armada Nacional, em perfeita comunhão de sentimentos com os nossos cidadãos residentes nas Províncias, acabam de decretar a deposição da Dinastia Imperial e conseqüentemente a extinção do sistema Monárquico representativo. Como resultado imediato desta revolução nacional, de caráter essencialmente patriótico, acaba de ser instituído um Governo Provisório, cuja principal missão é garantir com a ordem pública a liberdade e o direito do cidadão. Para comporem este Governo, enquanto a Nação Soberana, pelos seus órgãos competentes, não proceder à escolha do Governo definitivo, foram nomeados pelo Chefe do Poder Executivo da Nação os cidadãos abaixo assinados. Concidadãos! O Governo Provisório, simples agente temporário da Soberania Nacional, é o Governo da paz, da liberdade, da fraternidade e da ordem. No uso... Concidadãos! As funções da justiça ordinária... Concidadãos! O Governo Provisório reconhece e acata todos os compromissos nacionais contraídos durante o regime anterior, os tratados subsistentes com as potências estrangeiras, a dívida pública externa e interna, os contratos vigentes e mais obrigações legalmente estatuídas. Marechal Deodoro da Fonseca (Chefe do Governo Provisório); A. Silveira Lobo (Ministro do Interior); Rui Barbosa (Ministro da Fazenda e (interinamente) Ministro da Justiça); Benjamim Constant (Ministro da Guerra); Eduardo Wandenkolk (Ministro da Marinha) e Quintino Bocaiúva (Ministro das Relações Exteriores e (interinamente) Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas). DECRETO Nº 1 O Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil decreta: Artigo 1º Fica proclamada provisoriamente e decretada como a forma de Governo da Nação Brasileira – República Federativa. Artigo 2º As províncias do Brasil, reunidas pelo laço da federação, ficam constituídos os Estados Unidos do Brasil. Artigo 3º Cada um desses Estados, no exercício de sua legítima soberania, decretará oportunamente a sua Constituição definitiva, elegendo os seus corpos deliberantes e os seus Governos locais. Artigo 4º Enquanto, pelos meios regulares, não se proceder à eleição do Congresso Constituinte do Brasil, e bem assim a eleição das legislaturas de cada um dos Estados, será regida a Nação brasileira pelo Governo Provisório da República; e os novos Estados pelos Governos que hajam proclamado ou, na falta destes, por governadores delegados do Governo Provisório. Artigo 5º Os Governos dos Estados Federados adotarão com urgência todas as providências necessárias para a manutenção da ordem e da segurança pública, defesa e garantia da liberdade e dos direitos dos cidadãos, quer nacionais quer estrangeiros. Artigo 6º Em qualquer dos Estados, onde a ordem pública for perturbada, e onde faltem ao Governo local meio eficazes para reprimir as desordens e assegurar a paz e tranqüilidade pública, efetuará o Governo Provisório a intervenção necessária para, com o apoio da força pública, assegurar o livre exercício dos direitos dos cidadãos e a livre ação das autoridades constituídas. Artigo 7º Sendo a República Federativa Brasileira a forma de Governo proclamada, o Governo Provisório não reconhece nem reconhecerá nenhum Governo local contrário a forma republicana, aguardando como lhe cumpre, o pronunciamento definitivo do voto da Nação, livremente expressado pelo sufrágio popular. Artigo 8º A força pública regular, representada pelas três armas do Exército e pela Armada Nacional, de que existam guarnições ou contingentes nas diversas províncias, continuará subordinada e exclusivamente dependente do Governo Provisório da República, podendo os governos locais, pelos meios ao seu alcance, decretar a organização de uma guarda cívica destinada ao policiamento do território de cada um dos novos Estados. Artigo 9º Ficam igualmente subordinadas ao Governo Provisório da República todas as repartições civis e militares, até aqui subordinadas ao Governo Central da Nação brasileira. Artigo 10. O território do Município neutro fica provisoriamente sob a administração imediata do Governo Provisório da República, e a Cidade do Rio de Janeiro constituída, também, provisoriamente, sede do Poder Federal. Artigo 11. Ficam encarregados da execução deste decreto, na parte que a cada um pertença, os secretários de Estados das diversas repartições ou Ministérios do atual Governo Provisório. (Sala das sessões do Governo Provisório...) De 15.11.1889 a 23.11.1891 Primeiro Presidente do Brasil – Manuel Deodoro da Fonseca, natural de Alagoas (alagoano), de profissão militar. Foi eleito pelo Congresso Nacional (via indireta), não completou seu mandato (por renúncia). Em 03.12.1889 Pelo Decreto no 29 de 1889, foi nomeada uma Comissão (nos moldes de Constituinte) para elaborar o projeto da Constituição Republicana. Em 07.01.1890 O Decreto no 119 de 1889 proíbe a intervenção da autoridade federal e dos estados federados em matéria religiosa; consagra a plena liberdade de culto, extingue o padroado (direito de proteger, adquirido por quem fundou ou dotou uma igreja), e estabelece outras providências. Em 22.06.1890 Decreto no 510 de 1890, passa a vigorar como Constituição Provisória da República, enquanto se aguardava a conclusão dos trabalhos da Assembléia Constituinte. Em 11.10.1890 Pelo Decreto no 848 de 1890, foi criado a Justiça Federal, já estabelecendo que haveria tantos Juízes e Tribunais, quantos fossem necessários. Em 14.11.1890 O Decreto no 1.030 de 1890 tratava o seu texto, sobre a Organização da Justiça do Distrito Federal como lei local. Em 21.02.1891 Redação do Projeto de Constituição. Votado pelo Congresso Constituinte. Parecer sobre as Emendas, em 23 de Fevereiro de 1891. Em 24.02.1891 Inspirada na Constituição norte-americana é promulgada a primeira Constituição Republicana e a segunda Constituição do Brasil. Revoga as principais disposições da Constituição de 1824. Estabelece a República Federativa, sob regime presidencialista. Estabelece a votação direta para a escolha dos integrantes da Câmara Federal, do Senado Federal e o Presidente da República, exceto o primeiro a ser eleito pela Constituinte. Foram asseguradas as garantias da vitaliciedade e irredutibilidade dos vencimentos, nos termos do artigo 57 § 1º. Não se cogitou do princípio da inamovibilidade dos Juízes, que somente viria a ser instituído em 1934, por obra da Constituinte. A Assembléia Constituinte elaborou o estatuto fundamental da República. Rui Barbosa, o grande artífice, estruturou segundo o modelo Norte Americano, com as idéias diretoras do presidencialismo, do federalismo, do liberalismo político e da democracia. A Soberania Nacional estava presente através dos seus clássicos poderes: o Poder Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado Federal); o Poder Executivo (Presidente da República eleito diretamente e auxiliado por Ministros de Estado); e o Poder Judiciário (apreciando a constitucionalidade das leis pelo Supremo Tribunal Federal). De 23.11.1891 a 15.11.1.894 Segundo Presidente do Brasil – Floriano Vieira Peixoto, natural de Alagoas (alagoano), de profissão militar. Foi eleito pelo Congresso Nacional (através de via indireta), fora do período eleitoral apropriado, tendo em vista a renúncia de Manuel Deodoro da Fonseca. Em 30.05.1896 Por acórdão, o Supremo Tribunal Federal consagrou o princípio do Controle da Constitucionalidade. Outra função das mais relevantes outorgadas aos tribunais foi à garantia dos direitos e liberdades individuais, por meio da nova configuração dada ao instituto do “habeas corpus”. Exigido em princípio constitucional (Constituição Federal de 1891 no artigo 72 § 22), passaram os doutrinadores a entender que ele deveria garantir não só a liberdade de ir e vir, mas todo e qualquer direito líquido e certo, ameaçado e tolhido no seu exercício. Entre os defensores dessa idéia estavam Rui Barbosa e Epitácio Pessoa. Em contraposição estavam Costa Manso e Pedro Lessa. Em 1898 O primeiro Estado a ter um Código de Processo, de acordo com a nova ordem vigente, foi o Rio Grande do Sul, que já neste ano promulgava o seu estatuto processual penal por iniciativa do Presidente do Estado, Júlio Prates de Castilho. No Processo Civil, também foram os gaúchos, os primeiros a promulgarem o Código, em 1908. De 15.11.1894 a 15.11.1898 Terceiro Presidente do Brasil – Prudente José de Morais e Barros, natural de São Paulo (paulista), de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Completou seu mandato. De 15.11.1898 a 15.11.1902 Quarto Presidente do Brasil – Manuel Ferraz de Campos Sales, natural de São Paulo (paulista), de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Completou seu mandato. De 15.11.1902 a 15.11.1906 Quinto Presidente do Brasil – Francisco de Paula Rodrigues Alves, natural de São Paulo (paulista), de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Completou seu mandato. Foi eleito para cumprir outro mandato, mas morreu antes de tomar posse. De 15.11.1906 a 14.06.1909 Sexto Presidente do Brasil – Afonso Augusto Moreira Pena, natural de Minas Gerais (mineiro), de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Não completou seu mandato por falecimento. Em 15.06.1907 O político e jurista Rui Barbosa, participa da primeira conferência internacional (II Conferência de Haia) em que o Brasil participa. Tal conferência tinha por objetivo estabelecer normas e regulamentos de guerra. Rui Barbosa, entretanto, defendeu os interesses dos países explorados, propondo a igualdade entre as Nações. Sua participação foi de tal porte, que lhe valeu o apelido de “Águia de Haia”. Em 1910 Mesmo com o discurso de Rui Barbosa sobre a injustificativa do regime dual, prosseguiu este sistema por muitos anos, nem sendo cogitado na Reforma Constitucional de 1926. De 14.06.1909 a 15.11.1910 Sétimo Presidente do Brasil – Nilo Procópio Peçanha, natural do Rio de Janeiro (fluminense), de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Foi o Vice-Presidente de Afonso Augusto Moreira Pena, completou o mandato. De 15.11.1910 a 15.11.1914 Oitavo Presidente do Brasil – Hermes Rodrigues da Fonseca, natural do Rio Grande do Sul (gaúcho), de profissão militar. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Completou seu mandato. De 15.11.1914 a 15.11.1918 Nono Presidente do Brasil – Venceslau Brás Pereira Gomes, natural de Minas Gerais (mineiro), de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Completou seu mandato. De 15.11.1918 a 28.07.1919 Décimo Presidente do Brasil – Delfim Moreira da Costa Ribeiro, natural de Minas Gerais (mineiro), de profissão advogado. Foi Vice-Presidente de Francisco de Paula Rodrigues Alves (que faleceu antes de tomar posse). De 28.07.1919 a 15.11.1922 Décimo primeiro Presidente do Brasil – Eptácio da Silva Pessoa, natural da Paraíba (paraibano), de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Completou seu mandato. De 15.11.1922 a 15.11.1926 Décimo segundo Presidente do Brasil – Artur da Silva Bernardes, natural de Minas Gerais, de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Completou seu mandato. Em 20.12.1923 Pelo Decreto nº 16.273, o Ministério Público, é o órgão da lei e fiscal de sua execução, onde quer que e quando seja a sua intervenção útil ou necessária aos interesses gerais do Estado em razão da ordem pública, tutela das pessoas jurídicas e das incapazes. Em 29.11.1832 Complemento do Código Criminal do Império, ou seja, o estatuto do processo criminal. Em 07.09.1926 Primeira Reforma Constitucional acontece em 1926. A Constituição de 1891 sofreu a sua primeira reforma, Governo de Arthur Bernardes, sob a vigência de estado de sítio (instituiu o veto parcial, circunscreveu o “habeas corpus” à proteção da liberdade de ir e vir estabeleceu a obrigatoriedade do passaporte para entrada e saída, etc.). Em 1925 (COLUNA PRESTES) Movimento político-militar de origem tenentista, que entre 1925 e 1927, se deslocou pelo Brasil pregando reformas políticas e sociais e combatendo o governo do Presidente Artur Bernardes. Após a derrota do movimento paulista, em 1924, um grupo de combatentes recua para o interior sob o comando de Miguel Costa. No início de 1925, reúne-se no oeste do Paraná com a coluna do capitão Luís Carlos Prestes, que havia partido do Rio Grande do Sul. Sempre com as forças federais no seu encalço, a Coluna de 1.500 homens entra pelo atual Mato Grosso do Sul, atravessa o país até o Maranhão, percorre parte do Nordeste, em seguida retorna a partir de Minas Gerais. Refaz parte do trajeto da ida e cruza a fronteira com a Bolívia, em fevereiro de 1927. Sem jamais ser vencida, a Coluna enfrenta as tropas regulares do Exército ao lado de forças policiais dos estados e tropas de jagunços, estimulados por promessas oficiais de anistia. A Coluna poucas vezes enfrentou grande efetivo do governo. Em geral, eram utilizadas táticas de despistamento para confundir as tropas legalistas. Nas cidades e nos vilarejos do sertão, os rebeldes promovem comícios e divulgam manifestos contra o regime oligárquico da República Velha e contra o autoritarismo do Governo de Washington Luís, que mantém o país sob estado de sítio desde sua posse, em novembro de 1926. Em 1926 Com a Emenda Constitucional, ficou estabelecido que o “habeas corpus” garantiria a liberdade de ir e vir sempre que alguém se achasse em eminente perigo de sofrer violência por prisão ou constrangimento ilegal. Deixava, pois, de estender-se aos casos de jurisdição civil. De 15.11.1926 a 24.10.1930 Décimo terceiro Presidente do Brasil – Washington Luiz Pereira de Souza, natural do Rio de Janeiro (fluminense), de formação política paulista, de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Não completou seu mandato, foi deposto pela Junta Pacificadora Provisória. Em 03.10.1930 (REVOLUÇÃO DE 1930) Em nome dos direitos das classes obreiras surgiu a revolução que veio suspender o ritmo da vida constitucional do País. Movimento político–militar que derruba o Presidente Washington Luís em outubro de 1930 acaba com a República Velha no Brasil, levando Getúlio Dornelles Vargas ao poder (ver Presidentes do Brasil). A crise da República velha havia-se agravado na década de 20. Ganham visibilidade com a mobilização do operariado, as revoltas tenentistas e as dissidências políticas que enfraqueceram as oligarquias, ameaçando a estabilidade da aliança entre São Paulo e Minas Gerais. Em 1926, setores descontentes do Partido Republicano Paulista (PRP) fundam o Partido Democrático (PD), que defendia um programa reformista de oposição. Mas o maior sinal do desgaste republicano é a superprodução cafeeira, alimentada pelo governo com valorizações cambiais e subsídios públicos. Crise de 1929 – O ano é um marco para o fim da República Velha. O Brasil é atingido pela crise da quebra da bolsa de Nova York, que compromete o comércio mundial. Alegando defender os interesses da cafeicultura, o Presidente Washington Luís, paulista, lança candidato à sucessão o governador de São Paulo, Júlio Prestes, do PRP. Ao indicar outro paulista, rompe com a política do “café–com–leite”, pela qual mineiro e paulista alternam-se no poder. Em represália, o Partido Republicano Mineiro (PRM) passa para a oposição, forma a Aliança Liberal com oligarquias de outros Estados e lança o gaúcho Getúlio Dornelles Vargas para a presidência da República, com o paraibano João Pessoa como Vice-Presidente. O programa da Aliança Liberal contém reivindicações de forças democráticas de todo o país, como a defesa do voto secreto e da Justiça Eleitoral. Mas, em março de 1930, seus candidatos perdem a eleição para a chapa oficial, formada por Júlio Prestes e pelo baiano Vital Soares. A oposição começa a se desmobilizar quando João Pessoa é assassinado, em um crime passional. Os aliancistas atribuem motivos políticos ao crime e deflagram uma rebelião político–militar. Primeiros levantes – Chefiada por líderes aliancistas e tenentistas, a revolta é articulada entre o Sul e o Nordeste e tem o apoio de diversos Estados. Começa no Rio Grande do Sul em 3 de outubro, sob o comando de Getúlio Dornelles Vargas, Osvaldo Aranha e Góes Monteiro. Em seguida irrompe no Norte e no Nordeste, sob o comando do tenentista Juarez Távora. Sem encontrar resistências, os revoltosos avançam sobre o Rio de Janeiro. Os Ministros Militares antecipam-se ao movimento e depõem Washington Luís em 24 de outubro. No dia três de novembro, Getúlio Dornelles Vargas chega ao Rio de Janeiro e assume o Governo Provisório. Nomeia interventores nos Estados, mas tem problemas para acomodar os interesses das forças que o apoiam, compostas por grupos oligárquicos, setores do empresariado industrial e do tenentismo. Isso retarda medidas político–institucionais, como a prometida convocação da Assembléia Constituinte, gerando denúncias e manifestações públicas, algumas das quais tornam-se revoltas, como a Revolução Constitucionalista de 1932. Conseqüências – A nova Constituição só é aprovada em 1934, depois de forte pressão social (ver Constituições brasileiras). Mas a estrutura do Estado brasileiro modifica-se profundamente depois de 1930, tornando-se mais ajustada às necessidades econômicas e sociais do país. O regime centralizador, por vezes autoritário, da era Getúlio Dornelles Vargas estimula a expansão das atividades urbanas e desloca o eixo produtivo da agricultura para a indústria, estabelecendo as bases da moderna economia brasileira. Em 24.10.1930 O País passou a ser dirigido por uma Junta Militar Governativa Provisória, constituída pelos Generais Augusto Tasso Fragoso (Exército), natural do Maranhão (maranhense); João de Deus Mena Barreto (Exército), natural do Rio Grande do Sul (gaúcho) e Contra–Almirante José Isaías de Noronha (Marinha), natural do Rio de Janeiro (carioca), até três de Novembro (10 dias), quando tomou posse Getúlio Dornelles Vargas (Chefe da Revolução). Em 11.11.1930 O novo Governo buscou, desde logo, disciplinar as regras do Poder Público, estampando o Decreto nº 19.393 de 1930, preceituando seu artigo 1º: “O Governo Provisório exercerá, dimencionariamente, em toda a sua plenitude as funções e atribuições não só do Poder Executivo como também do Poder Legislativo, até que, eleita a Assembléia Constituinte, estabeleça a reorganização Constitucional do Brasil”. De 03.11.1930 a 29.10.1945 Décimo quinto Presidente do Brasil – Getúlio Dornelles Vargas, natural do Rio Grande do Sul (gaúcho), de profissão advogado. Foi eleito pelo Congresso Nacional (via indireta). Completou o mandato mais longo de todos os Presidentes do Brasil, ou seja, quinze anos. Governo ditatorial com a instauração do chamado “Estado Novo” de 1937 a 1945. Foi deposto no mês de Outubro de 1945 pelas Forças Armadas. Em 09.07.1932 (REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932) Surge a Revolução Constitucionalista de São Paulo. O País foi surpreendido com o gesto heróico de São Paulo exigindo, de armas em punho, o retorno do Brasil à Ordem Constitucional. Movimento de insurreição contra o governo provisório de Getúlio Dornelles Vargas, ocorrido de julho a outubro de 1932, em São Paulo. Os insurgentes exigem a convocação da Assembléia Constituinte prometida por Getúlio Dornelles Vargas em sua campanha pela Aliança Liberal e na Revolução de 1930. Além dos interesses das oligarquias paulistas, a Revolução constitucionalista tem suas raízes na tradição liberal democrática de amplas alas da sociedade urbana estadual. Derrotados pela Revolução de 1930, setores da elite oligárquica de São Paulo defendem a instalação de uma Constituinte com o objetivo de fazer oposição ao governo provisório. O Presidente Getúlio Dornelles Vargas é acusado de retardar a elaboração de uma nova Constituição (ver Constituições brasileiras). No início de 1932, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Democrático aliam-se na Frente Única Paulista e lançam uma campanha pela constitucionalização do país e o fim da intervenção federal nos Estados. A repercussão popular é grande. Os atos públicos multiplicam-se e as manifestações tornam-se mais fortes. No dia 23 de maio de 1932, durante um comício no centro da capital, a polícia reprime violentamente os manifestantes. Quatro estudantes são assassinados. Em sua homenagem, o movimento passa a se chamar MMDC – iniciais de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, os mortos – e amplia sua base de apoio entre a classe média. Batalhões de voluntários –. Em 9 de julho começa a rebelião armada, proclamada pelo ex-governador paulista Júlio Prestes e pelo próprio interventor federal Pedro de Toledo, que aderira à campanha constitucionalista. Milhares de voluntários civis são incorporados aos batalhões das forças estaduais. Seu efetivo chega a 40 mil homens, deslocados para as três grandes frentes de combate, nas divisas com o sul de Minas Gerais, o norte do Paraná e no Vale do Paraíba. Os comandantes militares Isidoro Dias Lopes, Bertoldo Klinger e Euclydes Figueiredo, contudo, sabem que as forças federais são muito superiores. Eles contam com a adesão e o apoio prometidos por outros Estados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Mas o reforço esperado não chega e São Paulo é cercado pelas tropas legalistas. Depois de negociações, envolvendo anistia aos soldados rebeldes e facilidades para o exílio dos líderes civis e chefes militares do movimento, os paulistas anunciam oficialmente sua rendição em 3 de outubro de 1932. Em 1932 (INTEGRALISMO) Movimento político e ideológico de inspiração fascista ocorrido no Brasil na década de trinta. Defende um Estado autoritário e nacionalista; uma sociedade baseada na hierarquia, ordem e disciplina social; e o reconhecimento da suprema autoridade política e jurídica do chefe da nação sobre indivíduos, classes e instituições. Alguns de seus ideólogos, como Gustavo Barroso, dão ao integralismo um fundo racista, defendendo a superioridade da população branca brasileira sobre negros, mestiços e, sobretudo, judeus. Já nos anos vinte o pensamento nacionalista brasileiro desenvolvia uma vertente conservadora. Entre seus entusiastas estão intelectuais de variadas formações e tendências, como o sociólogo Oliveira Viana, o jornalista, professor e político Plínio Salgado e o pensador católico Jackson de Figueiredo. Mesmo sem atuar como grupo, eles têm em comuns posições políticas nacionalistas, antiimperialistas e anticomunistas, criticam a democracia liberal e defendem os regimes fascistas que começam a despontar na Europa. Ação Integralista Brasileira (AIB) – Em 1932, Plínio Salgado e Gustavo Barroso fundam em São Paulo a AIB, de inspiração nazi-facista. Seu programa mistura idéias nacionalistas e a defesa da autoridade do Estado frente à “anarquia liberal”, com o lema “Deus, Pátria e Família”. Os militantes vestem camisas verdes e saúda-se com gritos de Anauê! (interjeição que em tupi quer dizer “ave” ou “salve”). A Ação Integralista Brasileira (AIB) recebe apoio imediato de importantes setores conservadores empresariais, militares, religiosos e até sindicais, e logo se transforma em partido político. Em menos de quatro anos a organização reúne mais de trezentos mil adeptos, expande sua militância por todo o país e entra em choques freqüentes com grupos democráticos. Em 1935, apoia a repressão à Intentona Comunista. Plínio Salgado lança-se candidato à Presidência da República nas eleições previstas para 1938. As eleições não se realizam. Com o golpe que instalou o Estado Novo, os partidos são extintos e o espaço político do integralismo é reduzido. Desiludidos com Getúlio Dornelles Vargas, no final de 1938, os integralistas promovem o assalto ao palácio presidencial no Rio de Janeiro e pensam contar com o apoio do Exército para tomar o poder. Mas o Presidente obtém o apoio da cúpula militar e o golpe fracassa. Os integralistas são perseguidos, seu líder preso, Plínio Salgado é exilado em Portugal e o movimento desarticula-se. Em 15.11.1933 Instalada a Assembléia Constitucional (Governo Federal fixou data para eleições e convocou Assembléia Constituinte). Início da nova vida constitucional republicana (segunda fase). Reuniram-se duzentos e cinqüenta deputados eleitos pelo povo e cinqüenta eleitos pelas representações de classe e iniciaram a elaboração de uma nova Constituição. Em 16.07.1934 Baseada na Constituição Alemã de Weimar de 1919 e na espanhola de 1931, é promulgada a terceira Constituição do Brasil e a segunda da República. Também realizada por Assembléia Nacional Constituinte. Uma das influências da Constituição Alemã foi à democracia social e não mais a democracia liberal, ampliando fortemente a atividade econômica no País. Essa democracia social era símbolo de compromisso do constitucionalismo com as novas tendências proletárias. No texto, limita poderes do Senado e amplia os da União. Dá direito de voto às mulheres, prevê a criação da Justiça do Trabalho, da Justiça Eleitoral e cria o Conselho de Segurança Nacional. Em 1934 O Poder Judiciário ampliou-se com a instituição da Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho, passando as questões eleitorais e trabalhistas a competência delas (Justiça Especial). Em 1935 (INTENTONA COMUNISTA) Insurreição político-militar promovida pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), em novembro de 1935, com o objetivo de derrubar o Presidente Getúlio Dornelles Vargas e instalar um governo socialista no Brasil. Fundado em 1922, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) fortalece-se apenas no final da década, ao intensificar sua participação nas campanhas eleitorais e penetrar no meio dos proletariados urbanos e trabalhadores rurais. Após a Revolução de 1930, recebe a adesão de militantes e líderes tenentistas, entre eles o ex-capitão Luís Carlos Prestes. Depois de uma estada na União Soviética, Prestes retorna ao Brasil e, em 1934, passa a participar da direção do partido. Aliança Nacional Libertadora (ANL) – Com o crescimento do fascismo na Europa e do integralismo no Brasil, as lideranças políticas democráticas e de esquerda decidem reproduzir no país o modelo das frentes populares européias. Com esse objetivo, em março de 1935 é criada no Rio de Janeiro a Aliança Nacional Libertadora (ANL), reunindo ex-tenentes, comunistas, socialistas, líderes sindicais e liberais excluídos do poder. A Aliança aprova um programa de reformas sociais, econômicas e políticas que inclui aumento dos salários, nacionalização de empresas estrangeiras, proteção aos pequenos e médios proprietários e defesa das liberdades públicas. Luís Carlos Prestes é convidado para a presidência de honra da organização. A Aliança Nacional Libertadora (ANL) cresce tão rapidamente quanto a sua adversária, a Ação Integralista Brasileira (AIB). Os confrontos entre militantes comunistas e integralistas tornam-se cada vez mais freqüentes. Aproveitando o apoio da sociedade à causa antifascista, Luiz Carlos Preste lança em julho de 1935, em nome da Aliança Nacional Libertadora (ANL), um manifesto pedindo a renúncia do Presidente Getúlio Dornelles Vargas. Em represália, o governo decreta a ilegalidade da Aliança Nacional Libertadora (ANL). Impedida de atuar publicamente, a organização perde força. Levante nos quartéis – Com o apoio de Prestes e contando com a adesão de simpatizantes aliancistas em importantes unidades do Exército, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) prepara uma rebelião militar. O levante dos quartéis seria o sinal para uma greve geral e o início da revolução popular. A revolta começa precipitadamente nas cidades de Natal e do Recife, nos dias 23 e 24 de novembro. Em função dessa antecipação inesperada, os chefes do movimento apressam a mobilização no Rio de Janeiro para a madrugada do dia 27. O 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha, e a Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos, são palco das revoltas. Mas o governo está preparado e conta com a lealdade das Forças Armadas. Os rebeldes são encurralados e rapidamente dominados pelas artilharias do Exército e da Marinha. A rebelião é derrotada no mesmo dia em que começa. Em todo o país, revoltoso e simpatizante são perseguidos, seus chefes são presos, alguns torturados e mortos. Luiz Carlos Prestes fica na prisão até 1945. Sua mulher, Olga Benário, comunistas e judia, é entregue pela polícia do Estado Novo à Gestapo, polícia política nazista, e morre em 1942 num campo de concentração da Alemanha nazista. Após a Intentona, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) é condenado à clandestinidade. Em 27.11.1935 Novas Emendas Constitucionais, com o objetivo de salvaguardar as instituições políticas das atividades subversivas e revolucionárias, como uma verdadeira Lei de Segurança Nacional e de fortalecimento do Poder Executivo. Em 17.01.1936 Promulgada a Lei nº 192 de 1936. Reorganizava dentro dos Estado e da União, as Polícias Militares as considerando reservas do Exército. Em 1937 A Justiça Federal de Primeira Instância foi abolida, passando todas as causas que não fossem competência do Supremo Tribunal Federal, às Justiças Estaduais (Constituição Federal artigo 107 e 108). Em 08.01.1937 Promulgada a Lei nº 2856 de 1937. Uma das leis mais significativas da Justiça Militar no âmbito Estadual dispunha sobre os seguintes pontos: administração, competência, processo e julgamento dos crimes da competência originária do Tribunal Superior da Justiça Militar (TSJM) etc. Em 10.11.1937 Inspirada nos regimes fascitas europeus, é outorgada a quarta Constituição do Brasil e a terceira da República. Getúlio Dornelles Vargas (Presidente da República) revoga a Constituição de 1934, dissolve o Congresso Nacional e outorga ao país a Carta Constitucional do Estado Novo (sem qualquer consulta prévia). Estabelecia a preeminência do Poder Executivo em face aos Poderes Legislativo e Judiciário, criando, assim uma ditadura sui generis que se propunha a conciliar os interesses do trabalhismo incipiente com as tendências conservadoras do capitalismo. Prevê a centralização do poder político, extinção dos Partidos Políticos e instituição do regime corporativo sob a autoridade do Presidente. Em 1937 (ESTADO NOVO) É o nome que se dá ao regime ditatorial implantado pelo Presidente Getúlio Dornelles Vargas, a partir do golpe de Estado de 1937. A ditadura varguista prolonga-se até 1945, quando é derrubada por outro golpe de Estado. Desde a Intentona Comunista de 1935, Getúlio Dornelles Vargas mantém o país sob estado de guerra, com a suspensão dos direitos constitucionais e fortes repressão policial. Com essa atitude, justificada como defesa do país diante do “perigo vermelho” (comunista), Getúlio Vargas dificulta a campanha eleitoral para sua sucessão e ganha tempo para avaliar as chances de um autogolpe para manter-se na presidência. Aproveita-se do crescimento das tensões político-ideológicas e militares na Europa, decorrentes do confronto entre liberalismo, fascismo e comunismo, no período imediatamente anterior à 2º Guerra Mundial (1939-1945). O Golpe – Em 30 de setembro de 1937 é divulgado pelo general Góis Monteiro um suposto plano comunista (Plano Cohen) para tomar o poder por meio de luta armada. Apoiado nesse fato, mais tarde evidenciado como uma fraude montada por partidários do governo, Getúlio Dornelles Vargas reúne as condições para o golpe de Estado. Em 10 de novembro do mesmo ano, apoiado pelos setores sociais mais conservadores, o Presidente da República anuncia pelo rádio a “nova ordem” do país. Autoritarismo, centralismo e corporativismo são as características do novo regime. Em nome da “segurança nacional” são abolidos os partidos políticos, suspensas as eleições livres, os tribunais e os juízes independentes. O Poder Legislativo e o Poder Judiciário perdem o poder, que fica concentrado no Presidente da República, com mandato ampliado para seis anos. A estrutura federativa é esvaziada e são nomeados interventores para os estados. A Constituição de 1937 logo é apelidada de “polaca”, por sua clara inspiração nas constituições de regimes fascistas europeus, como os da Polônia, Portugal, Espanha e Itália. Economia e sociedade – Por outro lado, o período do Estado Novo é de grande avanço nas políticas sociais e econômicas, sobretudo pela implantação de uma ampla legislação trabalhista para os trabalhadores urbanos e pelo apoio à industrialização, mediante projetos oficiais na área siderúrgica e petrolífera. Para centralizar o controle da burocracia oficial, Getúlio Dornelles Vargas cria, em 1938, o Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp). Em 1939, cria o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), com a tarefa de divulgar as ações do governo e controlar ideologicamente os meios de comunicação. Para estimular e controlar o sindicalismo operário são ampliados os serviços estatais de aposentadoria. O imposto sindical e o salário mínimo são instituídos em 1940, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) entra em vigor em 1943. No campo econômico, Getúlio Dornelles Vargas avança no controle estatal das atividades ligadas ao petróleo e combustíveis, gerando o Conselho Nacional do Petróleo, em 1938. Estimula a indústria de base com a fundação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, em 1941, e obtém financiamento norte-americano para a instalação da Fábrica Nacional de Motores, no Rio de Janeiro, em 1943. A fim de contribuir com a formação de mão-de-obra especializada para o setor industrial, funda o Serviço Nacional da Indústria (SENAI), em 1942, e o Serviço Social da Indústria (SESI), em 1943. No campo da política externa, sob pressão dos Estados Unidos, Getúlio Dornelles Vargas rompe relações com os países do Eixo – Alemanha, Itália e Japão –, em 1942, e institui a Força Expedicionária Brasileira (FEB), em 1943, enviada para a Itália em 1944. Fim do Estado Novo – A participação do Brasil no esforço de guerra dos Aliados, em defesa da democracia e contra o totalitarismo nazista e fascista, afeta a estabilidade interna do regime ditatorial. Cresce a oposição ao Estado Novo entre intelectuais, estudante, religioso e empresário. Vargas, apesar do aparato de repressão, não mantém mais o controle da situação. Passa, então, à ofensiva e, no início de 1945, anuncia eleições gerais para o final do mesmo ano, tendo o marechal Eurico Dutra, Ministro da Guerra, como seu candidato. As pressões de setores da burocracia e do trabalhismo para que o próprio Getúlio Dornelles Vargas dispute as eleições suscitam a desconfiança das oposições, que se movimenta com a cúpula militar e articula o golpe de 29 de outubro de 1945. Os ministros militares destituem Getúlio Dornelles Vargas e passam o governo ao Presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, até a eleição e posse do novo Presidente da República, o general Eurico Gaspar Dutra, em janeiro de 1946. Em 10.11.1937 Com a revogação da Constituição de 1934, é dissolvido não só o Congresso Nacional como todos os órgãos legislativos do Brasil. De 29.10.1945 a 31.01.1946 A Revolução de 45 (1945). Deposição do Chefe do Governo pelas Forças Armadas. A direção do Estado foi entregue ao Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro José Linhares, natural do Ceará (cearense), de profissão advogado. Observam-se as eleições gerais, pelo próprio Governo Ditador, já estavam convocadas para 2 de Dezembro. Em 1945 (REDEMOCRATIZAÇÃO DE 1945) Processo de restabelecimento do sistema democrático no Brasil, iniciado no final do Estado Novo (1937–1945) e consolidado no governo Eurico Gaspar Dutra (1946–1951). A partir de 1943, a pressão interna contra a ditadura de Getúlio Dornelles Vargas cresce progressivamente. No final do ano, um grupo de intelectuais lança o Manifesto dos Mineiros, exigindo liberdade de pensamento, sobretudo político. O documento tem forte repercussão. Nos dois anos seguintes, a luta pela redemocratização intensifica-se, apesar da repressão policial. Diante das pressões internas e da perspectiva de vitória dos Aliados na 2ª Guerra Mundial (1939–1945), no início de 1945, Getúlio Dornelles Vargas começa a abrir o regime: concede anistia aos presos políticos, reforma a legislação partidária e eleitoral, anuncia eleições gerais e convoca uma Assembléia Constituinte. Também patrocina a criação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e do Partido Social Democrata (PSD), por meio dos quais pretende entrar na campanha eleitoral. O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) ensaia lançar o ditador como candidato à sua própria sucessão, manobra que provoca imediata reação entre os adversários do governo. Setores civis e militares articulam um golpe e, em 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas é deposto. Democracia limitada – Ministro da Guerra no Estado Novo, o general Eurico Gaspar Dutra elege-se Presidente da República pela conservadora União Democrática Nacional (UDN). Toma posse em janeiro de 1946 e em setembro promulga a nova Constituição. De inspiração democrática e liberal, a Constituição (Carta) de 1946 restabelece o Estado de Direito e a autonomia federativa no país (ver Constituições brasileiras). Eurico Gaspar Dutra, no entanto, logo revela os limites políticos e ideológicos da redemocratização. Em 1947, fecha a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) e intervém em mais de cem sindicatos, acusando-os de focos de agitação operária. Atendendo às reivindicações conservadoras, proíbe os jogos de azar e fecha os cassinos. No mesmo ano, rende-se às pressões norte-americanas, decreta a ilegalidade do Partido Comunista do Brasil (PCB) e cassa os mandatos de seus parlamentares. De 31.01.1946 a 31.01.1951 Período sob a Presidência do Poder Judiciário. Realizada a eleição, foi eleito o Marechal Eurico Gaspar Dutra, para Presidente da República. Natural de Mato Grosso, de profissão militar. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Completou seu mandato. Em 02.02.1946 Início dos trabalhos da Assembléia Constituinte (eleita no pleito de 02 de Dezembro) para elaborar a Constituição (a melhor de todas). Em 18.09.1946 Promulgada a nova Constituição. A quinta do Brasil e a quarta da República. Constituição baseada (com influência) nas Constituições: norte-americana de 1787, na francesa de 1848 e na alemã, de Weimar, de 1919. Manteve o regime representativo, a federação e a república. A melhor Constituição do Brasil. Sofreu a nova lei constitucional, conforme já mencionado, a influência da Constituição (Yanque) de 1787 no princípio da descentralização (federalismo e municipalismo); da Constituição Francesa de 1848, no referente ao corte nas funções (tradição brasileira) do presidencialismo e na transformação dos Ministros de Estado como pessoas politicamente responsáveis e não mais como mero assistente do Presidente. Por último, a Constituição Alemã de Weimar, no tocante a democracia social, por meio das novas medidas do intervencionismo, do planejamento, do sindicalismo, da greve, e outros direitos. Restabelece direito individual e dá direito de voto aos maiores de dezoito anos. Devolve autonomia aos Estados e Municípios e restabelece a interdependência dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). Mantém, porém, a estrutura sindical ligada ao Estado e a possibilidade legal de proibição de greve. De 31.01.1951 a 24.08.1954 Décimo oitavo Presidente do Brasil – Getúlio Dornelles Vargas, natural do Rio Grande do Sul (gaúcho), de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Não completou seu mandato (suicidou-se em 24 de agosto de 1954). De 24.08.1954 a 09.11.1955 Décimo nono Presidente do Brasil – João Café Filho, natural do Rio Grande do Norte (rio-grandense), de profissão jornalista. Foi o Vice-Presidente de Getúlio Dornelles Vargas (assumiu a Presidência da República por sucessão tendo em vista o ocorrido com Getúlio Dornelles Vargas). Também não completou o mandato (afastamento por doença). De 09.11.1955 a 11.11.1955 Vigésimo Presidente do Brasil – Carlos Coimbra da Luz, natural de Minas Gerais (mineiro), de profissão advogado. Presidente da Câmara dos Deputados (assumiu a Presidência da República por sucessão de João Café Filho que tinha sucedido Getúlio Dornelles Vargas). Também não completou o mandato, aliás, o mais curto período (somente vinte e quatro horas) de todos os Presidentes do Brasil. Foi deposto pelo General Teixeira Lott. De 11.11.1955 a 31.01.1956 Vigésimo primeiro Presidente do Brasil – Nereu de Oliveira Ramos, natural de Santa Catarina (catarinense), de profissão advogado. Presidente do Senado Federal (assumiu a Presidência da República por sucessão de Carlos Coimbra da Luz). De 31.01.1956 a 31.01.1961 Vigésimo segundo Presidente da República – Juscelino Kubitschek de Oliveira, natural de Minas Gerais (mineiro), de profissão médico. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Completou seu mandato. Transferiu a Capital do Brasil, do Rio de Janeiro para Brasília, cumprindo, assim, ordenamento constitucional de 1891. De 31.01.1961 a 25.08.1961 Vigésimo terceiro Presidente da República – Jânio da Silva Quadros, natural de Mato Grosso (mato-grossense), formação política paulista, de profissão advogado. Foi eleito pelo voto popular (via direta). Não completou seu mandato (renúncia). De 25.08.1961 a 07.09.1961 Vigésimo quatro Presidente do Brasil – Pascoal Ranieri Mazzili, natural de São Paulo (paulista), de profissão advogado. Presidente da Câmara dos Deputados assumiu a Presidente da República interinamente, tendo por razão a renúncia de Jânio da Silva Quadros. Em 02.09.1961 Emenda nº 4 (Reforma Parlamentarista): Promulgou o Congresso Nacional (por imperativo de urgência) o Ato Adicional, instituindo uma Ordem SemiParlamentarista (forma experimental), tendo em vista a renúncia do Presidente da República, Jânio da Silva Quadros, e a oposição feita à posse do VicePresidente da República, João Goulart. De 07.09.1961 a 01.04.1964 Vigésimo quinto Presidente da República – João Belchior Marques Goulart, natural do Rio Grande do Sul (gaúcho), de profissão advogado. Foi o VicePresidente de Jânio da Silva Quadros. Não completou o mandato, foi deposto pela revolução de 31 de Março de 1964. Em 31.03.1964 Revolução de 1964 ou de 64. O Movimento Revolucionário veio recolocar o País no caminho das suas tradições cristãs e democráticas. Foi eleito Presidente da República, o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco. O Movimento Revolucionário foi deflagrado para reorganizar a vida política e administrativa do País. Pretendiam os militares realizar um rápido período de saneamento, ao fim do qual, com certeza, retornaria o País ao seu estado de normalidade constitucional. No início do mês de Abril, os Chefes (das três armas) Militares, através de Ato Institucional, determinaram regime de emergência, possibilitando as Reformas Constitucionais. Em 31.03.1964 (REGIME MILITAR DE 1964) Regime Militar instaurado pelo golpe de Estado de 1º de abril de 1964 e que se estende até a abertura política, em 1985. O plano político é marcado por autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição policial e militar, prisão e tortura dos opositores, e pela imposição de censura prévia aos meios de comunicação. A crise político–institucional, que começa com a renúncia do Presidente Jânio da Silva Quadros, em 1961, agrava–se durante o governo Goulart, com a radicalização do populismo político de partidos e grupos de esquerda e a dura reação da direita conservadora. Com o apoio dos sindicatos operários, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o governo João Belchior Marques Goulart havia mobilizado as massas trabalhadoras em torno das chamadas reformas de base – um conjunto de medidas e mudanças que alterariam profundamente as relações econômicas e sociais no país. A perspectiva de concretização dessas reformas leva o empresariado, parte da Igreja Católica, a oficialidade militar e os partidos de oposição, liderados pela União Democrática Nacional (UDN) e pelo Partido Social Democráta (PSD), a acusarem o Presidente da República de preparar um golpe comunista. Além disso, responsabilizam-no pelos problemas econômicos, como alta dos preços e desabastecimento. No dia 13 de março de 1964, o governo promove um grande comício em frente à estação ferroviária Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em favor das reformas de base. Os conservadores reagem com uma extensa manifestação em São Paulo, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 19 de março. A tensão no país cresce, com ataques e acusações de ambos os lados. No dia 31 de março, unidades militares rebelam-se, dando início ao golpe de Estado. Tropas saídas de Minas Gerais e São Paulo avançam sobre o Rio de Janeiro, onde o governo dispõe de apoio nas Forças Armadas. João Goulart recusa-se a jogar o país numa guerra civil e refugia-se no Uruguai. No dia 1º de abril, o Congresso Nacional declara a vacância da Presidência da República. As autoridades militares assumem o poder. Em 9 de abril é decretado o Ato Institucional nº 1 (AI–1), que suspende as imunidades parlamentares e os direitos políticos, acaba com as garantias de vitaliciedade dos magistrados, com a estabilidade dos funcionários públicos e cassa mandatos (ver períodos que antecederam a Constituição de 1988). Em 05.02.1966 É baixado o Ato Institucional nº 3 de 1966, que estabelecia eleições indiretas para Governadores, que passaram a ser (indicados) escolhidos pelas Assembléias Legislativas de cada Estado. Em 07.12.1966 É baixado o Ato Institucional nº 4 de 1966, estabelecendo que o Congresso Nacional é convocado para votar uma nova Constituição para substituir a Constituição de 1946, ou seja, aquela que estava em vigor. Em 24.01.1967 Nasce a sexta Constituição (ou Carta) do Brasil, quinta da República, que passou a vigorar somente a partir de quinze de março do mesmo ano. Outorgada ou Promulgada (uma incógnita). Elaborada (feita) pelo então Ministro da Justiça, Carlos Medeiros Silva (Executivo Revolucionário através do Congresso). Estabelecem no seu texto, eleições indiretas para Presidente da República e dá a ele o direito de fazer Emendas Constitucionais. Foi a primeira Constituição brasileira, que não entrou em vigor na data de sua promulgação. Presidente da República (eleição congressual–indireta) Marechal Arthur da Costa e Silva. Emenda nº 1 de 1969 outorgada pelos Ministros Militares no exercício da Presidência da República, fundamentados nos poderes outorgados pelo AI–5 e pelo AI–16 que declarou a vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, entrando em vigor a partir de 30 de Outubro de 1969. Algumas das alterações: período presidencial de cinco anos; o Presidente da República tinha competência para cessar a vigência, por Decretos, dos dispositivos constitucionais; eleições indiretas para 1970; a pena de morte, prisão perpétua, banimento ou confisco para os casos de guerra revolucionária ou subversiva; o Vice-Presidente da República não presidia mais o Congresso Nacional; reestruturado o Poder Legislativo, na composição e funcionamento; e uma série de outras modificações (aproximadamente cem (100) modificações). De 02.04.1964 a 15.04.1964 Vigésimo sexto Presidente do Brasil – Pascoal Ranieri Mazzili, natural de São Paulo (paulista), de profissão advogado. Presidente da Câmara dos Deputados assumiu interinamente a Presidente da República, pela segunda vez. De 15.04.1964 a 15.03.1967 Vigésimo sétimo Presidente da República – general Humberto Alencar Castello Branco, natural do Ceará (cearense), de profissão militar. Foi eleito pelo Congresso Nacional (via indireta). Completou o mandato. De 15.03.1967 a 31.08.1969 Vigésimo oitavo Presidente do Brasil – general Arthur da Costa e Silva, natural do Rio Grande do Sul (gaúcho), de profissão militar. Foi eleito pelo Congresso Nacional (via indireta). Não completou o mandato (falecimento). Em 13.12.1968 É baixado o AI nº 5 que modifica a Constituição Federal. Restringiu as prerrogativas do Poder Legislativo e instituiu medidas rigorosas em defesas da ordem constitucional. Determinou o recesso do Congresso Nacional (com base no art. 2º expediu o Ato Complementar nº 38) e posteriormente as Assembléias Legislativas do: Rio de Janeiro, Guanabara, Pernambuco, São Paulo e Sergipe. Foi o mais abrangente e autoritário de todos os Atos Institucionais. De 31.08.1969 a 30.10.1969 É baixado o Ato Institucional nº 12. Junta Ministerial formada pelos Ministros Militares da Marinha (Augusto Hamann Rademaker, natural do Rio de Janeiro – carioca –), do Exército (Aurélio Lira Tavares, natural da Paraíba – paraibano –) e da Aeronáutica (Márcio de Sousa Melo, natural de Santa Catarina – catarinense –), assumindo a Presidência da República por impedimento do então Presidente da República (também militar) Arthur da Costa e Silva. Em 14.10.1969 É baixado o Ato Institucional nº 16. Declaratória da vacância do cargo presidencial. Em 17.10.1969 Surge a Constituição (EC nº 1 de 1969) do Brasil de 1969. Outorgada pela Junta Militar (Ministros militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, que assumiram o poder) no exercício da Presidência da República. É denominada de EC nº 1 de 1969. Mantém os Atos Institucionais baixados e a partir do AI nº 5 (chamado simplesmente de AI–5). Dá nova redação à Constituição de 24 de Janeiro de 1967. Recebeu 27 Emendas. De 30.10.1969 a 15.03.1974 Trigésimo Presidente do Brasil – general Emílio Garrastazu Médici, natural do Rio Grande do Sul (gaúcho), de profissão militar. Foi eleito pelo Congresso Nacional (via indireta). Completou o mandato. Em 09.05.1972 EC nº 2. Reguladora das eleição para Governadores e Vice-Governadores de Estados em 1974. Em 15.06.1972 EC nº 3. Limitou-se a dar nova redação aos artigos 29 e 36 “caput”, modificados posteriormente pela EC nº 22 de 1982 e § 1º da Constituição Federal. De 15.03.1974 a 15.03.1979 Trigésimo primeiro Presidente do Brasil – general Ernesto Geisel, natural do Rio Grande do Sul (gaúcho), de profissão militar. Foi eleito pelo Congresso Nacional (via indireta). Completou o mandato. Em 23.04.1975 EC nº 4. Dispõe sobre a remuneração dos vereadores (Câmara Municipal). Em 28.06.1975 EC nº 5. Dá nova redação ao “caput” do artigo 25 modificado posteriormente pela EC nº 17 de 1980. Em 04.06.1976 EC nº 6. Esta Emenda Constitucional se limitou a dar nova redação ao artigo 104 e §§ 1º a 5º da CF.. Em 13.04.1977 EC nº 7. Dá nova redação a uma série de artigos, parágrafos, incisos, letras e parágrafo único da CFl. Em 14.04.1977 EC nº 8. Dá nova redação a uma série de artigos, parágrafos, incisos, letras e parágrafo único da CF. Em 28.06.1977 EC nº 9. Dá nova redação ao § 1º do art. 175 da CF. Extinguiu a indissolubilidade do casamento e introduziu o divórcio no País. Em 14.11.1977 EC nº 10. Esta EC acrescentou o § 6º ao art. 104 da CF. Em 13.10.1978 EC nº 11. Altera dispositivos da Constituição Federal. Revogou o AI nº 5, criando novas medidas constitucionais, chamadas de “salvaguarda constitucional”. As medidas de urgência: Estado de sitio e estado de emergência. Em 17.10.1978 EC nº 12. Dispõe sobre a melhoria da condição social e econômica dos deficientes. De 15.03.1979 a 15.03. 1985 Trigésimo segundo Presidente da República – general João Baptista de Oliveira Figueiredo, natural do Rio de Janeiro (carioca), de profissão militar. Foi eleito pelo Congresso Nacional (via indireta). Completou o mandato. Em 10.10.1979 EC nº 13. Dá nova redação ao art. 36 “caput”, modificado posteriormente pela EC nº 22 de 1982 e § 1º e 2º da CF. Em 04.09.1980 Por Emenda Constitucional, prorrogam-se os mandatos (chamados de tampão) de Vereadores e Prefeitos e adia-se para 1982 as eleições para a Câmara dos Deputados, do Senado Federal, Governos estaduais, Prefeitos, Assembléias Legislativas e Câmara Municipal (de Vereadores). Em 09.09.1980 EC nº 14. Dá nova redação ao art 209 modificado posteriormente pela EC nº 22 de 1982. Em 13.11.1980 Por Emenda Constitucional, o Congresso Nacional aprova eleições diretas para Governadores e acaba com os senadores biônicos, respeitados o mandato em curso. Em 19.11.1980 EC nº 15. Restabelece o sistema de voto direto nas eleições para Governador de Estado e para Senador da República. Em 27.11.1980 EC nº 16. Dá nova redação aos artigos 5º, 9º, 26, 121 e 206 § 1º da CF. Em 02.12.1980 EC nº 17. Altera os artigos 23, 24 e 25 da Constituição Federal e dá outras providências. Em 30.06.1981 EC nº 18. Esta Emenda Constitucional se limitou a dar nova redação ao inciso III do artigo 101 e acrescentar o inciso XX ao artigo 165, passando o até então vigente inciso XX a inciso XXI, todos da Constituição Federal. Em 12.08.1981 EC nº 19. Esta Emenda Constitucional se limitou a passar o parágrafo único do artigo 151 e § 1º. A dar nova redação às letras (ou alíneas) “c” e “d” do § 1º e a acrescentar o § 2º ao mesmo artigo. Tudo da Constituição Federal Em 20.10.1981 EC nº 20. Esta Emenda Constitucional se limitou acrescentar o artigo 211 (remunerado para artigo 213 pela EC nº 22 de 1982) à CF. Em 27.10.1981 EC nº 21. Esta EC se limitou a dar nova redação ao inciso VI do art. 13 e acrescentar o art. 212 (remunerado para o art 124 pela EC nº 22 de 1982) à CF. Em 29.06.1982 EC nº 22. Esta Emenda Constitucional alterou uma série (nova redação) de artigos, parágrafos, incisos, etc. da Constituição Federal. Em 01.12.1983 EC nº 23. Altera dispositivos da Constituição Federal. Em 01.12.1983 EC nº 24. Esta Emenda Constitucional se limitou a acrescentar o § 4º ao artigo 176 da CF. Em 25.01.1984 (DIRETAS-JÁ) Um grande comício (Pró Constituinte 87 – por uma Constituinte livre e soberana) pelas “diretas-já”, em São Paulo, na Praça da Sé. No palanque: Tancredo Neves, Franco Montoro, Ulisses Guimarães, Leonel Brisola, Lula (Luiz Ignácio Silva), Aureliano Chaves, José Sarney e outros. Milhares de pessoas compareceram no evento. Em 21.04.1984 Na cidade de Ouro Preto, ao pé da estátua de Tiradentes, Tancredo Neves repetiu a frase do alferes “se todos quisermos, haveremos de fazer deste país uma grande nação”. Em Abril de 1984 O Congresso Nacional coloca em votação a Emenda Dante de Oliveira, um dos grandes momentos da maior campanha popular já vista na história do País. Tal Emenda Constitucional tinha como texto principal o imediato reestabelecimento das eleições diretas para a escolha do Presidente e do Vice-Presidente da República. Essa Emenda Constitucional também foi assinada por Tancredo Neves. O Governo reagiu rigorosamente. A proposta foi, por mínima diferença de votos, rejeitada, mas, como conseqüência, estilhaçou o esquema partidário sustentador do regime de 1964. Em 15.01.1985 Eleito Tancredo Neves e José Sarney (José Ribamar Ferreira de Araújo Costa), respectivamente Presidente e Vice-Presidente da República. Derrotado o candidato oficial do partido que dava sustentação política ao regime (início da Nova República). Em 21.04.1985 Morre na véspera da posse, o Presidente da República eleito pelo Colégio Eleitoral (Governador de Minas Gerais) Tancredo Neves. De 15.03.1985 a 15.03.1990 Trigésimo quarto Presidente do Brasil – José Ribamar Ferreira de Araújo Costa (chamado e conhecido por Presidente José Sarney), natural do Maranhão (maranhense), de profissão advogado. Tornou-se Presidente da República (Por sucessão. Muito discutida na oportunidade a questão jurídico-constitucional sobre a sucessão) tendo em vista o falecimento do Presidente da República (eleito) Tancredo Neves. Completou o mandato. Em 10.05.1985 Por Emenda Constitucional, o reestabelecimento das eleições diretas para Presidente da República e Prefeitos das Capitais e dos Municípios considerados de Segurança Nacional. Em 15.05.1985 EC nº 25. Altera dispositivos da Constituição Federal e estabelece outras normas constitucionais de caráter transitório. Em 27.11.1985 EC nº 26. Convoca Assembléia Nacional Constituinte (para a elaboração de uma nova Constituição) e dá outras providências. Em 28.11.1985 EC nº 27. Esta Emenda Constitucional se limitou a dar nova redação ao artigo 21 inciso VII e artigo 25 “caput”; e acrescentar inciso X e § 7º ao artigo 21, inciso III e §§ 13 e 14 ao artigo 23, § 4º ao artigo 25 e inciso IV ao artigo 26, todos da Constituição Federal. Em 28.02.1986 O Governo Federal lançou o Plano Cruzado, fazendo grandes modificações na economia brasileira. Seria o plano de estabilização financeira com inflação “zero”. Mudou-se a moeda. O cruzeiro foi sucedido pelo cruzado. Houve intensa mobilização nacional com o intuito de fiscalizar os preços. Depois de dois meses, faltava toda espécie de gêneros alimentícios e bens de toda sorte. Não deu certo. Fracasso do Presidente José Sarney. Em 15.11.1986 Logo após as eleições (antes mesmo das apurações realizadas) o Governo lança o Plano Cruzado II, com substanciais mudanças nos preços públicos e tarifas (inflação de 0% (zero por cento) foi chegar a casa de 23,5 % ao mês). Foram eleitos deputados e senadores, que acrescidos dos senadores eleitos em 1982 (segunda parte do mandato) formou-se a Assembléia Nacional Constituinte. Em 01.01.1987 Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, reuniram-se em Assembléia Nacional Constituinte, livre e soberana para realizar uma nova Constituição da República Federativa do Brasil. Em 01.02.1987 Instalada a Assembléia Nacional Constituinte. O Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José Carlos Moreira Alves, anuncia oficialmente a instalação do Congresso (Nacional) Constituinte, composto por 559 parlamentares, sendo 487 deputados federais e 72 senadores (3 membros x 24 Estados) Em 02.02.1987 O deputado federal Ulisses Guimarães é eleito Presidente do Congresso Constituinte (Assembléia Nacional Constituinte) por 425 votos a favor, tendo como contra somente 69 votos. Em 10.03.1989 O regimento do Congresso Constituinte é aprovado mediante um acordo entre o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o Partido da Frente Liberal (PFL) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Os trabalhos constitucionais são divididos entre oito comissões temáticas, encarregadas de estudar e apresentar propostas para a nova Constituição, e uma comissão de sistematização, encarregada de redigir o projeto preparado pelas comissões. De 22.03.1987 a 25.05.1987 As oito comissões temáticas: ordem econômica, ordem social, sistema tributário, soberania, organização do Estado, sistema de governo, organização eleitoral, família (mais uma etapa do Congresso Constituinte), são divididas em 24 subcomissões, que ouvem entidades da sociedade civil e discutem um projeto para cada tema. Os cargos nas subcomissões são divididos proporcionalmente entre os partidos. De 26.05.1987 a 15.06.1987 As oito comissões temáticas (em mais uma etapa do Congresso Constituinte) discutem as propostas votadas pelas subcomissões. A duração do mandato presidencial, os direitos trabalhistas, a definição de empresa nacional e a reforma agrária são os temas que provocam maior polêmica no interior das comissões. De 26.06.1987 a 11.11.1987 A comissão de sistematização discute as propostas encaminhadas pelas comissões temáticas e redige um projeto constitucional, que será votado em plenário. A comissão aprova o mandato de quatro anos para o Presidente José Sarney e a reforma agrária em propriedades produtivas que não cumpram sua função social. Em 03.12.1987 O bloco suprapartidário Centrão (grupo pluripartidário conservador que foi maioria no Congresso Constituinte) consegue aprovar no plenário um projeto que altera o Regimento Interno (RI) do Congresso Constituinte. A proposta permite aos parlamentares a apresentação de novas Emendas ao projeto constitucional elaborado pela comissão de sistematização. De 27.01.1988 a 30.06.1988 É votado (mais uma etapa do Congresso Constituinte) em primeiro turno o projeto da Constituição. O centrão consegue aprovar o mandato de cinco anos para o Presidente José Sarney e impede a reforma agrária em terras produtivas. A esquerda consegue avançar na área de direitos trabalhistas e de nacionalização dos recursos minerais. De 25.07.1988 a 22.09.1988 O projeto constitucional é votado em segundo turno, que se encerra na madrugada do dia dois de setembro. O texto é mantido praticamente sem alterações. Começa o trabalho da comissão de redação, que corrige os erros de linguagem. O texto final é aprovado com: 474 votos a favor, 15 votos contra, 6 abstenções. Não estavam presentes à votação 64 deputados federais. Em 05.10.1988 É promulgada a nova Constituição da República Federativa do Brasil, contendo no seu texto: 315 artigos, 596 parágrafos, 946 incisos, 203 alíneas (letras), entre disposições permanentes e transitórias. É a oitava Constituição brasileira, sendo a quarta Constituição feita a partir de uma Assembléia Nacional Constituinte (chamada de Constituição popular). Em 15.03.1990 Com 35 milhões de votos, com 40 anos de idade, após uma longa campanha vitoriosa, assume Fernando Afonso Collor de Melo, natural do Rio de Janeiro (carioca) de formação política alagoana, de profissão administrador de empresa, a Presidência da República. Como primeiro ato, passa de 23 para 12 o seu Ministério (auxiliares da Presidência da República) e autoriza a venda de 40 mansões e residências oficiais. Praticou várias modificações e comprometimentos (com a Nação e com Pessoas) levando-o a ser (mais tarde) julgado pelo Senado Federal por crime de responsabilidade, mesmo tendo renunciado à Presidência da República, no dia do julgamento (processo de “impeachment” pela primeira vez aplicado a um Presidente da República, no Brasil). Em 16.03.1990 Volta a moeda a ser denominado “cruzeiro”. Cadernetas de Poupança, Overnigth e Conta Corrente têm seus saques limitados a Cr$ 50.000,00 e o saldo fica retido “bloqueado”, por 18 meses no Banco Central. Em 21.05.1990 O ministro da Justiça, Bernardo Cabral, é afastado da coordenação jurídica das Medidas Provisórias. Foi demitido em 13 de Outubro do mesmo ano. Assume o Ministério da Justiça, o senador Jarbas Passarinho (embora não sendo jurista). Em 31.05.1990 Surge a primeira grande derrota do Presidente Fernando Afonso Collor de Melo. O Congresso Nacional rejeita a Medida Provisória 185. O ProcuradorGeral da República, Aristides Junqueira, impetra a argüição de inconstitucionalidade da Medida Provisória 190, substituta da Medida Provisória de nº 185. O Supremo Tribunal Federal, em 06 de Junho, declara a Inconstitucionalidade da Medida Provisória. Em 31.01.1991 Nasce o Plano Collor 2 (dois). Congela preços e salários. Em 14.03.1991 Presidente Fernando Afonso Collor de Melo apresenta o Projeto de Reconstrução Nacional (PRN). De Março a Dezembro de 1991 A Ministra Zélia Cardoso pede demissão. Assume o Ministério Marcílio M. Moreira. A Fundação Nacional da Saúde (FNS) é acusada de comprar bicicletas e guarda-chuvas com superfaturamento. Demissão dos Ministros de Estado: Antônio Rogério Magri e Margarida Procópio, respectivamente: Trabalho e Ação Social. Demissão do ministro Alceni Guerra, da Saúde. Contrariedades na família da primeira dama. Demissão da primeira dama Rosane Collor, da Legião Brasileira de Assistência (LBA), e uma série de outros obstáculos na carreira do jovem Presidente da República. Em 30.03.1992 O Presidente Fernando Afonso Collor de Melo aceita a renúncia coletiva de Ministros de Estado e Secretários. Mantém, apenas os Ministros Militares e três Ministros civis: Saúde, Educação e Economia. Somente em 9 de abril, concluiu reforma ministerial. Em 31.03.1992 EC nº 1 (política): limita a remuneração dos deputados estaduais em 75% do que ganham os deputados federais. O teto do vencimento dos vereadores passa a ser 75% da remuneração dos deputados estaduais. Em 26.05.1992 O Congresso Nacional instaura Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar denúncias contra Paulo César Farias, também chamado e conhecido através de suas iniciais “PC”. Em 02.06.1992 Realização do Rio-92. O Brasil recebeu Chefes de Estado de todo o mundo. Em 30.06.1992 O Presidente Fernando Afonso Collor de Melo em rede nacional de rádio e televisão, fala a Nação, tentando explicar o que não tinha explicações (caso Paulo Cesar). Em Agosto de 1992 Passeatas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, e em muitos outros Estados, realizadas por estudantes e outros segmentos da sociedade, pedindo o “impeachment” do Presidente da República. Ainda no mesmo mês, o Presidente Fernando Collor, exaltado, conclama o país a se manifestar, vestindo as cores verdes e amarelas. A resposta veio em seguida. No domingo, todos saíram às ruas vestindo a cor preta. Início do fim do governo Fernando Afonso Collor de Melo. Em 15.08.1992 A liberação da última parcela dos cruzados bloqueados. Em 24.08.1992 O País pára para ouvir a leitura do relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que apontou ligações de Paulo César (empresário) com o Presidente da República Fernando Afonso Collor de Melo. Em 25.08.1992 EC nº 2 (política): regulamenta a realização do plebiscito que decidirá sobre a forma e o sistema de governo em 1993. Em 26.08.1992 O Congresso Nacional aprova relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) por dezesseis votos contra cinco. Em 28.08.1992 A primeira dama Rosane Collor é condenada a devolver à União o dinheiro gasto na festa da amiga (aniversário). Em 01.09.1992 Marcelo Lavenere e Barbosa Lima Sobrinho, respectivamente Presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), acompanhada por milhares de pessoas, entregam à Câmara dos Deputados o pedido de “impeachment” do Presidente Fernando Afonso Collor de Melo. No mesmo dia, em pronunciamento em rede nacional, o Presidente da República fala à nação e afirma que não renunciará ao cargo. Em 29.09.1992 O pedido do “impeachment” recebe a aprovação da Câmara dos Deputados, com a seguinte votação: 441 votos a favor do “impeachment”; 38 votos contra: 23 ausências e 1 abstenção. Foi uma festa nacional. O povo queria o “impeachment”, ou seja, o afastamento do Presidente da República, Fernando Afonso Collor de Melo. Em 28 e 29.12.1992 (DIA “D”) Após todas as tentativas, sem lograr nenhum êxito, para o adiamento da sessão do julgamento pelo Senado Federal, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Sydney Sanches, por volta das 09:20 horas, abre a sessão do julgamento. Ato contínuo o advogado de defesa José Moura Rocha, requer o adiamento da sessão. O advogado de acusação Evandro Lins e Silva contradita. O Presidente da sessão nega o requerimento. Aproximadamente 09:30 horas, o advogado de defesa procede à leitura da carta de renúncia assinada pelo seu cliente Fernando Afonso Collor de Melo. A sessão é suspensa. Ato contínuo (imediatamente) o Presidente do Senado Federal, senador Mauro Benevides, convoca sessão do Senado Federal para decidir o pedido de renúncia. Após alguns momentos, no plenário, tem início a sessão do Congresso Nacional, onde é declarado vago, pelo Presidente do Senado Federal, o cargo de Presidente da República. Imediatamente informado, o Presidente da República, em exercício, Itamar Augusto Cantieiro Franco é convocado para tomar posse. Terminada a sessão de posse do novo Presidente da República, foi reaberta a sessão presidida por Sydney Sanches, verifica a vontade dos senadores quanto ao encerramento ou à continuidade do processo de “impeachment”, tendo em vista a renúncia de Fernando Afonso Collor de Melo. A defesa defendeu o encerramento do processo. A acusação, a continuidade do processo. Abertos os debates entre os senadores. Votação: 73 votos dos 81 (casa completa) pelo prosseguimento do feito e final do julgamento. Após o trabalho (todas as fases do processo foram realizadas), o resultado: Fernando Afonso Collor de Melo, fica proscrito da vida pública do país, pelo prazo de oito anos. Fim do Governo Fernando Collor. Em 29.12.1992 Em sessão extraordinária do Congresso Nacional, por volta das 13:00 horas, assume a Presidência da República, por sucessão, Itamar Augusto Cantieiro Franco, que prestou o compromisso (juramento) e assinou o termo de posse, após ter presidido o país, interinamente, por sessenta dias. Em Dezembro de 1992 (Trajetória do “impeachment”) Pedido formulado por escrito, acompanhado de documentos comprobatórios, assinado por Marcelo Lavenere e por Barbosa Lima Sobrinho, respectivamente Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), endereçado ao Presidente da Câmara dos Deputados, Ibsem Pinheiro. O texto e as provas definiam que o comportamento do Presidente da República, Fernando Afonso Collor de Melo, implicava na “falta de decoro” citado pela Constituição Federal (artigo 85) para caracterizar o crime de responsabilidade. Controvérsias quanto à aplicação da Lei nº 1.079 de 1950.O Presidente da Câmara dos Deputados recebeu a denúncia e procedeu à leitura em plenário. No mesmo ato, foram escolhidos pelos plenários nomes que formaram uma comissão, que após o trabalho de investigação sobre as acusações, emitiriam parecer no sentido de: contra ou a favor (aceitação ou não aceitação) do processo de “impeachment”. Após o trabalho da comissão (investigando tudo) foi o pedido aprovado (votação aberta) para a abertura do processo. O Presidente da República, Fernando Afonso Collor de Melo, é afastado pelo período de cento e oitenta (180) dias. Interinamente assume o Vice-Presidente. O Senado Federal instaura o processo sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal, que preside os trabalhos, mas não julga. O Senado Federal (embora tendo renunciado) condenou o Presidente Fernando Collor a ser destituído do cargo (pelo crime de responsabilidade) e impedido de cargos públicos por oito anos. Observação final Þ O mesmo povo que o elegeu, também o derrubou. Em 31.03.1992 EC nº 1 – Dispõe sobre a remuneração dos deputados estaduais e dos vereadores. Em 25.08.1992 EC nº 2 – Dispõe sobre o plebiscito previsto no artigo 2º do Ato das Disposições Transitórias (antecipação da data, ou seja, de sete de setembro de 1993 para 21 de abril de 1993). Em 01.01.1993 Tomam posse em todo o país os prefeitos (governo executivo municipal) eleitos (em primeiro e segundo turnos) nas eleições de outubro de 1992. Em 02.01.1993 Fernando Afonso Collor de Melo, ex-presidente da República, por seus advogados, ingressa junto ao Supremo Tribunal Federal, pedido de habeas corpus para anulação da sessão do Senado Federal de 29 de dezembro de 1992, que culminou com a cassação dos seus direitos políticos, por período de oito anos. O Supremo Tribunal Federal nega o pedido. Em 11.01.1993 A Câmara dos Deputados, atendendo as disposições constitucionais, aprova a regulamentação do plebiscito que decidirá, no próximo dia 21 de abril, forma e sistema de governo, ou seja, República ou Monarquia (como forma de governo), Presidencialismo ou Parlamentarismo (como sistema de governo). Em 17.01.1993 O ministro da Fazenda, Paulo Haddad, anuncia (sem antes comunicar oficialmente o Presidente da República) o anteprojeto de lei que determinava a eliminação de três zeros (000) do cruzeiro, passando a ser chamado temporariamente de cruzeiro novo, tendo como símbolo à letra (N) na frente do (cifrão) cruzeiro; vejamos: NCR$. Em 19.01.1993 O Procurador-Geral da República, Aristides Junqueira, requer em documento oficial ao Supremo Tribunal Federal a quebra de sigilo bancário de Zélia Cardoso de Mello (ex-ministra da Economia) e de seus assessores, a fim de apurar comprometimento com o esquema de Paulo César Farias, o famoso “PC”. Em 20.01.1993 A Câmara dos Deputados aprova em primeiro turno de votação, com 375 votos a favor e 87 votos contra, o Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF). Em 28.01.1993 Luiza Erundina (ex-prefeita da cidade de São Paulo) e a Yeda Crusius (professora universitária) tomam posse (após aceitarem convite do Presidente da República Itamar Augusto Cantieiro Franco) respectivamente na Secretaria de Administração Federal e no Ministério do Planejamento. Em 29.01.1993 Brasileiros foram presos (no Aeroporto de Lisboa) pela alfândega de Portugal, acusados de imigração ilegal. Tendo em vista o tratamento oferecido aos brasileiros, o Governo Brasileiro protesta oficialmente. Brasileiros que retornaram para o Brasil denunciavam: fome e espancamentos, enquanto outros foram deportados de Portugal. O chanceler, Fernando Henrique Cardoso, solicita ao Governo de Portugal, sejam punidos os responsáveis. O Governo Português telefona ao Presidente da República Itamar Augusto Cantieiro Franco, pedindo desculpas. Em Janeiro de 1993 Surge na Imprensa brasileira, a disputa pelo trono (Monarquia) na família imperial brasileira, dividida em dois ramos: o ramo de Petrópolis e o ramo de Vassouras. O Ramo de Petrópolis: Dom Pedro de Alcântara de Orleans e Bragança que bifurca em Dom Pedro Gastão de Orleans e Bragança e Dom João Maria de Orleans e Bragança e respectivamente: Dom Manuel de Orleans e Bragança e Dom João Henrique de Orleans e Bragança. O Ramo de Vassouras: Dom Luiz de Orleans e Bragança, Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança que bifurca entre Dom Alberto de Orleans e Bragança e Dom Luiz Henrique de Orleans e Bragança (Chefe da Casa Imperial do Brasil) candidatam a coroa. Em 01.02.1993 O Presidente da República, Itamar Augusto Cantieiro Franco, revoga o Decreto de expulsão do padre Vito Miracapillo, expulso do País pelo então Presidente da República João Batista Figueiredo, em 1980, por ter sido acusado da prática de crime contra a Segurança Nacional por se recusar a celebrar missa de ação de graças por ocasião do dia da Independência. Em 02.02.1993 Eleições no Congresso Nacional para Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Para a Câmara dos Deputados, eleito o deputado federal, Inocêncio Oliveira. Para o Senado Federal, eleito o senador Humberto Lucena. Em 03.02.1993 O Presidente da República, Itamar Augusto Cantieiro Franco, revoga dois artigos das Leis dos Estrangeiros que estabeleciam condições especiais aos portugueses no Brasil, como resposta ao tratamento que os brasileiros vem recebendo em Portugal. Com a revogação dos artigos, a partir de agora os portugueses necessitarão de autorização do consulado brasileiro para trabalhar no Brasil. Em 04.02.1993 O Presidente da República sanciona a regulamentação do plebiscito do dia 21 de abril, que irá decidir sobre forma (Monarquia e República) e sistema (Parlamentarismo ou Presidencialismo) de governo. Em 10.02.1993 Paulo Maluf (prefeito da cidade de São Paulo), foi condenado pela Justiça da Fazenda Pública de São Paulo, a devolver aos cofres públicos o dinheiro gasto pela Imprensa Oficial do Estado, em 1982, com a confecção de material de propaganda política. Em 11.02.1993 O Presidente da República, Itamar Augusto Cantieiro Franco, sanciona lei que regulamenta a criação da Advocacia Geral da União. O novo órgão engloba: a Consultoria Geral da União, a Procuradoria-Geral da União e a ProcuradoriaGeral da Fazenda. Para ocupar o cargo, foi nomeado o Consultor Geral, José de Castro Ferreira. Em 01.03.1993 Paulo Haddad, ministro da Fazenda, pede demissão, alegando não ter sido consultado pelo Presidente da República, na indicação dos novos diretores: Banco do Brasil e Banco Central. No lugar do ministro demissionário toma posse Eliseu Resende. Em 02.03.1993 A Promotoria de Justiça de São Paulo oferece denúncia para o militar Ubiratan Guimarães (coronel da Polícia Militar) e mais 120 soldados da corporação por homicídio qualificado pelas mortes (de 111) e por tentativa de homicídio dos (de 105) presos que ficaram feridos, ocorridos na Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru), em 2 de outubro de 1992, durante a invasão. O Poder Judiciário acolheu a denúncia contra todos os envolvidos, determinando a abertura da ação. Em 04.03.1993 O Supremo Tribunal Federal indefere o pedido de liminar de inconstitucionalidade (por 8 votos a 2) proposta pelo Governo do Paraná, contra a antecipação do plebiscito (de 7 de setembro para 21 de abril) que decidirá quanto a forma e o sistema de governo. Em 17.03.1993 EC nº 3 (fiscal) – altera vários dispositivos da Constituição Federal. Cria o IPMF (imposto provisório sobre movimentação financeira) e a Ação Declaratória de Constitucionalidade, até de estabelecer condições para concessão de isenções e benefícios fiscais. Em 25.03.1993 O Presidente da República, Itamar Augusto Cantieiro Franco, determina a suspensão de todos os contratos federais com a Indústria Brasileira de Formulários, logo após denúncia do deputado do PPS–DF de que o empresário estaria ligado ao esquema de Paulo César Farias e teria dívida de oito milhões de dólares junto à Receita Federal. Em 31.03.1993 O Congresso Nacional aprova o orçamento da União para 1993. Essa aprovação deveria ter ocorrido em dezembro de 1992 (o atraso foi motivado pelos problemas ocorridos com a saída de Fernando Collor e a entrada de Itamar Franco). Em 01.04.1993 O Procurador-Geral da República, Aristides Junqueira, requer ao Supremo Tribunal Federal o seqüestro dos bens de Fernando Collor de Melo, de Paulo Cesar Farias e outros assessores do ex-presidente. O Supremo Tribunal Federal acolhe o requerimento do Procurador-Geral da República, seqüestrado os bens adquiridos após 1990. Em 05.04.1993 O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Roraima condena pela prática de crime eleitoral, o Governador Ottomar Pinto e o ex-governador a três anos de inelegibilidade, pois ambos teriam distribuído alimentos com a propaganda de seus candidatos à Prefeitura Municipal de Boa Vista. Em 14.04.1993 O Supremo Tribunal Federal considerou por oito votos a favor e três votos contra, constitucional a Emenda Constitucional que antecipou o plebiscito do dia sete de setembro para 21 de abril, quando o povo deverá manifestar-se sobre a forma e o sistema de governo. Em 21.04.1993 Aproximadamente 70 dos 90 milhões de eleitores foram às urnas para consagrar um plebiscito inédito na história do Brasil. O plebiscito teve a responsabilidade de decidir sobre a forma e o sistema de governo, ou seja, sobre Monarquia ou República, Parlamentarismo ou Presidencialismo. A Monarquia no Brasil foi forma de governo entre 1822 e 1889, sendo que o primeiro reinado foi de 1822 a 1831, e o segundo iniciado em 1840. A República no Brasil teve início em 1889. O Presidencialismo surgiu no Brasil em 1889, com a proclamação da República, tendo sofrido interrupção somente entre 1961 a 1963, única época parlamentarista no Brasil. O resultado final (manifestação popular) do plebiscito: República obteve 65,9%, Monarquia obteve 10,2%, ficando para brancos e nulos 23,9%. Presidencialismo obteve 55,1%. Parlamentarismo obteve 24,9% ficando para brancos e nulos 19,8%. Ausentes 24,2%. Com esse resultado, o Brasil tem (continua) como forma de governo a República e como sistema (também continua) de governo o Presidencialismo. Em 22.04.1993 O Presidente da República, Itamar Augusto Cantieiro Franco, sanciona uma Emenda ao Código Civil determinando que os filhos maiores e capazes são obrigados a assistir e alimentar os pais que não tenham nenhuma condição de se sustentarem (pais com parcos recursos). Em 28.04.1993 O Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, acolheu a denúncia oferecida por Aristides Junqueira, Procurador-Geral da República, por corrupção, em face do ex-presidente Fernando Afonso Collor de Melo. Em 05.05.1993 O Governo Federal através do Ministério da Justiça, anuncia que irá punir com rigor todos aqueles que pregarem o separatismo no território nacional. Como primeira medida contra o separatismo, o Governo Federal através do Ministério das Comunicações anuncia a suspensão de todas as emissoras gaúchas que divulgarem o separatismo. A Polícia Federal, por determinação do ministro da Justiça, deve apreender todo e qualquer material de propaganda. É indiciado pela Polícia Federal, o líder do separatismo gaúcho, com base na lei de Segurança Nacional. Em 06.05.1993 A Ordem dos Advogados do Brasil, do Rio de Janeiro, cancela o registro de advogado de Castor de Andrade (grande chefe do bicheiro), por conduta incompatível com a profissão. Na mesma oportunidade, o Ministério Público pede a prisão de uma série de banqueiros de jogo do bicho do Rio de Janeiro, por formação de quadrilha e bando armado. Em 06.05.1993 O Presidente da República, Itamar Augusto Cantieiro Franco, indica o sociólogo Alexis Stepanenko para o Ministério do Planejamento, tendo em vista o pedido de demissão de Yeda Crusius, alegando ter cumprido com sua parte no governo Itamar Franco. Em 13.05.1993 Aristides Junqueira, Procurador-Geral da República, é nomeado (mais uma vez e para o terceiro mandato consecutivo), pelo Presidente Itamar Augusto Cantieiro Franco, para o cargo de Procurador-Geral por mais dois anos. Em 14.05.1993 O Poder Judiciário do Rio de Janeiro, pela Juíza Denise Frossard, determina a prisão de bicheiros cariocas, logo após a prisão de um segurança que estava armado durante a realização de uma audiência. Em 19.05.1993 O Presidente da República demite os ministros: Lázaro Barboza, da Agricultura e Luiza Erundina (por ter denunciado a existência de corrupção e tráfico de influência no governo), da Administração Federal. Indica no mesmo ato o General Romildo Canhim para a Administração Federal. Em 20.05.1993 Fernando Henrique Cardoso, Ministro das Relações Exteriores, é indicado pelo Presidente da República, Itamar Augusto Cantieiro Franco, para assumir o Ministério da Fazenda. Em 21.05.1993 O Presidente da República indica o embaixador José Aparecido para o Ministério das Relações Exteriores que era ocupado por Fernando Henrique Cardoso. Em 05.06.1993 Nuri Andraus é indicado pelo Presidente da República, Itamar Franco, para assumir o Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Nuri Andraus, toma posse. A imprensa através de uma revista semanal, denuncia o envolvimento do ministro em homicídio, sonegação de impostos e grilagem de terras. Nuri Andraus pede demissão. O Presidente da República, Itamar Franco, aceita a demissão e indica para o Ministério, José Antonio Barros Munhoz. Em 06.06.1993 A Polícia Federal encaminha à Justiça Federal o inquérito indiciando Irthon Marx na Lei de Segurança Nacional, por ter criado o Movimento Separatista no Sul do País, em Santa Cruz do Sul, a República Federal do Pampa. Em 14.06.1993 Fernando Henrique Cardoso, ministro da Fazenda, anuncia o Programa de Ação Imediata (PAI). Um conjunto de medidas que tem por objeto a redução imediata da inflação e o acerto das contas do Governo Federal. No mesmo dia, o Presidente da República, assina Medida Provisória criando as notas do Tesouro Nacional, para ser utilizado na privatização das estatais. Em 01.07.1993 João Batista Campelo, Secretário Nacional da Polícia Federal, critica o Departamento de Polícia Federal e seu Superintendente, Amaury Galdino, por não ter montado um esquema especial para a prisão de Paulo César Farias. O Ministro da Justiça anuncia a demissão do Secretário e do Superintendente. Imediatamente foi indicado para ocupar os dois cargos, o Coronel da Reserva do Exército Wilson Brandi Romão. Todos os diretores da Polícia Federal bem como Delegados da Polícia Federal, em São Paulo, entregam seus cargos, em protesto contra a presença de um militar à frente da instituição. Em 05.07.1993 O jurista Geraldo Magela da Cruz Quintão, por indicação do Presidente da República, Itamar Franco, é o novo Advogado Geral da União. Em 08.07.1993 O Congresso Nacional aprova projeto de lei obrigando o Governo Federal a devolver, em dinheiro, o empréstimo compulsório sobre veículos novos, cobrados entre 1986 e 1989. Em 20.07.1993 A Justiça Federal, secção de São Paulo, através da Juíza Adriana de Soveral, concede liminar a um Mandado de Segurança impetrado por algumas pessoas, suspendendo a cobrança do Imposto Provisório sobre Movimentações Financeiras (IPMF) que incidirá sobre todas as operações bancárias. Em 28.07.1993 O Presidente da República, Itamar Augusto Cantieiro Franco, assina Medida Provisória promovendo reforma monetária no país para vigorar a partir do próximo dia dois, prevalecendo o corte de três zeros (000) na moeda que passa a ser denominada cruzeira real, grafada como quando somente cruzeiro, ou seja: CR$. Imediatamente o Banco Central determina que todos os cheques em cruzeiro perderão o valor em 1o de agosto. Em 13.08.1993 O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anuncia a extinção do voto em trânsito para as eleições de outubro de 1994. Em 18.08.1993 Jamil Haddad, ministro da Saúde, pede demissão do cargo. No mesmo dia, por indicação do Presidente da República, passa a ocupar o cargo interinamente o médico Saulo Moreira, sendo substituído dias depois pelo médico Henrique Santillo. Também houve a substituição no Ministério da Cultura, saindo Antônio Houais, entrando José Jerônimo Moscardo de Souza. Para o cargo de ministro das Relações Exteriores, o Presidente da República, Itamar Franco, confirma o Embaixador Celso Amorim, que já estava exercendo interinamente. Em 18.08.1993 O Presidente da República assina os Decretos de desapropriação de dezessete fazendas consideradas de interesse social, para fins de reforma agrária. As fazendas com um total aproximadamente de 200 mil hectares, permitirão o assentamento de quatro mil famílias. Em 31.08.1993 Pede demissão o ministro da Agricultura, José Antonio Barros Munhoz. Interinamente assume o ministro da Indústria e Comércio, José Eduardo Andrade Vieira. Em 01.09.1993 O Supremo Tribunal Federal aprova, por votação unânime, a suspensão do pagamento do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF) pelos Estados e Municípios, acatando a Ação de Inconstitucionalidade impetrada pelos governos do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Para os Ministros do Supremo Tribunal Federal, a União, os Estados e os Municípios não podem tributar entre si. Em 10.09.1993 O Presidente da República e o ministro da Educação, respectivamente: Itamar Augusto Cantieiro Franco e Murilio Hingel, assinam Decreto descentralizando as compras da merenda escolar. Toda e qualquer cidade com mais de cinqüenta mil habitantes receberão 0,50 (meio) dólar por aluno matriculado. Em 14.09.1993 Emenda Constitucional no 4 (política) – determina que as leis que regulamentam as eleições devem ser aprovadas até um ano antes da data do pleito. Em 15.09.1993 A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entra com pedido de inconstitucionalidade do tributo junto ao Supremo Tribunal Federal, com a alegação de que a Constituição Federal de 1988 proíbe a cobrança de um imposto no mesmo ano de sua criação. O Supremo Tribunal Federal defere, por sete votos a três, a liminar suspendendo a cobrança do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF). Em 13.09.1993 O Presidente da República determina a extinção dos Ministérios do Meio Ambiente e Extraordinário para a Articulação de Ações na Amazônia Legal e a criação do Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal. O Presidente da República indica o embaixador Rubens Ricúpero para o novo Ministério. O ministro Coutinho Jorge, do Meio Ambiente, pede demissão. Os ministros Antonio Brito, da Previdência Social e Alberto Goldmam, do Ministério dos Transportes, colocam os cargos à disposição (eleições de outubro de 1994). Em 14.09.1993 EC nº 4 – Dá nova redação ao artigo 16º da Constituição Federal. Em 15.09.1993 A Câmara dos Deputados aprova a nova legislação eleitoral permitindo doações de empresas a candidatos. No mesmo texto, aprova também a criação de duas cédulas eleitorais, uma para os cargos majoritários (Presidente e Governadores) e outra para os cargos proporcionais (Senadores, Deputados Federais e Deputados Estaduais). Em 22.09.1993 A mesa do Congresso Nacional realiza uma sessão para a leitura do projeto de resolução fixando para o dia 06 de outubro o início da Revisão Constitucional. Parlamentares do Partido Democrático Trabalhista (PDT do RJ e RS), impedem o início da sessão rasgando o projeto de resolução e arrancando os microfones da mesa. Tudo isso gerou tumultos na galeria do Congresso Nacional. Foi aberta sindicância par apurar o ocorrido. Mesmo assim o Congresso Nacional aprova o início da Revisão Constitucional para o dia seis (6) de outubro. Em 01.10.1993 Com base na Lei Eleitoral, os partidos políticos: Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Partido da Frente Liberal (PFL), Partido Progressista Renovador (PPR), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Democrático Trabalhista (PDT), PP, Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Social Democrático (PSD) e Partido Liberal (PL), conseguem se habilitar para lançar candidatos à Presidência da República nas eleições de três de outubro de 1994. Em 05.10.1993 O Presidente da República, Itamar Franco, anuncia o nome de Djandir Dalpasquale para o cargo de ministro da Agricultura, que estava sendo ocupado desde o último 31 de agosto, pelo ministro da Indústria e Comércio, José Eduardo Andrade Vieira. Em 05.10.1993 O Supremo Tribunal Federal, através do ministro Marco Aurélio de Mello, concede liminar suspendendo o início da Revisão Constitucional, prevista para o dia seguinte, requerida pelos deputados do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Partido Comunista do Brasil (PC do B). Em 07.10.1993 Por 8 votos a favor e 1 voto contra, o Supremo Tribunal Federal derruba a liminar anteriormente concedida e o Congresso Nacional instala os trabalhos da Revisão Constitucional. Em 07.10.1993 O Governo dos Estados Unidos da América do Norte (EUA) deporta sessenta e seis brasileiros que tentaram entrar no país com vistos de permanência falsos. Outros brasileiros ficaram presos em Miami, aguardando julgamento. Em 13.10.1993 Atendendo ao dispositivo da Constituição de 05 de outubro de 1988, começou no dia 13 de outubro de 1993 e terminou em 31 de maio de 1994, a Revisão Constitucional que demorou um pouco mais de sete meses para a finalização de seus trabalhos. No período foram realizadas 79 sessões. Dessas, 47 não tiveram deliberação. A Constituição Federal de 1988 previu que cinco anos depois de sua promulgação haveria uma Revisão Constitucional que poderia modificar seus artigos por maioria absoluta (metade mais um dos integrantes do Congresso Nacional), em sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Normalmente a Constituição Federal só pode ser alterada por Emendada Constitucional aprovada por três quintos dos parlamentares em dois turnos na Câmara dos Deputados e dois turnos no Senado Federal. Na realidade a revisão fracassou e acabou aprovando apenas seis Emendas Constitucionais. Alguns parlamentares, principalmente da base de apoio ao governo, pretendem criar uma nova Revisão Constitucional, para facilitar a aprovação de reformas. Muitos advogados e pessoas do ramo, afirmam que essa nova revisão seria inconstitucional. A única possível seria a de 1993, que foi prevista pela própria Constituição Federal. Segundo essas mesmas pessoas, a única forma legítima de alteração da Constituição é a aprovação de Emendas Constitucionais por três quintos (3/5) dos votos e com dois turnos na Câmara dos Deputados e Senado Federal. Para outros (advogados, professores e pessoas do ramo), a revisão até seria possível, desde que a Emenda que propõe a sua criação seja submetida a consulta popular antes e depois de sua aprovação. No primeiro caso, seria um plebiscito. No segundo, um referendo. Em 18.10.1993 Henrique Hargreaves e Alexandre Costa, respectivamente ministro do Gabinete Civil e da Integração Regional, colocam seus cargos à disposição do Presidente da República, tendo em vista a acusação de participarem do esquema de corrupção da montagem do orçamento. Em 09.11.1993 O deputado federal do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDBRS), Ibsen Pinheiro, renuncia a relatoria do regimento interno da revisão constitucional, pressionado pelas denúncias de irregularidades no orçamento da União. O Congresso Nacional aprova o nome do deputado do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB-PB) José Luiz Clerot para ocupar a relatoria. No mesmo dia o Congresso Nacional aprova por 307 (trezentos e sete) votos a favor e 4 (quatro) contra, o Regimento Interno da Revisão Constitucional. Em 24.11.1993 O Presidente da República, Itamar Augusto Cantieiro Franco, assina os Decretos de desapropriação de dezoito fazendas para reforma agrária, num total de aproximadamente 100 mil hectares, que permitirão o assentamento de quase duas mil e duzentas famílias. Em 01.12.1993 O Supremo Tribunal Federal, por votação unânime, decide que a cobrança da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (CONFINS), é constitucional. Todos os depósitos feitos judicialmente pela empresas que obtiveram liminares em mandados de segurança impetrados desde 1991 ficaram definitivamente para os cofres da União. Aproximadamente os depósitos chegaram a seis bilhões de dólares. Em 03.12.1993 O ministro da Cultura, José Jerônimo Moscardo, faz duras críticas à Fernando Henrique Cardoso, ministro da Fazenda, e a sua política de cortes no Orçamento da União para 1994, visando, assim, reduzir os déficit público. Em seguida, ou seja, dia oito José Jerônimo Moscardo, foi exonerado. No mesmo dia, o Presidente da República, indica Luiz Roberto Nascimento para o cargo de ministro da Cultura. Em 06.12.1993 O Supremo Tribunal Federal, por votação terminada em empate, quatro dos ministros mantém e quatro outros ministros decidem cancelá-la, foi julgado o mandado de segurança impetrado pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello, alegando que o Senado, em 29 de dezembro de 1992, não poderia ter feito a cassação de seus direitos políticos por oito anos, tendo por razão que ele havia renunciado ao cargo de Presidente da República. Tendo em vista o empate, o Supremo Tribunal Federal convoca os Juízes Willian Patterson, José Dantas e Antonio Torreão Bras, todos do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para desempatar o julgamento. Como resultado final, os três ministros decidem mantém a punição. Em 09.12.1993 O Supremo Tribunal Federal concede liminar a ação de inconstitucionalidade, contra a medida provisória editada pelo Presidente da República que limitou a concessão de liminares e medidas cautelares em mandado de segurança, pelo Poder Judiciário, contra atos do Poder Executivo. Em 09.12.1993 A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprova a proposta de cassação dos deputados Itsuo Takayama, Nobel Moura e Onaireves Moura, tendo em vista a acusação de estarem envolvidos na compra e venda de mandatos de parlamentares pelo Partido Social Democrático, no início do mês de outubro. Respectivamente, os deputados foram cassados, com os seguintes votos: 259 (duzentos e cinqüenta e nove) –332 (trezentos e trinta e dois) e 335 (trezentos e trinta e cinco). Em 14.12.1993 Antonio Brito, ministro da Previdência Social, deixa o cargo e volta a ocupar sua cadeira de deputado na Câmara dos Deputados. Assume o cargo interinamente, o economista Sérgio Cutolo. Em 14.12.1993 Encerramento do prazo para entrega de emendas para a revisão constitucional. Em 15.12.1993 O Supremo Tribunal Federal, por votação unânime, considera constitucional a cobrança do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF), a partir do início do próximo ano, ou seja, 01 de janeiro de 1994. Em 20.12.1993 O Presidente da República, Itamar Franco, mais uma vez altera seu Ministério. Anuncia os nomes: Margarida Coimbra do Nascimento, Leonor Franco, Alberto Portugal e Romildo Cahim para ocuparem interinamente os Ministérios dos Transportes, Bem Estar Social, Agricultura e Integração Regional, respectivamente. Os ministros Alberto Goldman, Jutahy Magalhães Júnior, Dejanir Dalpasquale e Alexandre Costa desincompatibilizam-se para disputarem cargos nas eleições de 03 de outubro de 1994. Anuncia também o nome de Ailton Barcelos Fernandes para ocupar interinamente o Ministério da Indústria e Comércio. Djalma Bastos de Morais assume interinamente o Ministério das Comunicações substituindo Hugo Napoleão. Dias depois, o ministro da Ciência e Tecnologia, José Israel Vargas, assume interinamente a pasta das Minas e Energia, no lugar de Paulo Cicero Vasconcellos. Em 21.01.1994 A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Orçamento sob a presidência do senador Jarbas Passarinho, aprovou por unanimidade de seus titulares, o relatório final apresentado pelo relator, deputado Robero Magalhães. Em 01.03.1994 Emenda Constitucional de Revisão nº 1 (fiscal) – acrescenta os artigos 71, 72 e 73 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Cria o Fundo Social de Emergência (transformado depois em FEF), que exclui parte da arrecadação federal de vinculações específicas (como repasse a municípios) nos anos de 1994 e 1995. Em 05.04.1994 Posse do quinto ministro da Fazenda, do governo Presidente Itamar Franco, o Diplomata de Carreira, Rubens Ricupero, 56 anos, casado, paulistano. Em 07.06.1994 Emenda Constitucional de Revisão nº 2 (política) – amplia os poderes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para convocar membros do Poder Executivo e requisitar informações. Dá nova redação ao artigo 50 “caput” e § 2º da Constituição Federal. Em 07.06.1994 Emenda Constitucional de Revisão nº 3 – estende a nacionalidade brasileira aos nascidos no exterior de mãe ou pai brasileiros que venham a residir no Brasil e permite a naturalização dos residentes no país há mais de quinze anos. Altera a letra “c” do inciso I, a letra “b” do inciso II, o § 1º e o inciso II do § 4º do artigo 12 da Constituição Federal. Em 07.06.1994 Emenda Constitucional de Revisão nº 4 (política) – inclui a probidade administrativa e a moralidade para o exercício do mandato entre as possíveis condições para a elegibilidade do candidato a serem detalhadas em legislação complementar. Dá nova redação ao § 9º do artigo 14 da Constituição Federal. Em 07.06.1994 Emenda Constitucional de Revisão nº 5 (política) – Reduz o mandato do Presidente da República de cinco para quatro anos. Substituiu a expressão cinco anos por quatro anos no artigo 82 da Constituição Federal. Em 07.06.1994 Emenda Constitucional de Revisão nº 6 (política) – suspende os efeitos da renúncia de parlamentar investigado em processo que possa levar à perda de seu mandato. Acrescenta o § 4º ao artigo 55 da Constituição Federal. Em 30.06.1994 Morre o cruzeiro real (moeda nacional). Em 01.07.1994 Nasce a mais nova moeda do Brasil, o real em substituição ao cruzeiro real. Sua conversão foi realizada através da URV – Unidade Real de Valor que na época era CR$ 2.750,00. A nova moeda brasileira se caracteriza por moedas metálicas e cédulas. Moedas com os valores de: um (1), cinco (5), dez (10), vinte e cinco (25) e cinqüenta (50) centavos e de 1 (um) real. Cédulas de um (1) , cinco (5), dez (10), cinqüenta (50) e cem (100) reais, respectivamente nas cores verde, violeta, vermelha, marrom e azul. Em 05.08.1994 O Supremo Tribunal Federal, rejeitou por 16 votos a 3 a denúncia de estelionato contra o ex-governador (candidato a Presidência da República) Orestes Quércia no inquérito das importações irregulares de Israel. O Supremo Tribunal Federal entendeu não haver elementos para a abertura da ação penal, sendo considerada falha a denúncia. Em 15.08.1994 A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lança em São Paulo a Campanha da Cidadania pela valorização do voto. A campanha teve por objeto mostrar a importância do voto e alertar o eleitor contra a demagogia e políticos envolvidos em irregularidade. Em 05.09.1994 Posse do sexto ministro da Fazenda no governo Presidente Itamar Franco, o governador do Ceará Ciro Gomes, 36 anos, casado, paulistano. Em 03.10.1994 Realização das eleições diretas para Presidente da República, Senadores, Governadores de Estado, Câmara Federal e Deputados Estaduais. Aproximadamente 95 milhões de eleitores. Para Presidente da República não houve 2º turno, vitória do candidato Fernando Henrique Cardoso. Concorreram para o cargo de Presidente: além do candidato eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, Leonel Brisola, Orestes Quércia, Esperidião Amim, Enéas Carneiro, Carlos Gomes e Almirante Fortuna. Para Senadores por São Paulo, eleitos: José Serra e Romeu Tuma. Para Governador de São Paulo, no 2º turno, a vitória de Mário Covas sobre Francisco Rossi. Em 06.11.1994 O Presidente da República, Itamar Franco, e o governador do Rio de Janeiro Nilo Batista, acertam que as Forças Armadas passam a comandar a ação antiviolência no Rio, sob o comando do general Roberto Câmara Senna, que foi o responsável pela segurança do ECO 92. Em 30.11.1994 O Supremo Tribunal Federal confirma por 8 votos a favor e 2 votos contra, a cassação da candidatura do senador Humberto Lucena (Presidente do Congresso Nacional), nas eleições de três de outubro último, recebendo mais de quatrocentos mil votos. Além de perder os votos recebidos, ficará impedido de disputar eleições por três anos. Tal sanção foi aplicada por ter ele usado a gráfica do Senado Federal para imprimir calendários para a sua propaganda eleitoral. Em 12.12.1994 O ex-presidente da República, Fernando Afonso Collor de Melo, por falta de provas, o Supremo Tribunal Federal (por 5 votos (dos ministros: Ilmar Galvão, José Carlos Moreira Alves, Celso de Mello, Sydnei Sanches e Octavio Gallotti) a 3 (dos ministros: Carlos Velloso, Sepúlveda Pertence e Néri da Silva) absolvido da acusação de corrupção passiva (por favorecimento da Vasp; pressionar a Mercedes Benz a financiar campanha eleitoral, e nomeações de funcionários por indicação de Paulo Cesar Farias). Embora absolvido pelo Supremo Tribunal Federal o ex-presidente permanece inelegível até o ano 2.000, pois foi condenado pelo Senado Federal, em 1992, por prática de crime de responsabilidade. No mesmo processo, o Supremo Tribunal Federal), também absolveu Paulo Cesar Farias. O Procurador–Geral da República, Aristides Junqueira, autor da acusação contra Fernando Afonso Collor de Melo e Paulo Cesar Faria, manifestou estar indignado com a decisão do Supremo Tribunal Federal como também com os ministros relator e revisor, respectivamente Ilmar Galvão e José Carlos Moreira Alves, por desqualificarem a denúncia. Em 21.12.1994 Fernando Henrique Cardoso, Presidente eleito em três de outubro último, já diplomado (15 de dezembro) pelo Superior Tribunal Eleitoral (STE), apresenta à Nação a composição do seu (seus auxiliares) Ministério: Para o Ministério da Fazenda, Pedro Malan, 51 anos, economista, nascido no Rio de Janeiro; para o Ministério do Planejamento, José Serra, 52 anos, economista, Nascido em São Paulo; para o Ministério da Ciência e Tecnologia, José Israel Vargas, 66 anos, químico, nascido em Paracatu (MG); para o Ministério das Comunicações, Sérgio Motta, 53 anos, engenheiro, nascido em São Paulo; para o Ministério da Educação, Paulo Renato Souza, 49 anos, economista, nascido em Porto Alegre (RS); para o Ministério da Saúde, Adib Jatene, 65 anos, médico, nascido em Xapuri (AC); para o Ministério da Cultura, Francisco Weffort, 56 anos, cientista político, nascido em Assis (SP); para o Ministério da Previdência, Reinhold Stephanes, 55 anos, economista, nascido em Porto União (SC); para o Ministério de Minas e Energia, Raimundo Brito, 46 anos, advogado, nascido em Acajutiba (BA); para o Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Gustavo Krause, 48 anos, advogado, nascido em Vitória de Santo Antão (PE); para o Ministério dos Transportes, Odair Klein, 51 anos, advogado, nascido em Getulio Vargas (RS); para o Ministério da Justiça, Nelson Jobim, 48 anos, advogado, nascido em Santa Maria (RS); para o Ministério da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, 56 anos, administrador, nascido em Tosmasina (PR); para o Ministério das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, 53 anos, diplomata, nascido no Rio de Janeiro; para o Ministério da Indústria e Comércio, Dorothéa Werneck, 46 anos, economista, nascida em Ponte Nova (MG); para o Ministério do Trabalho, Paulo Paiva, 52 anos, geógrafo, nascido em Inconfidentes (MG); para o Ministério Extraordinário dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento (Pelé), 54 anos, ex-jogador de futebol, nascido em Três Corações (MG); para o Ministério do Exército, Zenildo de Lucena (reconduzido), 64 anos, militar, nascido em São Bento do Una (PE); para Ministério da Marinha, Mauro César, 58 anos, militar, nascido no Rio de Janeiro; para o Ministério da Aeronáutica, Mauro Gandra, 61 anos, militar, nascido no Rio de Janeiro; para o Estado Maior das Forças Armadas (EMFA), Benedito Onofre Bezerra Leonel, 64 anos, militar, nascido em Piraju (SP). Para os órgãos ligados diretamente à Presidência da República, tais como: Gabinete Civil, Clóvis Carvalho, 56 anos, engenheiro, nascido em Franca (SP); Gabinete Militar, Alberto Cardoso, 54 anos, militar, nascido em São Paulo; Secretaria de Políticas Regionais, Cicero Lucena, 37 anos, engenheiro, nascido em São José de Piranhas (PB); Secretaria Nacional de Comunicação Social, Roberto Muylaert, 59 anos, engenheiro, nascido em Santos (SP); Secretaria Geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas; Secretaria de Administração e Reforma do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira, 60 anos, economista e advogado, nascido em São Paulo; Secretaria de Assuntos Estratégicos, Ronaldo Sardenberg, 54 anos, diplomata, nascido em Itu (SP); Porta-voz, Sérgio Amaral, 49 anos, diplomata, nascido em São Paulo. Em 01.01.1995 Eleito em 03 de outubro de 1994, diplomado em 17 de dezembro de 1994 pelo Superior Tribunal Eleitoral (STE), toma posse perante o Congresso Nacional, Fernando Henrique Cardoso, cujo mandato presidencial encerará em 31 de dezembro de 1998, com o Vice-Presidente Marco Antônio de Oliveira Maciel. Em 08.01.1995 O Presidente da República determina aos seus ministros, para que parem imediatamente de fazerem “fofocas”. Tal atitude do presidente Fernando Henrique se firmou tendo por razão as desinteligências ocorridas entre: Sérgio Motta e Antonio Carlos Magalhães, Dorothéia Werneck e José Serra; e Adib Jatene e Bresser Pereira. Em 08.02.1995 O presidente Fernando Henrique Cardoso, sancionou lei que anistiava não só o senador Humberto Lucena, como todos os parlamentares que haviam sido condenados por uso ilegal da gráfica do Senado Federal, para fins eleitorais. Em 13.02.1995 O presidente Fernando Henrique Cardoso, sancionou a lei de concessões públicas, permitindo assim, que a iniciativa privada tivesse a exploração de serviços prestados pelo Estado. Em 09.03.1995 Primeira crise no partido do presidente Fernando Henrique Cardoso. O ministro das Comunicações Sérgio Motta se desentende com o Presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Pimenta da Veiga, que renuncia. Em 08.04.1995 Com pauladas e pedradas, além dos ovos que foram jogados no ônibus que transportava o Presidente da República, em Recife, manifestantes se rebelam em face das reformas constitucionais. Em 25.04.1995 O Senado Federal aprova o aumento do salário mínimo, de setenta para cem reais, para vigorar a partir do dia primeiro de maio. Em 25.04.1995 Em primeira votação, é aprovada a participação da iniciativa privada na distribuição de gás canalizado, apontando, assim, a primeira vitória das propostas de reforma constitucional defendidas pelo governo. Em 27.04.1995 É aprovada a primeira proposta, pelo governo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Reforma da Previdência. Em 03.05.1995 Greve nacional dos petroleiros. Em 15.05.1995 Fim da TR como indexador dos empréstimos. Em 17.05.1995 É aprovada em primeiro turno, a emenda que elimina a reserva de mercado na navegação de cabotagem. Em 24.05.1995 O Exército ocupa quatro refinarias da Petrobrás para tentar garantir a retomada da produção, interrompida pela greve dos petroleiros. Em 24.05.1995 É aprovada, no primeiro turno, na Câmara dos Deputados, a Emenda que quebra o monopólio estatal das telecomunicações. Em 31.05.1995 O presidente do Banco Central, Pérsio Arida, pede demissão após desentendimentos com Pedro Malam, ministro do Planejamento, e com o governador Mário Covas. Em 31.05.1995 É aprovada, em segundo turno, na Câmara dos Deputados, a Emenda que acaba com a reserva de mercado na navegação de cabotagem. Em 02.06.1995 A greve dos petroleiros é considerada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) abusiva, assim, as reivindicações não são atendidas. Em 02.06.1995 É anunciado o término da paralisação dos petroleiros. Em 06.06.1995 A Câmara dos Deputados aprova, em segundo turno, a Emenda que quebra o monopólio estatal nas telecomunicações. Em 07.06.1995 A Câmara dos Deputados aprova, em primeiro turno, a Emenda que permite a quebra do monopólio estatal do petróleo (o monopólio vigora desde 1953, quando da campanha realizada sob o nome “O Petróleo é nosso”). Em 10.06.1995 Desentendimento entre Pedro Malam e José Serra, sobre importação de carros, que resultou numa repreensão por parte do Presidente da República, que ameaçou a equipe econômica com demissões. Em 20.06.1995 O Senado Federal aprova, em primeiro turno, a Emenda que acaba com a reserva de mercado na navegação de cabotagem. Em 01.07.1995 Primeiro aniversário do plano Real. A inflação que era de 40% ao mês passa para 2% ao mês, acumulando, assim, para o primeiro ano do plano 32,1% de inflação anual. Em 03.07.1995 O Senado Federal aprova, em primeiro turno, a emenda que acaba com o monopólio estatal nas telecomunicações. Em 14.07.1995 Por ordem da Justiça Federal foi suspenso o programa de demissão voluntária do Banco do Brasil, que tinha por meta o afastamento de aproximadamente quinze mil funcionários. Em 08.08.1995 O Senado Federal aprova em segundo turno as Emendas que mudam o conceito de Empresa Nacional e, no mesmo dia acabam com a reserva de mercado na navegação de cabotagem, respectivamente com a seguinte votação: 61 votos a favor e 12 votos contra (1o turno), e 58votos a favor e 10 votos contra (2o turno) Em 10.08.1995 O Senado Federal aprova em segundo turno a Emenda que acaba com o monopólio das telecomunicações. Em 15.08.1995 O senador José Sarney, Presidente do Congresso Nacional, promulga quatro das cinco Emendas à Ordem Econômica; a saber: 1a Emenda - da distribuição do gás canalizado; 2a Emenda - da navegação entre os portos do país; 3a Emenda - a que elimina a discriminação de empresas de capital estrangeiro; e a 4a Emenda - a que põe fim ao monopólio do Estado nas telecomunicações. Em 15.08.1995 Emenda Constitucional no 7 (política): proíbe a edição de medida provisória para regulamentação de artigo da Constituição Federal alterado por emenda aprovada a partir de 1995. Em 15.08.1995 Emenda Constitucional no 5 (econômica): acaba com o monopólio estatal na exploração dos serviços de gás, autorizando a concessão para a iniciativa privada. Em 15.08.1995 Emenda Constitucional no 6 (econômica): acaba com o tratamento diferenciado para empresas de capital nacional e permite que qualquer empresa constituída sob as leis brasileiras faça a pesquisa e a lavra de recursos minerais, ainda que tenha capital estrangeiro. Em 15.08.1995 Emenda Constitucional no 7 (econômica): acaba com a exclusividade de empresas nacionais no transporte de mercadorias e de passageiros entre portos brasileiros. Em 15.08.1995 Emenda Constitucional no 8 (econômica): quebra o monopólio estatal nos serviços de telecomunicações, permitindo que eles sejam concedidos à iniciativa privada. Em 27.09.1995 O Presidente da República demite o Presidente do INCRA, Brazílio de Araujo Neto. Em seu lugar assume Francisco Graziano. Em 18.10.1995 O Senado Federal aprova, em primeiro turno, a Emenda que acaba com o monopólio da Petrobrás. Em 24.10.1995 A Comissão de Constituição e Justiça aprova a proposta do governo de Reforma Administrativa, que quebra a estabilidade dos funcionários públicos. Em 01.11.1995 A Câmara dos Deputados aprova, em primeiro turno, a prorrogação por mais 18 meses, do Fundo Social de Emergência, que passa a chamar (FEF) Fundo de Estabilização Fiscal. Em 08.11.1995 Por 60 votos contra 15 (com 6 ausências) o Senado Federal aprova a emenda que acaba com o monopólio da Petrobrás. Em 10.11.1995 Emenda Constitucional no 9 (econômica): flexibiliza o monopólio do petróleo, permitindo a contratação de empresas privadas para pesquisa e lavra de jazidas. Dá nova redação ao artigo 177 da Constituição Federal, alterando e inserindo parágrafos. Em 18.11.1995 Escândalo do grampo telefônico. Segundo consta que por ordem do Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Francisco Graziano, foi grampeado o telefone do chefe do cerimonial do Palácio do Planalto, Júlio Cesar Gomes dos Santos. A escuta revelou tráfico de influência realizado para a escolha da empresa que forneceria os equipamentos do projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). Em 22.11.1995 Com grande margem de vantagem, o governo aprova na Câmara e em segundo turno a prorrogação por mais dezoito meses, o Fundo de Estabilização Fiscal. Ocorreu ainda, durante o ano de 1995: Logo após a crise do México são retirados do Banco Central, por investidores estrangeiros, mais de um e meio bilhão de dólares. Entre outras medidas o governo brasileiro, altera a banda cambial, aumentando as taxas de juros, eliminando o Imposto sobre Operações Financeiras para empréstimos e aplicações de capital estrangeiro nas bolsas de valores. Para reverter à sucessão de “deficit” comercial, o governo eleva de 32% para 70% a aliquota de importação de automóveis e de mais de cem outros itens na importação. O ministro José Serra anuncia que o governo pretende arrecadar quatro bilhões de dólares com a venda de dezessete estatais; Marcos Maciel, Presidente interino, pressionado por políticos, determina a suspensão do programa de enxugamento de cargos na Caixa Econômica Federal; Governadores, do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Pará e Paraná, e os vices da Bahia e do Rio Grande do Sul reunidos na Cidade do Rio de Janeiro, iniciam a formação de uma frente pluripartidária para negociar a reforma tributária com o Governo Federal; Pedem demissão: José Nilton Dallais e o ministro da Aeronáutica Mauro Gaucha, respectivamente pelos motivos de após ter sido acusado de vazar informações do Governo para os clientes de sua consultoria, e por ter sido citado nas conversas telefônicas do diplomata Júlio Cesar Gomes dos Santos com o comandante, dono da Líder Taxi Aéreo, José Augusto Assumpção; O Presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Henrique Hargreaves, pede demissão do cargo depois de ser acusado de estar prestando assessoria ao Instituto de Pesquisas SEBRAE, com salários acima de 20 mil real, por mês; Decretada a prisão dos líderes do movimento dos trabalhadores rurais sem terra em São Paulo; “A pasta co–de–rosa”. Divulgado conteúdo de uma pasta pertencente ao Banco Econômico, que estaria em poder do Banco Central, com documentos listando os beneficiados com doação financeira na Campanha Política de 1990; A Juíza Maísa Giudice, da 17a Vara da Justiça Federal, em Brasília, acolhe a denúncia do Ministério Público, que alega improbidades administrativas dos dirigentes do Banco Central e do Banco Econômico; etc. Em 04.01.1996 O Ministério da Educação (MEC) decidiu submeter ao Conselho Nacional de Educação uma reforma do ensino médio que previa o direcionamento dos alunos, a partir da segunda série, para cinco áreas específicas: ciência exata, artes e comunicação, ciência da vida, ciências sociais e humanas, e gerência e informática. O objetivo da mudança era de fazer cumprir a Lei no 5.692 de 1971, que estabeleceu a profissionalização do ensino médio. Em 08.01.1996 Movimento dos Sem Terras e o Presidente da República divergem sobre assentamentos. Em resposta à coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que contestou os dados oficiais sobre os assentamentos realizados em 1995, o Presidente Fernando Henrique Cardoso confirmou que o governo assentou 42.812 famílias e ordenou a divulgação dos documentos que comprovam esse número. O Movimento dos Sem Terras registrou o assentamento de apenas 12.263 famílias em 1995 e sustentou que o número oficial incluía famílias já assentadas em anos anteriores. Em 09.01.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso assinou a revogação ao decreto n ao Decreto no 22, assinado em 1991 pelo então Presidente Fernando Collor de Mello, que determinava a demarcação de áreas indígenas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Das 554 áreas demarcadas, mas não homologadas 307 poderiam ser revistas, em função do novo decreto. Entre elas estavam as de Cricati (no Maranhão), a de Baú (Pará), a de Raposa/Serra do Sol (Roraima) e a de Marãiuapsede (Mato Grosso). Em 15.01.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso vetou a esterilização de homens e mulheres pelo Sistema Unificado de Saúde (SUS), tal como previsto na lei que regulamentou o planejamento familiar. O veto presidencial foi aplaudido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), contrária aos métodos dita não-naturais de controle da natalidade, e repudiados pelas Organizações de Defesa dos Direitos da Mulher, que via na nova lei a chance de acabar com a clandestinidade e a exploração da esterilização por clinicas particulares. Em 16.01.1996 Grupos de trabalhadores rurais Sem-Terra ocuparam ou tentaram ocupar as sedes das secretarias estaduais da Fazenda em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O objetivo das mobilizações era pressionar o Governo Federal a liberar os noventa milhões de reais prometidos ao Programa de Crédito Especial para Reforma Agrária (PROCERA), que seriam empregados em projetos de infra-estrutura nos acampamentos de Sem-Terra. Em 23.01.1996 A Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em São Paulo informou que a instituição dava preferência à compra de propriedades rurais para assentar lavradores, já que os processos de desapropriação, freqüentemente contestados na justiça, acabam sendo mais onerosos para a União. Segundo o INCRA, o pagamento das terras compradas se efetuava com títulos da dívida agrária com prazo de dez anos. Em 25.01.1996 O Cartório do Registro Civil da primeira zona de Porto Alegre expediu o atestado de óbito de um militante do Partido Comunista do Brasil (PC do B), desaparecido na guerrilha do Araguaia em 1973. As famílias de dois outros desaparecidos, em Salvador BA e Canoas RS, informaram ter recebido atestados de óbito respectivamente em 18 e 26 de dezembro de 1.995. Em 25.01.1996 A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) apresentou uma proposta de implantação do Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), com participação majoritária de empresas brasileiras, como alternativa ao projeto da firma americana Raytheon, suspeito de superfaturamento. A execução do projeto pela SBPC representaria uma economia de quinhentos milhões de dólares. Em 26.01.1996 O Banco Mundial decidiu manter o Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia (PLANAFLORO) que, orçado em duzentos e trinta milhões de dólares e aprovado em 1992, tinha como objetivo melhorar a administração dos recursos naturais do Estado. Segundo várias organizações ambientalistas, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) autorizara assentamento de trabalhadores rurais em áreas de preservação ambiental. Em 30.01.1996 O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou perto de um bilhão de reais para os Governos Estaduais, por conta da privatização de companhias estatais, especialmente as do setor energético. Além de melhorar o fluxo de caixa e contribuir para sanear as finanças dos Estados, o banco pretendia com isso criar condições para a privatização das distribuidoras de energia elétrica, que abriria o caminho da privatização da área de geração de energia. Em 01.02.1996 A Companhia Vale do Rio Doce descobriu a maior jazida de ouro do país e a segunda do mundo em Curionópolis (PA), a cinqüenta e cinco quilômetros de Carajás. As reservas foram calculadas em novecentas toneladas, só inferiores às da jazida de Muruntain, no Cosaquistão. Por ser subterrânea, a nova mina não comporta garimpo, mas apenas exploração mecanizada, com produção prevista de quinze toneladas anuais. A maior mina brasileira e latino-americana em exploração fica em Carajás e produz dez toneladas anuais. Em 06.02.1996 Cláudio Ribeiro, prefeito da cidade de Rio das Ostras, no litoral fluminense, foi morto com três tiros por dois homens que se apresentaram em seu sítio. Cláudio Ribeiro foi o primeiro prefeito eleito do município, criado quatro anos antes. Em 08.02.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso, por Decreto, aproximadamente cento e doze mil hectares de terras foram desapropriados no Norte e no Nordeste do País, a fim de permitir o assentamento de três mil e oitocentas famílias de lavradores e Sem–Terra. Em 15.02.1996 Numa reunião realizada em Estrasburgo, França, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução em que acusa o Brasil de retroceder na política indígena e ameaçar os direitos dos índios. Semanas antes, a Anistia Internacional havia criticado o Decreto de 8 de janeiro, que permitiu aos proprietários de áreas demarcadas recorrerem à justiça para recuperar suas terras. A demarcação das áreas em questão, decretada pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello em 1991, foi considerada inconstitucional pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Em 29.02.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso propôs a Boutros Ghali, secretáriogeral da Organização das Nações Unidas (ONU), que visitava Brasília, um pacote de reformas destinado a redefinir o papel de cada membro e a distribuir adequadamente deveres e responsabilidades. O Presidente exortou os países devedores a cumprirem seus compromissos financeiros com a organização, que acumulava um déficit de aproximadamente de três bilhões de dólares. Os maiores devedores da Organização das Nações Unidas (ONU) eram os Estados Unidos, seguidos da Rússia e da Ucrânia. Em 29.02.1996 O Senado Federal aprovou um projeto de lei que torna compulsória a doação de órgãos, tecidos e demais partes do corpo. Todo cidadão passa a ser doador presumido, a menos que faça constar de seus documentos de identidade (Cédula de Identidade) recusa expressa à doação. Uma vez aprovado o projeto pela Câmara dos Deputados, as instituições de identificação civil e de trânsito passariam a emitir novos documentos, de acordo com a mudança na legislação. Em 01.03.1996 Foram assinados em Brasília, pelo embaixador dos Estados Unidos, Melwyn Levytsky, e por Ronaldo Sardenberg, Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos Brasileira, tratados de cooperação espacial e nuclear entre os dois países. O secretário de Estado americano, Warren Christopher, que se encontrava em Brasília, manifestou o apoio dos Estados Unidos à entrada do Brasil no grupo dos “fornecedores nucleares”. O acordo prevê a execução conjunta de projetos de construção, manutenção, uso e experimentação de reatores, para uso pacífico da energia nuclear. Em 05.03.1996 EC nº 10 (fiscal): prorroga o Fundo de Estabilização Fiscal (FEF) com algumas modificações, para o período de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997. Altera dispositivos dos artigos 71 e 72 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, introduzidos pela Emenda Constitucional de Revisão nnº1 de 1994 Em 20.03.1996 Por iniciativa do Presidente do Senado Federal, José Sarney, foi instalada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar irregularidades no sistema financeiro (A CPI dos Bancos). A bancada governista e seus aliados se opuseram decididamente ao funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que entenderam como uma manobra para desmoralizar a administração do Banco Central. As investigações não se estenderiam a operações do banco anteriores ao mês de janeiro de 1995, excluindo, portanto os governos: Itamar Augusto Cantieiro Franco, Fernando Afonso Collor de Mello e o do próprio (como Presidente da República) José Sarney. Em 11.04.1996 O Presidente Fernando Henrique Cardoso assinou um Decreto que concedeu indulto a presos de bom comportamento, condenados a menos de seis anos de prisão e tendo já cumprido no mínimo um ano de pena. O Decreto, que beneficiou um décimo dos cento e trinta mil presidiários do país, prevê indulto com validade de dois anos, transcorridos os quais o indultado que mantenha o bom comportamento terá extinguido a pena. O Decreto não contemplou os crimes contra a Administração Pública, Tráfico de Drogas, Estupro e Homicídio. Em 12.04.1996 Um aumento de setenta e sete e meio por cento nos vencimentos dos funcionários do banco Central, decidido na véspera pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi suspenso depois que funcionários auxiliares da instituição, não beneficiados pelo reajuste, ameaçaram invadir o gabinete do Presidente da instituição, Gustavo Loiola. O reajuste teria um impacto da ordem de cem milhões de reais por ano sobre a folha de pagamento do banco. Em 15.04.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso e o primeiro-ministro de Portugal, Antônio Guterres assinaram em Brasília um acordo especial de isenção de vistos que facilita a entrada de cidadãos brasileiros em Portugal. O primeiroministro português anunciou ter enviado ao seu Parlamento um projeto de lei que dá total liberdade de trabalho aos imigrantes de língua portuguesa. Em 17.04.1996 Dezenove trabalhadores sem terra foram mortos a tiros pela Policia Militar de Eldorado de Carajás, a seiscentos e cinqüenta quilômetros de Belém. O massacre ocorreu depois que um mil e quinhentos lavradores interditaram a PA 150, rodovia que liga o sul do Pará à capital estadual. Os sem terra participaram de uma marcha a Belém em protesto contra o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) pela lentidão no processo de desapropriação da fazenda Macaxeira, no município de Curinópolis PA, ocupada por centenas de famílias. Em 23.04.1996 A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que restringe o fumo em recintos públicos fechados e em veículos de transporte coletivo. O projeto, que prevê uso da força policial para coibir os infratores, foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 1995, mas o Senado Federal suprimiu esse dispositivo. Ficou a critério dos Estados e Municípios estabelecer penalidades administrativas adicionais, como a aplicação de multa. Em 25.04.1996 O Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília restituiu o registro profissional ao psicanalista e psiquiatra Amilcar Lobo, que o teve cassado oito anos antes pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro. Amilcar Lobo, fora impedido de exercer a profissão por conivência com a prática de tortura depois que expresos políticos reconheceram-no como o Dr. Carneiro, que colaborava com torturadores. O Tribunal Regional Federal (TRF) entendeu que os crimes cometidos pelo médico estavam prescritos. Em 01.05.1996 EC nº 11 (administração pública): permite a contratação de professores (técnicos e cientistas) estrangeiros pelas universidades brasileiras e concede autonomia às instituições de pesquisa científica e tecnológica. Em 02.05.1996 Numa reunião com lideres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Brasília, o Presidente Fernando Henrique Cardoso obteve o compromisso de não aumentar o número de famílias nos acampamentos de Sem-Terra. Terminado o encontro, o ministro Extraordinário de Política Fundiária, Raul Jungmann, anunciou a desapropriação de duzentos mil hectares de terra para assentamento de seis mil e setecentos famílias. Em 09.05.1996 Contra a orientação do Presidente Fernando Henrique Cardoso, os lideres dos partidos do governo no Senado Federal derrubaram o projeto de lei que transferia para a justiça comum o julgamento de crimes praticados por policiais militares. O projeto, apresentado pelo senador Hélio Bicudo, do Partido dos Trabalhadores (PT) de São Paulo, integrava o Plano Nacional de Direitos Humanos que o governo pretendia implantar (derrubado o projeto de Hélio Bicudo). Em 13.05.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso enviou ao Congresso Nacional vários projetos e Emendas Constitucionais que configurariam seu Plano Nacional de Direitos Humanos. Entre as medidas propostas, destaca-se a criação do serviço civil obrigatório, que absorveria os excedentes do serviço militar e as mulheres. Os serviços, prestados por seis meses ou um ano, consistiriam em assistência a comunidades carentes e seriam remunerados com um salário mínimo mensal. Em 13.05.1996 Uma lei conhecida como Lei do Concubinato, que regulamenta a união da casais não-casados, foi sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. De acordo com a nova lei, pessoas que mantiveram comprovadamente união estável, pública e contínua, sem impedimentos legais, passaram a ter direito a pensão alimentícia, partilha de bens e herança deixada pelo companheiro ou companheira. Antes da lei, a união de fato só era reconhecida depois de cinco anos de convivência ou se dela houvesse filhos. Em 14.05.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou sem vetos uma lei de patentes que estipula o pagamento de “royalties” pela fabricação de diversos produtos, entre os quais alimentos e remédios. A lei teria como conseqüência o aumento de preço dos medicamentos, pois determinou o fim de uma prática comum entre os laboratórios nacionais, que copiavam fórmulas criadas por firmas estrangeiras sem pagar direitos. Com a lei, o dono de um princípio ativo, que é a substância básica de um remédio, passou a deter o monopólio de sua exploração comercial durante vinte anos. Em 15.05.1996 É aprovados pelo Senado Federal o fim do monopólio estatal de resseguros e a entrada de companhias estrangeiras no setor. Em 21.05.1996 Uma companhia francesa e duas americanas compraram trinta e quatro virgula zero quatro por cento das ações da Light, Companhia Elétrica do Rio de Janeiro, que durante dezessete anos foi administrada pelo governo. A Companhia Siderúrgica Nacional comprou sete virgula vinte e cinco por cento das ações, mas o governo só conseguiu vender o controle acionário da exestatal com a intervenção da BNDES Participações, que adquiriu nove virgula quatorze por cento das ações da empresa. A operação rendeu ao governo dois virgula vinte e um bilhões de reais. Em 24.05.1996 O Banco Central decreta a intervenção do Banorte e tranfere agências, contas e ativos para o Banco Bandeirantes. Em 28.05.1996 Alegando que o desaparecimento de um banco causa crise de confiança no mercado financeiro, o Presidente do Banco Central justificou a ajuda de vinte e um bilhões de reais oferecida pelos cofres públicos aos bancos: Nacional, Antônio Queirós, Econômico, à Caixa Econômica e ao Banorte. A ajuda oficial ao sistema financeiro serviu para cobrir a dívida de bancos falidos e para garantir os depósitos dos correntistas. Em 13.06.1996 EC nº 15 (política): estabelece regras para a criação de novos municípios. Dá nova redação ao § 4º do artigo 18 da Constituição Federal. Em 23.06.1996 O empresário alagoano Paulo César Faria, conhecido como PC, tesoureiro da campanha que levou Fernando Afonso Collor de Melo a Presidência da República, foi morto (assassinado) em sua casa de praia em Guaxuma, perto de Maceió. Paulo César ou PC como conhecido, estava em liberdade condicional depois de cumprir parte das penas a que fora condenado por sonegação de impostos e falsidade ideológica. Em 24.06.1996 O ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, divulgou uma lista de duzentos e sessenta e três livros didáticos que foram reprovados na análise de conteúdo realizada pelo Centro de Pesquisa de Ensino e Cultura. O ministro exortou as editoras responsáveis a enviarem erratas às escolas públicas e particulares que adotam esses livros e anunciou que para 1997 a avaliação será ampliada. Técnicos do ministério discutirão com os editores os critérios a serem usados na reformulação dos livros. Em 03.07.1996 A pedido do chefe de gabinete do governo de Minas Gerais e antigos assessor do ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK), Serafim Jardim, foi reaberto o inquérito sobre o acidente que causou a morte do ex-presidente, em 1976. A reabertura decidiu-se a fim de investigar possibilidade de atentado. Segundo testemunhas, o automóvel em que viajava o ex-presidente poderia ter explodido antes de chocar-se contra a carreta. Em 04.07.1996 O Ministério da Educação (MEC) classificou como insuficientes ou totalmente desestruturados noventa e um dos mil setecentos e vinte e seis cursos de mestrado e doutorado avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em todo o Brasil. Os diplomas concedidos por esses cursos tiveram suspendido seu reconhecimento pelo Ministério da Educação. Em 08.07.1996 O Procurador Federal de Direitos Humanos, Vagner Gonçalves, encaminhou à Procuradoria Geral da República um pedido de Intervenção Federal no Acre, baseado no relatório de três outros procuradores em que a Polícia Militar e todos os órgãos de segurança do Acre foram acusados de patrocinar grupos de extermínio. O Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) registrou trezentos e trinta homicídios nos últimos trinta meses. Em 09.07.1996 O Embaixador Americano no Brasil anunciou que o Governo dos Estados Unidos estaria disposto a financiar o combate ao tráfico e ao consumo de drogas no Brasil. O orçamento americano para 1997 reservou quatrocentos milhões de dólares para programas internacionais de combate às drogas. No caso do Brasil, a ajuda viria sob a forma de contribuição financeira aos conselhos regionais de entorpecentes, existentes em mais de duzentas cidades brasileiras, e às prefeituras, por intermédio de organizações não governamentais. Em 15.07.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a lei que proíbe fumar em recintos fechados, particulares ou públicos. A permissão de fumar ficou restrita a áreas arejadas, especialmente destinadas a fumantes. Também foi proibida a publicidade de cigarros e bebidas alcoólicas entre 06:00 e 21:00 horas. Em 16.07.1996 O ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, informou em Lisboa que o Brasil pretendia retirar de Angola os mil e duzentos homens enviados em agosto de 1995 para integrar a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o ministro, o Brasil, primeiro país a reconhecer a independência de Angola, proclamada em 1975, cansou-se de esperar pelo fim da guerra e resolveu não prorrogar até fevereiro de 1997, prazo estipulado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para retirada da força de paz, a permanência de seu contingente militar no país africano. Em 23.07.1996 A Comissão Internacional de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA) intimou o Brasil a indenizar as famílias de dezoito presos mortos numa Delegacia de Polícia, em São Paulo, em 1989. As mortes ocorreram por asfixia, depois de uma tentativa de fuga, quando cinqüenta presos foram comprimidos numa cela de mínimas dimensões e sem ventilação. Em 24.07.1996 Foi aprovado pela Câmara dos Deputados o imposto de zero virgula dois por cento sobre todos os cheques, saques e aplicações financeiras. Os recursos provenientes da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que deveria ser cobrada a partir de dezembro por pouco mais de um ano, seriam destinados à área da saúde. Ficaram isentos do imposto as aposentadorias de até dez salários mínimos, os proventos de assalariados até três mínimos e cadernetas de poupança inativas por noventa ou mais dias. Em 25.07.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso, assinou um Decreto que determina a reavaliação de todas as concessões para a exploração de mogno na Amazônia e proíbe por dois anos novas concessões. Outras medidas ao combate ao desmatamento, como o aumento da área de reserva florestal obrigatória nas propriedades rurais e ao apoio ao programa de sensoriamento remoto da Amazônia, foram anunciadas pelo Presidente. Em 06.08.1996 O Senado Federal aprovou o projeto de lei que instituiu o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para as empregadas domésticas. Para entrar em vigor, o projeto apresentado pela senadora e ex-deputada do Partido dos Trabalhadores (PT), Rio de Janeiro, Benedita da Silva, deveria ainda ser aprovado pela Câmara dos Deputados. Também foi estendido às domésticas o direito ao vale-transporte e ao seguro-desemprego. Em 07.08.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a lei que atribuiu à justiça comum a competência para julgar crimes dolosos cometidos por militares. Assim, os policiais militares envolvidos nas chacinas de Corumbiara (RO) ocorrida em agosto de 1995, e Eldorado dos Carajás (PA), em abril último, seriam julgados pela justiça comum. Pelo massacre de Corumbiara, que resultou em doze mortes registradas oficialmente, foram denunciados apenas três policiais. No caso de Eldorado dos Carajás, com dezenove trabalhadores mortos, foram denunciados cento e cinqüenta e cinco policiais. Em 14.08.1996 O ministro dos Transportes, Odacir Klein, demitiu-se do cargo depois que se tornou pública sua omissão num caso de atropelamento. Um dos filhos do exministro que dirigia em alta velocidade, acompanhado do pai, atropelou e matou um operário em Brasília. O ministro e o filho não prestaram socorro à vítima nem comunicaram o ocorrido à polícia, mas as informações dadas por testemunhas do acidente levaram à identificação do motorista (e do acompanhante). Em 14.08.1996 A Câmara dos Deputados aprovou, com o apoio de todos os Partidos Políticos, a aplicação do rito sumário à desapropriação de terras para a reforma agrária. A medida seria fundamental para o cumprimento do objetivo do governo (assentar duzentas e oitenta mil famílias até 1998), pois permitiria apressar para prazos de até quarenta e oito horas a posse de terras pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Segundo o acordo celebrado entre o governo e os ruralistas, as propriedades invadidas por SemTerra não poderiam ser submetidas a rito sumário. Em 16.08.1996 EC nº 12 (fiscal): cria a Contribuição Provisória sobre Movimento Financeiro (CPMF), para financiamento da área da saúde. Outorga competência à União para instituir contribuição provisória sobre movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira. Em 21.08.1996 O Delegado de Polícia, Robson da Silva, da cidade de Resende, Rio de Janeiro, dirigiu à Promotoria Pública do município um relatório no qual concluiu ter sido acidental a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (JK), ocorrida na Rodovia Presidente Dutra, em 22 de agosto de 1976. O relatório baseou-se em laudo do Instituto de Criminalística, Carlos Éboli, do Rio de Janeiro, que não constatou explosão no veículo em que viajava o expresidente, mas reconheceu ser impossível detectar sabotagem mecânica no mesmo. Em 22.08.1996 EC nº 13 (econômica): trata da fiscalização do sistema financeiro. Dá nova redação ao inciso II do artigo 192 da Constituição Federal. Em 28.08.1996 O Supremo Tribunal Federal negou um pedido de extradição apresentado pela China, que pretendia levar a julgamento o cidadão Chinês Qian Hong, acusado de estelionato, crime que em seu país é punido com a pena de morte. O ministro relator, Celso de Melo, alegou que a China não tinha credibilidade para assumir o compromisso de transformar a pena de morte em prisão. A lei brasileira proíbe a extradição de estrangeiro ameaçado de ser condenado à pena capital. Em 29.08.1996 O Senado Federal aprovou uma mudança radical nas leis de trânsito, com a imposição de multas mais pesadas e a tipificação do atropelamento seguido de morte como crime sujeito à pena de dois a cinco anos de prisão. O novo Código de Trânsito prevê a habilitação permanente de novos motoristas somente depois de um período de habilitação provisória sem infrações graves. Em 04.09.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso assinou com o Presidente da Bolívia, Gonzalo Sánches de Lozada, o contrato de construção de um gasoduto que levaria o gás boliviano de Santa Cruz de La Serra a São Paulo. Esperava-se que a Bolívia fornecesse ao Brasil oito mil metros cúbicos de gás em sete anos. O acordo foi fechado em Cochabamba durante a reunião do Grupo do Rio, integrado por quatorze países latino–americanos. Em troca da federalização da Companhia de Energia de Alagoas (CEAL), o governo federal autorizou um empréstimo de sessenta e cinco milhões de reais ao estado, destinados principalmente a pagar salários atrasados dos servidores. Ameaçado de intervenção federal, Alagoas vinha pagando regularmente apenas aos altos funcionários do poder judiciário alagoano (juízes, promotores e procuradores), que desfrutavam de outras regalias concedidas pela justiça do trabalho. Em 11.09.1996 A Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos Políticos decidiu que a União deveria pagar indenização no valor de cento e cinqüenta mil reais às famílias do ex-capitão Carlos Lamarca e do ex-deputado Carlos Marighella. Baseada em laudos periciais, a comissão concluiu que os líderes guerrilheiros foram mortos depois de presos e, portanto, sob guarda do Estado. Em 13.09.1996 EC nº 14 (administração pública): dispõe sobre a organização do ensino federal, estadual e municipal. Modifica os artigos 34, 208, 211 e 212 da Constituição Federal (vigente) e dá nova redação ao artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Em 14.09.1996 O ministro da Reforma Agrária, Raul Jungmann, anunciou um programa de financiamento dirigido a lavradores Sem-Terra. O cadastramento dos candidatos, que comprariam terras diretamente dos fazendeiros, seria feito pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), com assistência de sindicatos ou entidades rurais. A experiência-piloto teria início em 1997, com mil e quinhentas famílias. Em 17.09.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso e o primeiro-ministro da Alemanhã, Helmut Kohl, assinaram em Brasília três atos de cooperação nas áreas ambiental, técnica e de transportes. Os empresários que integraram a comitiva do primeiro-ministro garantiram que suas empresas investiriam no Brasil mais cinco bilhões de reais nos próximos cinco anos, que se somariam aos sete bilhões em investimentos já existentes. Em 20.09.1996 O Fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF) concedeu ao Governo do Distrito Federal o prêmio Criança e Paz, pelos programas na área de educação e pelas iniciativas dirigidas a coibir a prostituição infantil. Em 22.09.1996 O Ministério da Justiça decidiu enviar ao Pará, pela segunda vez, uma comissão de representantes do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, encarregada de investigar o massacre de trabalhadores Sem-Terra ocorrido em abril em Eldorado do Carajás. A decisão foi tomada depois que o ministro Nelson Jobim recebeu documento, assinado por bispos católicos, segundo o qual haveria mais treze mortos além dos dezenove identificados. Em 10.10.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso assinou um Decreto de Regulamentação do sistema de avaliação das universidades. Entre os métodos usados para avaliar os cursos superiores, estava a realização de uma prova pelos formandos, sem a qual estes não receberiam seus diplomas. A União Nacional dos Estudantes (UNE) criticou o procedimento e convidou os formandos das diversas áreas a boicotar o “provão”, entregando suas provas em branco. O objetivo da avaliação era promover um recredenciamento de instituições de ensino supe-rior. Em 11.10.1996 O Governo Federal anunciou um pacote com quarenta e quatro medidas para reduzir o déficit público, de cuja aplicação resultaria uma economia de seis e meio bilhões de reais para a União. Entre as principais mediadas estavam o fim das aposentadorias especiais e a extinção de duzentos e quarenta e nove mil vagas no serviço público. O orçamento dos estados, principal responsável pelo déficit, não foi atingido. Fazia parte do pacote o programa de demissão voluntária (PDV), ao qual se esperava a adesão de quatro mil servidores. Em 20.10.1996 Candidatos a professor no Rio Grande do Sul e a auditor fiscal na Bahia ganharam decisão favorável do Supremo Tribunal Federal sobre a inconstitucionalidade do limite de idade imposto aos inscritos em concurso público. O Supremo Tribunal Federal decidiu que o limite seria cabível apenas nos casos em que as atribuições do cargo a ser preenchido o exigissem. Nos casos apreciados, os Juízes concluíram que eles exigiam mais experiência que mocidade e invocaram o artigo 30 da Constituição. Em 23.10.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou o projeto que instituiu a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), imposto que incidiria sobre todas as transações bancárias a partir de 23 de janeiro de 1997. Ficaram isentos os salários e aposentadorias até três mínimos, o pagamento do seguro-desemprego, os saques do Pis-Pasep e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), as transferências bancárias entre contas de um mesmo titular e as transferências da União para Estados e Municípios. Em 05.11.1996 O Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, aceitou o pedido de demissão do ministro da Saúde, o médico cardiologista Adib Jatene. O afastamento de Adib Jatene não causou surpresa, pois ele não dissimulava sua insatisfação com a equipe econômica, que barrou a liberação de um virgula seis bilhões de reais para socorrer a Saúde. O governo anunciou que não cancelaria a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), imposto criado por pressão do ministro demissionário, que vigoraria a partir de janeiro de 1997. Em 06.11.1996 O ministro do Supremo Tribunal Federal, Francisco Rezek, foi eleito pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Corte Internacional de Justiça, conhecida como Corte de Haia. Francisco Rezek tornou-se o sexto brasileiro a ocupar uma das quinze cadeiras da Corte, depois de: Rui Barbosa, Epitácio Pessoa, Filadelfo de Azevedo, Levi Carneiro e Sete Câmara. Em 07.11.1996 A União Nacional dos Estudantes (UNE) entrou com pedido de habeas-corpus na Justiça Federal para impedir que os estudantes inscritos no “provão” (exame obrigatório para formandos, destinado a avaliar a eficiência dos cursos universitários) fossem obrigados a permanecer no mínimo uma hora e meia no local da prova. A União Nacional dos Estudantes convocou o boicote ao “provão” por meio da entrega da prova em branco. Em 14.11.1996 O Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, autorizou a participação de um contingente de cento e vinte militares brasileiros na força multinacional da Organização das Nações Unidas (ONU) em atuação no leste do Zaire, por um período mínimo de quatro meses. Em 04.12.1996 A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que criava o contrato de trabalho temporário, pelo qual os custos de contratação de mão-de-obra se reduziram em vinte por cento, suprimindo, para os trabalhadores contratados nesse regime, o aviso prévio, o pagamento de multa de quarenta por cento do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em caso de demissão injustificada e outros ônus. De acordo com o tamanho da empresa, esta ficaria autorizada a contratar de vinte a cinqüenta por cento de seu pessoal pelo regime temporário. Em 11.12.1996 O médico cardiologista gaúcho, Carlos César de Albuquerque, foi nomeado ministro da Saúde pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, ocupando o lugar deixado pelo médico Adib Jatene. Em 15.12.1996 Representantes do governo boliviano assinaram em Fortaleza (CE) um acordo de parceria com o Mercosul, mercado comum latino-americano que congregou inicialmente o Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, e em julho último foi admitido o Chile. Da mesma forma que este, a Bolívia foi aceita como parceira comercial, sem direito a voto. Em 16.12.1996 Foi inaugurado a infovia Florianópolis–Fortaleza, cabo de fibra óptica de mais de cinco mil quilômetros de extensão que ligou o Nordeste à Rede Nacional de Transmissão a longa distância, do sistema Telebrás. A infovia duplica a capacidade de transmissão de sinais de voz, dados, textos e imagem entre doze capitais estaduais de sua rota. Pela infovia circulariam também as transmissões entre os países do Mercosul, e entre o Brasil e os Estados Unidos. Em 18.12.1996 Foi aprovada pelo Congresso Nacional a medida provisória que aumentava o imposto territorial rural (ITR) das terras improdutivas. Em 20.12.1996 O presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), proposta pelo senador Darci Ribeiro, depois de oito anos de tramitação no Congresso Nacional. A lei concedia autonomia para que as faculdades escolhessem entre a aplicação de vestibular e o programa de avaliação seriada, em que as notas obtidas em três provas anuais realizadas no segundo grau seriam o critério de ingresso. A lei também estabeleceu como matérias obrigatórias no primeiro e no segundo graus a educação religiosa, artística e física. Em 22.12.1996 O ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, respondeu às críticas ao comportamento do embaixador brasileiro em Lima, Carlos Luiz Coutinho Peres, dizendo que o Governo brasileiro nada podia fazer pelos reféns do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, presos na embaixada do Japão cinco dias antes. Em 28.01.1997 É aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados a Emenda Constitucional que permite a reeleição dos atuais: Presidente da República, Governadores de Estado e Prefeitos. Foram 336 votos a favor, 17 votos contra e 6 votos para abstenção. Após contar com o apoio dos dois maiores partidos do Congresso Nacional à reeleição, Partido da Frente Liberal (PFL) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), para a reeleição, o Governo Federal defende a candidatura de Antônio Carlos Magalhães e Michel Temer, respectivamente para as Presidências do Senado Federal (casa alta) e da Câmara dos Deputados (casa baixa). Tal empenho do Governo Federal tem como principal objetivo a reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 04.02.1997 O senador Antônio Carlos Magalhães, é eleito com 52 votos Presidente do Senado. Seu adversário o senador Iris Resende recebeu apenas 28 votos. Somente um senador se absteve de votar. O candidato eleito foi apoiado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 05.02.1997 O deputado federal Michel Temer é eleito com 257 votos Presidente da Câmara dos Deputados. Seus adversários os deputados Wilson Campos e Prisco Viana, respectivamente obtiveram 119 e 111 votos. O candidato vencedor foi apoiado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 13.02.1997 O Supremo Tribunal Federal nega e por votação unânime o pedido de extradição do cientista político Luciano Pessina, condenado na Itália a oito anos e onze meses de prisão por participação em atentados na década de setenta. Segunda a Constituição da República Federativa do Brasil, é proibida a extradição por motivos políticos. Em 25.02.1997 A Câmara dos Deputados aprova com 369 votos a favor, 11 contra e 5 abstenções, em segundo turno, a Emenda Constitucional que permite a reeleição do Presidente da República, de Governadores e de Prefeitos. Em 03.03.1997 O ministro do Supremo Tribunal Federal, Francisco Rezek, é empossado na Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia, na Holanda. Em 07.03.1997 Juristas (entre eles – 13 juristas – assinam o documento: Evandro Lins e Silva, Dalmo Dallari, Fábio Konder Comparato e Goffredo da Silva Telles) lançam em Brasília um manifesto à Nação (criticando o governo), em que acusam o Poder Executivo de concentrar poder, tentar desmoralizar o Poder Judiciário, editar medidas provisórias em excesso e não estar comprometido com interesses da nação por ter iniciado o processo de privatização da Companhia Vale do Rio Doce. Em 11.03.1997 O Presidente da França Jacques Chirac visita o Brasil. Participa e inaugura com o Presidente Fernando Henrique Cardoso a exposição do pintor impressionista francês Claude Monet. Em encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), o Presidente Francês recebeu críticas à sua posição que defende medidas protecionistas na União Européia dificultando a comercialização de produtos brasileiros. Em 18.03.1997 A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprova a indicação do ministro da Justiça, Nelson Jobim, para a vaga do ministro Francisco Rezek no Supremo Tribunal Federal. Em 07.04.1997 O presidente Fernando Henrique Cardoso sanciona (direitos humanos) a lei que caracteriza a tortura física ou mental como crime inafiançável de prisão por até vinte anos. Até então, a tortura física era considerada lesão corporal e não estava prevista no Código Penal. A pena inicial para o crime de tortura varia de dois a oito anos de reclusão. Se a lesão corporal for considerada grave, a pena sobe para quatro a dez anos. Em caso de morte da vítima, a punição fica entre oito (8) e dezesseis (16) anos. Ela pode ser aumentada para até vinte (20) anos se a tortura for praticada por agente público, ou contra criança, gestante e adolescente, ou se o crime for cometido mediante seqüestro. No mesmo dia é assinado o Decreto que cria a Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNDH), que fica sob o comando de José Gregori, chefe de gabinete do Ministério da Justiça. Em 08.04.1997 Índios Xavegantes (em número de sete) ocupam o gabinete da presidência da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), em Brasília (DF), para reivindicar a demissão de Geiger e a melhoria na assistência prestada a eles pela instituição. Em 08.04.1997 O Supremo Tribunal Federal concede “habeas-corpus” para José Rainha, Claudemir Marques Cano, Laércio Barbosa e Felinto Procópio, que se encontravam foragidos, e a Márcio Barreto, único que estava preso. Os líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, estavam acusados de invasão de terra e formação de bando. Em 09.04.1997 A Câmara dos Deputados aprova em primeiro turno, com 309 votos a favor, 147 contra e 18 abstenções, o texto da reforma administrativa que altera as regras válidas para o funcionalismo público. De acordo com o texto, o teto salarial passa a ser de dez mil e oitocentos reais, e o servidor só tem estabilidade depois de cinco anos de serviço. Os governos (União – Estados e Municípios) vão poder demitir para adequar as despesas com pessoal ao limite de sessenta por cento da receita e, também, nos casos de desempenho profissional insuficiente. Em 11.04.1997 A ocupação pelos índios Xavantes no gabinete da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) somente termina quando soldados do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal invadem o local e levam os índios à Superintendência da Policia Federal (PF). Em 14.04.1997 É retirada da Câmara dos Deputados, a medida que causou protestos em todo o país por beneficiar diretamente os deputados. (Para conseguir a aprovação da reforma, o governo aceitou que fosse criado um teto salarial de vinte e um mil e seiscentos reais, para os que têm cargos de confiança nos três poderes ou mandato eletivo). Em 14.04.1997 Com o objetivo de impedir no Congresso Nacional a prorrogação do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF) e de encontrar um candidato único para concorrer ao cargo de Presidência da República nas eleições de outubro de 1998, o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Comunista do Brasil (PC do B), formalizaram a constituição de um grupo de oposição. Aprovado em fevereiro de 1996, o Fundo de Estabilização Fiscal (FEF) o antigo Fundo Social de Emergência (FSE), permite ao Governo Federal utilizar 20% dos impostos federais, que deveriam ser repassados aos estados e municípios, no ajuste de contas públicas. Em 15.04.1997 Toma posse como ministro do Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro da Justiça Nelson Jobim. A nomeação para o cargo foi do presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 17.04.1997 Os participantes da Marcha Nacional por Reforma Agrária, Emprego e Justiça, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, chegam na Capital do País, Brasília, depois de dois meses de caminhada. A data foi escolhida para coincidir com o aniversário de um ano do massacre de Eldorado dos Carajás, Pará, onde dezenove Sem-Terra foram assassinados. O presidente Fernando Henrique Cardoso propõe a criação de uma comissão para possibilitar uma ação conjunta pela reforma agrária. Em 22.04.1997 Os pataxós hã-hã-hãe da reserva Caramuru-Catarina-Paraguassu, no sul da Bahia, mantêm como refém Júlio Geiger, Presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Ele estava na aldeia para o funeral de Galdino Jesus dos Santos, pataxó que morreu em conseqüência de queimaduras causadas por cinco jovens em Brasília, no dia 20 de abril. Em 23.04.1997 O governo de Fernando Henrique Cardoso, Presidente da República, sofre derrota em outros pontos da reforma da Administração Pública, quando não consegue a aprovação na Câmara dos Deputados para um novo plano de carreira para os funcionários e o fim do regime único de emprego. Em 26.04.1997 Os Presidentes do Brasil e da Argentina assinam acordo de cooperação entre as Forças Armadas; o prosseguimento da integração energética nas áreas de gás natural e eletricidade; o estabelecimento das cotas que cada fabricante de veículos da Argentina poderá exportar para o Brasil sem pagar imposto de importação em 1997; o compromisso do governo brasileiro de apressar a unificação de registros de produtos farmacêuticos; a extinção da aliquota do imposto na exportação de café solúvel brasileiro para a Argentina; a diminuição do imposto sobre couro argentino no Brasil; e a ampliação das cotas para a exportação de pneus brasileiros ao mercado argentino. Em 05.05.1997 A família de Sérgio Ribeiro Miranda, capitão da Aeronáutica, morto em 1994, recebe indenização e cujo valor corresponde às vantagens e soldos que o militar deixou de receber desde 1969 até sua morte. O capitão foi afastado da Aeronáutica e depois punido e cassado pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5) por recusar a executar atentados terroristas planejados por agentes da repressão do governo. Em 07.05.1997 Deputados do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e do Partido Comunista do Brasil (PC do B), para impedir a votação da reforma administrativa, passaram a apitar todos juntos (criando o apitaço) durante a sessão no plenário. Reação dos deputados à intenção do governo de impedir a votação em separado de um destaque da oposição que propunha a modificação de três assuntos diferentes: (1) o fim da estabilidade; (2) a maior autonomia financeira para órgãos públicos; e (3) a proibição de repasse de verbas federais para pagamento de pessoal nos estados e municípios. Em 13.05.1997 A Câmara dos Deputados, mantém a regra determinando aposentadoria compulsória de servidores públicos aos setenta anos de idade. O governo propõe o limite mínimo de setenta e cinco anos. Em 14.05.1997 Porcos, galinhas, bodes, e um peru invade o gabinete do ministro do Planejamento, Antônio Kandir. Aproximadamente seiscentos trabalhadores protestavam contra a falta de crédito para a agricultura familiar. O encontro dos trabalhadores, organizado pela Confederação Nacional e Central Única dos Trabalhadores, recebeu o nome de Grito da Terra. Em 21.05.1997 O senador Iris Resende e o Deputado federal Eliseu Padilha, ambos do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), toma posse, respectivamente como ministros da Justiça e dos Transportes. Em 04.06.1997 O Senado Federal aprova, com 62 votos a favor, 14 votos contra e 2 abstenções, definitivamente a Emenda Constitucional que permite ao Presidente da República, Governadores e Prefeitos disputarem a reelei-ção a partir de 1998. A reeleição é incompatível para cargos diferentes, como por exemplo, o vereador que se candidata a prefeito. Essa Emenda demorou, na sua tramitação, dois anos e três meses até ser aprovada. Propostas de reeleição foram apresentadas e não acatadas nas Assembléias Constituintes de 1934 (3ª Constituição do Brasil), 1946 (5ª Constituição do Brasil), 1988 (vigente) e até na Revisão Constitucional de 1993. Em 04.06.1997 As Forças Armadas do Brasil, por decreto publicado, anuncia um calendário de festividades do qual não consta o dia trinta e um (31) de março. Nessa data, os militares tinham por hábito comemorar o início do Regime Militar de 1964. Em 05.06.1997 EC nº 16 (política): aprova a reeleição para Presidente, governadores e prefeitos. Dá nova redação ao § 5º do artigo 14 ao “caput” do artigo 28, ao inciso II do artigo 29, ao “caput” do artigo 77 e ao artigo 82 da Constituição Federal. Em 05.06.1997 Luiz Eduardo Magalhães, Deputado federal pelo Partido da Frente Liberal (PFL), escolhido pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, assume a função de líder do governo na Câmara dos Deputados, substituindo o deputado federal, também do mesmo partido, Benito Gama. Diz o Presidente que tal mudança é simplesmente para acelerar o processo de votação das reformas administrativas e previdência e tributária. Em 09.06.1997 Tereza Fiel, após um processo que demorou duas décadas, ganha o direito a indenização do governo pela morte de seu marido o operário Manoel Fiel Filho, morto em janeiro de 1976, nas dependências do DOI-Codi. Em 09.06.1997 Toma posse como Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrário (INCRA), o engenheiro Milton Seligman. Como primeira medida do novo Presidente, foi a de suspender o pagamento das indenizações pela desapropriação de propriedades rurais. Em 10.06.1997 O Tribunal de Contas da União, com o parecer do relator Paulo Afonso, aprova, com ressalvas, as contas do governo federal relativas ao exercício de 1996. Em 10.06.1997 Votação na Câmara dos Deputados decide pela retirada do dispositivo que fixava limites salariais inferiores ao teto federal de doze mil, setecentos e vinte reais. Em 16.06.1997 O Governo Federal também reconhece sua responsabilidade pela morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida em outubro de 1975, também em conseqüência de torturas no DOI-Codi. Em 17.06.1997 O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, em depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, nega envolvimento no caso de parlamentares acusados de receber dinheiro para votar a favor da emenda da reeleição. No mesmo dia foram ouvidas outras pessoas detentoras de cargo parlamentar, sobre o mesmo tema (denúncia de compra de votos). Em 17.06.1997 O presidente Fernando Henrique Cardoso decide convocar o Congresso Nacional para trabalhar em julho e terminar o primeiro turno de votações da reforma administrativa. A convocação dos senadores e dos deputados, respectivamente 81 e 513 membros, totalizando 594 integrantes do Congresso Nacional, que vão gastar nessa convocação extraordinária, aproximadamente nove e meio milhões em salários. Junto funcionará a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Precatórios. Em 18.06.1997 O presidente Fernando Henrique Cardoso assina decreto concedendo indenizações e parentes de outros cinqüenta e nove militantes políticos mortos ou desaparecidos durante o regime militar. Em 18.06.1997 A Câmara dos Deputados aprova, por 312 votos a favor, 90 contra e 3 abstenções, a Lei Geral das Telecomunicações. Segundo a nova lei, será criada a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), órgão regulador do setor. As empresas do Sistema Telebrás, incluindo a Embratel, poderão ser vendidas e as concessionárias do setor poderão entrar em regime de liberdade tarifária três anos após a assinatura da concessão. Em 20.06.1997 O presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia a adesão do Brasil ao Tratado de Não - Proliferação de Armas Nucleares (TNP) onde prevê que, além das potências nucleares declaradas: Estados Unidos da América, Federação Russa, Reino Unido, França, Índia e China, nenhum país pode deter nem desenvolver armas nucleares. O acordo também prevê o impedimento para os países signatários a novas técnicas do setor. O Tratado de Não - Proliferação, foi criado em 1968 e em 1995 foi renovado por tempo indeterminado. Fazem parte desse tratado cento e oitenta e cinco países. Em 09.07.1997 Com votação de 309 votos (somente com um voto acima do mínimo de 308) a favor, 181 contra e 5 abstenções, o governo aprova o fim da estabilidade dos funcionários públicos por insuficiência de desempenho. A quantidade dos votos favoráveis mostra a dificuldade do governo em aprovar um dos principais tópicos da tão esperada reforma administrativa. Essa aprovação ocorre em primeiro turno. O projeto vai a voto no Senado Federal e depois volta à Câmara dos Deputados. Segundo o Projeto, o funcionário público será considerado estável depois de dois anos de trabalho, mas poderá ser demitido por insuficiência de desempenho. A regra para as demissões deverá ser estabelecida por lei complementar, após a promulgação da Emenda. Em 16.07.1997 A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, aprova o pedido de cassação do mandato do Deputado federal Pedrinho Abrão do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), acusado de cobrar propinas da construtora Andrade Gutierrez para manipular verbas na Comissão de Orçamento do Congresso Nacional. A votação: 24 votos a favor, 24 votos contra, 2 abstenções. Após o empate, a votação foi definida pelo voto favorável a cassação do Presidente da Comissão, deputado do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Henrique Eduardo Alves. Em 16.07.1997 O Senado Federal, através de votação simbólica, aprova a Lei do Petróleo, que abre as atividades da indústria petrolífera à iniciativa privada. Os senadores mantêm, na oportunidade da votação, na íntegra a redação aprovada pela Câmara dos Deputados e, por essa razão, o texto foi enviado para a sanção do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 16.07.1997 É acolhido por 362 votos a favor, 129 contra e 1 abstenção, o relatório da deputada Yeda Crusius, permitindo o governo aprovar, com folgada margem de votos, a emenda que prorroga por dois anos e meio o Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). Em 16.07.1997 A proposta aprovada pela Câmara dos Deputados prevê a devolução aos municípios de metade dos recursos retirados neste ano; sessenta (60) por cento em 1998 e oitenta (80) por cento em 1999. No dia anterior, o Presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia que metade dos seis virgula quatro bilhões do empréstimo a ser concedido até final de 1998 pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento ao Brasil será aplicado nos municípios. Em 23.07.1997 A Câmara dos Deputados aprova com votação expressiva, a lei de penas alternativas (são punições dadas por juízes a réus primários que cometem pequenos delitos. Elas só podem ser aplicadas em condenações inferiores a um ano de prisão. A mais usada no mundo é a prestação de serviços à comunidade), criada em 1995 pelo então ministro da Justiça, Nelson Jobim. Em seguida, se a lei for aprovada pelo Senado, seguirá para o Presidente da República que deverá sancioná-la até o final do ano. Em 23.07.1997 A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprova a emenda da reforma previdenciária, (restringindo a soma dos recebimentos de aposentadorias e salários pagos pelo setor públicos mandato para a suplente), inicia processo para a cassação dos mandatos do deputado Chião Brígido e de sua suplente, Adelaide Neri, ambos do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). A decisão foi tomada em rito sumário, sem a abertura de sindicância para apurar as denúncias. Em 13.08.1997 O presidente Fernando Henrique Cardoso lança o programa cédula da terra, linha de crédito de até dez mil reais para pequenos agricultores, que terão dez anos para pagamento. Em 13.08.1997 A Câmara dos Deputados, em segundo turno, aprova a prorrogação da vigência do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF) até dezembro de 1999. O Fundo tem por objetivo equilibrar as contas públicas e garantir ao tesouro cerca de vinte e cinco bilhões ao ano, que podem ser gastos segundo as prioridades do governo, sem vínculo com o orçamento público. Em 27.08.1997 Os partidos políticos aliados do governo federal aproavam na Câmara dos Deputados, em votação simbólica, o financiamento público parcial da campanha eleitoral de 1998. A proposta prevê a destinação de cerca de quatrocentos e vinte milhões aos partidos. Com dificuldade em aprovar o financiamento público da campanha, o relator da lei, Carlos Apolinário, do Partido do Movimento Democrático do Brasil (PMDB), aceitou que sua proposta fosse adiada para 2002, mas apresentou subemenda multiplicando por dez a previsão para o fundo partidário no ano de 1998. Os partidos que apoiam o governo conseguem derrubar o item que proibia doações de empresas para campanhas e estabelecem o teto de trezentos mil para doações. Em 28.08.1997 O plenário da Câmara dos Deputados conclui a votação da Lei Eleitoral. O governo sofre derrotas, mas preserva regras como a campanha curta de quarenta e cinco dias no rádio e na televisão, que, segundo os governistas, deixaria o Presidente Fernando Henrique Cardoso menos tempo exposto às criticas dos adversários. A principal mudança na lei, contudo, é que os votos em branco não serão mais contados como válidos nas eleições proporcionais. Com isso, o número de votos necessários para eleger um deputado será menor. Em 02.09.1997 O Governo Federal anuncia que irá desapropriar terras para a reforma agrária no Pontal do Paranapanema. As fazendas desapropriadas inicialmente seriam a Santa Irene e a São Domingos. Em 02.09.1997 O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por decisão unânime, decide que os candidatos a prefeito, governador e Presidente da República não precisam desincompatibilizar-se com o cargo para disputar a reeleição em outubro de 1998. Todos os ministros acompanharam o relator da matéria, o ministro Néri da Silveira. Em 03.09.1997 A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprova a manutenção da aposentadoria especial para deputados e senadores, embora tenham decidido extinguir benefício idêntico para ministros do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça (STJ). O texto aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deixam para uma lei complementar a definição das regras gerais de aposentadoria de deputados federais, senadores, deputados estaduais, vereadores, prefeitos, governadores e Presidente da República. Em 05.091997 O presidente Fernando Henrique Cardoso, como parte das comemorações da Semana da Pátria, lança pacote de medidas relacionadas aos direitos humanos e entre elas, um decreto indenizando as famílias de Carlos Marighella e Carlos Lamarca, lideranças de esquerda que combateram o Regime Militar, e a do operário Manoel Fiel Filho, militante do Partido Comunista do Brasil morto sob tortura no DOI-Codi de São Paulo. Outras famílias de mortos ou desaparecidos, com o mesmo motivo, também receberão indenização estipulado, no mínimo, cem mil reais. Em 10.09.1997 O ministro Extraordinário de Política Fundiária, Raul Jungmann, anuncia a criação do gabinete de política fundiária (chefiado por Gilmar Viana, assessor do ministro) que será encarregado de coordenar o processo de reforma agrária em Mato Grosso do Sul, em São Paulo, no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Em 18.09.1997 O Presidente Fernando Henrique Cardoso, se as eleições para Presidente da República, fossem neste dia estaria na liderança das preferências dos eleitores, mas haveria segundo turno: Fernando Henrique Cardoso com 37% dos votos, Luiz Inácio Lula da Silva com 22% dos votos, Paulo Maluf com 13% dos votos; José Sarney com 11% dos votos, e Ciro Gomes com 5% dos votos. Em 21.09.1997 O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) decide lançar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República. Esta seria a terceira vez que o ex-líder sindical do ABC paulista concorre à presidência. Em 23.09.1997 Cinco fazendas são desapropriadas em Pernambuco, com base no artigo 243 da Constituição Federal, que permite a desapropriação de terras usadas para a plantação de maconha. As fazendas somam cerca de seiscentos hectares em três municípios pernambucanos. Em 24.09.1997 Foi rejeitado por 20 votos contra, 17 votos a favor, e 2 votos para abstenções, o parecer do relator Jarbas Lima do Partido Progressista Brasileiro (PPB), que recomendava a cassação do mandato do deputado federal acreano. Assim, o deputado Chicão Brígido do Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) é absolvido. Estava sendo processado por alugar o mandato à suplente Adelaide Neri do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e tomar para si parte dos salários recebidos pelos funcionários de seu gabinete. Em 30.09.1997 O Presidente em exercício Marco Antônio de Oliveira Maciel sanciona e com dois vetos, a Lei Eleitoral que regulamentará a eleição de outubro de 1998. Com os vetos, os partidos políticos ficam impedidos de ter acesso aos resultados de pesquisas eleitorais antes de sua divulgação pelos meios de comunicação e também fica eliminada a possibilidade de eleições especiais para vereadores e prefeitos. O governo sofreu alguns tropeços na votação final na Câmara dos Deputados. A proibição de participar de inauguração de obras públicas três meses antes das eleições e a não contagem dos votos em branco para estabelecer o quociente eleitoral são alguns dos pontos considerados negativos para os governistas. A lei aprovada, no entanto, contém itens favoráveis à reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 01.10.1997 A Câmara dos Deputados aprova projeto de lei complementar que obriga governadores e prefeitos a realizar leilões dos títulos públicos em bolsas de valores ou recinto ou sistema mantido por entidade autorizada pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Também serão obrigadas a seguir essas exigências as debêntures emitidos por empresas de economia mista controladas pela União, estados e municípios, de acordo com lei ordinária aprovada na mesma data. Essas decisões tentam evitar irregularidades como as verificadas no escândalo dos precatórios. Em 03.10.1997 Termina o prazo de alteração de partido para os políticos interessados em se candidatar às eleições de outubro de 1998. Em 06.10.1997 A Receita Federal condena, pela segunda vez, o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello por sonegação de imposto de renda de pessoa física. Fernando Collor de Mello é acusado de dever mais de três milhões, relativos ao empréstimo obtido em Montevidéu na operação que ficou conhecida como Operação Uruguai. Em 06.10.1997 Protesto contra o presidente Fernando Henrique Cardoso, em Sumaré (SP), durante a inauguração da fábrica da Honda, deixa dez manifestantes feridos. O protesto foi organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), pelos sindicatos dos Metalúrgicos, Eletricitários, Servidores Municipais e Rodoviários de Campinas e pela União Campineira de Estudantes Secundaristas (UCES). O ato contou com a participação de cerca de 300 pessoas, segundo a Policia Militar (PM). Em 07.10.1997 A Câmara dos Deputados aprova por 369 votos a favor e 34 votos contra, as alterações realizadas pelo Senado Federal no projeto de lei que extingue o Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC) e diminui os privilégios do sistema de aposentadoria dos parlamentares. A extinção do Instituto de Previdência dos Congressistas se dará, porém, em “conta-gotas”, efetivando-se somente em 1o de fevereiro de 1999. Sua extinção poderá acarretar ainda prejuízo de R$ 200milhões ao Tesouro, caso os deputados federais que contribuíram nos últimos anos exijam as indenizações a que têm direito pela nova proposta. O texto aprovado mantém a possibilidade de os parlamentares contribuírem para o Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC), que substituirá o Instituto de Previdência dos Congressistas. O teto da aposentadoria dos parlamentares é reduzido dos atuais R$ 8.000,00 para R$ 5.600,00. Somente poderão se aposentar com esse valor os políticos com pelo menos 60 anos de idade e 35 anos de contribuição. Em 08.10.1997 Por uma diferença de 9 votos, o Senado Federal derrubou a aposentadoria especial de juízes e militares. Aprovada em primeiro turno, a proposta será submetida ainda a mais dois turnos de votação na Câmara dos Deputados, em virtude das modificações introduzidas no texto original pelos senadores. Dos 69 senadores que votaram, 40 foram favoráveis à manutenção da aposentadoria especial dos juízes e 27 contra, com 2 abstenções. O privilégio caiu porque seriam necessários 49 votos a favor do substitutivo aprovado no primeiro turno, que mantinha a aposentadoria especial de juízes. Com o resultado, os membros da magistratura (juízes, ministros de tribunais superiores, membros de tribunais de contas, desembargadores e, por extensão, procuradores) perderão o direito à aposentadoria integral. Os homens terão direito à aposentadoria aos 60 anos de idade e as mulheres, aos 55. Na votação que derrubou o regime previdenciário especial para os militares houve 42 votos favoráveis à manutenção do substitutivo. A reforma da Previdência aprovada pelo Senado acaba com a aposentadoria proporcional por tempo de serviço e fixa as mesmas idades mínimas (60 e 55 anos) para a aposentadoria dos demais trabalhadores. A proposta exige também tempo de contribuição, e não mais de serviço, como atualmente, de 35 anos dos homens e 30 anos das mulheres. Os trabalhadores que atualmente já contribuem para a Previdência não precisarão se submeter às novas regras. Em 09.10.1997 Os deputados Chicão Brígido, Partido do Movimento Democrático do Brasil (PMDB), e Osmir Lima do Partido da Frente Liberal (PFL), acusado de ter recebido R$ 200.000,00 cada um para votar favoravelmente à emenda da reeleição, são absolvidos pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. O relator do processo, deputado Nelson Otoch, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), propôs a cassação do mandato dos três deputados, mas foi derrotado em três votações diversas. Em 13.10.1997 O Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, ao aterrissar com o Air Force One, o avião presidencial norte-americano, no aeroporto de Brasília, vindo da Venezuela, torna-se o sétimo Presidente dos Estados Unidos da América a visitar o Brasil. A viagem é marcada pelo clima polêmico que a antecedeu, com a divulgação pela imprensa brasileira de documento no qual o Departamento de Estado norte-americano formaliza críticas à “corrupção endêmica” existente no Brasil e exigências quanto à segurança da comitiva presidencial. O Presidente Clinton desenvolve roteiro político previsível, segundo analistas. Em recepção no Itamaraty, em Brasília, o Presidente Fernando Henrique Cardoso destaca que “a nova ordem global não pode ser imposta, mas compartilhada”. O governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, do Partido dos Trabalhadores (PT), não comparece à recepção, em protesto contra as exigências (da segurança) norte-americanas. Em reunião no Palácio da Alvorada, os Presidentes do Brasil e dos Estados Unidos da América do Norte, assinam acordos para a educação, nos quais prevêem até a utilização da Internet para ampliar contatos culturais e lingüísticos entre estudantes dos dois países. Em entrevista conjunta na mesma data e também em Brasília, os dois Presidentes reafirmam as posições dos dois governos em relação à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), prevista para entrar em vigor em 2005. Os Estados Unidos desejam antecipar essa data, enquanto o Brasil prefere maior lentidão na sua implantação. Em discurso no Memorial da América Latina, em São Paulo, Em 13.10.1997 A Delegacia da Receita Federal, de Brasília, intima Fernando Afonso Collor de Mello para tomar conhecimento da decisão em até 30 dias. Em julgamento anterior, Fernando Afonso Collor de Mello é condenado por sonegar cinco milhões em Imposto de Renda como pessoa física. Após tomar ciência da decisão, o ex-presidente da República terá trinta dias para apresentar recurso contra a sentença no Conselho de Contribuintes. Caso não apresente recurso, terá de pagar a multa. Em 14.10.1997 Com 167 votos, o Brasil é eleito para participar do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo sistema de rodízio, a partir de 1o de janeiro de 1998. Candidato único da América Latina e do Caribe, o Brasil integrará o Conselho que é composto de 15 membros, dos quais apenas cinco - Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França - são permanentes, com poder de veto em relação às decisões tomadas pelo Colegiado. Os outros dez representam diversas regiões e são eleitos, como o Brasil, para um período de dois anos. O Brasil pleiteia uma vaga no Conselho Permanente, possível apenas com uma reforma dos estatutos da Organização das Nações Unidas (ONU) nessa questão, ampliando o número de membros do conselho. Em 15.10.1997 O Presidente norte-amerricano Bill Clinton dirige-se (aproximadamente) 1.200 convidados para pedir que o empresário norte americano presente à cerimônia pressionasse os congressistas de seu país pela aprovação do fast track, a “via rápida”. Essa lei permitiria ao Presidente norte-americano tomar iniciativas comerciais com seus parceiros estrangeiros sem necessitar de aprovação do congresso. Bill Clinton defende ainda, na mesma cerimônia, a derrubada das barreiras comerciais entre os dois países e cita Dom Pedro II como exemplo de intercâmbio tecnológico entre personalidades dos dois países, no caso, com Graham Bell, inventor do telefone. Em 15.10.1997 O presidente norte-americano Bill Clinton, na cidade do Rio de Janeiro, visita o Ciep Nação Mangueirense, no Morro da Mangueira, onde brinca de jogar futebol com crianças do bairro e toca tamborim. Do Brasil, o Presidente norteamericano segue para a Argentina. Em 15.10.1997 A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprova proposta de Emenda Constitucional que limita o poder do governo de editar medidas provisórias. A Emenda tinha sido aprovada há seis meses pelos senadores e retiram a eficácia das medidas provisórias não convertidas em lei pelo Congresso Nacional em 90 dias, prorrogáveis por apenas mais três meses. O prazo em vigor até então era de 30 dias, mas com possibilidade de reedição ilimitada pelo governo, enquanto não apreciadas por deputados (Câmara dos Deputados) e senadores (Senado Federal) Em 21.10.1997 Os presidentes do Senado Federal, Antônio Carlos Magalhães, do Partido da Frente Liberal (PFL), e da Câmara dos Deputados, Michel Temer, do Partido do Movimento Democrático do Brasil (PMDB), decidem em mudar os regimentos internos das duas Casas Legislativas para desobstruir as respectivas pautas de votação. A alegação oficial dos dois congressistas é de que, assim, o Congresso Nacional conseguiria melhorar sua imagem com a opinião pública. Em 22.10.1997 A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados aprova por 7 votos a favor a 6 contra, o substitutivo do deputado Paulo Bornhausen, do Partido da Frente Liberal, ao projeto de Lei nº 3.285 de 1992, de autoria do deputado Fábio Feldman (PSDB-SP), atual secretário do Meio Ambiente do governo paulista, sobre a preservação da mata atlântica. O substitutivo prevê a criação de conselhos municipais com poder para autorizar desmatamentos na floresta. O deputado Luciano Zica, do Partido dos Trabalhadores, afirma que o substitutivo fere dois acordos internacionais importantes - a Convenção da Diversidade Biológica, assinada pelo Brasil durante o Rio-92 e ratificada pelo Congresso Nacional, e a Convenção de Mudança do Clima, também assinada pelo Brasil no Rio-92 e igualmente ratificada pelo Congresso Nacional. A mata atlântica foi declarada pela UNESCO, órgão da Organização das Nações Unidas, reserva da biosfera do planeta. Em 22.10.1997 A Câmara dos Deputados aprova emenda que permite ao governo federal conceder reajustes e benefícios diferenciados aos militares. Pela emenda, aprovada em segundo turno, os integrantes das Forças Armadas deixam de ser considerados funcionários públicos comuns e passam a ter a possibilidade de obter vantagens em relação aos funcionários civis. Em 23.10.1997 O presidente Fernando Henrique Cardoso após se reunir com os ministros militares, diz que o projeto de criação do Ministério da Defesa deverá ser colocado em prática a partir do segundo semestre de 1998. Ainda falta definir como será a estrutura desse ministério. Em 30.10.1997 A Câmara Brasileiro–Americano de Comércio entrega o prêmio de “personalidades do ano” de 1997 ao embaixador do Brasil em Washington, Paulo Tarso Flecha de Lima, e ao ex-Secretário de Estado Henry Kissinger. Aproximadamente 700 pessoas participaram do jantar de gala em homenagem aos premiados no Hotel Plaza, em Nova York. Em 04.11.1997 O presidente Fernando Henrique Cardoso apresenta ao Congresso Nacional, lista de cinco reformas e votações que o governo considera fundamentais para enfrentar a situação criada pela crise mundial das bolsas. O Presidente Fernando Henrique Cardoso quer, até o mês de dezembro, a aprovação da reforma administrativa, a renovação do Fundo de Estabilização Fiscal (FEF) e da contribuição provisória sobre movimentação financeira (CPMF), a criação do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) e pelo menos a votação, em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, da reforma da Previdência, como veio do Senado Federal. Em 05.11.1997 A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, pela primeira vez em sua história, autoriza o Supremo Tribunal Federal a processar um deputado. Por 20 votos a favor, 5 contrários e 1 abstenção, a a comissão acatou o pedido do Supremo Tribunal Federal, para dar seguimento à ação penal contra o deputado Davi Alves Silva (PPB-MA), por fraude contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com o processo, o Deputado federal falsificou documentos em 1980 e em 1986 para beneficiar eleitores com a aposentadoria pelo Instituto. Em 19.11.1997 Aprovado por 351 votos da Câmara dos Deputados, o segundo turno da reforma administrativa proposta pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. No primeiro turno foi conquistado apenas 1 voto a mais dos 308 mínimos necessários para garantir a passagem da emenda para o segundo turno. A oposição conseguiu reunir 133 votos contra e 2 abstenções e teve seu requerimento para o adiamento da votação rejeitado. Foram apresentados 22 destaques para votação em separado, que são pontos do texto votados após a aprovação do projeto. O destaque que trata do Regime Jurídico Único (RJU) dos servidores públicos foi derrubado, mantendo os moldes desejados pelo Governo Federal. O ponto institui que União, Estados-membros e Municípios, implantarão um Conselho Político de Administração (CPAR) e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos governos. Em 21.11.1997 O Palácio do Planalto desautoriza, por intermédio do ministro Clóvis Carvalho, da Casa Civil, o ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, da Administração, e devolve, sem a assinatura do Presidente Fernando Henrique Cardoso, o Decreto que o ministro da Administração havia preparado com critérios para a demissão de 33 mil servidores não estáveis (uma das medidas do pacote fiscal). O Decreto determinava prazo de 60 dias para o recadastramento de todo o funcionalismo civil do executivo federal. Esse prazo adiaria o inicio das demissões para março, muito próximas da data (julho) em que a lei eleitoral suspende o afastamento de servidores. Em 25.11.1997 Emenda Constitucional no 17 (fiscal): prorroga o Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), com novas modificações, até 31 de dezembro de 1999. Altera dispositivos dos artigos 71 e 72 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, introduzidos pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1 de 1994. Em 26.11.1997 Etapa considerada decisiva para definir os rumos da reforma administrativa, a aprovação da possibilidade de demissão de servidores públicos estáveis por excesso de gastos é definida pela Câmara dos Deputados. Por 326 votos a favor, 154 contra e 2 abstenções, o plenário da Câmara dos Deputados aprova a quebra da estabilidade do servidor sempre que os gastos com pessoal ultrapassarem 60% da arrecadação da União, dos Estados-membros e dos Municípios. O projeto ainda irá à votação no Senado Federal. Em 26.11.1997 O Supremo Tribunal Federal por 6 votos a favor e 5 contrários nega a medida liminar requerida por comerciários contra a abertura do comércio aos domingos. A Constituição Federal, no artigo 7º inciso XV (vigente), garante o repouso semanal remunerado preferencialmente aos domingos. A autorização para abertura do comércio aos domingos foi incluída na reedição, pelo Governo Federal, da medida provisória que trata da participação dos trabalhadores nos lucros das empresas. Em 27.11.1997 O ministro de Política Fundiária, Raul Jungmann, e o Presidente do Banco Central, Gustavo Franco, anunciaram a criação do Banco da Terra. O Banco da Terra, que começará a trabalhar com recursos da ordem de R$ 400.000,00 dos R$ 700.000,00 obtidos com a incorporação ao caixa do governo das contas bancárias não-recadastradas no sistema financeiro, deverá conceder financiamentos entre R$ 10.000,00 e R$ 15.000,00 a pequenos produtores para a compra de terra. Em 02.12.1997 O Ministério da Política Fundiária e a presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em Brasília, são invadidos por aproximadamente 500 trabalhadores rurais Sem-Terra do Entorno do Distrito Federal. A invasão foi organizada pelo Movimento dos Sem-Terra para reivindicar o atendimento a dez itens. Entre as reivindicações, estavam a de que o governo federal apressasse o parcelamento de 12 dos 61 acampamentos do Entorno do Distrito Federal e a desapropriação da várias áreas para novos assentamentos, além da liberação de sementes e recursos para plantio. Em 02.12.1997 A Comissão Especial aprovou o projeto de emenda constitucional do deputado Marcelo Déda, do Partido dos Trabalhadores (PT), que dá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) poderes para convocar testemunhas, determinar busca e apreensão de provas, quebrar o sigilo bancário, telefônico e fiscal dos investigados e até decretar a prisão de envolvidos. Desta forma, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados deverá funcionar com poderes de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) nos processos de cassação de parlamentares por quebra de decoro. Em 03.12.1997 O Supremo Tribunal Federal nega o segundo recurso do ex-presidente Fernando Afonso Collor de Mello para reaver seus direitos políticos. O primeiro recurso ocorreu em dezembro de 1993. Em 04.12.1997 A Câmara dos Deputados aprova, em votação simbólica, o projeto de lei do Deputado federal, Nelson Marchesan, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro aos municípios que instituírem programas de renda mínima. O programa atenderá famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo e que mantiverem seus filhos na escola. Inicialmente, o projeto beneficiará cerca de três mil municípios carentes de recursos. Em 10.12.1997 A Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal aprova projeto que instituem penas de prestação de serviços a entidades públicas, a prestação pecuniária e a perda de bens e valores para os condenados pela justiça. Tais penas poderão substituir a de prisão em casos de crime culposo ou quando o crime não envolveu violência ou grave ameaça. Em 11.12.1997 A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou por 35 votos a favor a 13 contra, a emenda constitucional da reforma previdenciária, sem nenhuma modificação. A vitória governista ocorreu após um acordo pelo qual o governo abre mão da contribuição previdenciária dos atuais aposentados e mantêm os benefícios dos anistiados políticos. Em 19.12.1997 O Supremo Tribunal Federal suspendeu a quebra automática do vínculo empregatício no caso do trabalhador obter a aposentadoria proporcional. A ação de inconstitucionalidade foi impetrada pelos deputados Paulo Paim e Jair Meneguelli, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT), em nome dos partidos da oposição: Partido dos Trabalhadores, Partido Democrático Trabalhista e Partido Comunista do Brasil (PT, PDT e PC do B). Em 15.12.1997 O ministro Eliseu Padilha, dos Transportes, determina a abertura de sindicância com a finalidade de apurar supostas irregularidades cometidas pela diretoria do Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNER). Entre as irregularidades, há um convênio assinado entre o Ministério e uma empresa de serviços odontológicos, suspeitos de superfaturamento, e o fato de o diretorgeral do órgão, Maurício Hasenclever Borges, ter se deslocado por meio de aviões de uma construtora. Em 19.01.1998 A justiça da Costa Rica concede, em primeira instância, a extradição da advogada Jorgina Maria Fernandes de Freitas, acusada de desviar 112 milhões de dólares do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Em 21.01.1998 Começa a vigorar o novo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O novo diploma prevê punições mais severas para as infrações de trânsito. Cada uma passa a valer um determinado número de pontos e o motorista que acumular 20 pontos em 12 meses tem sua carteira de habilitação suspensa por até um ano. Em 27.01.1998 O Juiz de Direito, Marcos Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, autoriza a quebra do sigilo bancário do embaixador Júlio Césas Gomes dos Santos, ex-chefe do Cerimonial do Palácio do Planalto a atual representante do Brasil no Fundo para Agricultura e Alimentação (FAO). O ex-chefe do cerimonial é suspeito de tráfico de influência para beneficiar a empresa norteamericana Raytheon na licitação para o (SIVAM) Sistema de Vigilância da Amazônia. Em 04.02.1998 O Partido do Movimento Democrático do Brasil (PMDB) e o Partido da Frente Liberal (PFL) de Pernambuco entram com Ação Popular na Justiça Federal, pedindo a devolução aos cofres do Estado do prejuízo causado pela emissão fraudulenta de Títulos Públicos para pagamento de dívidas judiciais, os Precatórios. O prejuízo esta calculado em aproximadamente 91 milhões de reais. Em 04.02.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso sanciona a lei que cria o Banco da Terra. A instituição deverá financiar a compra de Imóveis rurais e a implantação de infra-estrutura em assentamentos, com prazos de pagamento de até 20 anos e juros de no máximo 12% ao ano. Em 06.02.1998 Emenda Constitucional no 18 (administração pública): estabelece a distinção entre servidores civis e militares, o que permite a concessão diferenciada de reajustes salariais. Dispõe sobre o regime constitucional dos militares. Em 09.02.1998 O Tribunal Federal do Canadá ordena a deportação do brasileiro Humberto Pereira Martinez, que em l990 entrou com pedido de asilo alegando que corria perigo de vida no Brasil por ser homossexual. Ele é portador do vírus HIV, e seus advogados invocaram, depois que ele teve negado o pedido em primeira instância, a lei que favorece a concessão da cidadania canadense por razões humanitárias em casos de doenças incuráveis. Em 11.02.1998 O Senado Federal aprova o projeto da lei sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, dinheiro e valores. Quem movimentar dinheiro proveniente de tráfico de armas, seqüestro e terrorismo poderão ser punidos com 16 anos de prisão. O projeto será sancionado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso no dia 3 de março. Em 11.02.1998 Com o Congresso Nacional cercado pela Polícia Militar para impedir a entrada de manifestantes, a Câmara dos Deputados aprova com 346 votos a favor, 151 votos contra, e 3 abstenções, a reforma da previdência, incluindo as emendas feitas pelo Senado Federal. Entre as principais alterações, a que determina que as aposentadorias passarão a ser concedidas por tempo de contribuição ou idade e não mais por tempo de serviço. Em 12.02.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso sanciona (com dez vetos) a Lei Ambiental. Entre os artigos vetados estão os que punem condutas lesivas ao meio ambiente com sanções administrativas, civis e penais; o que obriga o infrator, “independente de existência de culpa”, a indenizar danos ao meio ambiente; o que pune quem atear fogo em floresta “sem tomar precauções necessárias para evitar sua propagação” o que pune quem exportar sem licença qualquer espécie vegetal ou subproduto de origem vegetal; e o que prevê pena de três meses a um ano de prisão e multa para poluição sonora. As novas normas devem entrar em vigor em 45 dias. Em 14.02.1998 A advogado Jorgina Maria de Freitas Fernandes desembarca no Brasil, Rio de Janeiro. Ela foi extraditada pela Costa Rica último país a se esconder depois de fugir do Brasil, e deverá cumprir pena de 12 anos por peculato (desviar dinheiro do Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS). Em 03.03.1998 A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados inicia o processo de cassação do mandato do Deputado federal Sérgio Navas, do Partido Progressista Brasileiro (PPB), após exibição, pela rede Globo de Televisão, de um vídeo no qual ele confessa contrabando, falsificação de assinatura, apropriação de uma draga de quase Um Milhão de dólares e uso de material de segunda mão nas obras de sua empresa. O, é proprietário da empresa SERSAM, responsável pela construção do Palace 2, Edifício que desabou (provocando catástrofe) no Rio de Janeiro, em fevereiro, matando oito pessoas e deixando desabrigados todos os outros moradores proprietários. Em 05.03.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso sanciona a lei que permite à Força Aérea Brasileira (FAB) abater aviões que invadam o espaço aéreo do país e não cumpram ordem de aterrizar. Ela entrará em vigor depois que um decreto presidencial estabeleça que irá autorizar o piloto que estiver interceptando a aeronave a derrubá-la. Em 08.03.1998 Os participantes da convenção nacional do Partido do Movimento Democrático do Brasil (PMDB), por 389 votos contra 306 e 5 abstenções, decidem não lançar um candidato próprio à Presidência da República nas próximas eleições e apoiar a candidatura (para reeleição) do Presidente em exercício Fernando Henrique Cardoso. Em 10.03.1998 Entra em vigor a Lei nº 9.534 de 1998, que torna gratuitos os registros de nascimento e óbito para todos os brasileiros. Em 11.03.1998 O Senado Federal, por 56 votos a favor, 16 votos contra e 1 abstenção, aprova a reforma administrativa. Pela reforma passa a ser permitido a demissão de servidores por insuficiência de desempenho e a fixação do teto de R$ 12.720,00 para os salários do funcionalismo público. Em 17.03.1998 Aproximadamente 4.000 integrantes do Movimento dos Sem-Terra ocupam prédios públicos em 11 capitais. Eles exigem a melhoria das condições de financiamento dos agricultores já fixados na terra e a aceleração do processo de assentamento. Em 19.03.1998 A mesa diretora da Câmara dos Deputados determina a abertura de processo de cassação dos mandatos dos deputados Valdomiro Meger, do Partido da Frente Liberal (PFL), e José Borba do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). O deputado José Borba foi filmado usando a senha e votando por Valdomiro Meger em sessão na qual este estava ausente. Em 20.03.1998 O ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, pede demissão do cargo. Em 25.03.1998 A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça reconhece, por 4 a 3, que a estilista Zuleika Angel Jones, a Zuzu Angel, morreu vítima de um atentado político na madrugada de 14 de abril de 1976, na saída do túnel Dois Irmãos, no Rio de Janeiro. Durante 22 anos vigorou a versão de um acidente. Mãe do ativista político Stuart Edgard Angel Jones, Zuzu Angel enfrentou o governo militar no auge da repressão ao denunciar o assassinato de seu filho, que morreu sob tortura na Base Aérea do Galeão em 1971. Em 27.03.1998 Sentença da Justiça de São Paulo determina que 85 dos 122 policiais militares (da Polícia Militar) acusados de participar do massacre de 111 presos na Casa de Detenção de São Paulo, ocorrido em 2 de outubro de 1992, devem ser levados a júri popular. Em 31.03.1998 O senador, José Serra, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), assume o Ministério da Saúde no lugar do doutor Carlos Albuquerque, demissionário. Em 31.03.1998 A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, por 31 votos a favor, 18 votos contra e 1 abstenção, aprova a recomendação da cassação do Deputado federal, Sérgio Naya. Ainda, o deputado federal, Sérgio Naya teve o seu registro profissional cassado pelo CREA do Rio de Janeiro, e a justiça acolhe liminar que torna indisponíveis todos os bens. Por fim, no dia seguinte, o, é expulso pela Comissão Executiva do Partido Progressista Brasileiro (PPB). Em 01.04.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso substitui oito ministros, extingue um ministério e cria outro. Nesse dia dá posse aos novos ministros: para o Ministério do Planejamento, Paulo Paiva; e para o Ministério da Indústria e do Comércio, José Botafogo Gonçalves. Em 03.04.1998 O ministro da Saúde, José Serra, afasta o coordenador regional da Fundação Nacional da Saúde (FNS) no Rio de Janeiro, Ronaldo Bento, e o chefe da secção de administração, Luiz Antônio de Paula, por negligência no combate à dengue e determinam a abertura de sindicância depois de constatar preços muitos elevados em alguns contratos. Em 04.04.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso assina decreto exonerando o subdiretor de Saúde do Exército, o general–de–brigada e médico Ricardo Agnese Fayad. Ele já havia pedido licença especial de seis meses das funções militares. Ricardo Agnese Fayad foi nomeado para o cargo em fevereiro passado, fato que desencadeou uma série de protestos de grupos de defesa dos direitos humanos que o acusam de ter praticado de seções de tortura contra presos políticos no DOI-Codi do Rio de Janeiro entre 1968 e 1973. Sua função seria a de avaliar as condições dos Presos para dizer se eles podiam continuar ou não a ser torturados. O general já teve seu registro de médico cassado pelo Conselho Federal de Medicina em 1995. Em 06.04.1998 O ministro da Saúde, José Serra, ainda buscando corrupção, exonera o coordenador da Fundação Nacional da Saúde (FNS), no Pará, Roberto Jorge Maia Jacob. Seu sucessor, Amiraldo Pinheiro, pede demissão do cargo apenas nove horas após tomar posse. Em 07.04.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso, continuando as substituições no seu ministério, dá posse aos novos ministros: para o Ministério da Justiça, Renan Calheiros; para o Ministério da Previdência Social, Waldeck Ornélas; e para (novo) o Ministério Extraordinário da Reforma Institucional, Freitas Neto. Em 08.04.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda continuando as substituições, dá posse aos novos ministros: para o Ministério do Trabalho, Edward Amadeo; para o Ministério da Agricultura, Francisco Turra. Em 15.04.1998 A Câmara dos Deputados, por 277 votos a favor a 163 votos contra, cassa o mandato do deputado Sérgio Naya, sem partido político, por quebra de decoro parlamentar. Em 16.04.1998 O ministro da Saúde, José Serra, nomeia o sanitarista Etelvino do Carmo Saldanha como interventor da Fundação Nacional da Saúde (FNS), em Cuiabá. O ex-coordenador, Otavio Augusto, foi exonerado em fevereiro passado, pela acusação de fraude na licitação pelo conserto de 14 veículos da regional da Fundação. Em 24.04.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso aceita o pedido de exoneração do Secretário de Politicas Regionais, Fernando Catão. Ele havia pedido demissão alguns dias depois que seu padrinho político, o senador Ronaldo Cunha Lima, do Partido de Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), posicionou-se a favor de uma candidatura própria de seu partido à sucessão presidencial nas eleições deste ano na convenção do partido realizada em março passado. Em 27.04.1998 O Supremo Tribunal Federal condena o deputado federal Wellington Moreira Franco, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), a devolver ao Tesouro a quantia de R$ 402.000,00 e torna-o inelegível por três anos por ter usado a Imprensa Oficial do Rio de Janeiro para publicação de 50 mil exemplares do livro -Moreira Franco, Ele Governou Para Todos-lançado no final de seu mandato, em 1990. É a primeira vez que um ex-governador é condenado pelo Supremo Tribunal Federal, com Base no artigo 37 § 1º da Constituição Federal, que proíbe o uso na publicidade oficial de nomes, símbolos e imagens que impliquem na promoção pessoal de autoridade ou serviço público. Em 29.04.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso, continuando suas substituições no seu ministério, dá posse para o Ministério das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros. O novo ministro era o Presidente do BNDES. Para substituí-lo no BNDES foi convidado (que aceitou) André Lara Resende. Em 30.04.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso extingue o Ministério Extraordinário dos Esportes, comandado que era pelo ex-jogador Édson Arantes do Nascimento, o Pelé. Em 04.05.1998 O presidente do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), Crésio Rolim, anuncia o afastamento de 49 funcionários da entidade no Rio de Janeiro por suspeita de fraude na concessão de benefícios, além da abertura de inquérito para investigar acusações. Em 05.05.1998 A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, por 29 votos a favor, 16 contra e 2 abstenções, aprova o relatório do deputado Silvio Pessoa, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que recomenda a cassação dos mandatos de José Borba, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e Valdomiro Meger, do Partido da Frente Liberal (PFL). No dia 13 de março passado, o deputado federal, José Borba, foi flagrado pela TV Câmara votando por Valdomiro Meger, que estava ausente. Em 05.05.1998 A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, por 9 votos a favor e com 5 votos contra, aprova a volta dos cassinos e a liberação do jogo do bicho. O projeto já passou pela Comissão de Constituição e Justiça, mas ainda depende de aprovação na Câmara dos Deputados. Em 06.05.1998 A Câmara dos Deputados, por 307 votos a favor (necessários 308), 148 votos contra e 11 abstenções (diferença de um só voto) derruba a proposta do governo de fixar a idade mínima para aposentadoria em 60 anos para os homens e 55 anos para as mulheres. Em 07.05.1998 Toma posse o novo secretário de Políticas Regionais do Governo Federal, Olívio de Ângelis. Em 11.05.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso, durante reunião do Fórum Nacional, no Rio de Janeiro, chama de “vagabundos” os que se aposentam com menos de 50 anos. A afirmação é criticada por diversos setores. Em 13.05.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso pede desculpas e diz ter-se referido (vagabundos) apenas aos marajás. No mesmo dia, a Câmara dos Deputados por 333 votos a favor, 149 votos contra e 3 abstenções, aprova, em primeiro turno, a manutenção das idades de 53 anos para homens e 48 anos para mulheres para quem já está trabalhando, um redutor sobre o salário dos funcionários públicos que ganhem acima de R$ 1.200,00 para o cálculo da aposentadoria e o fim da aposentadoria especial para magistrados. Em 13.05.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso decreta a desapropriação, para fins de reforma agrária, de três fazendas que mantinham empregados em regime de semi-escravidão. Duas propriedades ficam no município de Água Azul do Norte (PA) e a terceira em Jataí (GO). No mesmo dia, o Exército brasileiro passa a coordenar todas as ações federais e estaduais no sul do Pará, o que inclui o apoio logístico para a Polícia Militar retirar trabalhadores ligados ao Movimento Sem-Terra de áreas ocupadas. Em 18.05.1998 O governo brasileiro, em protesto contra o reinicio dos testes atômicos pela Índia, rompe o acordo de cooperação nuclear que havia assinado com aquele país em 1996. Em 19.05.1998 Prefeitos e vereadores (aproximadamente 2.500) de cidades de todo o país são impedidos pela Tropa de Choque da Polícia Militar de entrar no Palácio do Planalto. Eles participavam da Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios e queriam entregar ao Presidente da República interino, senador Antônio Carlos Magalhães, do Partido da Frente Liberal (PFL), um documento com treze reivindicações que visam ao alívio da crise financeira dos municípios. O documento acabou sendo entregue no Senado Federal. Em 27.05.1998 A Câmara dos Deputados, por 247 votos a favor, 164 votos contra, 30 abstenções e 3 votos em branco, absolve o deputado Pedrinho Abrão, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), da acusação de ter cobrado propina da Construtora Andrade Gutierrez para manter no Orçamento da União os recursos destinados à construção de uma barragem no Ceará. No mesmo dia, também são absolvidos os deputados Chicão Brígido e Adelaide Néri, ambos do Partido de Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), acusados de usar o mandato para obter vantagens financeiras (Brígido teria alugado seu mandato à suplente Adelaide). Em 02.06.1998 A Câmara dos Deputados absolve os deputados federais Chicão Brígido, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Osmir Lima e Zilá Bezerra, do Partido da Frente Liberal (PFL), da acusação de quebra do decoro parlamentar. Eram acusados de vender seus votos a favor da emenda do governo pela reeleição por R$ 200.000,00. Em 05.06.1998 EC nº 19 (administração pública): aprova a reforma administrativa. Fixa o maior vencimento do ministro do Supremo Tribunal Federal como teto para todo o funcionalismo e permite a demissão de servidores estáveis por insuficiência de desempenho. Em 10.06.1998 Em convenção nacional, o Partido dos Trabalhadores (PT), homologa a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva para concorrer a Presidência da República. O candidato a Vice Presidente é Leonel Brisola. Eleição de outubro de 1998. Em 14.06.1998 O PPS escolhe Ciro Gomes como candidato do partido para à Presidência da República. O candidato a Vice Presidente é Paulo Freire. Eleição de outubro de 1998. Em 20.06.1998 O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido da Frente Liberal (PFL) e Partido Progressista Brasileiro (PPB), oficializam em convenção nacional o apoio às candidaturas do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e do Vice Presidente, Marco Antônio de Oliveira Maciel, à reeleição na eleição de outubro de 1998. Em 21.06.1998 O Partido da Renovação Nacional (PRONA) oficializa a candidatura de Éneas Carneiro à Presidência da República, para as eleições de outubro de 1998. Em 24.06.1998 O ministro da Administração, Luiz Carlos Bresser Pereira, deixa o cargo para assumir a tesouraria da campanha do Presidente Fernando Henrique Cardoso à reeleição da presidência. Em seu lugar fica a secretária-executiva da pasta, Cláudia Costin. Em 24.06.1998 O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) oficializa seu apoio à reeleição de Fernando Henrique Cardoso e Marco Antônio de Oliveira Maciel, respectivamente Presidente e Vice Presidente da República, na eleição de outubro de 1998. Em 28.06.1998 O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) decide não lançar candidato próprio e nem apoiar à reeleição de Fernando Henrique Cardoso, nas eleições de outubro de 1998. No mesmo dia o Partido Verde decide pelo nome de Alfredo Sirkis como candidato à Presidência da República, nas eleições de outubro de 1998. Em 01.07.1998 O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais torna inelegíveis, por um prazo de três anos, dez políticos do Estado, entre eles o governador Walfrido dos Mares Guia, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), candidato a deputado federal. Em 11.07.1998 O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, inicia visita oficial de quatro dias ao Brasil. Kofi Annan defende a ampliação da reforma do Conselho de Segurança da entidade, sem declarar abertamente apoio ao Brasil para membro permanente no conselho. Em 13.07.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso assina documento de adesão do Brasil ao Tratado Sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP). O acordo é assinado durante visita oficial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, que chegou ao Brasil no dia onze de julho. Em 22.07.1998 O ministro da Justiça, Renan Calheiros, anuncia a assinatura de portaria criando a Assessoria Especial do Ministério da Justiça, que funcionará como uma ouvidoria da Policia Federal (PF) e da Policia Rodoviária Federal. O órgão vai receber e encaminhar as denuncias e acompanhar os processos disciplinares, que envolvam policiais. Em 23.07.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso viaja a Ushuaia (Argentina), onde participará da 14º Cúpula dos Países do Mercosul, da qual tomam parte, além dos Presidentes dos quatro países-membros, também os do Chile, o Presidente Eduardo Frei; da Bolívia, o Presidente Hugo Banzer e da África do Sul, o Presidente Nelson Mandela. Os debates desenvolvidos ao longo da semana terminam em sem acordo sobre os pontos mais polêmicos em discussão pelo bloco: o regime automotivo comum e a proteção para o açúcar argentino. Os Presidentes assinam apenas documentos em favor da manutenção da democracia e da região formada pelos seis países como zona de paz. Durante a cúpula, o Presidente da Argentina, Carlos Menem, declara seu apoio à reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 31.07.1998 O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) condena em o ministro da Saúde, José Serra, a pagar multa de 100 mil Ufirs, aproximadamente R$ 96.000,00, por ter usado um avião da Central Elétrica de São Paulo (CESP) para ir até Piracicaba (SP) participar de um encontro do Partido da Social Democracia Brasileira. O ministro pode recorrer. Em 03.08.1998 O Movimento dos Sem-Terra (MST) inicia a marcha pelo Brasil, formada por 75 colunas que percorrem o interior dos estados até o inicio do setembro, protestando contra a política econômica do governo. Em 12.08.1998 O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recusa, por unanimidade, o pedido de registro da candidatura do ex-presidente Fernando Afonso Collor de Melo a Presidência da Republica, nas eleições de outubro de 1998. Em 06.09.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso recebe o Presidente de Cuba, Fidel Castro, em jantar no Palácio da Alvorada, em Brasília, no Distrito Federal. Logo depois, Fidel Castro encontra-se no hotel com o candidato do Partido dos Trabalhadores à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e líderes do partido. Durante o encontro, o líder cubano falou sobre a possibilidade da reorganização da esquerda em termos internacionais. Em 07.09.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso, por decreto, autoriza os estrangeiros que entraram no país clandestinamente ou que estão com visto de permanência vencido a requerer o registro provisório, sem pagar qualquer multa por sua situação ilegal. Em 17.09.1998 Aproximadamente dois mil ex-garimpeiros de Serra Pelada, bloqueiam as agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, em Marabá. Eles reivindicam o pagamento de R$ 120.000,00 pela venda de 911 quilos de paládio, um subproduto do ouro, comprado pela Caixa Econômica Federal em 1985. Em 18.09.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso, por decreto, proíbe a administração federal direta, as autarquias e as fundações de comprar produtos que utilizem gases prejudiciais, como os clorofluorcarbonos. Estão excluídos da determinação medicamentos, equipamentos de uso médico e produtos necessários para a manutenção dos sistemas de ar condicionado já existentes. Em 21.09.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso assina decreto que cria nove áreas de proteção ambiental, cinco parques nacionais, uma unidade de conservação e três reservas extrativistas, que ocupam um total de 1,87 milhão de hectares. Os parques nacionais criados são os da Bodoquena, da Serra das Confusões, do Descobrimento, do Pau-Brasil e do Peruaçu. Em 24.09.1998 O líder do assentamento Nova Itália, Venceslau Pereira da Silva, é morto a tiros por dois homens que se identificaram como detetives. O crime ocorreu na estrada que liga o município de Buritis à Fazenda Córrego da Ponte, pertencente ao presidente Fernando Henrique Cardoso e aos herdeiros do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, que morreu em abril. Em 24.09.1998 Sem resposta do governo, eles voltam a obstruir as agências. Em 26.09.1998 Outro protesto de garimpeiros filiados à Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp) ocupa a área industrial da Companhia Vale do Rio Doce, em Serra Leste. O movimento se desfaz em trinta de setembro, após o pedido de intervenção do Exército pela Justiça Federal. Em 04.10.1998 São realizadas eleições nacionais para Presidente da República, deputados federais e estaduais, senadores e governadores. O presidente Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), é reeleito em 1o turno, com 35.936.918 votos, o que eqüivale a 53,06% do total de cédulas válidas. Dos 83.296.085 votos apurados, 8,03% foram em branco e 10,67% nulos. O índice de abstenção calculado sobre o total de eleitores foi de 21,49%. Em 06.10.1998 O ministro do Supremo Tribunal Federal, Octávio Gallotti, concede liminar suspendendo a decisão tomada na semana anterior pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça Federal, Antonio de Pádua Ribeiro, que aumentou os vencimentos dos juízes federais retroativamente a janeiro deste ano. Antonio Pádua Ribeiro, também havia fixado o teto dos servidores públicos. Em 13.10.1998 A plenária do Supremo Tribunal Federal confirma a suspensão do reajuste concedido aos juízes e determina a devolução do dinheiro recebido. Em 16.10.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso participa, no período de 16 a 19 de outubro, da 8º Conferência de Chefes de Estado Ibero-Americanos, realizada em Porto. Em 21.10.1998 A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal decide que a fixação do teto do funcionalismo público só pode ser feita por meio de uma lei de iniciativa dos chefes dos três Poderes e do Presidente da Câmara e aprovada pelo Congresso Nacional. Em 24.10.1998 Na primeira eleição geral em que os governadores tiveram o direito a pleitear a reeleição, a maioria recebe a aprovação das urnas. Dos 21 que tentaram, 14 foram reeleitos. Em 24.10.1998 Os eleitores de 12 Estados e do Distrito Federal voltam às urnas para a decisão em segundo turno. Em 27.10.1998 O ministro da Justiça, Renan Calheiros, dá posse aos oito membros do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), órgão responsável pelas causas de estrangeiros que deixaram seu país em razão de violação dos direitos humanos. A comissão é formada por seis representantes de órgãos públicos, um do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) e um da organização não-governamental Caristas Arquidiocesana de São Paulo. Em 30.10.1998 Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), ganhou em 24 das 27 unidades da Federação e em 4.777 (87%) dos 5.513 municípios do país, entre os quais estão 17 capitais. Foram 53,1% dos votos válidos ou 2.075 milhões de votos além do que precisava para ser reeleito ainda no primeiro turno. Assim, ele nega que tenha sido reeleito graças ao voto dos “grotões” do país. Disse, ainda, ter sido escolhido também pelo Brasil mais dinâmico economicamente. Em 02.11.1998 A ação do governo Fernando Henrique Cardoso frente à crise financeira internacional foi elogiada pelo primeiro-ministro britânico Tony Blair, e pelo chanceler alemão, Gehrard Schroeder. Ambos disseram confiar no futuro econômico do Brasil. Em 04.11.1998 O governo vence nas questões mais polêmicas do segundo turno da votação da reforma Previdenciária. A Câmara dos Deputados manteve por 346 votos a favor por 131 votos contra, as regras de transição apara a aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada, com as idades mínimas de 53 anos para os homens e 48 para as mulheres. Na primeira votação, já havia sido aprovado, por 343 votos a favor por 125 votos contrários, o dispositivo que fixa em R$ 1.200,00 o teto para a aposentadoria pública. Em 05.11.1998 O ministro da Saúde, José Serra, anunciou corte de quase 260 milhões do orçamento de 1999. Já a Educação vai perder quinhentos milhões, para se adaptar às metas do pacote fiscal. O senador Antonio Carlos Magalhães disse que quem quiser prejudicar o ajuste fiscal deve ser “removido”. O governo federal, depois de um dia da aprovação da reforma da Previdência, aprovou prorrogação dos pagamentos das dívidas agrícolas. Em 11.11.1998 A Presidência da República passou para a Polícia Federal e à Procuradoria da República as investigações sobre os grampos telefônicos e um dossiê contra membros do governo. Os dois casos estavam sendo apurados pela Subsecretaria de Inteligência da Casa Militar. Em 12.11.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso classificou como “inaceitável” sua colocação na condição de suspeito de ter alguma conta bancária em um paraíso fiscal no Caribe. Fernando Henrique Cardoso considerara que há falta de respeito “com a pessoa e com o cargo que ocupa”, disse o porta voz Sérgio Amaral. Segundo ele, o presidente não tem contas ou empresa no exterior que não constem das declarações de renda. O diretor da Polícia Federal, Vicente Chelotti, disse que convidará o presidente Fernando Henrique Cardoso para depor sobre a suposta existência de contas no exterior em seu nome. Em 13.11.1998 O governo brasileiro anunciou o acordo com o Fundo Monetário Internacional e outros organismos internacionais que proporcionará socorro de pelo menos US$ 41,5 bilhões. Em troca, o Brasil se comprometeu a reduzir o “deficit” público e a manter a estabilidade econômica. No mesmo dia, o Presidente Fernando Henrique Cardoso disse que denúncias contra ele foram feitas por “quem devia estar na cadeia por ter feito coisas falsas”. Fernando Henrique Cardoso citou o ressurgimento de “pessoas que o Brasil custou a expulsar da vida pública”. Em 22.11.1998 O Ministério Público Federal vai pedir na Justiça a anulação da venda da Tele Norte Leste para o consórcio Telemar. A invalidação do leilão constará de ação contra o ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, das Comunicações, por interceder a favor de um consórcio do qual fazia parte o banco Opportunity. Em 25.11.1998 O Congresso Nacional aprovou medida provisória que tira poder dos sindicatos dos trabalhadores avulsos nos portos. A medida transfere para um Colegiado de empresários e trabalhadores a administração da mão-de-obra portuária, hoje sob responsabilidade dos sindicatos. Em 01.12.1998 A primeira-dama Ruth Cardoso deixa o Uni-Rio cercada, depois que estudantes atiraram moedas e notas de dinheiro em sua direção; para o presidente Fernando Henrique Cardoso, os alunos foram “mal educados”. Em 01.12.1998 Provão 98 realizados pelo Ministério de Educação e Cultura reprova nove entre dez cursos superiores. Para o presidente Fernando Henrique Cardoso, os resultados do provão são “preocupantes”. Em 01.12.1998 O presidente do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, cassou a liminar favorável ao Leilão da CEDAE - Companhia de Água e Esgoto do Rio. A Comissão de Valores Mobiliários já havia suspendido a venda. Em 01.12.1998 A Câmara dos Deputados aprova a redação final da Emenda da Reforma da Previdência. A promulgação da Emenda espera apenas a votação das Medidas Provisórias que tratam de assuntos relacionados à Previdência Social. Em 02.12.1998 O Congresso Nacional rejeitou por 205 votos contrários, 187 votos favoráveis, e 7 abstenções, pela primeira vez, uma medida do pacote do ajuste fiscal acertado entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional. A medida provisória não aprovada previa cobrar contribuição providenciária de servidores públicos aposentados e dos pensionistas da União. Em 03.12.1998 A composição do ministério para segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso é motivo de discórdia entre os aliados políticos do Palácio do Planalto. No caso o Partido da Frente Liberal e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Ainda, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCI) poderão ser unidos em um único ministério no próximo mandato do Presidente reeleito. Em 03.12.1998 O senador Romeu Tuma ofereceu parecer favorável e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por 13 votos a favor e 3 votos contra, aprovou sem qualquer modificação a Emenda Constitucional que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Foi o primeiro passo para a aprovação da emenda no Senado Federal. Em 05.12.1998 O Governo Federal tenta antecipar para, ainda, o mês de dezembro, a liberação de segunda parcela do empréstimo externo da US$ 41.6 bilhões, liderados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A primeira parcela da ajuda, de US$ 5.3 bilhões, já esta disponível. Em 05.12.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso optou por começar seu segundo mandato já com a equipe ministerial definida, contrapondo-se às vontades do Partido da Frente Liberal (PFL) e do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). O senador Antônio Carlos Magalhães defende a montagem do novo ministério apenas no mês de fevereiro de 1999, atrelando às eleições para Presidente da Câmara dos Deputados (reeleição de Michel Temer) e Presidente do Senado Federal (sua reeleição). Em 08.12.1998 O Governo Federal determinou que a União, os Estados membros e os Municípios só poderão tomar novos empréstimos para cobrir despesas de capital, com investimentos ou aumentos de participação em empresas. Fica proibido tomar dinheiro no mercado para cobrir despesas correntes, como de pessoal e custeio da máquina administrativa. Em 08.12.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso disse não ser “favorável a nenhum ditador”, em sua primeira declaração sobre o caso de Augusto Pinochet desde que o general chileno foi detido em Londres, em outubro passado. O Brasil não deverá apoiar a volta do ex-ditador ao Chile. Sobre os trinta anos do AI-5, o Presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o então Presidente Costa e Silva “eram gente”, por ter se preocupado com a medida. Em 09.12.1998 O Congresso Nacional aprovou a medida provisória que limita a isenção previdenciária de entidades filantrópicas, após acordo entre líderes governistas e de oposição. Com isso, a emenda da reforma da Previdência já pode ser promulgada. O governo teve de negociar até ao momento da votação, porque parlamentares ligados à área da saúde ainda tentaram ampliar a possibilidade de isenção. O texto manteve o limite permitido atualmente para instituições do setor. Em 10.12.1998 A Declaração Universal dos Direito Humanos completa 50 anos. Aprovado na Organização das Nações Unidas (ONU), o documento foi resposta às atrocidades da segunda guerra. Passado meio século, porém, a declaração não é cumprida, segundo relatório da Anistia Internacional. “A miséria e o medo continuam”, afirma a organização. Em 10.12.1998 Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, do Mercosul assinaram com o Chile e Bolívia, comunicado condenando a aplicação extraterritorial de qualquer lei. O documento critica a decisão britânica de prosseguir com o processo de extradição de Augusto Pinochet. O Presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o Brasil aderiu ao protesto “em defesa de um princípio de direito”. “Tenho horror a ditadores, mas cabe ao Chile tomar as decisões”. Augusto Pinochet deve ir nesta data à primeira audiência do processo de extradição. Em 11.12.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva se reuniram no Palácio da Alvorada para discutir política econômica e uma nova convivência entre o Partido dos Trabalhadores e o governo. O convite para o encontro partiu do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Luiz Inácio (lula) criticou o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), previu crise social e disse que a política econômica levará o país a um “beco sem saída”. O Presidente respondeu que não tem alternativa e que a comunidade internacional entendeu que o Brasil não poderia quebrar. Em 12.12.1998 Líderes da aliança que reelegeu Fernando Henrique Cardoso defenderam intensificar o diálogo entre o Planalto e o Partido dos Trabalhadores (PT), iniciado em reunião entre o Presidente e Luiz Inácio Lula da Silva. Para o Presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães, por exemplo, o Partido dos Trabalhadores “pode colaborar com suas idéias e até com sua Participação no governo”. Em 13.12.1998 O ministro da Marinha, Mauro César Pereira, disse que vê com “preocupação” a criação do Ministério da Defesa, que deve ocorrer no segundo mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Para o ministro, a falta de “definição política do governo” sobre a formação da pasta pode dificultar sua aceitação. O projeto sobre o novo ministério está na pauta da convocação extraordinária do Congresso Nacional. Há quatro anos o Estado-maior das Forças Armado debate o assunto. Em 14.12.1998 Os deputados federais e os senadores terão aumento salarial de 59% em 1o de fevereiro, com a adoção do novo teto do funcionalismo, de R$ 12.720,00. Hoje, eles recebem R$ 8.000,00 por mês. O valor também será adotado para o Presidente Fernando Henrique Cardoso e os ministros do Supremo Tribunal Federal. O novo teto foi definido por Fernando Henrique Cardoso e os Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, respectivamente, Michel Temer e Antonio Carlos Magalhães. O custo com o teto poderá superar 600 milhões por ano. Em 15.12.1998 Relatório do Tribunal de Contas da União sobre a venda da Tele Norte Leste acusa o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) André Lara de Resende, o Presidente interino da instituição, José Pio Borges, e o exministro Luiz Carlos Mendonça de Barros de “abuso de poder” e “improbidade administrativa”. Apesar das acusações, o Tribunal de Contas da União, aprovou a atuação do BNDES e do ex-ministro no leilão da privatização. Em 15.12.1998 Deputados e senadores reagiram contra o anúncio de que terão quase sessenta por cento de aumento, passando a ganhar R$ 12.720,00 “seremos vaiados nas ruas” disse o líder do Partido da Frente Liberal na Câmara dos Deputados, Inocêncio Oliveira. Em 15.12.1998 EC nº 20 (Reforma no Sistema Previdenciário) Alteração substancial no texto anterior. Modifica o Sistema de Previdência Social, estabelece normas de transição e dá outras providências. Em 16.12.1998 O presidente do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, admitiu reavaliar o teto de R$ 12.720,00 e disse que o valor não foi imposto pelo Órgão que preside. Michel Temer, Presidente da Câmara dos Deputados, anunciou o adiamento da definição dos salários até 15 de fevereiro e defendeu o teto de R$ 10.800,00. Em 16.12.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou a criação do Ministério do Desenvolvimento, que englobará, entre outros, o BNDES. Para o senador Antonio Carlos Magalhães, a pasta “esta fadada ao fracasso”. Em 18.12.1998 O Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, classificou de “saudosistas” e “fantasmas” quem se opôs à quebra do monopólio do petróleo. Ao inaugurar a hidroelétrica de Igarapava, divisa com Minas Gerais, Fernando Henrique Cardoso pediu que os “futuros governadores” mineiros “não se fechem”. Negou ter se referido a Itamar Franco. Em Salvador, o Presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurou monumento a Luiz Eduardo Magalhães, filho do senador Antonio Carlos Magalhães, morto em abril. Em 19.12.1998 O Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, loteará o ministério do segundo mandato para aprovar p ajuste fiscal de R$ 28 bilhões prometido ao FMI - Fundo Monetário Internacional. O Presidente vai distribuir pastas para cada uma das três alas do Partido da Frente Liberal liderada por Antonio Carlos Magalhães, Presidente do Senado, Marco Maciel, Vice-Presidente da República, e Jorge Bornhausen. Diante disso o Partido do Movimento Democrático Brasileiro começou a exigir mais espaço no ministério. Em 21.12.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu que a composição do governo em seu segundo mandato exige “um sistema de alianças, às vezes até contraditório”. Fernando Henrique Cardoso disse que a distribuição de cargos visa alcançar um “resultante”. Em 22.12.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso escolhe o cientista político Celso Lafer para ocupar cargo de ministro no Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio, a principal das novas pastas do segundo mandato do Presidente reeleito. Em 23.12.1998 O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, ao anunciar seu novo ministério, que vai demitir ministros cujos partidos votem contra o governo em “matérias fundamentais”, como o ajuste fiscal. “Claro que eu demito”, disse. (Ver os nomes e os ministérios em 01.01.1999). Em 26.12.1998 A aprovação do governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que estava em 42% dez dias antes da eleição de outubro, caiu para 35%, segundo pesquisas da Data Folha nos dias 10 e 11 de dezembro. Sobre seu segundo mandato, 41% dos quase 12.000 entrevistados no levantamento disseram esperar que a gestão seja “ótima” ou “boa”. Antes de Fernando Henrique Cardoso assumir a Presidência da República, pela primeira vez, em1995, esse índice de expectativa otimista era de 70%. Em 28.12.1998 Final do ano (várias). O ministro da Justiça, Renan Calheiros, defendeu a antecipação de acordo de transferência de seqüestradores de Abílio Diniz. O ministro nomeado para a nova pasta do Desenvolvimento, Celso Lafer, afirmou que seu trabalho terá a estabilidade da moeda como um parâmetro fundamental. O governo anuncia que quer arrecadar mais imposto de renda das empresas em 1999. O presidente Fernando Henrique Cardoso, a partir desta data, reúne-se com os ministros militares para dar explicações sobre a decisão tomada de criar o Ministério da Defesa. Os atuais chefes do Estado Maior do Exército, da Marinha e da Aeronáutica serão ministros interinos. No futuro, quando o novo ministério estiver criado, eles se tornarão comandantes de Força. Com o encerramento do primeiro mandato em 31 de dezembro de 1998, os ministérios militares serão extintos. O general Gleuber Vieira, no Exército; o almirante Chagas Telles, na Marinha; e o brigadeiro Walter Werner Brauer, na Aeronáutica, serão os futuros comandantes. Em 31.12.1998 O Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, decide que a cerimônia de posse no seu segundo mandato fosse condizente com a situação de crise econômica que assola o País. A festa de comemoração da posse ficou restrita a aproximadamente 700 convidados. No banquete realizado na primeira posse estavam presentes 6.000 pessoas. Em 01.01.1999 Dia festivo. A primeira posse de um Presidente da República reeleito no Brasil. Fernando Henrique Cardoso participou dos rituais (impostos pela Constituição Federal) de posse, mas as comemorações tiveram uma programação compatível com a situação (crise econômica) do País. No Congresso Nacional, Fernando Henrique Cardoso (Presidente) e Marco Antônio de Oliveira Maciel (Vice-Presidente) foram recebidos pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, respectivamente, deputado federal Michel Temer e o senador Antônio Carlos Magalhães. Em seguida o Presidente e o VicePresidente da República prestaram juramento à Nação e fizeram (assinaram) o termo de posse, que foi lido pelo primeiro secretário do Congresso Nacional. O ato foi oficializado pelo Presidente do Congresso Nacional, Antônio Carlos Magalhães, declarando-os no cargo até 31 de dezembro de 2.002. Em 01.01.1999 O Presidente reeleito em quatro de outubro de 1998, em primeiro turno, Fernando Henrique Cardoso deu posse (os nomes) ao novo Ministério (para o segundo mandato), atendendo aos interesses dos partidos aliados, mantendo também um forte núcleo de auxiliares de sua confiança. Em seu discurso, no entanto, o Presidente advertiu que exigirá fidelidade dos partidos na aprovação do ajuste fiscal. Os partidos infiéis terão seus ministros cortados: Para o Ministério da Fazenda, Pedro Malan, 55 anos, economista. Ministro da Fazenda desde 1995. Foi Presidente do Banco Central no governo Itamar Franco; para o Ministério do Planejamento e Avaliação, Edward Amadeo; para o Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Carlos Bresser Pereira, 64 anos, economista. Foi ministro da Administração; para o Ministério das Comunicações, Pimenta da Veiga, 50 anos, advogado. Foi Presidente do PSDB; para o Ministério da Educação, Paulo Renato Souza, 53 anos, economista. Foi reitor da Unicamp e secretario da Educação no governo Franco Montoro; para o Ministério da Saúde, José Serra, 56 anos, economista. Foi ministro do Planejamento no inicio do governo Fernando Henrique (primeiro mandato); para o Ministério da Cultura, Francisco Weffort, 61 anos, sociólogo. Já ocupa cargo no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso; para o Ministério da Previdência e Assistência Social, Waldeck Ornélas, 53 anos, advogado. Foi deputado e senador; para o Ministério de Minas e Energia, Rodolfo Tourinho, 56 anos, economista. Foi Secretário da Fazenda de Antonio Carlos Magalhães e Paulo Souto no governo da Bahia; para o Ministério do Meio Ambiente, José Sarney Filho, 41 anos, advogado. Foi deputado federal; para o Ministério dos Transportes, Eliseu Padilha, 52 anos, advogado. Foi Prefeito de Tramandai; para o Ministério da Justiça, Renan Calheiros, 43 anos, advogado. Foi líder do governo Fernando Collor na Câmara; para o Ministério da Agricultura, Francisco Turra, 56 anos, advogado. Foi Presidente da CONAB; para o Ministério das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, 57 anos, diplomata. Foi representante permanente do Brasil junto aos organismos internacionais; para o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e do Comércio, Celso Lafer, 57 anos, cientista político e advogado. Foi ministro das Relações Exteriores do governo Fernando Collor; para o Ministério do Trabalho e Emprego, Francisco Dornelles, 63 anos, advogado. Foi Secretário da Receita, ministro da Fazenda e outros; para o Ministério de Esportes e Turismo, Rafael Grecca, 42 anos, engenheiro. Foi Prefeito de Curitiba; para o Ministério da Política Fundiária (Reforma Agrária), Raul Jungmann, 46 anos, psicólogo. Foi Presidente do IBAMA e outros cargos; para o Ministério Extraordinário para Projetos Especiais, Ronaldo Sardenberg, 58 anos, diplomata. Foi embaixador em Moscou e outros; para o Ministério de Políticas Regionais, Ovídio de Angelis, 54 anos, advogado. Ocupou diversos cargos na política de Goiás; para a Secretaria de Relações Institucionais, Eduardo Graeff, 49 anos, sociólogo. Foi secretário geral da presidência; para o Ministério de Orçamento e Gestão, Paulo Paiva, 58 anos, geógrafo. Foi ministro do Planejamento e ministro do Trabalho; para a Secretaria de Comunicação de Governo, Andrea Matarazzo, 42 anos, empresário; para a Secretaria de Planejamento e Avaliação, Edward Amadeo, 42 anos, economista. Foi ministro do Trabalho; para a Secretaria de Direitos Humanos (ligada à Justiça) José Gregori, 68 anos, advogado. Já ocupava cargo no governo Fernando Henrique Cardoso; para a Secretaria de Administração e Patrimônio (ligada a Orçamento e Gestão) Cláudia Costin, 42 anos, economista. Já participava do governo Fernando Henrique Cardoso; para a Casa Civil, Clóvis Carvalho, 60 anos, engenheiro. Ocupou vários cargos desde governo Franco Montoro; para a Câmara de Comércio Exterior, José Botafogo Gonçalves, 63 anos, diplomata. Foi ministro da Indústria e Comércio; para a Casa Militar, general Alberto Cardoso, 58 anos, militar. Foi militar de carreira; para o Ministério de Defesa (criado neste governo), Élcio Álvares, 66 anos, advogado. Foi Governador do Espirito Santo. (esse ministério passa a substituir os Ministério do Exército, Ministério da Marinha, Ministério da Aeronáutica, Estado Maior das Forças Armadas (EMFA), agora extintas). Em 01.01.1999 O Presidente (reeleito) da República, Fernando Henrique Cardoso, disse ao iniciar seu segundo mandato, que não foi eleito “para ser o gerente da crise”. “Fui escolhido pelo povo para superá-la”, afirmou durante o seu discurso de posse no Congresso Nacional. O Presidente prometeu fazer o que for preciso para por fim ao tormento do déficit público. “É melhor o remédio amargo que cura a doença do que a febre crônica que comprometerá a saúde do organismo”.