(urticaceae) e formigas do gênero azteca

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XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
A RELAÇÃO MUTUALÍSTICA ENTRE PLANTAS CECROPIA
(URTICACEAE) E FORMIGAS DO GÊNERO AZTECA
Ana Carolina Melo Rodrigues - Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aquática e Pesca, Universidade Federal
do Pará. [email protected]
Geovana Linhares de Oliveira - Programa de Pós-graduação em Zoologia (Ecologia & Conservação; Universidade
Federal do Pará/ Museu Paraense Emílio Goeldi
Thayana Ayres Alves - Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aquática e Pesca, Universidade Federal do Pará.
Vanessa Barreto Lisboa - Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aquática e Pesca, Universidade Federal do
Pará.
Daniel de Paiva Silva - Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará.
INTRODUÇÃO
Interações entre plantas e formigas são importantes relações ecológicas de cooperação encontradas na natureza.
Plantas especializadas fornecem abrigo e/ou alimento para as formigas, as quais podem contribuir com a proteção
contra a herbivoria (Hölldobler & Wilson, 1990). Um exemplo dessa relação ocorre entre plantas do gênero
Cecropia (Urticaceae) e formigas do gênero Azteca (Souza & Lorenzi, 2005). As formigas utilizam as cavidades
presentes no tronco da planta como ninhos e alimentam-se dos corpúsculos müllerianos, estruturas ricas em
glicogênio encontradas em regiões pilosas nas axilas das folhas, denominadas de triquílias (Gonsales et al., 2002).
As plantas são beneficiadas pelas formigas que são capazes de reconhecer sinais químicos liberados pelas plantas
hospedeiras ao serem atacadas por herbívoros (Romero & Izzo, 2004).
Uma questão evolutiva é entender como este mutualismo se inicia, uma vez que indivíduos jovens dessas plantas
não possuem triquílias, nem estão colonizados por formigas (Borges, 2012). A relação entre Cecropia e Azteca
pode ser explicada por duas hipóteses concorrentes: a hipótese do sincronismo que diz ser o primeiro evento a
colonização de formigas e a hipótese da ontogenia, que afirma a produção de triquílias poder ocorrer em uma
determinada fase da vida deste vegetal independente de estar ou não colonizada por formigas.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi verificar qual das duas hipóteses competidoras tem um maior poder explicativo para
este processo.
METODOLOGIA
Local de Estudo
O estudo foi realizado na Floresta Nacional de Caxiuanã, nas proximidades da Estação Científica Ferreira Penna
(ECFP), localizada no município de Melgaço, Pará, com coordenadas 01°42'30"S, 51°31'45" W.
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Planejamento da amostragem
A coleta de dados foi realizada na base da ECFP, onde foi vistoriado o entorno da borda da entrada de mata, sendo
amostradas as árvores encontradas nessas proximidades. Para cada árvore foi medida a altura, utilizada como
indicador para a idade da planta, desde a raiz até a gema apical, e observada se havia triquílias e/ou formigas
Azteca. Para avaliar a relação entre ocorrência de formigas e triquílias, foi realizado teste exato de Fisher. Para
testar a relação ocorrência de formigas com o tamanho da planta, assim como para a ocorrência de triquílias com o
tamanho da planta, foram feitas regressões logísticas.
RESULTADOS
Ao total de 50 árvores com variação de 0,13m a 5,5m e média de 1,67m (DP = ±1,03) a ocorrência de triquílas não
apresentou relação com a colonização de formigas (X2= 3,48; gl= 1; p = 0,06 p=0,06), indicando que a formação
das triquílias não depende da colonização pelas formigas Azteca. A presença de triquília aumenta em plantas
maiores, sendo que em média, 1,5m de altura, a chance de apresentar triquílias aumenta para 80% (X2 = 19,68; gl=
1; p < 0,001). A presença de formigas, por sua vez, apresentou uma maior chance de ocorrência em árvores maiores
(X2 = 16,45; gl = 1; p < 0,001).
DISCUSSÃO
Estes mesmos resultados também foram encontrados por Borges (2012), para o qual a hipótese da ontogenia é a
que melhor explica este processo. Estes autores encontram triquílias em plantas com altura de um metro a menos
das plantas que tiveram colonização por formigas. No entanto, a hipótese de sincronia pode estar relacionada com a
presença dos corpúsculos müllerianos, uma vez que, para a produção deste composto é necessário uma alta
demanda energética, o que reduz os benefícios para as plantas não colonizadas por formigas (Janzen, 1973).
Podemos inferir, então, que a produção de triquílias ocorre independentemente da relação mutualística, porém, esta
estrutura pode ser um fator atrativo para que as formigas possam se estabelecer. A partir da colonização as plantas
passariam a produzir os corpúsculos müllerianos. O estabelecimento das formigas é um estágio crítico para a
colônia, e assim, a produção destes corpúsculos representa uma fonte abundante e previsível de recursos (McKey,
1984).
CONCLUSÃO
O desenvolvimento de triquílias pelas plantas Cecropia não é um evento subordinado à colonização pelas
formigas do gênero Azteca, o que confirma a ontogenia na relação mutualística destes organismos. Sugere-se que
novos estudos relacionados aos corpúsculos müllerianos sejam realizados para obter novas hipóteses sobre a
relação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS
Borges A, Pavani L, Carrijo T, Marques V: Desenvolvimento de triquílias e colonização por formigas Azteca sp.
em
embaúba
(Cecropiapachystachya,
Urticaceae).
2012.
[http://ecologia.ib/curso/2007/pdf/orientados/0_03_05.pdf].
Gonsales EML,Melo FPL, Romero GQ, Mokross K, Menezes S: Controle da estrutura de colônias de formigas
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Aztecaalfari (Hymenoptera, Formicidae) pela mirmecófitaCecropiapurpurascens (Cecropiacea). In Ecologia da
FlorestaAmazônic, PDBFF, Manaus;2002: 12-142002.
Hölldobler B, Wilson EO: The ants. Belknap Press: Cambridge, Massachusetts; 1990.
Janzen DH: Dissolution of mutualism between Cecropia and its Azteca ants. Biotropica 5: 15-28.
Janzen DH: Dissolution of mutualism between Cecropia and its Azteca ants. Biotropica 1973.5: 15-28.
McKey D: Interaction of the ant-plant Leonardoxaafricana (Caesalpiniaceae) with its obligate inhabitants in a
rainforest in Cameroon. Biotropica 1984, 16: 81-99
Romero GQ, Izzo TJ: Leafdamageinducesantrecruitment in theAmazonianant-plantHirtellamyrmecophila.
Journalof Tropical Ecology 2004, 20: 675–68.
Souza VC, Lorenzi H: Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de Angiospermas da
flora brasileira. In APGII. Instituto Plantarum, Nova Odessa. 2005.
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